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Tiago (27/10)
Estarei hospedado dia 5 de janeiro de 2020, um domingo. Quanto custa para...
Tetsuya Watanabe (25/10)
We will create the stream peace on earth by this story Plea...
Marcelo Rocha (22/10)
Boa tarde , Parabéns pelo relato de Tortel ! Vocês pernoitaram no dia ...
Luiz Paulo (26/08)
Parabéns pela matéria extensa e informativa. Por acaso v. viu alguma me...
Douglas (10/08)
Rearrumação da bagagem antes da viagem para o Havaí (no estacionamento do nosso hotel no Big Sur, ao sul de Carmel, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos)
Chegou finalmente o dia de viajarmos ao Havaí, ou Hawaii, ou Hawai’i, ou Rau-ai, ou Ra-uai, Não importa como se escreva ou se fale (a 3ª grafia é a mais correta), faz tempo que esse arquipélago localizado no meio do Oceano Pacífico está nos meus planos, sonhos e imaginação.
Eu tinha uns cinco anos de idade quando começou, lá em casa, uma misteriosa ideia de que a família iria se mudar para o Havaí, daí a dois anos. Não sei de onde nasceu essa ideia, só sei que ela era apropriadamente usada na hora das refeições, como uma espécie de “estímulo” para que as crianças (eu e meus irmãos) terminassem seus pratos: “Se não comer direito, não vai para o Havaí”. O nome evocava uma terra mágica, vida boa, ondas grandes e verão sem fim.
O Havaí fica, literalmente, no meio do Oceano Pacífico
Essa atmosfera de uma terra misteriosa era alimentada também por um seriado americano que fazia sucesso na época. Os mais velhos se lembrarão. Chamava-se “Havaí 5-Zero” e tratava da rotina policial da ilha. Passava de noite, hora em que eu já deveria estar na cama. Nunca assisti a nenhum episódio, mas a música da abertura e as imagens das grandes ondas, nunca mais iria esquecer. Hoje, graças ao YouTube, é fácil matar as saudades! Para quem quiser ouvir a música ou ver as imagens do Havaí na década de 70, segue o vídeo abaixo:
O tempo passou e a infância virou adolescência. Agora, aquela história de e mudar para o Havaí em dois anos já não me pegava. Em compensação, meu interesse por astronomia e coisas ligadas ao espaço, alimentados pela premiada série de TV e livro Cosmos, de Carl Sagan, me levaram de volta ao Havaí. Tanto por causa das incríveis imagens de erupções vulcânicas como pelo observatório astronômico de Mauna Kea, a maior montanha do mundo, bem no coração da Big island, a maior ilha do arquipélago. A minha noção do Havaí se ampliava. Além de ondas, também tinham vulcões! Na TV, já não mais passava o antigo seriado policial. Em compensação, chegava às telas outro enlatado americano, que também era ambientado nas ilhas do Pacífico. Já mais velho, agora eu podia assistir os episódios também, além da abertura. Estou falando do Magnun, do Tom Sellek.
Por fim, cheguei à vida adulta e os interesses continuaram a mudar. Agora, eu gostava de Triatlo e me impressionava com os atletas que encaravam um Iron Man. Pois essa prova nasceu justamente no Havaí, mais precisamente na Big island. Kona continua sendo a referência do esporte e eu passei a sonhar em, um dia, quem sabe, me classificar para fazer essa prova. O sonho teve de ser adiado por causa dos 1000dias, mas nunca é tarde para tentar!
Mas antes de chegar lá por causa do triatlo, chegamos ao Havaí por causa da nossa viagem mesmo! Nossos planos originais eram ter viajado para as ilhas logo que chegamos aos EUA, em Março passado. Mas acabamos mudando de ideia e o sonho teve de esperar mais alguns meses. Foi difícil esperar, mas o dia chegou. Passagens compradas, era a hora de planejar o circuito por lá.
O arquipélago do Hawaii e suas principais ilhas
Quem fez isso foi a Ana. Laboriosamente, ela passou a ler os posts da Lucia Malla (brasileira que mora por lá e tem um estilo delicioso de se ler!), que foram a base para nosso roteiro. Optamos por conhecer as quatro ilhas principais e tínhamos de encaixar isso em 17 dias. Obviamente, não daria para conhecer tudo, mas daríamos uma boa pincelada nas maravilhas do arquipélago, sua história e geologia, suas praias e montanhas, vulcões e cachoeiras, abaixo e acima d’água. Melhor, vamos ter a companhia de nossos infalíveis amigos e padrinhos, o Rafa e a Laura, os mesmos que vieram nos encontrar em Galápagos e em Cuba. Vão estar conosco em três das quatro ilhas visitadas.
Localizado literalmente no meio do Oceano Pacífico, longe de tudo e de todos, o Havaí é uma verdadeira “fábrica de ilhas”. Ele está bem acima de um chamado “hot spot”, local onde o magma do centro da Terra escapa para a superfície, furando a crosta terrestre e cuspindo fogo e lava para aliviar a pressão. Ocorre que, bem nesse ponto, acima da crosta terrestre, estão seis quilômetros de água, que é a profundidade do Oceano Pacífico naquele ponto. Não tem problema! Milhares e milhares de anos de erupções subaquáticas vão criando uma montanha submarina que, eventualmente, chega à superfície. Chega e continua crescendo, outros quatro mil metros. Está formado uma ilha! Enquanto isso, a placa tectônica do Pacífico vai se movendo lentamente, poucos centímetros ao ano, em direção noroeste. Depois que algumas dezenas de milhares de anos nesse ritmo, a nova ilha, que se move junto com a placa, já está longe da Hot Spot que a criou, que ficou paradinha lá trás. A ilha, então, para de crescer. Pior, passa a ser consumida pela erosão do ar e do mar. Literalmente, se desmancha. Do pó viemos, ao pó retornaremos. Essa máxima vale até para as montanhas! Mas, enquanto uma ilha se desmancha lentamente, ao mesmo tempo em que se move para o noroeste, uma outra, novinha em folha, está sendo formada alguns quilômetros para trás, lá encima daquela nervosa Hot Spot.
O processo de formação vulcânica das ilhas havaianas
Isso é o Havaí: uma sequência de ilhas no sentido sudeste-noroeste, algumas se formando, outras se acabando. As mais antigas já não são mais ilhas, descansando em paz abaixo do nível do mar. Outra, já está quase chegando à superfície, faltando “apenas” mil metros para chegar lá. No meio delas, as ilhas atuais. As principais,por faixa etária crescente, são a Big Island, Maui, Oahu e Kauai. Quanto mais nova (Big island), mais ativo o vulcanismo. Quanto mais velha (Kauai), mais tempo teve a vegetação de tomar conta da ilha. Por isso, Kauai é conhecida como a “Green Island”, tomada por florestas.
Nosso circuito aéreo entre as ilhas do Havaí, chegando na Big island, voano para Maui, Kauai, Oahu e daí, de volta à Los Angeles
Nós seguiremos primeiro para a Big Island, também conhecida como Hawaii. Loucos para ver vulcões em atividade! Daí seguimos para Maui, a ilha mais chique. Será onde encontraremos o Rafa e a Laura. Daí, voaremos para Kauai, onde as mais belas paisagens do arquipélago nos esperam. Por fim, Oahu, onde está a capital Honolulu, a famosa praia de Waikiki e as ondas gigantes de Waimea e Pipeline. Entre as ilhas, o caminho é sempre voar, pois não há barcos que fazem o trajeto (estranho! Será que têm medos das ondas?). Dentro de cada ilha, vamos alugar carros para nos ajudar a chegar nos lugares mais interessantes. Transporte público, com raras exceções, não é o forte da pátria do automóvel.
