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SHUFFLE Há 1 ano: Argentina Há 2 anos: Argentina

Cavalgada Mágica

México, Real de Catorce

Cavalos esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Cavalos esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Ainda na noite do dia 18, quando chegamos à Real de Catorce, decidimos que faríamos um dos programas prediletos de quem visita a cidade: um passeio à cavalo pelas montanhas da redondeza. Ficamos amigos de um guia e combinamos de nos encontrar no dia seguinte, bem cedo, em frente ao nosso hotel, ele já com cavalos arreados e prontos para nós.

Cavalos prontos para nossa cavalgada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Cavalos prontos para nossa cavalgada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


E lá estava ele, hoje, às oito horas. Em princípio, achei nossos cavalos meio pequenos, mas o Refugio, seu nome, foi logo explicando que, para aquelas trilhas inclinadas e cheias de pedra, cavalos menores são muito mais eficientes que cavalos grandes. Posso até ter desconfiado no início, mas bastaram dez minutos na trilha para verificar que ele estava certo: cavalos grandes ali seriam um desastre. Além do calçamento cheio de pedras soltas (aquilo já foi uma estrada...), muitas vezes estamos do lado de uma ribanceira. Um escorregão por ali não era uma opção.

Cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


Cavalgada nas montanhas ao redor de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Cavalgada nas montanhas ao redor de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


Saímos dos 2.700 metros de Real e subimos outros 300 metros para chegar no alto do morro onde, além da magnífica vista para a cidade e seus arredores, está uma pequena cidade fantasma. Ali já funcionou uma fazenda mineira, com a casa grande dos donos, várias construções de beneficiamento e dezenas de casas de empregados e servos. Tudo em pedra. Uma visão diretamente para a história.

Chegando à Ciudad Fantasma, perto de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Chegando à Ciudad Fantasma, perto de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Explorando a Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Explorando a Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Apeamos dos cavalos e passeamos pelas ruínas, o Refugio nos ensinando como era a vida por lá e como se tratava a prata. Vida boa para o senhor, dura para cavalos e servos e mortal para os escravos indígenas. Esses, depois de entrarem nas minas, só sairiam de lá mortos, meses a fio sem ver a luz do sol. A entrada da mina está fechada por uma grade, um poço com mais de cem metros de profundidade. Lá embaixo, apenas um escuro impenetrável e um vento frio que sobe continuamente, trazendo consigo o lamento centenário daqueles que ali trabalhavam e morriam.

Ruínas da Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Ruínas da Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Ruínas da Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Ruínas da Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Desse ponto, teoricamente, voltaríamos. Ir até a cidade-fantasma e voltar é um dos passeios mais tradicionais de cavalo. O outro é seguir para outra direção, até o “Quemado”, uma montanha sagrada para indígenas e que se tornou centro de peregrinação mística. O nosso passeio à cavalo estava tão bom que o Refugio nos propôs que continuássemos por ali, indo por trás das montanhas até a montanha mágica. Caminho muito pouco frequentado, algumas horas de cavalgada sem chance de encontrar outras pessoas. Foi nesse momento que decidimos ficar mais um dia na região e não perder essa chance de ouro. Montamos e seguimos em frente, para nossa alegria e tristeza dos cavalos.

Conversando com nosso guia nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Conversando com nosso guia nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Cavalgada nas montanhas ao redor de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Cavalgada nas montanhas ao redor de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


O calçamento da estrada acabou de vez e agora cavalgávamos por uma trilha que nunca foi mais do que isso mesmo. Em um trecho mais inclinado, agora de descida, até apeamos dos cavalos para seguir a pé. Mais fácil e seguro para todos nós. A vista que nos rodeava compensava qualquer esforço, assim como as histórias que ouvíamos do Refugio e mesmo o ar puro e saudável que respirávamos.

Trilha atravessa as montanhas da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Trilha atravessa as montanhas da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Um colorido cactus nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Um colorido cactus nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Aos poucos, fomos chegando perto da civilização novamente. Quer dizer, traços dela, na forma de ruínas de antigas fazendas, sempre colossais estruturas em pedra. Finalmente, ao longe, começamos a avistar o Quemado, um objetivo agora tangível para nossas pernas e nádegas que sofriam com o trote dos cavalos.

Caminhando pelas montanhas da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Caminhando pelas montanhas da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Enfim, chegamos ao ponto onde os cavalos ficam. Daí para frente, a parte final da montanha é feita caminhando mesmo. O esforço serve como um ritual de purificação para chegarmos lá encima mais leves e focados. El Quemado atrai dezenas de milhares de peregrinos anualmente, principalmente no período de festas e celebrações. Hoje, por exemplo, era um dia especial e alguns indígenas subiam para fazer suas oferendas e orações lá no alto.

Um burrito aguarda enquanto seus clientes sobem o El Quemado, montanha sagrada próxima de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Um burrito aguarda enquanto seus clientes sobem o El Quemado, montanha sagrada próxima de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


Cavalos e guias esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Cavalos e guias esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


O Refugio ficou embaixo com os cavalos enquanto subíamos. Lá no alto, um labirinto formado por pedras nos mostra que é realmente um local de contemplação. Um pouco mais alto, uma pequena capela cheia de oferendas. Uma pessoa com seu tambor produzia sons que soavam mágicos naquela imensidão semidesértica. Falando em imensidões, a vista lá de cima é de tirar o fôlego, lá embaixo o famoso deserto potosino, uma planície que parece não ter fim. Não é a toa que a montanha é sagrada!

