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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Uma anta se delicia em poça de lama na floresta do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Pumas, jaguares, ocelotes, antas, tapires, tamanduás, catitus, águias, tucanos, araras, garças, duas espécies de preguiças, quatro espécies de macacos, crocodilos, jacarés, coatis, guaxinins, tubarões-touro, golfinhos, incontáveis espécies de aranhas, besouros, formigas, grilos, lagartas, borboletas. Uffff... a lista acima é apenas parte da riquíssima fauna que habita a área do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, na Costa Rica, uma das regiões com maior diversidade biológica do mundo, segundo a National Geographic.
Garças na foz do rio Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
O que garante a sobrevivência de uma fauna tão variada é a maior extensão de floresta tropical primária na costa do Pacífico das Américas, uma área protegida desde meados da década de 70 pelo governo da Costa Rica, quando grandes grupos internacionais de exploração de madeira preparavam-se para colocar no chão e transformar em lenha, mesas e batentes esse tesouro todo.
Cobra venenosa se move nas folhagens da floresta do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Felizmente, os ecologistas da época foram mais rápidos, sensibilizando o governo do país. Hoje, quase 40 anos mais tarde, a dúvida é como manter um turismo sustentável na área, sem ameaçar a sobrevivência da rica fauna da região. Por mais bem intencionados que sejam os turistas, o mero fato de caminharem por lá já afeta o delicado balanço que existe entre flora e fauna do parque. Até por isso, o acesso ao parque continua dificultado. Nada de estradas, nada de hotéis, nada de ar condicionado. Pelo menos assim, menos pessoas lá chegam, para alegria dos animais.
Um catitu procura comida em folhagem do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Entre os relativamente poucos que chegam, teimosos em seu intuito de poder observar essa diversidade biológica, afortunados em ter essa chance de estar no número considerado seguro de visitantes, estávamos eu e a Ana. Loucos para poder caminhar pelas matas e praias e, com os próprios olhos, poder ver parte dessa fauna. Aqui, ao contrário do Pantanal brasileiro, onde precisamos de barcos, ou das savanas africanas, onde precisamos de um jipe, bastam nossos pés e um pouco de disposição para percorrer os caminhos pela mata, olhos, ouvidos e olfatos atentos como nunca para qualquer cheiro, som ou movimento suspeito.
Macaco se pendura de ponta-cabeça em árvore do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Em um lugar com tanta vida assim, nem precisamos ser especialistas ou profissionais. Um pouco de sorte, talvez, pelo menos para ver os bichos maiores. Quanto aos menores, basta um pouco de atenção. Incrível como nossos sentidos rapidamente se adaptam ao novo ambiente. Nossa percepção aumenta, passamos a identificar cheiros e sons, os olhos passam a ver através da densa folhagem. Algo no nosso sangue parece ter a memória de que nesse ambiente vivemos, por dezenas de milhares de anos, através de incontáveis gerações. Foi num ambiente assim que nosso código genético evoluiu e os sentidos se apuraram. Basta um estímulo ou oportunidade e essas nossas habilidades primitivas reaparecem. Afinal, nós nunca as perdemos, estão literalmente incrustadas em nossos genes. O sentimento é de estar voltando à nossa casa.
Encontro com uma anta logo na chegada ao Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Encontro com uma anta logo na chegada ao Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Nós, ainda na fase destreinada, apenas dez minutos após chegarmos ao parque, caminhando em direção ao lodge pelo meio da mata, já tivemos a sorte de cruzar com uma enorme anta, com mais de 200 quilos. Ela se alimentava tranquilamente no meio da floresta. Dois minutos de observação e notamos que não éramos os únicos por ali. Um bando de catitus (porcos do mato) apareceu por ali. Inicialmente, vendo aqueles animais andando com desenvoltura ao lado da enorme anta, até achei que fossem filhotes dela. Ainda bem que não pensei alto, pois acho que as duas espécies ficariam indignadas com a minha confusão, hehehe.
No meio da mata, o barulho inconfundível de um pica-pau, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Um arisco lagarto no solo da floresta no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Enfim, havíamos começado com o pé direito nosso safari e a vontade de explorar só aumentava. Depois de armarmos nossa barraca, saímos a caminhar pelas diversas trilhas na floresta, na esperança de outros encontros com animais.
Enormes árvores na floresta primária do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Como tudo nessa vida, quando a gente quer muito alguma coisa, ela não aparece. Relaxamos, então, e começamos a prestar atenção nos detalhes. A trilha sonora da floresta é incrível, pássaros, insetos e macacos ao longe em uníssono, tudo combinado com o som das folhas e ramos que estão sempre caindo e com o próprio barulho que fazemos ao caminhar sobre a folhagem.