A famosa rodovia One, no Big Sur, ao sul de Carmel, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos
Enfim, é isso aí. Hawaii, aí vamos nós! Na verdade, já viemos! Saímos hoje cedo do nosso simpático hotel dos Yurts no Big Sur, dirigimos até Los Angeles, deixamos a Fiona num estacionamento ao lado do aeroporto (por menos de 10 dólares por dia!) e enfrentamos as 5 horas até Hilo, na Big island. O relógio se atrasou duas horas e agora já estamos oito horas atrás do Brasil! Chegamos de noite, então ainda não deu para ver nada! Já estamos de posse do nosso jipão vermelho (amanhã tem fotos dele!) e agora, dormiremos mais ansiosos do que nunca para começar a ver e conhecer esse paraíso que frequenta minha imaginação há tanto tempo. Ainda bem que comia tudo direitinho, na minha tenra infância. Mas que esses “dois anos” demoraram para passar, isso demoraram!
Pablo Neruda e sua esposa, Matilde Urrutia
Um dos pontos altos do nosso dia em Santiago hoje foi a visita à casa onde morava Pablo Neruda, carinhosamente apelidada por ele de La Chascona. A casa fica aos pés do cerro San Cristobal e foi construída pelo poeta no início da década de 50 para abrigar a sua amante na época e futura esposa Matilde Urrutia. O nome da casa é uma homenagem a Matilde, que tinha os cabelos vermelhos e rebeldes. “Chascona” é uma palavra chilena de origem quéchua que significa exatamente isso: “cabelos revoltos”.
La Chascona, a casa de Neruda no bairro de Bella Vista, em Santiago, capital do Chile
La Chascona virou um museu a atrai visitantes de todo o mundo. Nós caminhamos por todos os cômodos da casa, que permanece como eram na época que o poeta vivia ali. Cada visitante recebe um áudio-guia que vai nos explicando sobre detalhes da casa e também sobre a vida de um dos maiores escritores do século XX, ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1971 e que morreu de câncer, dois anos mais tarde.
La Chascona, a charmosa casa de Pablo Neruda em Santiago, capital do Chile
Pablo Neruda nasceu Neftali Ricardo Basolato em 1904, e já mostrava seus dotes de poeta na adolescência, quando adotou seu codinome que, mais velho, seria transformado em nome oficial. Com menos de 30 anos já trabalhava no serviço diplomático, sendo cônsul chileno na Espanha, bem nos anos que precederam a sangrenta guerra civil naquele país. Vivendo em um país e num continente em que as diferenças políticas se exacerbaram ao máximo, numa guerra mortal entre comunismo e nazismo, identificou-se fanaticamente com os primeiros e assim permaneceu durante toda a sua vida. Escreveu odes a Lenin e Stalin, sendo um dos últimos grandes intelectuais de esquerda ocidentais a reconhecer os desvios do ditador soviético.
La Chascona, a charmosa casa de Pablo Neruda em Santiago, capital do Chile
No Chile, sempre foi um ativo político do Partido Comunista, tendo sido exilado por vários anos por suas convicções. Na eleição de Allende, abdicou de sua candidatura para apoiar o amigo e foi seu embaixador na França durante os primeiros anos de governo. Já era uma personalidade mundial muito antes disso, tanto política como artística. Em um de seus grandes momentos, foi chamado a discursar em um evento no estádio do Pacaembu, em 1945, em homenagem a Luís Carlos Prestes, quando leu seus poemas para uma multidão de 100 mil pessoas.
Um dos encontros de Neruda e Vinícius de Moraes, sempre regado a bons vinhos
Sua ligação com o Brasil era forte, tendo sido muito amigo de personalidades como Jorge Amado e Vinícius de Moraes. Com esses, mas também com outros intelectuais de todo o mundo, sempre tinha encontros calorosos, regados a boa bebida e muita alegria. Enfim, viveu bem esse grande homem. O auge veio com o Prêmio Nobel, em 71. Foi uma premiação muito controversa, principalmente pela recusa de Neruda em condenar a política soviética de censurar escritores daquele país que não se alinhavam com o partido. Mas no final, sua indiscutível capacidade literária venceu as questionáveis posições políticas. Quando voltou à Santiago após receber o prêmio, foi recebido como herói, declamando seus poemas novamente para uma multidão, dessa vez 60 mil pessoas no Estádio Nacional.
Visitando La Chascona, a casa de Neruda em Santiago, capital do Chile
A vida privada também era bastante agitada, com vários amores. O último e maior deles foi com Matilde, a chascona. O romance secreto teria se iniciado enquanto Neruda ainda era casado. Por isso construiu essa casa em Santiago. Alguns anos mais tarde, já separado, pode assumir o romance que duraria até sua morte. Foram 15 anos recebendo os amigos para conversas e jantares animados na casa que mais amava, construída bem ao seu gosto. Não poderia faltar objetos que remetessem ao mar, uma de suas grandes paixões, e aos bares, outra delas. A própria sala de jantar tinha o formato de um barco, enquanto na parte mais alta do terreno foi feito um bar com vista para a cidade.
Visita ao tradicional restaurante Venezia, em Santiago, capital do Chile
Infelizmente, esse homem que teve uma vida tão intensa não teve um final feliz. Enfrentava um câncer de próstata quando o governo que apoiava foi derrubado em um dos mais sangrentos golpes de estado no nosso continente. Allende morreu dentro do Palacio de la Moneda, e o general Pinochet assumiu o governo, logo transformado em uma ditadura. Neruda assistiu tudo pelo rádio e TV, convalescendo em uma de suas casas, em Isla Negra. Não demorou muito e sua casa foi invadida por agentes do novo governo, que procuravam “material subversivo”. O velho poeta, indignado, disse: “Olhem a sua volta! Não há nada de perigoso aqui, exceto poesia!”. Alguns dias mais tarde, foi internado e acabou morrendo no hospital, 12 dias após o golpe.
Com o Pablo, almoçando no tradicional restaurante Venezia, em Santiago, capital do Chile
Sempre houve uma suspeita de que ele teria sido envenenado pela ditadura, que temia a oposição e a língua ferina do mais famoso chileno vivo, mas uma autópsia recente não corroborou essa tese. Aparentemente, foi mesmo a tristeza de ver o governo popular pelo qual havia tanto lutado ser derrubado que acelerou a ação de seu câncer. Enquanto ele convalescia no hospital, a Chascona foi atacada por um grupo de vândalos e parcialmente destruída. Sua valente esposa, apesar das ameaças do novo governo, fez questão de organizar o velório na casa e, com isso, mostrar a toda imprensa internacional o que estava ocorrendo no país. O estado deplorável da Chascona era um exemplo vivo do que se passava no Chile. No enterro do poeta, repleto de agentes e policiais, deu-se o primeiro protesto público contra a ditadura que apenas se iniciava no Chile, a última façanha desse que foi o poeta maior da América Latina.
