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Grupo de meninos nos saudam, na Transamazônica - PA
Hoje começamos uma maratona na boléia da Fiona pelos próximos 4 dias. Vamos cruzar do estado do Pará, de Alter do Chão, passando pelo Tocantins até a cidade de Carolina, no Maranhão. O dia já amanheceu ensolarado, com neblina baixa sobre o Rio Tapajós, lindo! Não deu a mínima vontade de ir embora, até nos enrolamos um pouco, tiramos fotos, mas tínhamos que ir.
Visão da nossa varanda pela manhã, ainda com neblina sobre o rio, em Alter do Chão - PA
A viagem começou por uma das mais famosas rodovias brasileiras, a Cuiabá-Santarém. Nós pegamos o trecho de Santarém à Rurópolis, quando ela cruza com outra afamada rodovia: a Transamazônica. Este trecho da BR-163 margeia a FLONA Tapajós, além das árvores imensas, vemos ao longo da estrada as bases de pesquisa e pequenas vilas de populações tradicionais da reserva. 120 km de asfalto e 80 km de terra depois chegamos à Rurópolis e começamos a nossa jornada pela Transamazônica.
Viajar na Transamazônica é viajar na história do Brasil. Em 1970 o então presidente General Garrastazu Médici começou uma campanha para ocupação da Amazônia com um projeto piloto que tinha como slogan “Integrar para não entregar”. Eles temiam a ocupação estrangeira na região e por isso traçaram um plano diretor para a colonização da Amazônia que tinha como espinha dorsal a BR-230, conhecida hoje como Transamazônica.
Dirigindo na Transtapajós, na região de ALter do Chão - PA
Ao longo da rodovia foram construídas agrovilas de 10 em 10km, cada agrovila possuía estradas vicinais com terrenos de 100 hectares. O governo militar visualizou que desta forma poderia matar dois coelhos numa paulada só, traria brasileiros de baixa renda, principalmente do nordeste, para ocupar e desenvolver esta região. “Quero abrir uma estrada que leve os homens sem terra para a terra sem homens”, disse o então presidente. Conversei com o Seu Élcio, dono da pousada em Medicilândia, um dos colonos que chegou aqui em 1972, dentro do programa do governo.
Em Rurópolis, entroncamento da Cuiabá-Santarém e Transamazônica - PA
Tudo o que lemos como história ele viveu e estava aqui, pronto para me contar. “O governo queria ocupar a Amazônia por que senão podia perdê-la para os estrangeiros, o lema era - Integrar para não entregar”, disse ele. Só aí já vi que a conversa seria interessantíssima. Ele conta que quando chegaram aqui os colonos tiveram todo o apoio e suporte do governo. Cada família recebeu 100 hectares de terra, podiam desmatar 50% dela para plantio de culturas de subsistência como arroz, feijão, milho, mandioca, etc. As sementes eram cedidas pelo programa e técnicos do Incra ensinavam aos colonos como plantar, colher e faziam todo o acompanhamento. Eles receberam ajuda alimentação e um salário durante 6 meses, além de toda a infra-estrutura necessária como escolas, postos de saúde, comunicação via rádio e até helicóptero militar à disposição para casos de emergência. Entre as agrovilas também eram construídas Agrópolis, centros administrativos para as agrovilas, com banco, etc, e um nível acima Rurópolis, como esta que visitamos hoje. Sua esposa me contou que chegaram a passar fome no início, tiveram que matar macaco para comer. Era um impasse, ou saiam para caçar ou trabalhavam na lavoura, não tinham tempo suficiente de fazer os dois. A telefonia só chegou entre 1997 e 1998, antes disso fazer uma ligação poderia levar um dia inteiro, viajando até o único posto há quilômetros dali e pegando a imensa fila nas duas únicas cabines que existiam.
Em Rurópolis, entroncamento da Cuiabá-Santarém e Transamazônica - PA
Hoje, com tecnologia, celular, internet e a estrada muito mais trafegável, a vida em Medicinópolis é uma maravilha. Seu Élcio diz que não troca por nada! Só fica indignado de ver o governo hoje cobrar dos agricultores novas regras e tirar direitos adquiridos por eles quando se dispuseram a vir colonizar a região. “Se as regras mudaram, elas tem que ser ensinadas, mandem um técnico, não venham intimidar os agricultores com multas absurdas e garotos armados com metralhadoras!” Realmente se não existe uma perspectiva histórica da situação, fica fácil chegar e multar este povo. Mas olhando como chegaram até aqui e retirar o que lhes foi dado como direito, é no mínimo uma injustiça. Deve haver uma política de transição para as novas leis, implementá-las para os grandes fazendeiros, principais responsáveis pelos desmatamentos desmedidos, e fazer um processo de aculturamento e treinamento dos pequenos agricultores que chegaram aqui há 40 anos.
Trecho da Transamazônica que mostra uma paisagem já sem florestas - PA
Conversamos sobre tudo, a história da irmã Dorothy, o bispo de Altamira, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte e inclusive sobre as madeireiras e o desmatamento. Quando se está dentro, a perspectiva muda e muito, as informações que temos na mídia não são as mesmas que o povo aqui conhece. Há milhares de pessoas vivendo ao longo desta rodovia, todos precisam de estrutura e modernização. Imaginem quantas mulheres já não pariram no meio do caminho por causa de um atoleiro?
