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Um arisco lagarto no solo da floresta no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
A Península do Osa, localizada na costa pacífica da Costa Rica, é a casa para um mosaico de áreas de conservação, reservas indígenas e do Parque Nacional Corcovado. O parque foi estabelecido em 1975 e abrange uma área de 425km2 de florestas primárias, uma das únicas faixas de mata original que restaram nesta costa. Não por acaso o parque foi considerado pela National Geographic a área biologicamente mais intensa do planeta em termos de biodiversidade.
Dia amanhece em Bahía Drake, pouco antes de seguirmos para o Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegando à misteriosa Península de Osa, no sul da Costa Rica
A imensa anta e o puma são os animais mais difíceis de serem vistos no meio da natureza, mas aqui com bastante suor e um pouco de sorte é quase garantido que verá pelo menos um deles ao lado de 4 diferentes espécies de macacos, porcos selvagens, tamanduás, quatis e porcos-espinhos que se esgueiram às margens do Rio Sirena dos jacarés e tubarões-touro, completando o espetáculo da vida.
O lindo caminho para Bahía Drake, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Aranha espera uma próxima vítima em sua teia muito bem armada, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegamos a Puerto Jiménez, principal cidade da Península do Osa, no final da tarde, depois de uma linda viagem pela crista das montanhas da floresta úmida e nublada. Lá, sob um fim de tarde cor-de-rosa choque, tivemos que decidir se iríamos encarar mais de 15km de trilhas para ir e voltar da Estación Sirena, no coração do parque nacional, ou se encontraríamos uma alternativa menos desgastante e mais rápida de chegar até lá.
As incríveis cores do céu de fim de tarde, em Puerto Jimenez, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Fizemos um roteiro de três dias na região, o primeiro deles foi para a organização da nossa pequena expedição. Tiramos as autorizações de entrada no parque, reservamos uma área de camping, compramos suprimentos para almoço e jantar e dirigimos até a a tranquila vila de Bahía Drake. Lá, depois de conversar com quase todas as agências de ecoturismo locais, conseguimos encontrar um barco que nos levasse para Estación Sirena na manhã seguinte.
Chegando à Bahía Drake, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
E assim foi, as 5h30 da madrugada estávamos na praia de Bahía Drake aguardando a lancha, que aproveitou as águas calmas da manhã para nos guiar sobre as altas ondulações do Pacífico.
Em Bahía Drake, embarcando para o Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
De barco, a caminho do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegamos no parque pouco antes das 8 horas e caminhando silenciosos, na trilha de caminho para o refúgio, encontramos a primeira anta da nossa vida! Um animal imenso, quase do tamanho de um cavalo, com um nariz longo, pouco menor que a tromba de um elefante e olhos fortes, que observavam cada movimento que fazíamos em sua direção. Era um macho bem sacudo, se refestelando em apetitosas folhagens na manhã fresca do Corcovado. Demorei a notar, mas ao redor desta D´Anta estava um grupo de catetos, porcos selvagens, que parecem gostar de acompanhar a anta que abre seu próprio caminho na floresta. Literalmente animal!
Encontro com uma anta logo na chegada ao Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegando a Estación Sirena montamos nosso acampamento e planejamos um roteiro pelas trilhas ao redor da estação para começar o nosso dia de explorações. Nito, nosso amigo guia que deu várias dicas do parque, já havia passado por ali. Tínhamos a esperança que ele nos deixasse acompanhá-lo para aumentarmos as chances de vermos os animais, mas sem ele tivemos que ir, com os passos lentos e ouvidos atentos, em busca da tão falada vida selvagem da região.
Mapa de trilhas da área de Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Começamos pelo Sendero Espaveles com o plano de emendar a trilha Ollas e Corcovado, mas a mata reclamou seu espaço e deixou a trilha praticamente fechada. Continuamos seguindo o caminho destas imensas árvores cobertas de cipós, os espaveles são imponentes e uma referência na floresta para quem vive nela.
Enormes árvores na floresta primária do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Aranha sobe em galho de árvore, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Na trilha aguçamos os nossos sentidos, o olfato, a visão e a audição são a única forma de nos conectarmos com a floresta, deixando nosso instinto animal mais aflorado e nos permitindo vivenciá-la de forma mais intensa. O cheiro de um bando de macacos é inconfundível, as folhas caindo das árvores são outra boa pista. Nem sempre eles são gritadores, podem ser aranhas, capuchinhos ou da cara branca, cada um com seu som e seu comportamento. Alguns parecem te enfrentar e fazem xixi lá do alto para te espantar, outros se assustam e fogem rapidamente, sem que você consiga acompanhar a sua corrida pelas avenidas suspensas nas copas das árvores.