A mesa preferida de Pablo Neruda no restaurante Venezia, em Santiago, capital do Chile
Hoje, tivemos não só o prazer de conhecer a Chascona, os livros, móveis e fotografias que viviam ao redor desse valente casal, mas também um dos restaurantes preferidos de Neruda, o Venezia, onde era comum que ele almoçasse ou tomasse uns tragos. Aì, na sua mesa cativa, brindamos ao poeta à sua esposa, aquela de cabelos vermelhos e rebeldes, homenageada por um quadro presenteado por Neruda, que a retrata com duas faces, aquela que era vista em público e a outra, que apenas o poeta via. É, tantas viagens, tantos livros, tantos prêmios, tantos amores...que bela vida teve Neruda.
O famoso quadro de Matilde Urrutia, na Chascona, em santiago, no Chile
Cachoeira de Santo Isidro, no Parque Nacional da Serra da Bocaina - SP
Ontem de noite, quando chegamos à pacata São josé do Barreiro, tivemos que rodar bastante pela pequena cidade até achar alguma pousada que parecesse estar funcionando. Encontramos a simpática Pousada do Régis e fomos logo desmaiar, tentando nos recuperar da correria dos últimos dias e nos antecipar da correria dos dias vindouros.
Placa indicativa do Parque Nacional da Serra da Bocaina - SP
Hoje cedo, já saímos de mala e cuia para o Parque Nacional da Serra da Bocaina. De lá, seguiríamos diretamente para o litoral fluminense, via Bananal. Para se chegar ao parque, são 25 quilômetros de estrada de terra, em "pécimo" estado, como dizia o cartaz que vimos. Nem está tão ruim assim, comparado com outras estradas que vimos por aí. Para a Fiona, mamão com açúcar. Para variar, cruzamos vários valentes fuscas pela estrada. A estrada vai serpenteando morro acima, de maneira quase sempre suave. A vista é linda, lá do alto. Olhando para baixo, parece um mar de ar (estranho, né? Mas é o que parece...) e o vale do Paraíba lá embaixo, no fundo, com o rio serpenteando para lá e para cá. Já quase no parque, há várias pousadas, mais chiquetosas. Várias tem até um serviço de busca de hóspedes lá em São José do Barreiro.
A parte de cima da Cachoeira de Santo Isidro, no Parque Nacional da Serra da Bocaina - SP
No parque, muitas informações sobre a Trilha do Ouro, que desce a serra em direção à Mabucaba e Parati. Quase toda a descida ainda tem o calçamento de dois séculos, feito por mão de obra escrava. Como já escrevi em outro post semana passada, quando estive na parte de baixo do parque, eu já fiz essa trilha e recomendo. Não estava sabendo o quanto ela está popular nesses dias de hoje. Só no feriado foram mais de cem pessoas descendo a trilha, quase sempre em grandes grupos, mas também há os aventureiros solitários.
Nadando na Cachoeira de Santo Isidro, no Parque Nacional da Serra da Bocaina - SP
Eu e a Ana, por uma questão de logística e de tempo, só fomos até a Cachoeira Santo Isidro, bem próxima da portaria. Parece uma pintura, de tão bonita. E parece uma geladeira, de tão fria. Das cachoeiras do parque, é a mais atrativa de se nadar, pelo seu grande poço. Foi o que eu e a Ana fizemos, ignorando mais uma vez o frio da água.
Cachoeira de Santo Isidro, no Parque Nacional da Serra da Bocaina - SP
Depois, descemos a serra e o "mar de ar" novamente, parando para um rápido lanche em São José. Na sequência, seguimos de carro até Bananal e Getulândia, já no estado do Rio. Esta é a estrada dos tropeiros, a antiga ligação entre Rio e São Paulo, antes da construção da Dutra. A estrada passa por várias fazendas, algumas ainda com suas belas casas centenárias, reminiscências de uma época de ouro da região, quando a cultura do café floresceu por aqui fazendo fortunas. O cultura do café acabou por exaurir a terra e se mudou para novas áreas, como o interior paulista, no final do séc XIX e início do XX. Deixou para trás essas magníficas e decadentes fazendas. Muitas delas, nesses últimos tempos, se reencontraram no turismo e fazem a festa de quem quer um gosto de vida na fazenda com muito estilo e história.
Região da Serra da Bocaina próximo à São José do Barreiro - SP
Nós viemos até Parati, no mesmo hotel em que estivemos antes. Amanhã, vamos para o Pouso da Cajaíba, sem esquecer do fiorde brasileiro, o Saco do Mamanguá! Beleza, vamos encontrar muitas. Acesso à internet, isso já não sei...
Fazendo um lanchinho em São José do Barreiro - SP
Momento de descanso e admiração da paisagem do parque Provincial Aconcagua, na nossa caminhada de saída do parque, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Depois de nossa caminhada até Plaza Francia no dia de ontem, voltamos para o acampamento em Confluencia. Tínhamos ficado amigos de dois poloneses que também foram à Plaza Francia, mais ou menos no mesmo tempo que nós. Só que hoje, ao invés de retornarem à laguna Horcones e à saída do parque, eles seguiriam adiante, até Plaza de Mulas. Iriam tentar fazer o cume do Aconcágua e a caminhada até Plaza Francia foi apenas para ajudar no processo de aclimatação. Ficamos com uma baita inveja, mas não tínhamos tempo nem estávamos preparados para isso.
Hora de desmontar a barraca no acampamento de Confluencia e deixar o Parque provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Em Confluencia, despedida dos amigos poloneses Michel e Swanknel. Nós sairíamos do parque e eles iam para Plaza de Mulas, para tentar o cume do Aconcágua (na região de Mendoza, oeste da Argentina)
Ainda em Confluencia, também conversamos bastante com os guarda-parques, que nos deram uma boa ideia dos números dessa temporada no Parque Provincial Aconcagua. Foram cerca de 5.400 visitantes que vieram além da laguna de Horcones. Pouco mais de 1.000 para trekkings como o nosso, mas a grande maioria para tentar o cume da montanha mais alta das Américas. O aumento de tarifas vem surtindo efeito, pois o número de visitantes quase chegava a 10 mil pessoas no final da década passada. Preços mais baixos para latino-americanos também tem estimulado um aumento de visitas desses países. Mesmo assim, após os argentinos, o maior número de visitantes continua sendo dos EUA, seguido de Alemanha e Canada. O Brasil ocupa o quinto lugar, com cerca de 200 visitantes. Os homens correspondem a 80% dos visitantes e 70% entra por Horcones, enquanto o restante entra pelo norte e tenta a rota do glaciar dos polacos. O número de visitantes que caminha apenas até o mirante da Laguna Horcones é de 30 mil. O número triste é que já são mais de 150 mortos na montanha desde a primeira vítima fatal, em 1926.
Caminhando de Confluencia para Laguna Horcones, na saída do Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
O vale do rio Horcones, nosso caminho para sair do Parque Provincial Aconcágua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Hoje de manhã, sem muita pressa e aproveitando o dia lindo que fazia, desarmamos nossa barraca e iniciamos o caminho de volta. O parque estava lindo e nessa parte mais baixa há muito mais verde. Seguimos sempre ao lado do rio Horcones e, de novo, encontramos bem pouca gente por aqui. O pico da temporada já passou há algumas semanas. Não demorou muito e já estávamos de volta ás belas paisagens ao redor da Laguna Horcones e do mirante de onde vimos o Aconcágua pela última vez. Que montanha mais linda, especialmente em um dia de céu azul como hoje.