Labirinto místico de pedras na montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Labirinto místico de pedras na montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


A magnífica vista do alto de 'El Quemado', a montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

A magnífica vista do alto de "El Quemado", a montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Caminhamos para baixo lentamente, saboreando cada minuto, cada momento. Sobre os cavalos outra vez, finalmente seguimos em direção à cidade. Passamos por umas últimas ruínas, entre elas um grande arco de características mouriscas. Pois é,,, qual seria a relação entre indígenas pré-colombianos e mouros? Ora, boa parte da península ibérica esteve ocupada por mouros durante séculos. Eles podem ter sido finalmente expulsos de lá, mas a cultura peninsular ficou irremediavelmente influenciada por eles. A cultura moura passou a fazer parte da cultura espanhola que foi trazida para o Novo Mundo junto com os conquistadores. E assim, em pleno interior do México, em antigas terras chichimecas, nada mais “normal” do que passar sob um arco mouro, como se estivéssemos no Marrocos ou na Tunísia. A globalização começou muito antes do que imaginávamos...

Oferenda à natureza no alto da montanha El quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Oferenda à natureza no alto da montanha El quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


A pequena capela no alto da montanha sagrada El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

A pequena capela no alto da montanha sagrada El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Por fim, de volta à Real de Catorze e ao conforto do nosso hotel, agora com direito à quarto novo, como narro no próximo post. Nosso passeio à cavalo por cidades-fantasmas e montanhas sagradas não poderia ter sido mais mágico. Bom, na verdade, poderia sim. E foi!

El Quemado, a montanha sagrada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

El Quemado, a montanha sagrada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Passando por arco mourisco na volta à Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México

Passando por arco mourisco na volta à Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México


Durante nosso passeio, tivemos a oportunidade de provar uma planta usada em rituais e também com fins medicinais pelos habitantes do deserto há quase 5 mil anos. Estou falando de um cactos rasteiro e sem espinhos chamado peyote que tem como efeito a potencialização de todos os nossos sentidos. Passamos a ouvir melhor, ver mais detalhes, sentir mais profundamente. Cores e formas ficam mais nítidas, odores ficam mais claros, sons ficam mais profundos.

Um colorido cactus nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Um colorido cactus nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


Planta do deserto na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Planta do deserto na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


O gosto de peyote não é bom, demasiadamente amargo para nosso paladar. Mas, com ajuda da água, acabamos por engolir. Os efeitos vem aparecendo paulatinamente, quase sem percebermos. Ao cavalgar, nossos rostos passam a sentir o vento de forma mais intensa. Ao reparar em cactos e plantas, passamos a ser capazes de perceber cada um de seus espinhos. É como se jogássemos nossa TV velha fora e a substituíssemos por outra, de alta definição.

O famoso peyote, espécie de cactus comum no região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

O famoso peyote, espécie de cactus comum no região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


A magnífica vista do alto de 'El Quemado', a montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

A magnífica vista do alto de "El Quemado", a montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México


O momento mais belo e mágico de todos foi no alto da montanha sagrada. Sentados ao lado da pequena igreja lá encima, admirando a linda paisagem e ouvindo os sons tridimensionais do pequeno tambor tocado pelo nativo. Era como se estivéssemos em um filme do Wim Wenders. Naquele momento, só podíamos agradecer ao México a chance de estar vivendo aquilo. O nosso momento mais especial no país, algo de que sempre nos lembraremos, tão intensamente como estavam nossos sentidos. Agora sim, nada mais poderia melhorar o nosso mágico passeio.

Tocando tambor e reverenciando a natureza no alto de 'El Quemado', na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

Tocando tambor e reverenciando a natureza no alto de "El Quemado", na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México

México, Real de Catorce, cavalgada, peyote, Pueblos Mágicos

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Rosário e Um Pouco da História Argentina - 1a Parte

Argentina, Rosario

A cidade de Rosário, na Argentina

A cidade de Rosário, na Argentina


Quem acompanha essa nossa jornada por todos os países das Américas sabe que, quando vamos a um país, gostamos muito de conhecer suas belezas naturais e seus sítios históricos, mas não só isso. Procuramos conhecer também as grandes cidades daquela nação, pois acreditamos que para realmente entender um país e seu povo, é necessário ir aonde vive a maioria da população, e este lugar são as ruas e praças das grandes metrópoles. Além disso, é sempre nessas cidades onde se encontra os melhores restaurantes, os mais importantes museus e monumentos, a vida noturna mais agitada, os mercados mais interessantes.

Mapa mostrando as cinco miores cidades argentinas: Buenos Aires, Córdoba, Rosario, Mendoza e Tucumán. Nós passamos por todas elas!

Mapa mostrando as cinco miores cidades argentinas: Buenos Aires, Córdoba, Rosario, Mendoza e Tucumán. Nós passamos por todas elas!


Assim está sendo na Argentina. Das cinco maiores cidades do país, já havíamos estado na 5ª (Tucumán), na 4ª (Mendoza) e na 2ª (Córdoba), além de outras grandes cidades, como Corrientes, San Juan e Salta. Agora chegamos à 3ª (Rosário) e daqui, claro, seguimos para a maior de todas, Buenos Aires.

