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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Formações rochosas no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
A quase 2.500 metros de altitude, a noite foi gelada. Não no nosso quarto, claro. Esses hotéis americanos são sempre muito eficientes e não se pode reclamar do aquecimento ou da água do chuveiro. Mas lá no estacionamento, onde estava nossa querida Fiona, a temperatura foi de quinze graus negativos. Já no meio da manhã, quando lá chegamos, era de oito graus negativos.
A paisagem gelada do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Início de caminhada nas trilhas cobertas de neve do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Aqui nos estados Unidos, principalmente nas regiões mais frias, todos os carros tem um “Block Heater”, um aquecedor elétrico ligado à uma tomada que esquenta o motor e tubos por onde passam combustível e fluidos. De manhã cedinho, é só ligar a tomada e, alguns minutos mais tarde, dar partida no motor. A Fiona, que vem lá dos trópicos, claro que não tem essa geringonça. Hoje, então, depois de uma noite tão gelada, ela passou pelo seu grande teste.
Início de caminhada nas trilhas cobertas de neve do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Pessoas usam snow shoes para caminhar no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Ela até tentou pegar na primeira tentativa. Deu uma engasgada e desligou. Depois, por vários minutos e diversas tentativas, o motor de partida rodava em falso, nem sinal de combustível dentro dela. Para piorar, céu nublado, nem sinal que apareceria um sol para esquentar um pouco. Os oito graus negativos tinham vindo para ficar. Foi nesse momento que apareceu um mecânico num guincho por ali, chamado por algum outro hóspede com dificuldades. Resolvi não perder a chance e fui falar com ele.
Canaleta que dá acesso à parte baixa do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Obviamente, ele nunca tinha visto um carro como a Fiona. Perguntou do block heater (não temos!), depois da gasolina (é diesel!) e, por fim, da bateria (está ótima!). Disse que a solução seria guinchá-la até sua garagem, onde estava mais quente. Já estava quase me conformando, mas a Ana não. Aí, com seu jeitinho feminino, ela voltou à Fiona e contou a ela que ela seria guinchada. Mulheres se entendem, ela mexeu com os brios da Fiona e, ao rodar a chave uma vez, de primeira, nosso querido carro acordou da hibernação! “Eu... guinchada? Nem a pau, Juvenal!”
Muita neve e o solo avermelhado dp Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Oba! Superado o problema, pudemos voltar para o parque. Fomos direto ao centro de visitantes e, enquanto a Ana ficava no carro ligado, para esquentar ainda mais o motor, eu desci para pegar mapas e indicações. As trilhas para seguir à parte baixa do canyon estavam completamente tomadas pela neve, mas estavam abertas. Sapatos para andar na neve ou mesmo esquis eram recomendados, mas não mandatórios. Enfim, poderíamos nos aventurar!
Caminhando entre as torres de rocha na parte baixa do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Paisagem de inverno no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Como todas as grandes e belas formações geológicas nos estados unidos e em qualquer outro lugar do mundo, o que hoje conhecemos como Bryce canyon levou milhões de anos para ser formado. Processos que escapam completamente à compreensão de um ser humano, que vive apenas algumas dezenas de anos, meros “segundos” geológicos. Por diversas vezes no período cretáceo, essa área que hoje está a mais de 2 mil metros de altitude, foi coberta pelo mar, que avançava e retrocedia conforme o clima e movimento de placas tectônicas. A cada era em que o mar avançava, sedimentos eram trazidos e depositados onde é hoje o estado de Utah, cada um com características distintas. Quando finalmente toda a área foi levantada a sua altitude atual, foi a vez de rios e lagos formarem novas camadas de sedimentos. Junto a isso, a água corrente também erodia o terreno, dissolvendo o solo mais mole, enquanto os de formação mais firme resistiam por mais tempo. Muitas vezes, essa diferente velocidade de erosão de camadas geológicas distintas resulta em formações geológicas interessantes. Entre elas, os Hoodoos.
Formação rochosa no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
O Bryce Canyon é a terra dos Hoodoos. São enormes torres de pedra, muitas vezes com seus topos mais espessos que suas bases, cujo tipo de rocha resistiu menos às forças erosivas da água e do ar. No Brasil, um bom exemplo de formações do tipo Hoodoo pode ser encontrado em Vila Velha, no Paraná. Com suas formas estranhas ou familiares, é impossível não parar à frente delas e perguntar: “Mas como isso se formou? Parece até obra de algum gigante!”. O gigante, no caso, é a natureza e sua paciência milenar. Suas ferramentas: água, vento, gelo e neve. Sua matéria-prima: diferentes tipos de solo depositados ao longo de milhões de ano e que reagem de forma distinta, química e fisicamente, à ação dos elementos.
Admirando a paisagem gelada do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Caminhando no espetacular Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Nós chegamos aqui em pleno inverno, época em que boa parte do vale abaixo e das torres de pedra se cobrem de neve. A neve derrete e a água entra pelas rachaduras da rocha. Ao se congelarem lá dentro, se expandem, quebrando mais ainda a rocha. Ao derreterem, a água reage quimicamente com a rocha, dissolvendo-a. Enfim, na frente dos nossos olhos, mais alguns pedacinhos microscópicos de pedra se foram, dando novas formas à paisagem. A gente não consegue ver essas mudanças microscópicas, mas ao longo de milhares de anos, a soma delas se torna macroscópica e, portanto, bem visível. O resultado parcial está ali na nossa frente, essa maravilha natural conhecida como Bryce Canyon.