O vale do rio Horcones com o Aconcágua ao fundo, na nossa caminhada de despedida no parque, na região de Mendoza, oeste da Argentina
O vale do rio Horcones com o Aconcágua ao fundo, na nossa caminhada de despedida no parque, na região de Mendoza, oeste da Argentina
A Fiona nos esperava no estacionamento e estávamos bem felizes com o horário, pois chegaríamos ainda cedo em Mendoza, a tempo de procurar a concessionária para trocar o vidro da frente do carro. A rachadura no para-brisa causada por uma pedra já há quase dois meses vem crescendo e a troca aqui vai sair bem mais barata que no Brasil. Afinal, a Fiona é uma Hilux e as Hilux são feitas aqui na Argentina, assim como suas peças de reposição. Então, partimos pela estrada que desce os Andes e logo passamos pela aduana, uns poucos quilômetros abaixo da entrada do parque. Como da outra vez, foi uma passagem rápida e eficiente. Outros poucos quilômetros e chegávamos a Puente del Inca, onde resolvemos parar rapidamente para aproveitar o belo dia e tirar mais umas fotos da ponte natural sobre as águas termais que dá nome ao povoado.
O rio Horcones, no Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, na Argentina
Atravessando a ponte sobre o rio Horcones na nossa caminhada para deixar o Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, na Argentina
Foi quando percebemos um problema. Simplesmente não achamos o ipad. Começamos a puxar pela memória e o local mais provável do esquecimento era o hotel em que passamos nossa última noite no Chile, em Los Andes. Mas não tínhamos certeza e queríamos ligar para lá. Achar o número na internet não foi difícil, mas fazer a ligação, isso foi. Tentávamos, tentávamos e nada. Não funcionava o interurbano. Teríamos de voltar, pelo menos até o lado chileno da fronteira, onde conseguiríamos um telefone de lá e a ligação não seria mais internacional. Então, de volta para os Andes e o Paso Cristo Redentor.
Chegando de volta à Laguna Horcones, na entrada do Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Chegando de volta à Laguna Horcones, na entrada do Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Para quem segue para o Chile, toda a aduna é feita do lado chileno da fronteira. Fomos até lá e conseguimos que o rapaz do câmbio fizesse a ligação para nós. O ipad estava lá, o que foi um enorme alívio. Mas teríamos de descer toda a cordilheira e voltar para Los Andes. Não tinha remédio. Respiramos fundo e seguimos. Uma hora mais tarde, a simpática dona do hotel nos recebia com nosso querido computador. Ela havia tentado nos avisar antes, mas isolados no Aconcágua, não houve chance de receber suas mensagens.
A laguna Horcones com o Aconcágua ao fundo, na entrada do Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
A laguna Horcones com o Aconcágua ao fundo, na entrada do Parque Provincial Aconcagua, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Respiramos fundo e pegamos estrada novamente. Uma última passagem pela fronteira entre esses dois países nos esperava. Agora sim, a última das últimas. Durante os 1000dias, foram 13 vezes no total, incluindo as duas de hoje. O Zagalo adoraria! Nós não! Mas, vamos em frente. A estrada do lado chileno está em obras, mas com muita paciência, chegamos ao túnel e à Argentina. Só faltava aquela nossa conhecida e eficiente aduana, a mesma que já tínhamos passado algumas horas antes, depois de sairmos do parque.
De volta à Puente del Inca, famosa por suas águas e banhos termais, hoje desativados, na região de Mendoza, oeste da Argentina
Nossa longa viagem de hoje. Saímos do parque do Aconcágua e seguimos até Puente del Inca, poucos quilômetros abaixo. Aí, descobrimos que nosso ipad tinha ficado no hotel em Los Andes, no Chile, três dias atrás. Cruzamos a fronteira e fomos resgatá-lo. Depois, de volta à Argentina, com muitas chateações na aduana. Finalmente, já depois da meia-noite, chegamos a Mendoza
Começava a escurecer quando chegamos lá. Havia mais trânsito dessa vez. Quando chegou a nossa vez, a velha Lei de Murphy resolveu aparecer. Das outras vezes, nem precisamos sair do carro. Agora, fomos escolhidos para Cristo. Mandaram estacionar a Fiona de lado, nos deram um chá de cadeira e, finalmente, foram fazer a revista. Usei todo o restinho de paciência que ainda tinha para não criar caso. Numa hora dessas, é a pior coisa. Eles têm todo o poder e nós, nenhum. Revista minuciosa, tentaram encrencar com uma coisa ou outra, mas ao final, nos liberaram. Já passava das nove da noite. E pensar que teríamos uma bela tarde em Mendoza...
Mais uma despedida do Chile, região de Portillo, aproximando-se da sequência de curvas que nos leva ao túnel El Libertador, fronteira com a Argentina
Mais uma despedida do Chile, região de Portillo, aproximando-se da sequência de curvas que nos leva ao túnel El Libertador, fronteira com a Argentina
Bom, agora, toda a concentração para vencer o sono, o cansaço e o mau humor para conseguirmos chegar à Mendoza. Nosso hotel da outra vez estava lotado, mas não demorou muito e achamos outro por ali. Finalmente, um chuveiro quente e uma cama com lençóis limpos. Depois de tantas voltas por aí, nós merecíamos. Amanhã será um dia para passearmos e descansarmos enquanto a Fiona recebe uma cara nova. Mendoza é uma cidade bem gostosa e arborizada. Vai ser gostoso. Depois, vamos cruzar a Argentina mais uma vez, também a última nesses 1000dias. Vou postar um mapa com todos os caminhos que fizemos nesse país. Mas antes disso, vou aproveitar que não teremos muito para contar desses próximos 3 dias e postar mais histórias do passado. Ao pesquisar as fotos para os posts sobre a subida ao cume do Aconcágua em 1999, também achei fotos mais antigas, de lugares da América que não passamos nesses 1000dias. Acho que vai ser interessante, relembrar velhas aventuras. Um post sobre o Trem da Morte, quando ainda se podia viajar de trem de Bauru a Corumbá, outro sobre a subida do verdadeiro Chacaltaya, perto de La Paz, quando ainda era possível esquiar por lá, um outro sobre a Trilha Inca, quando não era obrigatório ir com guias e um último sobre Iquitos, no meio da Amazônia peruana, e a viagem de barco de lá até o Brasil. Todas histórias do meu primeiro mochilão pela América Latina, lá no distante ano de 1990. Outra vez, o companheiro de viagem era o Haroldo, o mesmo que subiu o Aconcágua comigo. Depois deles, retomo os 1000dias, agora em direção ao Uruguai, o último país que nos resta para conhecer nesse vasto continente!
Contagem de curvas na parte final da estrada que nos leva à fronteira com a Argentina, Paso Cristo Redentor, entre santiago e Mendoza. No total, são mais de 20 curvas!
Final de mergulho nas águas roxas da Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Depois da sensacional alvorada no Ahu Tongariki, nós voltamos para casa para devolver o carro à Joana e nos preparar para o próximo compromisso: mais um mergulho nas águas do Oceano Pacífico! Era um momento que estávamos esperando desde que saímos da água dois dias antes.
