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A casa de Chico Mendes, em Xapuri, no estado do Acre
Foi lá, nos cafundós do Acre, que fica lá, nos cafundós do Brasil, que nasceu um dos maiores heróis brasileiros. Francisco Mendes Alves Filho, mais conhecido como Chico Mendes, era um dos 6 filhos que sobreviveram à s doenças e dificuldades da infância, dos 17 filhos do seringueiro Francisco Mendes e sua esposa Iracê. Ele só aprendeu a ler e escrever aos 18 anos e desde então se tornou um aficcionado por livros de história e polÃtica. Parte de sua biblioteca ainda pode ser vista na sua casinha lá em Xapuri. A casinha azul de madeira de 5 cômodos é simples, mas bem ajeitada. Uma viagem no tempo e na vida deste poderoso ativista que lutou pelo direito dos trabalhadores rurais e pela preservação das florestas nativas.
Passeio na mata do Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Foi aqui, nesta porta, no dia 22 de Dezembro de 1988, que Chico Mendes foi assassinado. Ele estava indo tomar banho na meia água dos fundos da sua casa quando Darly Alves da Silva Jr. atirou de trás de um arbusto onde estava há 2 dias esperando a hora certa para puxar o gatilho. Tudo foi mantido exatamente como estava, sua cama, os quadros da parede, as panelas e até o sangue seco no chão da cozinha.
Visitando a casa de Chico Mendes, onde ele viveu e foi assassinado, em Xapuri, no estado do Acre
Darly Jr. estava lá a mando de seu pai, Darly, um grande fazendeiro que já não aguentava mais os empates que Chico Mendes liderava, literalmente empatando seus negócios e as terras do Seringal Cachoeira, que ele reclamava serem suas. Chico Mendes já havia recebido diversas ameaças e já havia inclusive denunciado Darly à polÃcia, mas recusou sair de Xapuri.
Praça central de Xapuri, no estado do Acre
Quando a exploração da borracha deixou de ser lucrativa os seringais começaram a ser derrubados e substituÃdos por pastos. Foi em meados da década de 70 que a nova onda de ocupação liderada pelo governo militar atraiu ruralistas e madeireiras para ocuparem o território e fazerem dele algo lucrativo. Os seringueiros que já eram explorados e sobreviviam com salários de fome, perderam seus ofÃcios e viram a única forma de vida que conheciam começar a desaparecer.
Uma gigantesca Samaúma no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Chico Mendes já lutava pelos direitos desse povo, liderava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e organizava empates para impedir a derrubada dos seringais. Nesta mesma época o movimento ambientalista pela preservação de florestas nativas ganhou força nos Estados Unidos e a união de um lÃder comunitário como Chico Mendes e as ONGs americanas foi perfeita. Os seringueiros se tornaram Ãcones da preservação e os olhos da polÃtica nacional e internacional se voltaram para a causa ambientalista da Floreta Amazônica. Foi nesta época que se originou o conceito das reservas extrativistas, onde seringueiros e a população indÃgena comprovaram ser possÃvel a coexistência de seres humanos e florestas de forma sustentável.
Frase de Chico Mendes, em em memorial em sua homenagem, em Xapuri, no estado do Acre
Ao lado da casa está a Sede da Fundação Chico Mendes, com um pequeno museu que guarda a história da sua luta. Seu último grande empate aconteceu no Seringal Cachoeira em 1988, lugar onde nasceu. Hoje, além da extração do látex destinado à uma fábrica de camisinhas construÃda pelo governo federal, o Seringal Cachoeira recebe turistas de vários cantos do Brasil e do mundo.
Visitando o Memorial de Chico Mendes, em Xapuri, no estado do Acre
A Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira foi construÃda em parceria com o Ministério do Turismo para substituir um redário que já operava na reserva. Quartos coletivos e chalés podem ser reservados e para contar a sua história moradores do seringal foram treinados para guiar os turistas por suas trilhas ecológicas. Tivemos a sorte de chegar exatamente na hora que Nilson Mendes, um dos guias mais concorridos da reserva, estava saindo para guiar dois paulistas, Vitor e Rafael.