Arquitetura clássica em Rosário, na Argentina

Arquitetura clássica em Rosário, na Argentina


A cidade que agora chegamos, Rosário, não é nem a capital de província (que por aqui é Santa Fé, um pouco adiante seguindo rio acima), mas é a segunda cidade mais rica do país, atrás apenas da capital. Toda essa riqueza vem do seu porto fluvial, já que a cidade está às margens do poderoso rio Paraná. Essa excelente localização não só atraiu a industrialização da região (pelas facilidades de transporte pelo rio) como também a exportação da produção agrícola e pecuária de toda a região central da Argentina.

Uma das igrejas em Rosário, na Argentina

Uma das igrejas em Rosário, na Argentina


No sentido inverso da riqueza (exportação!), chegaram por esse mesmo porto dezenas de milhares de imigrantes, principalmente na virada do séc. XIX para o XX, provenientes da Europa, desembarcando diretamente em Rosário. A população da cidade multiplicou por 10 em duas décadas e foi nessa mão-de-obra diversificada e multilíngue que se assentaram as bases da industrialização da cidade. Em compensação, durante as crises econômicas mundiais, era justamente Rosário, por sua economia estar tão ligada ao mercado externo, uma das cidades argentinas mais afetadas. Assim como ocorreu durante o processo de desindustrialização ocorrido durante o governo Menem, mais recentemente.

Igreja e o Palacio de Los Leones (prefeitura), em Rosário, na Argentina

Igreja e o Palacio de Los Leones (prefeitura), em Rosário, na Argentina


Pois é, foi nessa cidade onde nasceram Che Guevara e o jogador de futebol mais premiado dos últimos tempos, Messi, que chegamos no início da tarde, vindos de Villa Nueva. Com o dia a mais que ficamos naquela cidade e na pressa que estamos para chegar a Buenos Aires, não podíamos perder mais tempo. Assim, tratamos de nos instalar rapidamente em um hotel no centro da cidade e sair a pé para começar nossas explorações da paisagem urbana local. Aqui, como em todas as outras metrópoles hermanas que passamos, os nomes de ruas, avenidas e praças mais importantes homenageiam as mesmas pessoas e eventos, quase sempre relacionadas à história do país no séc. XIX. De tanto ver esses nomes, praticamente já os decoramos. Mas, afinal, quem foram eles?

O grandioso Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

O grandioso Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


A Argentina e quase todos os países da América do Sul eram colônias espanholas no início do séc. XIX. Era a época das guerras napoleônicas no velho continente e, após uma tensa aliança que durou alguns anos, a Espanha se rebelou contra a liderança francesa e acabou invadia e conquistada pelas tropas de Napoleão, que instalou no trono ibérico o seu irmão. Foi a gora d’água para que várias nações latino-americanas se rebelassem, dizendo-se aliadas ainda do antigo monarca agora preso, mas livres da dominação dessa nova Espanha. Na Argentina, mais precisamente em Buenos Aires, sede do Vice-reinado do Prata (uma das divisões espanholas aqui na América), a notícia da conquista napoleônica da metrópole e a decisão por seguir um caminho independente se deu em Maio de 1810. Por isso, encontramos tantas alusões e homenagens a este mês, como na famosa Plaza de Mayo, a principal da capital federal.

Visita ao  Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

Visita ao Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


A chama que nunca se apaga no Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

A chama que nunca se apaga no Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


Pois bem, algumas importantes batalhas foram lutadas aqui, entre os que defendiam esse movimento e aqueles que queriam continuar ligados à Espanha, mesmo sob domínio napoleônico, quase sempre com vitória dos primeiros. Acontece que Napoleão perdeu a guerra e o antigo monarca voltou ao trono. Mas agora, as nações sul-americanas já haviam sentido o gosto da liberdade e queriam mesmo a independência total, com ou sem Napoleão. No caso da Argentina, essa declaração foi feita durante um congresso reunido na cidade de Tucumán, no ano de 1816. A data: 9 de Julho! Eis aí a razão desse dia ser tão celebrado entre os hermanos, inclusive com a mais larga avenida do mundo, lá em Buenos Aires.

O grandioso Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

O grandioso Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


Prédio de apartamentos ao lado do  Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina

Prédio de apartamentos ao lado do Monumento Nacional da Bandeira, em Rosário, na Argentina


Interessante lembrar que este congresso não representava a Argentina de hoje, mas apenas uma coleção de províncias espalhadas por Argentina e Alto Perú, como era conhecida a Bolívia daquela época. Eram as chamadas “Províncias Unidas da América do Sul”, certamente inspiradas pelos primos ricos da América do Norte. Esse “país” que havia nascido na “Revolução de Maio” advogava uma nação com poder centralizado. A ele se opunha outro grupo de províncias, a “Liga federal”, que incluía até o Uruguay. Estes defendiam um maior poder local. Seus delegados nem participaram do Congresso de Tucumán. Durante a guerra que se seguiu, as províncias do Alto Perú se perderam e acabaram se juntando ao próprio Perú, inicialmente, para depois se transformarem na Bolívia. O Paraguay também acabou “desgarrando” desse grupo. Por fim, vencida a Espanha, foi a vez das “Províncias Unidas que restaram” e a Liga Federal” se enfrentarem, com vitória desses últimos. Por isso, nas suas primeiras décadas de existência, a Argentina era mais uma coleção de províncias “amigas”, mas com forte autonomia local, do que um país fortemente unido, com um poder central dominante.