A caminho de mais um mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
A caminho de mais um mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
O mergulho de hoje seria mais VIP que o anterior. Apenas nós dois, o dono da agência e seu ajudante. Íamos mergulhar numa enorme parede ao lado do Moto Nui, um lugar especial para a história da ilha. “Moto” quer dizer “ilha” em rapa nui, e o Moto Nui é a ilha onde os pequenos pássaros manutaras vinha chocar seus ovos. Para quem não se lembra, esse era o foco do festival do homem-pássaro, a pequena ilha para onde nadavam os guerreiros em busca do ovo sagrado (veja o post com essa história aqui). Nós vimos essa ilha lá de cima, ontem, e hoje a veríamos aqui de baixo!
Ilhas onde chocavam os manutaras e para onde nadavam os participantes do festival do homem-pássaro, em frente ao vulcão Rano Kau (em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico)
Nossos companheiros de mergulho ao lado da ilha do homem-pássaro na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Entre os mergulhadores é comum dizer que a água do mar está “roxa” num dia em que ela aparente estar especialmente limpa e clara. Eu sempre achei que o termo fosse apenas uma figura de linguagem, mas hoje aprendi que não. Enquanto nosso barco se aproximava do ponto do mergulho, fiquei sem palavras ao observar a cor da água. Sim, ela estava roxa, de verdade! Foi emocionante, ver essa cor de água pela primeira vez na minha vida. E olha que o dia estava nublado, como mostram as fotografias.
Uma das águas mais limpas e claras de todo o continente, na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Mergulhando em banco de corais na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
A vontade de cair na água só aumentou! Ela já era grande, quando soubemos que iríamos descer a mais de 40 metros de profundidade, ao lado de uma enorme parede. Principalmente porque já tínhamos visto a visibilidade da água no mergulho anterior. Mas dessa vez, ainda fora da água, parecia que estava melhor ainda!
Água absolutamente cristalina, com visibilidadde de 60 metros durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Água absolutamente cristalina, com visibilidadde de 60 metros durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Sim, estava! Bastou cair na água para poder ter certeza disso. Uma das melhores visibilidades nesses mais de 130 mergulhos que fizemos por todo o continente. Comparável á água dos cenotes mexicanos e do lago gelado na Islândia, deixando para trás o Caribe e Galápagos. Impressionante!
Explorando uma enorme parede com mais de 40 metros de altura durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Explorando uma enorme parede com mais de 40 metros de altura durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Exatamente como no mergulho anterior, o ponto forte foi a paisagem submarina. A enorme parede, vários pináculos, grandes rochas e formações de coral. Peixes, nem tanto. Mas o que chamou a atenção foi um cardume dos sempre velozes atuns. Passaram “voando” por nós, mas a curiosidade os trouxe de volta, para nos ver mais de perto. Até tivemos chance para nossas fotografias com a GoPro (ai... que saudade da nossa SeaLife!).
Explorando uma enorme parede com mais de 40 metros de altura durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Um atum nos acompanha durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Enfim, foi um mergulho fantástico, uma rara chance de conhecer a Ilha de Pascoa por um ângulo bem menos conhecido. O segundo mergulho foi ali perto e obviamente mais raso. A GoPro tinha ficado sem baterias, de modo que pudemos curtir mais o ambiente a nossa volta e a parede de corais, mas sem fotos. Depois, de volta para terra firme, para curtirmos nossa última tarde na Ilha de Pascoa. Amanhã, perto da hora do almoço, é hora de voltar para o Chile continental. O sonho acabou? Não, ele ainda vai longe!
Água absolutamente cristalina, com visibilidadde de 60 metros durante mergulho na Ilha da Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
Vista do Vale do Pati do alto do Morro do Castelo, na Chapada Diamantina - BA
Nossa primeira noite no Vale do Pati foi na Igrejinha. O vale fica dentro da área do Parque Nacional, mas continua sendo habitado por uma pequena comunidade que resiste a sair das terras que foram de seus avós e bisavós. Hoje em dia são onze famílias espalhadas pelo Pati. Na época áurea da mineração, quando mais de 30 mil pessoas habitavam a região da Chapada, o vale era um dos responsáveis pela produção de alimentos para tanta gente. Mais de 5 mil pessoas se espalhavam pelas suas encostas.
A Igrejinha do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
A Igrejinha era a capela dessa gente toda. Com a decadência da mineração, quase todo mundo migrou dali, mas as construções ficaram. Com o advento do turismo, essas casas foram transformadas em "pontos de apoio", locais para se dormir sob um teto, estrutura de cozinha e banheiro. Bem no início, os andarilhos ainda dormiam dentro da Igrejinha, literalmente. Hoje, as casas ao seu redor foram reconstruídas e é lá que elas dormem, quando não estão em suas barracas. A igrejinha fica aberta à visitação, mas não se dorme mais lá dentro. De qualquer maneira, todos se referem a esse lugar como "a Igrejinha".
Fazendo alongamento antes da caminhada, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Foi lá que acordamos, café da manhã pronto para nós. A manhã nublada fez o Lúcio inverter nosso roteiro do dia. Fomos primeiro descer o rio Pati para depois subir o Morro do Castelo. Afinal, de nada adiantaria chegar lá em cima para ver apenas nuvens. A tarde nos traria céu claro, essa era nossa esperança.
O rio Pati, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Descendo o rio Pati, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
A descida do rio Pati é jóia, cheia de poços e pequenas quedas, culminando com a Cachoeira do Funil. Mesmo sem sol, não resistimos a um bom banho. Pelo roteiro original, subiríamos o rio de tarde, com sol, logo após a exaustiva subida do Castelo. O piquenique seria na beira d'água. Quem sabe, da próxima vez...
Morro do Castelo entre nuvens, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Em seguida, a subida do Castelo. Tem esse nome porque, de um determinado ângulo, a montanha se parece com um grande castelo medieval. Bem no meio da subida, cruzamos com um guia desanimado, junto com seus dois guiados. Voltavam lá de cima e só tinham visto nuvens. Esperaram, esperaram e acabaram perdendo o tempo de subir o Funil. Na hora do nosso encontro, o tempo começava a abrir. Foi quando tivemos certeza que a estratégia do Lúcio tinha sido perfeita.
Com o Lúcio, no alto do Morro do Castelo, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Vista do Vale do Pati do alto do Morro do Castelo, na Chapada Diamantina - BA
O que torna o Morro do Castelo especial é que quase no alto da montanha há uma caverna (ou "lapa") que a atravessa de um lado ao outro. Dos dois lados da caverna, mirantes magníficos, não só para a Vale do Pati mas também para outras regiões da Chapada, como os Gerais do Rio Preto e do Vieira e para a Cachoeira do Calixto. Além disso, depois de todo o calor da subida, a caverna é um oásis de sombra e até mesmo água fresca, pois há uma pequena nascente lá dentro. Uma verdadeira dádiva!
Vista de um dos mirantes do Morro do Castelo, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Entrada da Gruta do Castelo, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Curtimos ao máximo as vistas dos mirantes e depois almoçamos com reis na boca da caverna. Para baixo, todo santo ajuda e não demorou muito para chegarmos ao rio novamente, com direito a banho refrescante. Com a noite se aproximando, desistimos de sair da Igrejinha para passar a noite de hoje numa toca mais próxima das atrações de amanhã. Ao invés da toca, o colchão do nosso quarto. Ao invés do mato, o banheiro da Igrejinha. Pareceu uma boa troca...
