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As Ruínas de Tiahuanaco - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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As Ruínas de Tiahuanaco

Bolívia, La Paz, Tiahuanaco

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Quando pensamos na história da América do Sul antes de Colombo, logo nos lembramos dos incas e sua incrível civilização. Poucos sabem que, antes deles, muitas outras civilizações também floresceram por aqui, algumas tão impressionantes e, certamente, muito mais longevas que os próprios incas. Talvez, a principal dessas civilizações “esquecidas” seja a de Tiuhuanaco que, por quase 1.000 anos, ocupou boa parte do altiplano boliviano, estendendo sua influência até o sul do Peru e norte da Argentina.

Mapa da área de influência da cultura Tiahuanaco, na Bolívia

Mapa da área de influência da cultura Tiahuanaco, na Bolívia


Nos dias de hoje, as ruínas de Tiuhuanaco estão localizadas a mais de 15 quilômetros do lago Titicaca, mas naquela época as águas chegavam até a cidade. Inicialmente uma pequena vila, Tiuhuanaco começou a ganhar importância nos primeiros séculos da nossa era, principalmente pelo desenvolvimento de uma tecnologia de irrigação que permitia alimentar dezenas de milhares de habitantes. No seu apogeu, estima-se que 70 mil pessoas viviam somente na parte urbana de Tiuhuanaco, uma verdadeira metrópole daqueles tempos.

Chegando às ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Chegando às ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Uma maquete mostra as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Uma maquete mostra as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


As riquezas trazidas com a agricultura eficiente permitiram também que a cidade desenvolvesse um intenso comércio com os povos vizinhos. Peças típicas de Tiuhuanaco foram encontradas em escavações a mais de 1.000 km de distância, assim como peças de civilizações longínquas foram encontradas por aqui.

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


A força do comércio potencializou ainda mais a influência cultural da cidade sobre toda a região. Tiuhuanaco precisou menos de exércitos e mais de sua força econômica e cultural para se estabelecer como o centro de uma poderosa civilização. A cidade transformou-se em centro religioso andino. Sacrifícios humanos eram realizados em honra a seus deuses a cada novo templo ou palácio erigido. Aparentemente, os sacrificados não eram pessoas daqui, o que indica que a cidade tinha sim, seus inimigos, normalmente as vítimas preferenciais de sacrifícios nas culturas pré-colombianas.

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

As ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Uma mas muradas nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Uma mas muradas nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


O fim dessa gloriosa civilização não veio através de guerras ou conquistas. Os incas, por exemplo, a próxima grande civilização do continente, nem chegaram a conhecer o povo de Tiuhuanaco. Quando chegaram às ruínas da grande cidade, nem mais habitantes haviam por ali. Na verdade, quando chegaram à Tiuhuanaco, ela já havia sido abandonada há séculos.

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Uma severa e persistente seca atingiu a região por volta do ano 900, ou um pouco depois disso. As cidades-satélites de Tiuhuanaco foram as primeiras a sofrer e, em poucas gerações, já estavam desertas. Mas Tiuhuanaco resistiu. Seus sistema de irrigação eficiente ainda deu sobrevida à cidade mesmo com as águas do Titicaca retrocedendo. Mas a seca foi longa demais e a outrora rica civilização se pôs de joelhos e, por fim, desapareceu.

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Quando os incas chegaram, souberam reconhecer a grandeza da antiga cidade e Tiuhuanaco ganhou novamente importância religiosa como local de adoração. Mas depois dos incas, vieram os espanhóis. Vinham atrás de ouro, prata, escravos e para destruir qualquer centro de religião pagã. Estátuas foram destruídas ou enterradas. Mas, antes disso, quase que num ritual de exorcismo, marcavam essas estátuas centenárias com o sinal da cruz.

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Visitando as ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Não só as estátuas eram derrubadas, mas também templos e palácios. Seus materiais de construção eram usados para a vila que crescia ali do lado, suas igrejas, praças, casas e avenidas.

Uma das poucas estátuas ainda de pé nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Uma das poucas estátuas ainda de pé nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Hieroglifos em estátua nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Hieroglifos em estátua nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


O interesse arqueológico e científico só começou em meados do século XIX. Mesmo assim, por muito tempo, quem vinha eram caçadores de tesouros e arqueólogos amadores. Grandes estátuas e monumentos foram encontrados e desenterrados. O problema é que, ao tentar movê-los, muitos se quebraram. O melhor exemplo é a Porta do Sol. Reencontrada inteira, tentaram leva-la à pequena vila ali do lado. Partiu-se! Foi remontada ali mesmo, nem na vila, nem no seu local original.