Monumento à bandeira e o rio Paraná ao fundo, em Rosário, na Argentina

Monumento à bandeira e o rio Paraná ao fundo, em Rosário, na Argentina


Bom, explicado as datas, vamos aos nomes! A própria luta pela independência gerou dois dos mais populares nomes de ruas e praças país afora: Belgrano e San Martín. O General Belgrano foi o primeiro grande líder militar das guerras de independência, com vitórias muito importantes no norte do país. Mas também teve suas derrotas, principalmente no Alto Perú e no Paraguay. Por isso, os líderes políticos do país que nascia passaram o controle das ações de guerra a outro militar, o General San Martín. Como Belgrano, ele também havia se educado na Europa e estava familiarizado com os novos ideais políticos que varriam aquele continente. Mas ao contrário de seu compatriota, vislumbrou outro caminho para se chegar até o poder central dos espanhóis na América do Sul, que ficava no Perú. Belgrano tentou chegar até lá através da atual Bolívia. San Martín resolveu seguir pelo Chile! Lá, junto com O’Higgins, libertou aquele país e seguiu para o norte onde, junto com Bolívar, venceu o último bastião das forças realistas espanholas. O interessante é que ambos, San Martín e Belgrano, defendiam o sistema da monarquia, o que não foi implantado na Argentina. Belgrano, inclusive, chegou a propor que o novo monarca fosse um descendente dos antigos Incas, e que a capital da nova nação fosse Cuzco, no Perú. Ou seja, assim como San Martín e o próprio Bolívar, sonhava com uma única grande nação hispano-americana.

A sempre presente declaração de soberania das Ilhas Malvinas, em Rosário, na Argentina

A sempre presente declaração de soberania das Ilhas Malvinas, em Rosário, na Argentina


Pois é, mas nem a história nem seus compatriotas quiseram assim. A Argentina se tornou uma república cheia de divisões internas. Federalistas contra Unitaristas. O poder central de Buenos Aires contra o poder local das províncias. Cada província com seu próprio líder, os chamados “caudillos”, uma prática (e uma praga!) que se perpetuaria pela eternidade por toda a América Latina. Líderes carismáticos e populistas, salvadores da pátria muitas vezes se tornando ditadores sanguinários. E assim foi com o primeiro deles, Juan Manuel Rosas.
(continua...)

Cerveja muito popular na Argentina (em Rosário)

Cerveja muito popular na Argentina (em Rosário)

Argentina, Rosario, Arquitetura, história

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Serra do Tepequem

Brasil, Roraima, Serra_do_Tepequem

Delicioso banho na Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Delicioso banho na Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Quanto mais viajamos pelo Brasil, mais fico impressionado com a quantidade de lugares belíssimos que há no país, ainda tão pouco conhecidos da grande maioria das pessoas. Especialmente para nós, do sul, as atrações turísticas fora da nossa região se resumem às “praias do Nordeste”, ao Pantanal e à Amazônia. As exceções, talvez, seriam as Chapadas Diamantina e dos Veadeiros, Bonito e o Jalapão. Pois é, esses lugares mais conhecidos merecem mesmo a fama, maravilhosos que são. Mas o Brasil é muito maior do que isso. Nossos meses de viagem pelo sertão nordestino nos mostraram verdadeiros tesouros turísticos. Na Região Norte, lugares como a Ilha do Marajó ou Alter do Chão são destinos de padrão mundial e no Centro-Oeste, é difícil imaginar um lugar mais alucinante que Terra Ronca.

Chegando à Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Chegando à Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Falo isso porque voltamos agora ao Brasil e, logo na nossa primeira parada, aqui na distante Roraima, já damos de cara com um desses tesouros desconhecidos. Quer dizer, desconhecido de nós, sulistas, porque é bem popular aqui no estado. Estou falando da Serra do Tepequem, no noroeste do estado. A Amazõnia, para quem possa interessar, não é só feita de florestas. Mais para o norte, tem muita savana também. Mais que isso, há serras e montanhas. Aliás, a maior montanha brasileira fica na Amazônia, o Pico da Neblina.

Vista do alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Vista do alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima


O Platô, ponto mais alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima

O Platô, ponto mais alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Infelizmente, por falta de tempo, não poderemos ir conhecer essa montanha. Mas tivemos sim, a chance e a sorte de vir conhecer a Serra do Tepequem, uma região belíssima de serra e clima aprazível, cheio de cachoeiras e rios cristalinos. Aqui, como tantos outros lugares no Brasil, os primeiros a chegar foram os garimpeiros, atrás de joias e diamantes. As riquezas começaram a escassear, mas a notícia das belezas da região correu de boca em boca e a Serra do Tepequem se tornou um dos principais destinos turísticos dos habitantes da capital Boa Vista.

A bela cachoeira do Paiva, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

A bela cachoeira do Paiva, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Descansando em um dos rios da Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Descansando em um dos rios da Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Mas, um golpe de sorte reservou o Tepequem praticamente para nós, nesses dias que aqui estivemos. A ponte que dá acesso à cidade estava em reforma e esteve fechada por quase três semanas. Para tristeza e prejuízo de donos de pousadas e restaurantes, o turismo minguou e a pequena vila se esvaziou. Obviamente, não tínhamos a menor ideia disso. Foi chegando à região, numa parada para um lanche, que fomos informados que a ponte que nem sabíamos existir, havia reaberto na véspera.