Visita ao Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Vitor é psicólogo, se mudou há pouco mais de 2 anos para Rio Branco e adora. Além de ter mais oportunidades de trabalho para ele e a esposa advogada, tem a tranquilidade que nunca encontraria em São Paulo. Rafael, seu irmão, veio visita-lo de férias e aproveitaram para conhecer também Xapuri e a Reserva do Seringal Cachoeira.
O Nilson nos mostra como se extrai o látex de uma seringeira, no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Nilson é primo de Chico Mendes, uma biblioteca ambulante sobre a floresta amazônica, a história e a vida dos seringueiros e de muitos que, como seu primo e ele, lutaram pela floresta e pela manutenção dos seringais. SaÃmos tarde, já deveriam ser perto das 18 horas e a noite na flroesta chega mais cedo, principalmente sob a sombra das imensas samaúmas. Nilson fez uma demonstração rápida da retirada do látex de uma seringueira, já que infelizmente não podemos acompanhar o trabalho dos seringueiros as 3 da manhã, quando saem fazer a sangria da seringueira, o horário é importantÃssimo para a produtividade do látex.
O Nilson, primo de Chico Mendes, nos mostra uma seringueira no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
80% da produção do látex é utilizada para a confecção de pneus, (composto por 36% de borracha, 18% aço e 46% de derivados de petróleo e produtos quÃmicos) e outros 20% são utilizados para produtos como solados de calçados, autopeças, luvas e cateteres cirúrgicos e preservativos. Pesquisando acabei descobrindo um dado super curioso: o Estado de São Paulo possui 77 mil hectares de seringais, que chegam a ser mais lucrativos que a cana de açúcar.
O látex escore de uma seringeuira no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
No caminho Nilson foi nos mostrando os diferentes tipos de árvores e folhas, descrevendo suas aplicações medicinais e práticas e ainda encontrou uma aranha caranguejeira gigante! Na ida ela estava escondida em sua toca e na volta já tinha um cadáver em decomposição do lado de fora para o jantar. O louco ainda cutucou a aranha com uma vara para podermos vê-la! Argh!
Nosso chalé no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Quando voltamos já estava escuro e tivemos uma super experiência na floresta de noite, tateando com os pés o nosso caminho, com as poucas lanternas que tÃnhamos no grupo. Assim que saÃmos da floresta vimos o céu aberto e cheio de estrelas desde a ponte pencil e do deque do igarapé que passa nos fundos da pousada.
A lua brilha através da copa das árvores no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
Tivemos sorte de encontrar um chalé livre para nós sem reseva prévia! A manhã mesmo chegará um grupo grande que irá lotar a pousada. Quando vier a Xapuri, não deixe de conhecer o Seringal Cachoeira e se possÃvel fique hospedado aqui para ter uma noite tranquila com os barulhos da floresta e ainda provar a comida gostosa que o pessoal da pousada prepara. A pequena cidade de Xapuri está localizada a 241 km de Rio Branco e o Seringal fica a mais 16km por um ramal da BR-317.
Nosso caminho pelo Acre: SaÃmos de Porto Velho-RO (A) para Rio Branco (B). Daà para a pequena Xapuri (C) e para Assis Brasil (D), na fronteira com o Perú
Aqui sentimos viva a alma e a memória de Chico Mendes, esse mártir e herói não só das florestas mas de todos nós, brasileiros.
Despedida do Nilson, primo de Chico Mendes, no Seringal Cachoeira, próximo à Xapuri, no estado do Acre
PS.: Darly, Darly Jr. e um capanga foram presos e cumpriram pena por 19 anos, com uma fuga em 1993 sob a vista grossa de policiais corruptos. Retornaram à prisão em 1996 e hoje, com a pena terminada, já estão livres e ainda vivem nos arredores de Xapuri.
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