Vista de um dos mirantes do Morro do Castelo, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Com a Carol e o Alexis em San Juan del Sur, na Nicarágua
Alguns poucos meses antes de iniciarmos nossa viagem, eu e a Ana ainda trabalhando, mas já com planos e preparativos a todo vapor, um dia minha esposa chega em casa e diz: “Temos um encontro marcado, hoje, no bar x!” Era com uma amiga dela, a Carol, de quem, até então, eu nunca havia ouvido falar. Antes que eu fizesse aquela minha cara de preguiça habitual, ela foi logo dizendo: “Você vai sim! Vamos falar de viagens! A Carol está preparando uma viagem incrível e queremos conversar sobre nossos planos e ideias.”.
Depois de mais de 1000dias, reencontro com a amiga viajante em San Juan del Sur, na Nicarágua
Lá fui eu, curioso, para conhecer essa incrível e decidida carioca que estava trabalhando em Curitiba. Não sei se fiquei mais impressionado com sua vivacidade ou com seu planejamento detalhado de uma viagem super complexa ao redor do mundo. A Carol e seu então namorado francês, o Alexis, planejavam comprar uma passagem de volta ao mundo com paradas em países como Índia, China, Indonésia, Japão, Estados Unidos, Africa do Sul e muito mais. Ela já tinha planilhas e mais planilhas com roteiros detalhados, custos previstos, planos do que fazer em cada lugar, datas precisas e muito mais.
Viajantes da América e do mundo se encontram em San Juan del Sur, na Nicarágua
Confesso até ter ficado meio envergonhado quando, depois de mostrar seus planos e planilhas, ele ter perguntado dos nossos. Bem, a gente tinha um rumo, o norte, e uma ideia, todos os países do continente e estados do Brasil. Mas não ía muito além disso...
Com a Carol, no hotel de San Juan del Sur, na Nicarágua
Depois desse encontro que muito me impressionou, passamos alguns meses sem nos vermos até que, na festa da nossa despedida, lá estava a Carol, a nos prestigiar. Não sei se foi nesse mesmo dia ou um pouco depois, a Ana me disse que a Carol tinha colocado seus planos na geladeira. Uma promoção tentadora na carreira a tinha feito mudar de ideia. Ou não...
O coelho Kiki e a Fiona em San Juan del Sur, na Nicarágua
Pois é, nossa viagem já avançava rumo ao segundo ano quando, no nosso Facebook, começaram a pipocar fotos maravilhosas da Carol e do Alexis pelo mundo afora. A viagem deles havia começado! A gente mudava de cidades, eles tinham mudado de país! A gente mudava de país, eles tinham mudado de continente! Na companhia inseparável do coelho Kiki e do violão do Alexis, que é ótimo músico, eles passaram e se casaram nos Estados Unidos (Las Vegas, claro!), debulharam a Ásia, varreram a África e voltaram à América, trazendo consigo uma coleção invejável de fotos, filmes e experiências.
A carol, feliz da vida, na Playa Hermosa, em San Juan del Sur, na Nicarágua
Os fatos e históricas são contadas em um site trilíngue, português, inglês e francês super bem organizado, o http://kikiaroundtheworld.com/ e nós passamos a ser um de seus maiores fãs. Passamos também a imaginar como seria legal encontrá-los na estrada, embora isso não parecesse ser possível pelo roteiro original deles.
Com o famoso e internacional coelho Kiki em San Juan del Sur, na Nicarágua
Pois é, no final do ano passado eles voltaram ao Brasil, no que parecia ser o final da viagem. Que nada! Pegaram gosto pela coisa e, após um pequeno descanso para recuperar o fôlego, passaram a subir as Américas por terra, com a ideia de chegar até o México. Nós já começávamos a descer o continente e, pelas nossas contas, uma trombada fatalmente ocorreria aqui na América Central.
Com a Carol e o Alexis na despedida de San Juan del Sur, na Nicarágua
O problema é que a América Central, apesar de parecer tão fininha nos mapas, não é tão estreita assim. Sem uma boa comunicação, era bem capaz de não nos cruzarmos. Seria um pecado! Felizmente, uma mensagem de Facebook de último momento nos salvou desse vexame e pudemos sim armar nosso tão esperado reencontro. E ele se deu aqui, na pequena e simpática San Juan del Sur, no litoral do Pacífico na Nicarágua, quase fronteira com Costa Rica.
O trio do "Kiki Around the World" no banco de trás da Fiona, em San Juan del Sur, na Nicarágua
A gente até já conhecia a cidade e ela não estava nos nossos planos de volta. Mas para encontrar amigos tão famosos, o pequeno desvio mais do que valia a pena, era uma obrigação moral! E assim foi, estávamos os quatro reunidos à beira da piscina do hotel encima do morro, visão fantástica para a baía de San Juan, conversa inesgotável e assuntos para semanas e semanas.
A Carol aproveita a praia e o fim de tarde para posar para o Alexis, na Playa Hermosa, em San Juan del Sur, na Nicarágua
Realmente, reencontrar a Carol depois de mais de 1000 dias, dois antigos planos de viagem que se transformaram em viagens verdadeiras e maravilhosas foi algo muito especial. Conhecemos também o Alexis, que tanto já havíamos visto em fotos e vídeos, um francês com alma de brasileiro e com muita habilidade no violão e na voz (canta em várias línguas!). Bastaram alguns minutos para que já houvesse aquela intimidade de velhos amigos, gente boníssima que ele é.
Magnífico pôr-do-sol na Playa Hermosa, em San Juan del Sur, na Nicarágua
Enfim, foram dois dias de intensa convivência, muita conversa e ideias trocadas, risadas e mais risadas de tantas histórias passadas em nossas viagens, um encontro de almas muito parecidas. A ideia inicial era irmos embora no dia seguinte, mas dois dedos de prosa e duas cervejas geladas foram mais do que suficientes para esticarmos um pouco a estadia e a rica convivência.
Despedida da Carol e do Alexis em Rincon, perto de San Juan del Sur, na Nicarágua
Na manhã de hoje, ainda demos uma última carona para eles, de San Juan para Ricon, de onde pegariam o ônibus para Granada, um pouco ao norte, enquanto nós seguíamos para a Costa Rica, no sul. Outra vez, separados, casa casal perseguindo seus sonhos. Bom... separados fisicamente, mas mais amigos do que nunca. Graças à internet, estaremos mais unidos doq eu nunca, acompanhando e nos inspirando um nos outros, viajando duplamente em fotos, relatos e experiências. Juntos, já temos uns 1.700 dias de viagem e uns 80 países. Mas o mundo é muito maior do que isso, assim como nossos sonhos! Para o norte e para o sul, muito nos espera. Carol e Alexis, uma excelente viagem para vocês e continuem nos inspirando!
A Carol e o Alexis partem rumo ao norte enquanto nós seguimos para o sul, perto de San Juan del Sur, na Nicarágua
Praia em Key West
Madrugamos hoje, para dar conta do recado e da extensa programação. Às cinco estávamos de pé e às seis pegando estrada (que, na verdade, era mais uma avenida, cheia de irritantes semáforos). Nosso objetivo era chegar em Key Largo às 07:30 para mergulhar com a Ocean Divers por lá. Como tínhamos perdido o horário no dia anterior para fazer a reserva, tínhamos de chegar assim que a loja abrisse, para garantir um lugar no barco.