Depois de tanto tempo, comendo uma legítima comidinha brasileira, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Depois de tanto tempo, comendo uma legítima comidinha brasileira, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Depois de tanto tempo, comendo uma legítima comidinha brasileira, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Depois de tanto tempo, comendo uma legítima comidinha brasileira, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


No meio da grande planície que é a Amazônia, avistamos a elevação da serra já de longe, as montanhas se elevando sobre o terreno alagado que atravessávamos na estrada. Subitamente, a rodovia torna-se íngreme, ganhamos muita altitude e a temperatura fica muito mais fresca. O visual “amazônico” transforma-se, parece que estamos na Serra do Espinhaço ou da Mantiqueira. Mas não, estamos em Roraima, estamos na Serra do Tepequem!

Acordando depois da primeira noite no Brasil desde 2011! (na Serra do Tepequem, no norte de Roraima)

Acordando depois da primeira noite no Brasil desde 2011! (na Serra do Tepequem, no norte de Roraima)


Decoração de Festa Junina nos faz lembrar que estamos de volta ao Brasil! (na Serra do Tepequem, no norte de Roraima)

Decoração de Festa Junina nos faz lembrar que estamos de volta ao Brasil! (na Serra do Tepequem, no norte de Roraima)


Com todas as pousadas absolutamente vazias, muitas delas até fechadas, não foi difícil achar um lugar para ficar. Com pressa de iniciarmos nossas explorações, já que no dia seguinte partiríamos para Boa Vista, fomos logo a uma das cachoeiras mais famosas da região, a Cachoeira do Paiva. Além do mergulho refrescante e do belo visual, também tivemos a chance de ver a vasta planície lá embaixo, estendendo-se até aonde a vista alcança. A estrutura para se chegar à cachoeira, uma longa escada de madeira, sólida e bem construída, nos mostrou que, em outras épocas, o lugar deve receber muita gente. Mas não ontem!

A pacata vila da Serra do Tepequem, no norte de Roraima

A pacata vila da Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Com a Dona Luzia, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Com a Dona Luzia, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


De volta à vila, fomos procurar um jantar caseiro, algo que vínhamos sonhando faz tempo. O mais delicioso feijão com arroz e farofa, mais uma carninha, era tudo o que queríamos! Afinal, cachoeiras encontramos em muitos lugares, mas esse feijão com arroz, isso é só no Brasil!

Passeando na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Passeando na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


O finzinho da luz do dia foi admirando o “platô”, a maior montanha da Serra do Tepequem que, como o nome indica, tem um topo bem plano. Uma das principais atrações daqui é a caminhada até lá, mas nós nos contentamos em ver aqui de longe, mesmo. Teríamos de acordar bem cedo hoje, para ir até lá, mas optamos por poder dormir até mais tarde e, sem pressa, conhecer uma outra cachoeira.

Um dos córregos de águas cristalinas da Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Um dos córregos de águas cristalinas da Serra do Tepequem, no norte de Roraima


E assim fizemos, nossa primeira noite no Brasil em tanto tempo, nada de stress para levantar, hehehe. Depois, rumo à cachoeira do Barata, outra joia da serra, águas verdes e ideais para nos acordar de vez. Para chegar até lá, após deixarmos a Fiona na estrada de terra, temos de caminhar uns vinte minutos pelo rio, passando por várias cachoeiras menores e piscinas naturais. Cenário muito semelhante a tantos outros que já percorremos, em Minas, Rio e São Paulo. Mas aqui é Roraima, o que aumenta ainda mais o charme do lugar!

Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima


Depois de mais um banho de cachoeira, estávamos prontos para pegar estrada novamente. Muito felizes de ter parado por aqui, conhecer mais um pedacinho do Brasil, o primeiro do nosso retorno. Levamos na memória a imagem de um lugar tranquilo, lúdico e vazio. Bem diferente de alguns relatos que ouvimos, quando a pacata vila se enche de ônibus e carros com som alto, bagunça e algazarra. Mas não foi assim que o destino quis que conhecêssemos o Tepequem. Só podemos ser-lhe gratos!

Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima

Brasil, Roraima, Serra_do_Tepequem, cachoeira, Cachoeira do Barata, Cachoeira do Paiva

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No Centro de Bogotá

Colômbia, Bogotá

1000dias na praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia!

1000dias na praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia!


Era exatamente oito horas da manhã quando deixamos Girardot e o hotel Paraíso para trás, eu, a Ana, a Fiona, a Clara e o Douglas. Segunda noite de muito pouco sono, mas animadíssimos para conhecer mais uma capital sulamericana. Com o Douglas no carro, nem precisávamos mais de GPS e pouco antes das dez da manhã já estávamos entrando em Bogotá.

Região da Candelária, em Bogotá, na Colômbia

Região da Candelária, em Bogotá, na Colômbia


Visitando a região da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia

Visitando a região da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia


A cidade é super plana, bem comprida, toda margeada por uma cadeia de montanhas. A população beira os 10 milhões, o que deixa o trânsito bem complicado. Mas hoje, segunda, foi feriado, deixando a capital com cara de domingão. Aproveitando a chance, falei para o Douglas nos levar ao centro, antes mesmo de seguirmos para sua casa.

