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Praia em Hopkins, no litoral sul de Belize
Se você é daqueles que gosta de viajar para encontrar culturas contrastantes, novos idiomas, sons e sabores, Hopkins é um ótimo lugar em Belize para começar as suas explorações. Oficialmente a única Vila Garifuna do país, Hopkins mantém vivos os costumes, tradições e a história dos “Black Caribs”. Dangriga, Punta Gorda e Placencia também são cidade garifunas, porém maiores, o que dificulta o encontro com o ritmo e a cultura dos seus moradores.
Cães (incluindo o Chími - o marrom) brincam em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize
A maioria da sua população vive uma vida simples, homens no mar pescando o almoço e o jantar de cada dia, enquanto mulheres cuidam da casa, filhos, cozinham e fazem artesanatos. O seu idioma é uma mistura de arawak, carib e dialetos africanos, onde homens e mulheres possuem vocábulos próprios, nunca usados pelo outro sexo. Dizem que a origem disso estaria ligada à história do surgimento dos Garifunas, quando apenas mulheres Arawaks sobreviveram e se uniram aos Caribs e aos negros fugidos dos navios negreiros, que anos mais tarde foram expulsos da ilha de St Vicent.
Fim de tarde, chegando de volta à Hopkins, no litoral sul de Belize
Depois da nossa passagem pelos cayes, a parte mais turística de Belize, estávamos em busca de um lugar que nos mostrasse um pouco mais o mosaico de culturas que convive no país. A população maya se concentra no sul e os garifunas em algumas cidades e vilas na linha litorânea. Saímos de Corazal, quase na fronteira com o México, passamos por Belize City, ex-capital e principal centro econômico do país e seguimos em direção à Placencia. A nossa primeira ideia era dormir em Placencia, mas algo me dizia que lá não era o lugar, então resolvemos desviar pouco menos de 20km e dar uma olhada na pequena vila de Hopkins.
Longo trecho de estrada de terra no caminho para o sul de Belize
A pacata vila parecia quase deserta, tamanho o calor que fazia no meio daquela tarde ensolarada. Vimos algumas crianças correndo pelas ruas enquanto suas mães, nas portas das casas de madeira com telhado de palma, viam aquele casal de “gringos” chegar em sua espaçonave prateada. Cruzamos toda a vila pela rua de terra paralela à praia de águas tranquilas e repleta de coqueiros, buscando algum lugar para comer. Nossa primeira parada foi no centro de cultura garifuna, onde alugam alguns quartos e oferecem aulas de tambor. Não havia ninguém... Apenas tambores e uma bagunça imensa, pratos sujos, cumbucas, garrafas plásticas e lixo por tudo. A televisão ligada dava aquele ar de que o local fora abandonado em meio a uma invasão bárbara.
Praia de Hopkins, no litoral sul de Belize
Continuamos, agora encasquetados com as placas de um lugar que dizia ter cabanas, café, restaurante vegetariano à beira da praia, Kismet Inn. Quando chegamos demos de cara com Elvis,um negão rasta, garifuna simpático. Elvis desentocou Tricia do quarto, uma new yorker de origem judia que depois de ter um dos restaurantes mais badalados de Nova Iorque resolveu viver no Caribe. Ela viveu anos na Jamaica, onde teve uma gravadora de discos e, sabe Deus como, veio parar aqui.
Frente do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize
Tricia tem as melhores histórias que você pode imaginar! Como bem definido por Gaston, “I love Tricia, there´s always a drama”. O Kismet Inn por si só é uma atração, dormimos em uma cabana de pescador no terreno à beira mar repleto de coqueiros, galos e cachorros. Os jantares familiares feitos por Tricia incluem desde sabores indianos veganos à sopa de tartaruga que o seu homem, Elvis, pescou. Mesmo homem em quem Tricia quase ateou fogo quando ele apareceu, mais uma vez, bêbado. Ela tinha avisado que o mataria se acontecesse de novo! Gargalhava nos contando que enquanto ele estava desmaiado de bêbado jogou álcool ao redor dele e o acordou riscando fósforos em falso, em seu ímpeto torturador para dar-lhe uma lição. A cara de susto do Elvis deve ter sido tão cômica quanto a risada de Tricia contando o causo! Histórias tristes contadas com seu humor ácido que se reunidas dariam um filme perfeito numa mistura meio Tarantino e meio Wood Allen.