A estrada que o presidente pretendia fazer – e que de fato fez – teve um custo de cerca de 1 bilhão de dólares, segundo estimativas do ex-ministro da fazenda Antônio Delfim Netto. Nos seus 4.083 quilômetros, ela liga João Pessoa, na Paraíba, a Lábrea, no Amazonas. Foi inaugurada há quase 40 anos anos e jamais ficou completamente pronta, já que seu projeto inicial previa uma saída para o oceano Pacífico, atravessando o Acre.
Em Rurópolis, entroncamento da Cuiabá-Santarém e Transamazônica - PA
Além dos colonizadores trazidos de outras regiões, a FUNAI pensava que conseguiria atrair para viver na região da estrada mais de 10 mil índios. Porém não encontrou nem 3 mil e não conseguiu atraí-los. "Com menos índios e colonos do que imaginava, o governo inaugurou a estrada em 1974, alojando menos de 1% dos 5 milhões de desabrigados nordestinos. E nem esses poucos moradores receberam o prometido: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) só conseguiu dar terra e infra-estrutura a 900 famílias. No ano da inauguração da estrada, existiam cerca de 5 mil famílias de colonos vivendo precariamente em barracos de palha e pau-a-pique na beira da Transamazônica."*
Até onde pude entender, o plano de Médici não era de todo ruim, mas para variar houveram indícios de desvio de verba, a prioridade mudou e este povo foi abandonado aqui. Sem a continuação das obras de infra-estrutura, manutenção e auxílio, viveram isolados do mundo por quase três décadas, ainda assim, aos poucos crescendo e se desenvolvendo.
“Apesar do abandono e da dificuldade de acesso, algumas cidades às margens da rodovia, como Altamira, se desenvolveram com a chegada da estrada. Praticamente um lugarejo de 5 mil habitantes no início das obras, Altamira pulou para 18 mil habitantes em quatro anos. Pela sua localização, a cidade foi escolhida pelo governo para ser a capital da Transamazônica. Ali foi instalado o mais completo projeto de colonização. Os investimentos públicos – cerca de 50 mil cruzeiros por família de colono nos primeiros cinco anos da estrada, o equivalente hoje a 35 mil reais– superaram todos os outros da região. Ruas foram asfaltadas e ganharam iluminação de mercúrio. Bares, restaurantes e hotéis foram abertos. O número de estabelecimentos comerciais passou em quatro anos de seis para 480, incluindo aí casas de tecidos, empórios, lojas de calçados, bebidas, ferragens e materiais de construção. Os preços dos aluguéis triplicaram, assim como as novas construções. O poder aquisitivo da população de Altamira aumentou dez vezes com a chegada da Transamazônica. Mas, quando as empreiteiras foram embora, o dinheiro deixou de circular e a cidade mergulhou novamente no ostracismo, com dificuldade em retomar sua vocação tradicional em atividades como extração de castanha, borracha e minério”.*
Medicilândia é uma das cidades mais promissoras desta região, próxima a Altamira, possui a melhor qualidade de terra da região. Durante anos viveu do plantio de cana-de-açúcar, produzindo para a usina alcooleira inaugurada pelo governo. Entretanto em 1990 foi desativada pela dificuldade de escoamento da produção e os colonos caíram no esquecimento. Novamente os agricultores tiveram que se reinventar. Hoje a cidade produz a melhor qualidade de cacau do mundo, misturada com o cacau baiano para aumentar a qualidade para venda. A outra cultura que está crescendo muito é o açaí e sabe-se que aqui existem grandes reservas de ferro e feldspato ainda inexploradas.
Trecho da Transamazônica que mostra uma paisagem já sem florestas - PA
A população aqui quer e precisa de progresso, vieram para cá com este objetivo proposto pelo próprio governo. Aí voltamos ao impasse, como desenvolver sem desmatar e destruir? Certamente não será multando pequenos agricultores e não será entregando a Amazônia na mão de fazendeiros que ignoram as novas leis, dizendo desconhecê-las. A mudança só poderá ocorrer com a transmissão de conhecimento e novas leis a esta população. Um estudo aprofundado e elaboração de um projeto específico para reestruturação da área produtiva na Transamazônica, levando em consideração os aspectos históricos envolvidos, com seus custos e compensações.
* Fonte Revista Aventuras na História - Ed. Abril.
muito bom gostei de mas dessa reportagem,moro em manaus e tenho parentes que moram em ruropolis e uruara e sei quanto esse povo ainda sofre com a precaria infra estrutura que existe,nessa rodovia pessoas como vcs fazem toda a diferença mostrando as dificuldades do nosso povo sofrido dessa região obrigado pela reportagem que Deus abençoe vcs.
Resposta:
Obrigada Lindomar, seguimos compartilhando nossas experiências, espero que ajude! =)
Muito otimo!Parabens!Tnho 20a d cuiba.Santarem e transamazonica n boleia de carreta.E sei mas do que ninguem como e a vida ali .Sujiro q tentem ir d itaiuta a jacareacanga boa sorte!
Resposta:
Está na lista Ronaldo! Obrigada e boas viagens!
muito legal a(s) reportagem(s)...acho o maximo. parabens....
Resposta:
Obrigada Djalme! O Brasil é imenso e vale a pena divulgar! Beijos!
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