Arte nos muros da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia

Arte nos muros da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia


Região da Candelária, em Bogotá, na Colômbia

Região da Candelária, em Bogotá, na Colômbia


Seguimos então para a Candelária, um distrito tradicional no centro de Bogotá. Aí, deixamos a Fiona na rua e fomos caminhar por suas ruas de paralelepípedos, por entre igrejas, construções históricas, cafés e restaurantes que começavam a abrir. Ali perto, na montanha que cerca o leste da cidade, o Santuário de Montserrate, que só é atingido de bondinho. Um passeio que certamente faremos nos próximos dias.

Visitando a região da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia

Visitando a região da Candelária, no centro de Bogotá, na Colômbia


Pausa em sessão de fotos na Candelária, em Bogotá, na Colômbia

Pausa em sessão de fotos na Candelária, em Bogotá, na Colômbia


Depois, rumo à Praça Simón Bolívar, o coração da cidade e do país. Aí estão as sedes dos poderes executivo e judiciário do país, uma enorme igreja e a prefeitura. Impossível não imaginar: "Nossa, aqui estamos no centro de Bogotá, na Colômbia, com a nossa Fiona. Chegamos longe!" Tiramos fotos, observamos os artistas de rua e as pombas que atraem a atenção dos turistas. Mas era um prédio que mais me chamava a atenção: o Palácio da Justiça. sede do poder Judiciário. Não pela sua (pouca) beleza, mas pelo que se passou ali em Novembro de 1985.

Fiona em plena praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia

Fiona em plena praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia


O Palácio de Justiça, destruído na famosa invasão do M-19, na praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia

O Palácio de Justiça, destruído na famosa invasão do M-19, na praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia


Um comando do M-19, então um dos principais grupos guerrilheiros do país tomou de assalto o prédio, sequestrando toda a cúpula de juízes do país, além de centenas de advogados. Dias tensos de negociação se seguiram, mas falharam. Ao final, o exército colombiano, com uso de seus tanques Cascavel, de fabricação brasileira, invadiram o prédio. Foi um banho de sangue. Mais de 100 pessoas morreram, inclusive 11 juízes da Suprema Corte, dezenas de advogados e alguns dos mais importantes líderes do movimento guerrilheiro. Nossa, para quem tem a sorte de viajar pela Colômbia de hoje, é difícil imaginar que esse país já passou por momentos tão caóticos há tão pouco tempo...

Conhecendo a praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia

Conhecendo a praça Simón Bolívar, bem no centro de Bogotá, na Colômbia


Bem, daí seguimos para casa, que todos queríamos e precisávamos dormir. E assim foi o resto da segunda, de muito e merecido descanso. No final do dia, o Douglas e a Clara ainda fizeram um delicioso jantar para nós, comida típica colombiana. Desse jeito, não vamos querer sair daqui, hehehe. Amanhã, vamos conhecer a outra moradora da casa, de quem tomamos emprestado o quarto: a Amelie, filhinha de 3 anos do casal, que estava passando esses dias na casa da mãe da Clara.

O delicioso jantar que a Clara e o Douglas ofereceram para a gente no seu apartamento em Bogotá, na Colômbia

O delicioso jantar que a Clara e o Douglas ofereceram para a gente no seu apartamento em Bogotá, na Colômbia

Colômbia, Bogotá,

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Se Movimentando Nas Bahamas

Bahamas, New Providence - Nassau, Eleuthera - Harbour Island, Long Island - Stella Maris

No saguão do aeroporto de Nassau, indo para Long Island

No saguão do aeroporto de Nassau, indo para Long Island


Mais uma vez, tivemos de madrugar. O nosso vôo era às 07:40 e, para chegar ao aeroporto tínhamos um longo curto caminho. Cinco minutos nos separavam desde a pousada até o porto. Mas eram cinco minutos puxando nossa tralha de mergulho, toda acomodada em uma caixa devidamente encaixada em um carrinho. Além disso, mochila grande nas costas (eu carrego a da Ana, que é mais pesada e ela carrega a minha) e mochila pequena no peito, com máquina fotográfica, lap top, livro, documentos e uma muda de roupa. Deixamos um bilhete para o John e seguimos vagarosamente pela rua esburacada, cuidando para não derrubar o carrinho de duas rodas com a caixa de mergulho e aproveitando, como vingança dos dias anteriores, para acordar os galos da cidade, já que o sol ainda não raiou.

No porto, uma pequena espera e logo tomamos o táxi náutico. O táxi terrestre já nos espera do outro lado. No aeroporto, longa negociação com a atendente da Bahamas Air, que quer cobrar excesso de bagagem. O equipamento de mergulho, tão eficiente embaixo d'água, que sempre nos poupa na hora de não alugarmos equipamento e nos dá segurança e conforto lá embaixo, na hora de ser transportado acima d'água se transforma num estorvo, principalmente nas viagens de avião nacionais. Jogamos o maior lero e conseguimos embarcar sem pagar. Não tínhamos conseguido na vinda.