Formações rochosas no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
O sol aparece timidamente atrás das nuvens em dia gelado no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Desde que um dos pioneiros se mudou para cá, há cerca de 130 anos, pouca coisa mudou. Ele se chamava Bryce e seus vizinhos passaram a chamar o canyon, que ficava atrás de sua propriedade, de “Canyon do Bryce”. O nome pegou e poucas décadas mais tarde, era assim também que os turistas se referiam àquela paisagem maravilhosa. A região foi transformada em parque e hoje atrai 1,5 milhões de turistas por ano. Mas não são muitos que encaram enfrentar o frio do inverno, justamente uma das épocas mais bonitas do canyon.
Trilha com muita neve no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Eu e a Ana vestimos todos os nossos casacos, calças e meias e fomos encarar esse frio. Resolvemos fazer um loop de cerca de 3 milhas (5 quilômetros) considerado a mais bela 3-Mile Trekking do mundo. Não sei quem faz esses rankings, mas posso atestar que a trilha é realmente espetacular. A gente desce pelo Sunset Point, dá uma volta lá embaixo e sobe de volta pelo Sunrise Point.
A magnífica paisagem do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
A cada parque americano que visitamos, a gente pensa: “Pronto! Agora já vimos de tudo! Nada mais nos surpreenderá!”. Doce ilusão! Nada tinha nos preparado para o Bryce! Caminhar pelo meio dessas torres de pedra, uma espécie de floresta encantada e pertificada é realmente mágico. Ainda mais agora, com tanta neve, que abafa o barulho e nos envolve em silêncio.
A fantástica paisagem de inverno do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
No início da trilha, num longo ziguezague descendo a encosta coberta de neve, o movimento de turistas ainda era intenso. Vários deles calçados com seus “snow shoes”. Mas a maioria vai só até um ponto, onde começam as torres de pedra e as formações rochosas. Daí, retornam. Para os que se aventuram adiante, o prêmio é a possibilidade de se estar só em meio àquela paisagem de outro mundo. Caminhamos por quase uma hora sem encontrar mais ninguém, seguindo sempre pela trilha batida na neve.
A fantástica paisagem de inverno do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Quer dizer, não encontrávamos ninguém de carne e osso, mas de pedra, encontramos várias figuras. Não é a toa que os indígenas locais consideravam que aquelas pedras eram pessoas petrificadas. São como guardiões do caminho. No nosso passo rápido, a gente não os vê se movendo. Mas se tivéssemos a paciência de alguns milhares de anos, eles vão para lá e para cá. Só se movem numa escala de tempo diferente da nossa.
A magnífica paisagem do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Visita ao Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Bom, a nossa expedição é de 1000dias e não de 1000anos, então tivemos de continuar e deixar esses guardiões quase imóveis para trás. Terminamos nosso caminho por essa floresta encantada e subimos de volta à borda do canyon, chance para as últimas fotografias. Depois, atravessamos uma floresta mais convencional, de pinheiros mesmo, e reencontramos a Fiona. Depois do susto da manhã, agora ela já ligou de primeira. Estava pronta para nos levar ao próximo destino, não muito longe, mas em outro estado. Vamos voltar para o Arizona, para outro lugar igualmente especial: o Monument Valley, tornado tão famoso pelo cinema, pelo John Wayne, pelos anúncios de Marlboro e pelo simpático Papaléguas. Quanto à Utah, voltaremos em breve, depois de uma rápida passagem pelo Colorado. Ainda tem muito para ver por aqui.
Luz do sol filtrada pela mata do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos, em meio a muita neve
Oi Rodrigo e Ana, tudo bem? Eu estou planejando ir ao Bryce Canyon em fevereiro/2015. Sei que vou passar muito frio por lá, mas quero fazer essa trilha que vocês fizeram. Pelo que vi, lá tem várias. Vcs lembram o nome da trilha que vcs fizeram?
Outra coisa, quanto à roupa, gostaria de saber da Ana que calça é essa que ela usou. É só uma legging normal com algo por baixo ou é uma calça especial pro frio?
Resposta:
Oi Mayara
Vc não vai se arrepender de ir ao Bryce. O lugar é simplesmente espetacular! E quando tem neve, fica ainda mais bonito!
São mesmo várias trilhas e não vamos lembrar o nome dessa que fizemos. Mas vai ser fácil vc descobrir, pois essa é a mais famosa por ter sido escolhida a mais bela trilha de 3 milhas do mundo. Não tem erro, saindo do Sunset point até o Sun Rise. ou vice versa.
A Ana está com umas três camadas de roupa, por causa do frio. Mas não é roupa especial não. O certo mesmo, nessas condições, é ter uma calça impermeável, já que estamos caminhando no meio de muita neve. E neve é bem molhada! Nos EUA essas roupas são bem baratas.
Espero que tenha ajudado, mas se tiver outras dúvidas, pode escrever!
Um abraço a boa viagem!
Que lindo!!!!! Corajosos vocês, heim? mas, valeu a pena....
Estou mandando uma mensagem inbox para vocês.
Abraços
Resposta:
Oi Mabel
Coragem, só para enfrentar o frio. O resto, foi só diversão! Valeu muito a pena!
Um abraço
Que beleza, rapaz. Já tinha visto o post da Ana e as fotos do seu também estão fantásticas. Essa paisagem deve ser inesquecível.
Parabéns,
Helder
Resposta:
Oi Helder
Pois é, essa mistura de neve, com deserto, com torres de pedra é realmente mágica! Tenho certeza que vc vai adorar conhecer todos esses parques no inverno também. E nós, precisamos voltar lá na primavera/verão, hehehe
Um grande abraço
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