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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Chegando à região do Chacaltaya, na Bolívia
No Brasil não há grandes altitudes. A nossa montanha mais alta “costumava” ter 3.014 metros de altura, a única acima dos 3 mil metros, mas mesmo ela perdeu esse status, alguns anos atrás, quando medições mais precisas realizadas por satélites mostraram que ela também está abaixo dos três quilômetros. De qualquer maneira, o Pico da Neblina está num ponto inacessível para a maioria dos brasileiros e a altitude mais alta que podemos chegar costumeiramente é a da cidade mais alta do Brasil, Campos do Jordão, pouco acima de míseros 1.700 metros. Para os poucos de nós que gostamos de subir montanhas, aí podemos ir pouco mais de 1.000 metros acima disso, em montanhas como o Pico do Itatiaia ou o Pico da Bandeira.
Com muita neve, caminhando para o Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia, em 1990
Essa nossa “baixa estatura” é um estímulo a mais para viajar à países andinos, como Peru e Bolívia, onde podemos chegar à altitudes muito maiores. La Paz, por exemplo, na sua parte mais alta, está a 4 mil metros, enquanto seus bairros mais baixos estão “apenas” no dobro da altitude da nossa recordista Campos do Jordão, aos 3.400 metros. Note que não estamos falando de montanhas, mas de cidades! E não é qualquer cidade não, é a capital do país, a 4 mil metros de altura! Não é a toa que a Fifa quis proibir jogos oficiais por ali...
A mais de 5.300 metros de altitude, no Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia, em 1990
Enfim, no início de Julho de 1990, quando o Pico da Neblina ainda tinha mais de 3 mil metros, essa era uma de minhas expectativas na viagem que fizemos à Bolívia e Peru: pela primeira vez, chegar tão alto! Como será que nosso corpo reagiria?
Com o Haroldo e o Marcelo, na estação de esqui do Chacaltaya, a 5.300 m de altitude, perto de La Paz, na Bolívia, em 1990
Bom, diz o bom senso e também a ciência que, para uma boa adaptação, é preciso dar tempo para que o corpo se acostume. Mudanças fisiológicas para lidar com menos oxigênio no ar são necessárias e tomam tempo. O problema é que tempo era o que não tínhamos, apenas 30 dias para atravessar o país, chegar ao Peru, visitar as principais cidades e atrações e voltar ao Brasil de barco, pelo rio Amazonas. Então, sem espaço para “frescuras”. Após uma merecida noite de sono em Santa Cruz de La Sierra, depois de uma dura viagem no famoso “trem da morte”, não titubeamos e enfrentamos 24 horas de ônibus numa viagem até La Paz, com uma rápida parada em Cochabamba.
A mais alta estação de esqui do mundo, perto do cume do Chacaltaya, perto de La Paz, na Bolívia, em 1990
Assim, saímos dos 500 metros de Sta Cruz, chegamos aos pouco mais de 2 mil de Cochabamba e já emendamos para os quase 4 mil de La Paz. Pronto, tínhamos chegado no topo! Tínhamos? Que nada...
Chegando à região do Chacaltaya, na Bolívia
Pertinho de La Paz há várias montanhas, algumas superando os 6 mil metros! Mas estas requerem tempo e habilidade de escalada. Mas há uma outra, chamada Chacaltaya, com quase 5.400 metros de altura, que era famosa por uma outra coisa: aí se encontrava a mais alta estação de esqui do mundo! Nós não esquiávamos, mas acontece que havia uma estrada até lá! Podia-se chegar de carro acima dos 5 mil metros! E o nosso livro-guia dizia que passeios eram oferecidos até lá. Ora, para nós brasileiros, a chance de chegar tão alto não podia ser perdida! Assim, desde a época do planejamento da viagem, já sonhávamos com esse passeio: chegar até a neve e a mais de 5 mil metros de altura!