Key Largo é a primeira das Keys, uma sequência de ilhotas ao sul da Flórida que avançam pelo Mar do Caribe, formando a terceira maior barreira de corais do mundo (depois da australiana e da de Belize). Já foram cenário de vários filmes americanos. Uma das coisas que as faz famosas é exatamente a estrada que as liga ao continente, ponte por ponte, sempre cruzando o lindo mar esmeralda logo abaixo. Coisa de americano! Fiquei imaginando que se eles conquistassem o Brasil, logo fariam uma estrada ligando Paranaguá à Ilha do Mel e de lá para a Ilha das Peças, Superagui, Ilha do Cardoso, Ilha Cumprida e de volta para o continente. Uffff, prefiro do jeito que é hoje! Mas, aqui nas Keys, não posso reclamar não. A estrada (depois de uns 30 km de avenida irritante cheia de semáforos, a US-1 vira mesmo uma estrada) é linda, super cênica. Uma atração em si mesma.
Estrada para Key West
Pois bem, a estrada fica bonita mesmo depois de Key Largo, no trecho que vai até a última e mais famosa das Keys, Key West. Mas isso, só vimos de tarde. Lá em Key Largo conseguimos entrar no barco da Ocean Divers, que parece ser a principal operadora do local. O mergulho principal da manhã foi no Duane. Na velocíssima lancha da operadora, em meia hora já estávamos no local do mergulho. Eu e a Ana ainda nos batíamos com o equipamento recém comprado, ainda não batizado. Entre configurá-los para um mergulho recreacional, ajustá-los ao nosso tamanho e a Ana lutar contra o enjôo do barco, todos os outros mergulhadores já tinham pulado do barco e só restava a gente lá em cima. Na verdade, nós e o Marcos, o dive master que descobrimos ser meio brasileiro. Ele nos ajudou bastante e, mesmo atrasados, saltamos também para o nosso mergulho inicial da viagem.
O mergulho, depois de alguns minutos para nos ajustarmos, agora em baixo d'água, ao nosso equipamento e à corrente, foi muito jóia. É um enorme naufrágio artificial, perto dos 40 m de profundidade. A visibilidade devia ser de uns 25 m, talvez. Com tão poucos mergulhadores no local, e num barco tão grande, acabamos fazendo nosso mergulho totalmente sozinhos. E assim, vamos nos acostumando a nossa nova realidade: mergulhos sem guias. O naufrágio tem muitos peixes, mas o mais legal são as diversas penetrações possíveis. Numa delas, o ponto alto do mergulho: eu vinha atrás da Ana e ela passou sem olhar para o lado, num quarto mais escuro. Quando eu passei, apontei a lanterna e vi um monstro: um enorme Mero de mais de 200 kg, dentro de um quartinho 3x3. Visão incrível! Ele ficou lá, me olhando, meio paradão, como geralmente ficam os Meros. Chamei rapidamente a Ana para ver, mas não entrei no quarto não. Fiquei meio cabreiro com a possível reação dele. Já vi outros Meros grandes em Noronha, mas de tão perto e num espaço tão pequeno, foi a primeira vez. Valeu o mergulho!
O segundo mergulho foi de "desintoxicação", num recife rasinho. Agora, bem mais senhores dos equipamentos e da situação, aproveitamos bem o que parecia ser uma visita a um aquário.
De volta a Key Largo, após confabularmos, decidimos deixar nossas coisas num típíco hotel americano de estrada, desses que aparecem em tantos filmes e seguir para o fim das Keys, Key West. Um longa e linda viagem de 2 horas voando sobre o oceano. Seria corrido, afinal teríamos de voltar no mesmo dia, mas estávamos tão perto desse cenário maravilhoso que tínhamos de ir. Depois de tantos dias trabalhando dentro de um apartamento, decidimos que era bom para desenferrujar!
Bar na praia, em Key West
Passamos um fim de tarde bem gostoso numa prainha tranquila, bebericando num bar cheio de figuras engraçadas e interessantes, a começar pelo casal que tocava no bar. Tenho a impressão que Key West é um centro para americanos alternativos. E também para aqueles que querem uma boa vida, na cidade mais tropícal que o país deles oferece. Na hora do pôr-do-sol, resolvemos ir para o lado oeste da ilha. Já idealizei um cenário idílico, só eu, a Ana, a praia de areias brancas, o mar verde esmeralda e um coqueiro solitário. Doce ilusão. A torcida do Flamengo e a do Corinthias pensaram a mesma coisa. O centro comercial de Key West está nesta parte da ilha. São dezenas e dezenas de barzinhos sempre lotados, com música ao vivo e turistas de todas as partes. Plena quarta-feira e tudo lotado. Acho que é a vida normal da cidade. E na hora do pôr-do-sol, todos se dirigem aos piers estrategicamente construidos para este evento diário. Com estrutura para receber shows, artistas performáticos e turistas ávidos para consumir. Enfim, não foi o cenário que imaginei, mas foi bem legal. O clima é ótimo, de festa, todo mundo feliz. O pôr-do-sol é aplaudido de pé e acompanhado por toda sorte de shows, de jazz a pirofagia, de mágicos a palhaços, de dança à pura reflexão. Não poderia ter uma vibração melhor.
Pôr-do-Sol em Key West
Logo após o pôr-do-sol e após passearmos na praça dos shows, fomos disputar um lugar num dos incontáveis restaurantes. Todos servidos com a já comentada eficiência capitalista americana. Bem alimentados, enfrentamos mais 2 horas de volta para Key Largo para mais um mergulho, dessa vez no rei dos naufrágios, o Spiegel Grove.
Belíssimo entardecer na praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Meia noite. Este foi o horário que minha prima Anita nos deixou na estação de trem de Princeton Junction, pequena cidade no estado de New Jersey. Passamos aqui as últimas 40 horas, desfrutando da agradável companhia da prima, seu marido Larry e dos filhos pequenos. As fotos e relatos da nossa estadia em Princeton Junction, além da nossa viagem pela Blue Ridge Parkway, através da Carolina do Norte e da Virginia, nossos dias na capital Washington e nossa deliciosa passagem pelo Delaware, sem esquecer do encontro e convivência com os famosos blogueiros de viagem Cláudia (Aprendiz de Viajante), Tetê (Escapismo Genuíno) e Oscar (MauOscar) serão postados em paralelo aos relatos da nossa volta ao Caribe, série que inicio agora. E a Islândia? Não, não esqueci dela! Assim que terminar os relatos desses dias finais nos Estados Unidos, vou colocar os posts da nossa inesquecível passagem por lá. Fotos maravilhosas! Vou fazer isso tudo enquanto ainda estiver no Caribe. Vai ser engraçado postar, ao mesmo tempo, relatos do Caribe e da Islândia!