A bordo do avião para Long Island - Bahamas

A bordo do avião para Long Island - Bahamas


Voamos para Nassau e de lá para Long Island. Para quem olhar no mapa, verá que é um caminho meio português (com todo respeito aos nossos irmãos lusitanos). Esse é um problema de viajar em Bahamas: não há vôos diretos entre as ilhas; sempre precisamos voltar para Nassau, mesmo que isso signifique duplicar o caminho e o tempo. A julgar pelo número de passageiros, até dá para entender. Os vôos tem menos de 10 pessoas. Mesmo aviões pequenos ficam bem vazios. Depois de Long Island, iremos para Turks e Caicos. Novamente, voltaremos para Nassau e voltaremos de novo, passando sobre Long Island, em direção a Providenciales (principal cidade daquele país). O que ocorre numa escala estadual, nas Bahamas, também ocorre numa escala nacional, no Caribe. Para seguir de Turks e Caicos, ao lado de Porto Rico, para este país, vamos fazer escala em Miami(?!?). Haja paciência...

Bom, mesmo neste vôo de Eleuthera para Nassau, demos uma volta. Mas foi bem vinda. Fomos primeiro para um aeroporto no sul da ilha para depois seguir viagem. O avião vôa bem baixo, o bastante para admirar a água transparente que cerca essa ilha ccom mais de 100 km de cumprimento e menos de 2 km de largura. Na água, de tão transparente, é até possível observar as sombras dos peixes maiores. Tubarões?

Em Nassau, temos tempo para, depois de despachar as malas para Long Island (sem pagar novamente, após novo 171 - viva!), ir passar algumas horas em Cable Beach. Quem nos leva é a Dede, uma motorista de táxi que cresceu em Miami e que é uma figuraça, meio rasta. Ela não só nos levou como também nos buscou e deve nos encontrar novamente, no nosso próximo pitstop por lá. Em Cable Beach, com o tempo bem nublado, aproveitamos para passar 90 min na internet, num Starbucks, que fica muito mais em conta que qualquer internet café.

O tempo na internet era necessário para eu resolver um problema que já me atrapalhava há dias. Meu cartão Visa deixou de funcionar. Simplesmente, parou. Lá de Eleuthera foi impossível eu conseguir falar com alguém. Só se pagasse muito caro pela ligação internacional. Mas consegui de Nassau, primeiro com alguma atendente da Visa em Miami, falando um português esforçado mas sofrível e depois com alguém do Banco Real. Tudo a partir de um telefone público no aeroporto. Apesar de reclamar bastante da tecnologia em Eleuthera, hoje fiquei admirado com ela. Enfim, descobri que foi minha própria agência que bloqueou meu cartão!!!

Aí, entrou em cena outro anjo da guarda. Via internet, conectei-me com a Beth, que trabalhava comigo em Curitiba. Com alguns telefonemas, ela descobriu a razão do imbroglio e o resolveu. O banco queria ter sido avisado da viagem ao exterior e em quais países passaria. Não sei o que ele achou da lista de 50 países, mas disse que o cartão voltaria a funcionar. Ainda não testei. Mas, de qualquer maneira, muito obrigado, Beth!!!

Depois de um mormaço na praia, voltamos ao aeroporto. Na sala de espera, conhecemos mais pessoas interessantes: um americano que já vive aqui há mais de 15 anos e um bahamense, como sempre, muito simpático. Tratam muito bem as pessoas de fora. Depois, o embarque é meio confuso. Colocam os oito passageiros num teco-teco, mas a hélice esquerda não funciona. Resolvem nos levar para um avião ainda menor, agora só um teco. E o teco funciona, para alegria nossa. Com alguns solavancos, atravessamos as nuvens e 90 min depois chegamos em Long Island.

Avião para Long Island. A hélice não funcionou e tivemos de trocar para um avião menor

Avião para Long Island. A hélice não funcionou e tivemos de trocar para um avião menor


E eu, pelo menos enquanto o avião vôa abaixo das nuvens, aproveito para procurar tubarões na águas transparentes abaixo de mim. E aproveito também para viajar nas Bahamas. Se movimentar por aqui já é uma viagem...

Bahamas, New Providence - Nassau, Eleuthera - Harbour Island, Long Island - Stella Maris,

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Despedidas Uruguaias

Uruguai, Punta del Diablo

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Era uma vez, em 1935, uma família uruguaia de classe média de sobrenome Rocha. Os Rocha, que viviam no interior do país, tinham um filho que sofria de forte asma. O médico da família os avisou que, para ajudar o filho, deveriam morar na costa. Os ares marinhos fariam bem a ele. Pais conscienciosos, a família comprou um grande rancho de frente ao mar em uma área desabitada, litoral norte do país, a menos de 50 quilômetros da fronteira com o Brasil. Nascia Punta del Diablo.

Ainda muito cedo, praia vazia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Ainda muito cedo, praia vazia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O dia acaba de nascer e ninguém ainda chegou à escola de surf na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O dia acaba de nascer e ninguém ainda chegou à escola de surf na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Uma década depois, aquele trecho de mar começou a ser muito frequentado por pescadores vindos de Valizas, a cidade mais próxima na costa, quarenta quilômetros ao sul. O mar ali era realmente piscoso e o movimento aumentava. Os Rocha viram aí uma boa oportunidade e foi aberto a Hosteria del Pescador, em 1949. Agora, os amantes da pesca podiam vir a passar temporadas por ali. Suas esposas, sem muito o que fazer, começaram a se dedicar ao artesanato com matéria-prima local, como pedras, madeira e estrelas-do-mar.