Nosso caminho hoje, sempre por estradas de rípio: Saímos do centro de La Paz (A), seguimos para a montanha de Chacaltaya (B), onde a Fiona superou os 5.200 metros e, ao final do dia, chegamos ao hotel na belíssima região de Pampalarama (C)
Como tínhamos pouco tempo em La Paz, não podíamos perder tempo. Chegamos à cidade de manhã e já fomos procurar o Club Alpino, o único que oferecia esses passeios naquela época. Queríamos agendar o passeio para daí a dois dias, para ter pelo menos algum tempo de aclimatação. Mas eles disseram que não tinham nada agendado para aquela data, que a demanda estava pequena. Na verdade, nossa única chance seria na manhã seguinte mesmo, pois eles estariam levando uns suíços lá para cima, esquiadores que já estavam em La Paz há uma semana, para se aclimatar propriamente. Bem, sendo a única chance, não pudemos dizer não.
Lhamas pastoreiam na região do Chacaltaya, na Bolívia
E assim, na manhã seguinte, de calça jeans, tênis e sacos plásticos entre as meias, estávamos prontos para seguir até lá encima. Os suíços ficaram impressionados (no mal sentido!) com nossa coragem (ou irresponsabilidade). De van, enfrentamos a estrada de terra rústica através do altiplano até o pé da montanha e depois as curvas intermináveis de subida. Tudo parecia bem até que, pouco acima dos 5 mil metros, a neve interrompeu a estrada. Dali em diante, só caminhando! Quase 300 metros de ganho vertical até a estação de esqui.
Lhamas pastoreiam na região do Chacaltaya, na Bolívia
Os suíços carregavam suas pesadas mochilas, com equipamento e comida para os próximos dias. Nós, um lanche e a máquina fotográfica. Levinhos, saímos alegres e saltitantes, caminhando sobre a neve pela primeira vez na vida. Não demorou muito para, enfim, sentirmos a altitude. Faltava ar, faltava energia, as pernas e pulmões não mais obedeciam. Na base da força de vontade e do orgulho, seguíamos. Dois dos suíços com suas mochilonas nas costas me ultrapassaram, sobrando. Minha luta foi para chegar no alto antes que a mulher me alcançasse. Aí, já seria demais, hehehe. Lá no alto, me esperava o primo Haroldo, que sentiu menos o efeito da altitude. Para baixo, ficou o Marcelo, o outro companheiro de viagem. Quando ele finalmente chegou, estava passando mal e com muita dor de cabeça. Eu tinha melhorado um pouco e tivemos algum tempo para fotografar e admirar aquela imensidão branca, neve para todo lado, horizonte quase infinito à nossa frente. Mas tivemos de descer logo, pois o Marcelo não melhorava e os suíços, muito mais conscientes do que nós, já quase nos empurravam montanha abaixo.
Um belo lago entre as montanhas da região do Chacaltaya, na Bolívia
Aí, descendo, todo santo ajuda, mas isso não impediu o Marcelo de vomitar algumas vezes. Eu estive bem até chegar em La Paz. Mas aí, fui tirar uma pequena pestana e só acordei 17 horas depois, o preço cobrado pelo organismo depois de tantos dias de viagem e de tanto esforço ao final. As lembranças do Chacaltaya mais se pareciam com um sonho. Principalmente depois de 23 anos...
Cascata de gelo na região do Chacaltaya, na Bolívia
Pois é, 23 anos depois, eis que estou de volta à La Paz. Dessa vez, acompanhado da amada esposa e vindos no sentido contrário, do Peru. Isso quer dizer que já estávamos muito bem aclimatados, pelo menos até os 4 mil metros. Além disso, ao contrário de 1990, quando nunca havia estado acima dos 3 mil metros anteriormente, agora tenho no currículo alguns picos acima dos 6 mil metros. Enfim, as circunstâncias são bem diferentes.
Um dos lagos na região do Chacaltaya, na Bolívia
Diferentes para nós e para o Chacaltaya também. A montanha foi uma das primeiras vítimas das famosas “mudanças climáticas” e há muito tempo a pista de esqui foi desativada. Não há mais a neve necessária e as geleiras que descem das montanhas diminuem a olhos vistos, ano após ano. A paisagem que me esperava por lá era completamente diferente daquela que tinha em minhas enubladas memórias.