Uma linda borboleta verde no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Esquecemos um pouco do mundo macro e passamos a prestar atenção no pequeno. Para onde se olha, um inseto mais colorido, mais estranho, mais atarefado do que o outro. Lindas e gigantescas borboletas azuis voam à nossa frente. Seu voo é caótico, acho que nem mesmo ela sabe para onde vai. Impossível fotografar, de tanto que ela se move. Mas a visão estará guardada para sempre na memória, sua presença ali um ótimo sinal de que a floresta e o ecossistema vão bem.
Uma das muitas autoestradas de formigas no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
No solo, de tempos em tempos, em meio à densa folhagem e material orgânico, uma “avenida” se abre. São os caminhos feitos por formigas. Verdadeiros exércitos delas, com divisão de tarefas e tudo. Tem as “soldadas”, que são maiores e mais ameaçadoras, tem as operárias, incansáveis trabalhadoras, tem as mensageiras que, com seus sinais químicos, organizam todo o trabalho. Observar esse exército se movimentar pela floresta é incrível. Que organização!
Aranha espera uma próxima vítima em sua teia muito bem armada, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Aranha sobe em galho de árvore, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Nas árvores, e entre elas também, aranhas preparam suas teias ou simplesmente marcam seu território. Comida para elas não deve faltar por aqui. Tem de vários tamanhos e cores e, até elas, sob a luz e ângulo certos, podem ficar bonitas.
Lagarta se esgueira pelo solo da floresta, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Quem não fica bonito de jeito nenhum são as lagartas ou lacraias caminhando pelos troncos caídos. Mas não deixam de ser interessantes, aquelas cem pernas se movendo, cores fortes que parecem nos avisar: “Não me toquem! Eu queimo!”. Na dúvida, melhor não experimentar...
Macacos transitam com desenvoltura pelas copas das árvores no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Macacos transitam com desenvoltura pelas copas das árvores no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Distraídos pelos insetos, algo começa a chamar nossa atenção sobre nossas cabeças. Uma verdadeira balbúrdia lá encima. São os macacos! Um bando deles! Já não sabemos se somos nós que os observamos ou se é o oposto. São curiosos, nos olham nos olhos. Sua “humanidade” é incrível. Poderíamos ser nós, lá no alto. As quatro espécies de macacos que vivem na Costa Rica estão presentes aqui: macaco-aranha, macaco-esquilo, bugio gritador e capuchino de cara branca. Cada espécie com suas características distintas, cores e tamanhos diferentes. Mas uma coisa tem em comum: se locomovem com inacreditável desenvoltura pela copa das árvores. Os galhos são verdadeiras avenidas para eles. Sem medo de errar, se atiram de uma árvore à outra e podem passar dias sem pisar o pé no solo. Água é o que os trás aqui para baixo.
Macaco nos observa no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
São quatro as espécies de macaco que habitam o Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Ao longo desses dois dias de explorações, cruzamos dezenas de vezes com eles. Aos poucos, com olhos mais treinados, bastava ver ou ouvir alguma coisa lá encima e já os localizávamos. Cada som, uma espécie. Às vezes, pareciam irritados com a nossa presença. Pareciam tacar galhos lá de cima. A recomendação que temos é de não ficar diretamente abaixo, pois eles podem até urinar sobre nós. Outras vezes, eram só curiosos e até chegavam mais perto, para poder nos ver melhor.
Uma ave caminha pelo solo da floresta no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Uma espécie de pavão selvagem caminha no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Macacos lá encima, catitus e uma espécie de pavão silvestre aqui embaixo. Esses também víamos bastante. As aves andam em duplas, casais apaixonados. Os porcos, andam em grandes bandos, varrendo a floresta em busca de comida. Sua cor escura faz com que fiquem camuflados nas sombras. Mas quando vemos um deles, redobramos a atenção e lá estão vários outros, na sua marcha incansável. Somem na floresta da mesma maneira que apareceram, subitamente.
Um cateto (porco do mato) caminha tranquilamente pela floresta do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Bando de catitus caminham pela floresta no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Vimos muitos animais ontem e hoje, mas “houve” também aqueles que não vimos, infelizmente. Por duas vezes estivemos na foz do rio Sirena, procurando por tubarões ou crocodilos. Mas a maré não estava grande o suficiente para que os tubarões-touro se arriscassem naquela rasa passagem. Os crocodilos, fiquei com a impressão que precisaríamos subir o rio de barco por algum tempo, para poder vê-los. Ficou a curiosidade de saber o que acontece quando esses dois poderosos predadores se encontram em um mesmo território. Se forem dois adultos, imagino que se respeitem. Olham para o outro lado e seguem seu caminho. Agora, se um deles ainda for criança, bem, aí é aquela questão de estar no lugar errado na hora errada...