Macacos transitam com desenvoltura pelas copas das árvores no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Já que não subimos a trilha Corcovado, decidimos então tomar a trilha Los Pavos por alguns quilômetros e lá vimos os monos aranhas, capuchinhos que pequenininhos e de cara branca fazem um som de passarinho para nos confundir. Os perus selvagens estavam às margens do rio que dá nome a trilha, seco nesta época do ano.
Outra espécie de macaco caminha por galho no alto da floresta no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Macaco nos observa no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Uma espécie de pavão selvagem caminha no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Demos a volta e pegamos a trilha Sirena em direção ao rio para ver se teríamos sorte de ver algum jacaré dividindo seu rio com os tubarões touro que sobem o rio Sirena quando a maré está cheia. Nem jacaré, nem tubarão, mas encontramos uma praia selvagem, com pedras, madeiras e um cenário maravilhoso, a marca registrada da Península do Osa.
Chegando ao rio Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Seguimos pela via costeira procurando a anta que deveria estar se refrescando no mar e não a encontramos. As águas turbulentas da Playa Sirena são proibidas para banho pelo parque nacional, não para as antas, mas para nós meros humanos, que não aguentamos as fortes correntes e o perigo eminente dos tubarões-touro que vivem nas suas águas.
Caminhando na praia do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Rio Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica. O aviso é por causa dos tubarões e dos crocodilos!
Nos refrescamos então no Rio Claro, depois de mais uma hora de trilha para uma das piscinas que estão mais para banheiras. As águas mornas ainda assim são mais refrescantes que o bafo quente do verão costa-riquenho.
Nadando no belo e seguro rio Claro, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Quando chegamos lá no Rio Claro descobrimos que havíamos acabado de perder um puma, que descansava sob a sombra de uma árvore, pomposo e maravilhoso, ao lado da pista de pouso da Estación Sirena. Quem estava na estação descansando pôde vê-lo, enquanto nós, caminhantes, o perdemos! Timing desgraçado!
Admirando o mágico pôr-do-sol e o céu colorido de 50 tons de laranja no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
A noite preparei um frango xadrez “riquísimo” para o nosso jantar, no meio de vários turistas de todos os cantos do mundo. Depois do jantar e do banho, a distração da maioria era encontrar os carrapatos pelo corpo, coletados com tanto esforço nas trilhas do parque. O Rodrigo encanou que os macacos são os culpados, eles é que jogam os carrapatos em nós lá do alto! Kkk!
Cozinhando um delicioso jantar na cozinha do lodge Sirena, no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
A manhã seguinte foi de mais caminhadas, quatis, macacos, araras vermelhas, banho do Rio Claro e um encontro super especial com uma anta e seus amigos catetos, em pleno banho de lama. Ela se entalou ali na poça enlameada para aguentar o calor do meio dia.
Anta se refresca em poça de barro no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Um catitu procura comida em folhagem do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Uma anta se delicia em poça de lama na floresta do Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Com o acampamento desmontado e mochilas prontas, era nossa vez de nos despedir da terra de fantasias e deixar nossos amigos animalitos descansar em paz. Foram duas horas de lancha, lutando contra as grandes ondas na partida e deslizando sobre as águas a caminho da Bahía Drake.
Uma linda borboleta verde no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Chegamos perto das 16h e adivinhem quem encontramos andando nas ruas? Tanne! Ela que havia vindo da Nicarágua à Costa Rica conosco e a Fiona, voou para Puerto Jiménez, caminhou 18km até Sirena e conseguiu voltar de barco para Drake em um esquema perfeito para ver antas, um puma lindo, tamanduá, macacos e todos os animais que tinha direito! Sensacional!
Reencontro com a alemã Tanee, em Bahía Drake, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
Nos despedimos de Tanne e pegamos a estrada em direção ao Panamá, com mais um sonho realizado. Península de Osa e Corcovado, desejamos voltar daqui a muitos anos e encontrá-los assim, ricos, intocados e mantendo o título merecido de um dos melhores lugares no mundo para avistar vida selvagem!
Curtindo o entardecer no Parque Nacional Corcovado, na Península de Osa, no sul da Costa Rica
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