Estrada interrompida pela neve chegando ao Chacaltaya, na Bolívia
Além disso, dessa vez estamos de Fiona e não dependemos de agências! Se bem que, quando fomos a uma agência perguntar sobre as condições de estrada, disseram que dificilmente encontraríamos o caminho. Mas, na época do GPS, não dá para levar muito a sério uma conversa dessas...
A montanha que subimos na região do Chacaltaya, na Bolívia
E assim foi, curiosíssimos, deixamos nosso hotel hoje rumo ao Chacaltaya. A ideia era dirigir até o alto da montanha e, ainda hoje, tentar chegar em Coroico, descendo a notória “Carretera de la Muerte”. Caso não desse tempo, dormiríamos em algum lugar no caminho. Mas o foco principal era mesmo o Chacaltaya.
Início de caminhada em montanha na região do Chacaltaya, na Bolívia
Conforme o esperado, o GPS nos guiou para fora da capital e de lá, através de pequenas estradas, até o grupo de montanhas onde está o Chacaltaya. Paisagem grandiosa, lhamas pastando com as montanhas nevadas ao fundo. Visão de se perder o fôlego, e não estou falando da altitude não! Por fim, já acima dos 4.500 mil metros, chegamos aos pés das montanhas. Até dava para ver uma pequena casinha lá encima. A memória antiga daquela paisagem aparecia em flashes para mim.
Caminhando na neve na região do Chacaltaya, na Bolívia
Nesse ponto, uma bifurcação na estrada. Pela esquerda, a estrada contornava o vale e subia a montanha pelo lado. Pela direita, a estrada descia o vale e, mais adiante, subia a montanha frontalmente. Seguimos o que dizia o GPS, para o lado direito, vale abaixo. Lá embaixo, uma base aparentemente abandonada e uma porteira trancada que conseguimos contornar com o carro, seguindo rastros frescos. A partir daí, uma contínua subida, curva após curva, estrada estreita e pouco confiável, desviando de precipícios. Paisagem cada vez mais bela.
Início da subida de montanha na região do Chacaltaya, na Bolívia
Pelo GPS, fomos monitorando a altitude. Grande emoção ao superar os 5 mil metros. Grande expectativa ao superar os 5.080 metros, o antigo recorde da Fiona, na fronteira entre Chile e Bolívia, quando íamos do Atacama para o Salar de Uyuni. Grande curiosidade para ver até onde chegaríamos!
Voltando para a Fiona após caminhada em montanha na região do Chacaltaya, na Bolívia
Mas, estava cada vez mais claro que aquela não era a estrada para a antiga estação de esqui. Onde será que estávamos? Bem, o que importa era que estávamos subindo! Foi quando, logo após os 5.200 metros, a estrada foi interrompida pela neve. Como há 23 anos atrás. E ainda havia uma montanha a frente de nós... Não tivemos dúvida, a Fiona ficaria por ali e nós continuaríamos. Se as rodas da Fiona não podiam enfrentar aquela neve, nossas botas estavam prontas para isso! Vamos ver até onde conseguiríamos chegar...
Muito gelo e neve em caminhada na região do Chacaltaya, na Bolívia
Olá!
Lindas fotos, vocês foram em que época do ano para o Chacaltaya, estou querendo ir em abril de 2014, será que nesta época tem neve lá?
Grande abraço!
Resposta:
Oi Artur
Nós estivemos lá no meio de Agosto e tinha um pouco de neve, como vc pode ver nas fotos. Nada comparado com a outra vez que estive por lá, que foi num mês de julho. Mas isso foi há mais de 20 anos e, desde então, as geleiras e a neve diminuiram muito...
Acho que em Abril vai ter um pocuo de neve sim, mas apenas lá no alto. Vai dar para brincar um pouco, mas esquiar, como faziam antigamente, nem pensar!
Um abraço e ótima viagem para vc!
Rodrigo, vc pulou um mês. o certo é 16.08. detalhes....
Resposta:
Oi Samuel
Vc está corretíssimo! Na pressa de atualizar, acabei pulando um mês! Quem manda ficar tanto tempo atrasado, hehehe
Muito obrigado pelo olhar atento. Já está corrigido. Pode deixar que não vou deixar nem uma história para trás!
Um grande abraço
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