Chegando ao rio Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Um macaco nos observa com curiosidade do alto de uma árvore, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Outros que muito queríamos ver eram, claro!, os felinos. O Corcovado é uma das últimas áreas da América Central onde se encontram jaguares em seu ambiente natural. Mas são animais dificílimos de se ver, de hábito noturno e que procuram sempre se afastar dos humanos. Fazem aparições raríssimas, poucas ao ano. Mais comum ver seus rastros ou em fotos tiradas por máquinas automáticas, colocadas em lugares estratégicos da floresta. Já os pumas, esses até que aparecem mais, uma vez por semana, dizem. Eram eles que procurávamos.
Guaxinim cruza pista do aeroporto da estação Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Pois é, o destino até que tentou nos ajudar, mas nós não entendemos os sinais, infelizmente. Durante uma de nossas caminhadas, quando estávamos a menos de dois quilômetros do lodge, um deles apareceu bem ali, em frente ao refúgio, do outro lado da pista do aeroporto. Tranquilamente, deitou-se em uma sombra e lá ficou por quase vinte minutos, dando chance a todos os que estavam por perto (mas não muito perto!) de fotografá-lo. Algumas pessoas, com suas objetivas profissionais, nos mostraram fotos em que pareciam estar do lado do “bichinho”. É, nós perdemos essa chance de ouro. Acabamos trocando o puma por muitos macacos e catitus. Enfim, ainda vamos passar no Pantanal e lá, eis que a sorte há de sorrir para nós!
Anta se refresca em poça de barro no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Quando soubemos da história, instalamo-nos na varanda e ficamos lá a observar, para ver se o puma voltava. Não voltou. Tivemos de nos satisfazer com tucanos e araras coloridas que passavam sobre nossas cabeças e, no momento de maior esperança, com um guaxinim que passou apressado por ali, exatamente no ponto onde o puma tinha estado horas antes.
Encontro com uma anta em trilha do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegava a hora de ir embora e a decepção de não ter visto o puma era minúscula perto da alegria de ter estado naquele paraíso do mundo natural por quase dois dias. Vínhamos de um último banho no rio Claro diretamente para o ponto da praia onde as lanchas aportam. A ideia era a Ana ficar por lá enquanto eu corria de volta ao refúgio para buscar nossa mochila que já estava arrumada. Bem nesse ponto, a meros 100 metros do lugar onde estavam os barcos, encontramos outra anta. Uma para nos receber e outra para a despedida! Essa de agora, se deliciava em um banho num poço de lama. Dessa vez, uma fêmea. Alheia aos olhos curiosos dos humanos ali por perto, era alvo fácil para nossas fotografias. Ficamos ali por algum tempo e depois, enquanto eu fui até o refúgio e voltei, a Ana ainda passou outros vinte minutos por lá. A maré já estava cheia o suficiente para os barcos partirem, nossa despedida quase perfeita do Parque Nacional Corcovado.
Catitu e anta dividem o mesmo espaço no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Perfeito mesmo seria se os devaneios que tive durante uma das caminhadas na mata tivessem se tornado realidade. Neles, presenciávamos um ataque de um jaguar a uma anta adulta. Uma briga de gigantes. Quando o jaguar estava por vencer e dar o golpe final, teve de voltar sua atenção para o puma que lhe tentava roubar a caça. A coragem do puma não durou muito, mas deu tempo necessário para que a anta se recuperasse e, num último esforço, se atirasse no rio para tentar se safar. O problema é que ela deu de cara com um crocodilo, justo quando o jaguar já estava em suas costas. Momentos de tensão entre os dois grandes predadores, um cheiro de empate no ar, o jaguar titubeando se partia para o ataque contra o enorme réptil que o esperava de boca aberta. Felizmente, para o jaguar, o crocodilo teve se se voltar para trás, pois foi violentamente atacado por um tubarão-touro. A anta aproveitou a confusão para sair do rio e se afastar sorrateiramente. O jaguar viu-a partir, mas preferiu assistir de camarote a titânica luta entre os seres aquáticos à sua frente. Ele a o casal de águias que voava por ali. A anta ainda cruzou com o puma que, após ameaçar um ataque, percebeu que ela era grande demais para ele. Tubarão e crocodilo se afastaram, alguns arranhões e ofensas de cada lado. Ao final, cada grande animal seguiu o seu caminho, felizes por terem sobrevivido a mais um dia na floresta. Mais feliz que todos juntos estava eu, cheio de fotos e pronto para ganhar o próximo prêmio Pulitzer. Assim é o Corcovado. Não só nossos sentidos se aguçam. A imaginação também...
Uma anta se delicia em poça de lama na floresta do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Você saberia me informar qual é a espécie desta borboleta verde?
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