A Porta do Sol, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

A Porta do Sol, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Deuses e calendários pictografados na Porta do Sol, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Deuses e calendários pictografados na Porta do Sol, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Finalmente, já nas últimas décadas do séc XX, os estudos profissionalizaram-se. A antiga cidade foi declarada patrimônio mundial. O turismo começou lentamente e somente nesse milênio acelerou-se. O governo boliviano tenta promover a sua “Machu Picchu”, mas teria sido mais fácil se as ruínas não tivessem sido tocadas nesses últimos 100 anos. Mesmo hoje, ainda há controvérsia sobre o processo de restauração que vem sendo feito, muitos argumentando que ele foge do padrão original. É o que vem ocorrendo com a grande pirâmide, sendo recoberta por adobe.

Uma das poucas estátuas ainda de pé nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Uma das poucas estátuas ainda de pé nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Nós passamos umas boas duas horas caminhando por ali. Com ajuda do Vitor, o nosso competente guia, aprendemos muito da história da cidade e da arqueologia praticada. Ele nos mostrou a pirâmide, os palácios, as estelas e aquilo que eu mais tinha curiosidade de ver: o pátio das cabeças esculpidas.

O famoso pátio das cabeças, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

O famoso pátio das cabeças, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


São dezenas de cabeças, todas elas diferentes, distribuídas em um pátio nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

São dezenas de cabeças, todas elas diferentes, distribuídas em um pátio nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


A Ana sempre falava dele, da sua visita de 2006. São mais de cem delas, dispostas nas quatro paredes do pátio, cada uma delas diferente. Nada que tenha visto em qualquer outro lugar no nosso continente. Não se sabem o que representam ou quem eram, mas desconfia-se que foram governantes e importantes nobres dessa civilização, uma espécie de panteão de imperadores. De pensar que cada uma daquelas imagens foi, um dia, uma pessoa. Em que mundo viveram? O que pensavam? Como eram suas rotinas? Quais eram seus sonhos e preocupações?

Caminhando no museu das ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Caminhando no museu das ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Visita ao museu das ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Visita ao museu das ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Bem, deixemos as cabeças e seus antigos espíritos em paz. Depois da caminhada pelas ruínas, ainda visitamos o museu ali do lado. A grande atração é a maior e melhor conservada estela encontrada em Tiuhuanaco. Fotos e filmagens são proibidas e ela fica em uma sala com penumbra, para melhor conservação. É uma visão impactante, quase que fantasmagórica, semi-humana, mas cheias de elementos animais. Como diria o gênio italiano: “E porque não fala?”. Quanta história não teria para contar? História com “H” maiúsculo!

Nosso guia nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia

Nosso guia nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia


Fila de trabalhadores nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia. Hora de bater ponto

Fila de trabalhadores nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolívia. Hora de bater ponto


Finalzinho da tarde, ainda tivemos tempo para um lanche, enquanto observávamos a fila de trabalhadores das ruínas que se formava ali do lado para “bater ponto”. Podemos estar em São Paulo, Nova York ou Tiuhuanaco, essa chatice de bater ponto é universal. Falando em “Tiuhuanaco”, antes que eu me esqueça, esse nome foi inventado muito depois da civilização ter desaparecido. Ninguém sabe como é que eles mesmos se chamavam. Um simples “detalhe” que nos mostra o quão pouco ainda sabemos dessa misteriosa e encantadora civilização.

Passando por El Alto, periferia de La Paz, na hora do rush, na Bolívia

Passando por El Alto, periferia de La Paz, na hora do rush, na Bolívia


Loja de venda de coca. Estamos em La Paz, Bolívia!

Loja de venda de coca. Estamos em La Paz, Bolívia!


E nós, de volta ao presente, decidimos que dormiríamos mesmo em La Paz. Então, com a ajuda das últimas luzes do dia, atravessamos novamente a periferia de El Alto para furar o bloqueio da estrada de acesso á La Paz e chegamos à capital boliviana. Ainda tivemos tempo de, na entrada do vale, lá no alto, tirar a clássica foto da cidade, aquele mar de casas e prédios no meio de montanhas que chegam aos 6 mil metros de altitude. Para quem conhece, certamente há de concordar: a entrada de La Paz é mágica! Agora, temos uma capital a explorar...

Chegando em La Paz, capital da Bolívia

Chegando em La Paz, capital da Bolívia

Bolívia, La Paz, Tiahuanaco, história

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O Trem da Morte e o Caminho até La Paz (1990)

Comentários (1)

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  • 26/09/2013 | 09:31 por Rubens Werdesheim

    Estivemos em Pikillaqta , cidade Wari ,contemporâneos de Tiwanaku , perto de Cusco, com a Hilaria e aí percebemos quantas viagens poderemos fazer em territórios andinos focando uma época ou povo por vez.....vale uma vida.

    Resposta:
    Oi Rubens!

    Que legal! Infelizmente, nós perdemos essa! Li muito sobre os Wari apenas aqui, em Tiahuanaco, e como esses povos se relacionavam. Mas um motive para voltar, hehehe. Como vc mesmo disse, para quem gosta de história, tem assunto para toda uma vida lá no Peru

    Um grande abraço

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