Madrugada na estação de trem de Princeton Junction, em New Jersey, nos Estados Unidos
Mas, voltando à estação de trem, era apenas o início de uma longa jornada que atravessaria a madrugada e a manhã seguinte até chegarmos à Barbados, a primeira ilha do nosso 4º tour pelo Caribe. Aliás, no próximo post vou relatar nosso roteiro pretendido por essa região tão cheia de ilhas e nações. Para se ter uma ideia, Barbados já é nosso vigésimo destino por lá! E ainda faltarão outros dez, boa parte dos quais conheceremos nessa viagem!
Esperando o trem para Nova iorque na estação de trem de Princeton Junction, em New Jersey, nos Estados Unidos
Outra vez na estação de trem! Resolvemos economizar uns trocados e não pagar um hotel por uma noite demasiado curta, ou um táxi de 200 dólares de Princeton Junction até o JFK, do outro lado de Nova Iorque. Assim, mochila nas costas, lá estávamos nós esperando o trem “madrugatino” que nos levaria à capital do mundo. Horário britânico, suas luzes e seus apitos apareceram no horizonte escuro e, alguns minutos mais tarde, já estávamos embarcados. Por menos de 30 dólares e uma hora e vinte minutos de viagem, estávamos os dois chegando na Penn Station, sudoeste da ilha de Manhattan.
Lado de fora da Penn Station, em frente ao Madison Square Garden em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Caminhando de madrugada, mochila nas costas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Uma hora de sono mal dormido nos deram forças para enfrentar o resto da noite. Parte do tempo, preferimos gastar ali mesmo, nas cercanias da estação nova-iorquina e não no aeroporto. Compramos a passagem para a Jamaica Station e saímos mochilando pela madrugada de Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, especialmente na frente da Penn Station. Foi botar o pé na rua, rever aqueles táxis amarelos e os arranha-céus cortando o céu da cidade que o amor e admiração por essa megalópole mundial reapareceu nos nossos espíritos e feições.
Trem de Nova Iorque para o JFK, nos Estados Unidos
Demos de cara com o Madison Square Garden, com as doces memórias de um show do Police que assistimos ali em 2007. Caminhamos um pouco pela 7ª Avenida e depois pela 33rd Street, onde entramos num dos pubs abertos. Ali, com as mochilas embaixo da mesa, dividindo espaço com bêbados e outros frequentadores, tomamos uma Guiness para comemorar nossa primeira passagem pela cidade nesses 1000dias. Uma passagem relâmpago e emocionante. Ansiamos pelas próximas, quando teremos tempo, aí sim, de rever a cidade e explorar seus bairros e atrações. Aqui, realmente, estamos em outro país, em outro mundo. Na volta do Caribe, vamos poder aproveitar o que essa incrível cidade pode oferecer. Pelo menos, um pedacinho!
Sol nascendo no JFK, em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Voltamos para a Penn Station e, um pouco depois das quatro da madrugada, pegamos o trem para a Jamaica Station. De lá, o aerotrem para nosso terminal no JFK. Fizemos o check-in e, enquanto esperávamos nosso voo das oito da manhã, tivemos a chance de assistir a um maravilhoso nascer-do-sol sobre o aeroporto.
Chegando à Barbados, no Caribe
Embarcados, a Ana ainda teve forças de fotografar nossa passagem sobre a cidade, enquanto eu já estava no sétimo sonho. Só acordei quando já sobrevoamos o Caribe e a sequência de ilhas e países que pretendemos visitar nos próximos 35 dias.
Dia de sol na praia tipicamente caribenha de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Já saímos do aeroporto internacional de Barbados, o mais movimentado da região, devidamente motorizados. Seguimos diretamente para o litoral sul da ilha, face voltada para o tranquilo Mar do Caribe e onde se concentram os hotéis com preços civilizados. Os “não-civilizados” estão na bela costa oeste da ilha, que pretendemos visitar nos próximos dias. Ficamos em um pertinho da praia de Dover, uma das mais belas da ilha. Aliás, antes mesmo de encontrarmos o hotel, já estávamos nessa praia, almoçando e matando a saudade desse visual maravilhoso de águas verde-esmeralda e areias brancas, quase rosadas. O Caribe é mesmo uma pintura!
Rum Punch para celebrar o retorno ao Caribe, na praia de Dover, na costa sul de Barbados
Testando a temperatura da água na praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Bem, achamos nosso hotel, nos instalamos e voltamos para a praia, dessa vez com mais calma. Depois de tanto tempo, nada como um mar com águas quentes em que se pode nadar. Nosso último banho de mar havia sido na Baja California, no México. E mesmo lá, com frio! Bom, nesse próximo mês, vamos poder matar toda a saudade, não só de água quente e de sol, mas também da música, dos rum punches e do clima baiano desse incrível pedaço do nosso continente. Viva o Caribe!
Enfim, de volta ao mundo tropical! (praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe)
Praia na Ilha do Cardoso - SP
Madrugamos hoje em Curitiba para poder sair bem cedinho em direção à Cananéia e de lá para a Ilha do Cardoso. Já tínhamos deixado a Fiona pronta na noite anterior então, era só se levantar e partir. Tudo bem que só tínhamos dormido duas ou três horas... Mas como já disse, só tínhamos que levantar e partir.
Rio na Ilha do Cardoso - SP
E assim foi, nós crentes que tínhamos driblado o tempo chuvoso. Afinal, toda essa semana estávamos mesmo parados em Curitiba. Assim, podia cair canivete que para nós não importava. Agora, segunda-feira, a previsão era de sol finalmente! E a nossa previsão era de estrada novamente.
Fim de tarde no Marujá, na Ilha do Cardoso - SP
Mas faltou combinar com São Pedro. Em Cananéia ventava e chuviscava. Os únicos loucos que chegavam à cidade numa segunda cedo chuvosa para seguir para o Cardoso éramos nós. Como o barco de linha só sairia de tarde (R$ 53,00 por cabeça, só a ida. Para moradores é só R$ 5,00!!!) e demoraria 3 horas para chegar, a opção era fretar uma voadeira. Preço: R$ 180,00! Na temporada, sempre achamos gente para rachar esse preço, mas não era o caso numa segunda fria e chuvosa. Esse preço para ir e o mesmo para voltar. Ou perder o dia esperando o barco de linha para chegar no Cardoso no fim do dia.
Piquenique na ponta sul da Ilha do Cardoso - SP. Paraná ao fundo.
Aí, bateu aquela dúvida. Nós já tínhamos estado no Cardoso dois anos antes. As memórias estavam frescas. Em Ribeirão, próximo destino, o céu estava azul, nos chamando. Conversa aqui, conversa ali, resolvemos rifar a Ilha do Cardoso.
Cachoeira na Ilha do Cardoso - SP
Mas ficam aqui as dicas: o Cardoso é maravilhoso e uns dias no Marujá (principal vila da ilha) valem muito à pena; de manhã, caminhada na praia, de tarde, cerveja olhando as canoas no canal, de noite forrozinho; para quem gosta de água doce, também há rios e cachoeiras na ilha (chega-se lá de barco ou caminhando algumas horas); uma longa e gostosa caminhada para o norte leva à praias cada vez mais bonitas.
Indo de voadeira ver Sambaquis na Ilha do Cardoso - SP
Por isso, ter chegado até Cananéia e não ter ido até o Cardoso foi difícil. Principalmente depois de rever as fotos da última vez que lá estivemos. Mas, quando voltarmos, a ilha ainda vai estar lá...
Escuna que faza ligação de Cananéia à Ilha do Cardoso - SP
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