A Cher, o galo do nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize
Nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize
Durante os dias nós trabalhamos nos blogs e caminhamos pela praia, socializamos com os locais na pizzaria vizinha, onde encontramos a melhor pizza da ponta norte de Hopkins (a única, a propósito). As crianças batem ponto lá vendendo doces de coco, cassava e cacau, além de pedir a colaboração para o festival de pipas que reúne a comunidade no próximo dia 16. Infelizmente perdemos o festival, mas não a chance de socializar com estes lindos garifuninhas. No nosso primeiro pôr do sol em Hopkins, acompanhados de uma boa Belize Stout (como chamam a cerveja local, Belikin), conhecemos Gaston, outro personagem citado acima.
Meninas garifunas vendem artesanato para turistas em Hopkins, no litoral sul de Belize
Um holandês que vive pelos mares do Caribe há 9 anos morando em seu veleiro. Hopkins é um dos seus lugares preferidos, onde encontra pessoas de verdade, sem firulas e falsidades. Gente simples, que vive a vida tranquila, com seus problemas e suas alegrias, a vida como ela é e não como ninguém (ou nenhum sistema) disse que deve ser. Gaston é um homem vivido e de opiniões fortes que já morou em diversos países da África, Europa e América Central.
Nossa primeira foto do Gaston, antes mesmo de conhecê-lo (em Hopkins, no litoral sul de Belize)
Ele nos convidou a fazer um tour em seu barco até a Grande Barreira de Corais e a pequena ilha de Tobacco Caye. Nós estávamos procurando algo parecido nos arredores, tínhamos uma opção de snorkel em uma ilha mais próxima e ainda tínhamos ficado com o camping na Half Moon Caye, que não aconteceu, entalado na garganta. No dia seguinte nadamos até seu barco sendo atucanados por um peixinho branco desgraçado e com alguma chance de cruzar um peixe-boi que às vezes aparece por estas águas. Conhecemos o barco, conversamos novamente para fechar os detalhes e decidimos partir com Gaston para uma velejada de 3 dias pelas águas azuis de Belize. Partiríamos no dia seguinte, depois de mais uma noite de histórias e gargalhadas com Tricia, seus vizinhos, Gaston e Cris, amigo canadense que chegou em veleiro hoje.
Barco ancorado em frente ao nosso hotel em Hopkins, no litoral sul de Belize. Ainda não conhecíamos o "The Rob"...
Hopkins foi uma das melhores surpresas da viagem, conhecemos personagens memoráveis, pessoas muito especiais! Cada um deles nos relembrou à sua forma meio esquizofrênica que a vida é assim, cheia de altos e baixos, surpresas e loucuras. Foram dois dias que nos ensinaram como é importante seguirmos nossos instintos, deixando a vida fluir e principalmente, aproveitando esta oportunidade única que temos de poder mudar de planos a qualquer momento. Enfim, deixar a vida nos fazer feliz!
Noite em praia de Hopkins, no litoral sul de Belize
boa tarde Rodrigo e Ana.
descobri vosso blog;site hoje e achei super legal!
o projeto eh fantastico. minha pergunta refere-se a Belize, destino de ferias a qual tenho interesse.
reparei que em suas visitas pelo pais, ambergris caye nao foi explorada e gostaria de saber por que.
entendo que eh a mais turistica e comercial...
olhando o mapa via google percebo que ha imensas faixas continuas em azul claro que me parecem ser as barreiras famosas de corais que se distribuem perto de ambergris, caulker e turneffe atol...por favor confirmem. ainda nao faco scuba dive mas pretendo iniciar. pratico snorkel sempre que possivel. obrigado
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