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Atrás de sol, mar, peixe fresco e artesanato, agora era a vez dos turistas começarem a chegar. No início, apenas uruguaios. Mas a notícia vai se espalhando de boca em boca e logo vieram os argentinos, que tem no Uruguai sua segunda casa. Em seguida, brasileiros, principalmente aqueles do vizinho Rio Grande do Sul. Praias tão belas assim, não há por lá, exceto na distante Torres, no norte do estado. Por fim, foi a vez de mochileiros europeus, na sua eterna busca por lugares desconhecidos, chegarem à Punta del Diablo. A essa altura, os Rocha já faziam fortuna loteando e vendendo partes de seu antigo rancho.

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Dia de sol e movimento na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de sol e movimento na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O impulso final veio em uma reportagem da revista Lonely Planet, uma espécie de bíblia do turismo internacional. Em 2009, a revista decretou que a cidade era um dos 10 melhores lugares do mundo para se visitar e investir. Assim, não é a toa que a população de Punta del Diablo, que não passa de 1.000 pessoas no inverno, chegue aos 25 mil durante a temporada de verão.

Caminhando até o monumento na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Caminhando até o monumento na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Pescadores na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Pescadores na ponta de pedra na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Nós chegamos aqui no início da tarde de anteontem, um sábado, e deu para perceber logo o movimento. Não estava fácil achar lugar em algum hotel, mas encontramos algo bem melhor: uma casa! Falei disso no post anterior, mas isso é algo que se tornou bem comum durante a temporada: locação de imóveis. Nós “locamos” o nosso e, desde então, nossa única preocupação foi ir e voltar da praia, a um quarteirão de distância. Foram nossos dias derradeiros nesse querido país, uma mini-temporada de que não mais vamos nos esquecer.

O mar bate contra as rochas da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O mar bate contra as rochas da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Pscador na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Pscador na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O tempo colaborou conosco, céu azul e pouco vento. Logo na nossa primeira tarde, já fomos explorar a cidade e, principalmente, a praia. Ela pode ser cheia para padrões uruguaios, mas jamais para padrões brasileiros. Areia firme de andar, boa para uma pelada no fim de tarde e também para um mergulho. Do lado da praia, não faltam bares para uma cerveja gelada e nem barraquinhas para alugar cadeiras de praia e guarda-sol.

Na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O Joca e a Ixa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Joca e a Ixa na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A praia termina em uma grande ponta rochosa, a tal Punta del Diablo. Podemos caminhar até lá e ficar admirando a eterna luta entre o mar e as pedras, as ondas estourando forte nas rochas e levantando espuma bem alto. Mais um milhãozinho de anos e, quem sabe, conseguem erodir aquilo tudo?

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Dia de céu azul na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai. Reproduz uma carta de Artigas a Bolivar, de Julho de 1819

Monumento na ponta de pedra da Punta del Diablo, no litoral do Uruguai. Reproduz uma carta de Artigas a Bolivar, de Julho de 1819


Enquanto isso, a ponta é disputada por turistas e pescadores. Os primeiros, em busca de uma boa fotografia, os últimos atrás de seus peixes, a razão primeira para a Punta del Diablo se tornar conhecida.

O sol nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O sol nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Mais um dia nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Mais um dia nasce na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


No meio do rochedo, um monumento que homenageia o herói nacional, General Artigas. Ali está reproduzida uma carta do libertador nacional ao grande libertador do continente, Simón Bolívar. Os dois nunca se conheceram pessoalmente, mas se admiravam a distância. A carta é de 1819, uma época em que Artigas se encontrava em maus lençóis, ou numa situação bem difícil. Abandonado, praticamente traído, por seus antigos aliados argentinos, Artigas estava sendo vencido em uma guerra contra o exército luso-brasileiro. Pouco tempo depois, seria exilado para o Paraguai, enquanto o Uruguai, o país que havia liderado na sua luta de independência da Espanha, seria anexado aos domínios portugueses do Brasil, com o nome de Província Cisplatina.

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Mas no momento da carta, ainda havia esperança nas letras do grande líder. Ele pedia à Bolívar para receber bem em seus portos no norte da América do Sul os navios de corsários contratados para combater os navios luso-brasileiros. Naquela guerra de conquista, a superioridade naval portuguesa contra as forças uruguaias era gritante e a única saída foi a contratação de mercenários do mar, os corsários. Para tristeza de Artigas, essa quase-aliança com Bolívar e com os corsários de nada adiantou. O Uruguai caiu e o líder nunca mais voltaria a pisar os pés em sua pátria, depois de fugir para o Paraguai.

A Ixa, mãe do Rodrigo, observa o dia nascer na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

A Ixa, mãe do Rodrigo, observa o dia nascer na Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


A Ana e a Ixa caminhando na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai, logo após o dia nascer

A Ana e a Ixa caminhando na praia de Punta del Diablo, no litoral do Uruguai, logo após o dia nascer


Bom, são tempos idos e quase esquecidos, que monumentos como esse nos ajudam a lembrar. Sempre bom aprender um pouco de história, mas o que queríamos mesmo era aproveitar essa praia onde brasileiros e uruguaios, ao menos hoje, convivem muito bem. Assim, voltamos para a areia e para a água. E lá ficamos também durante o dia de ontem, aproveitando cada momento das nossas últimas horas no país. Era de casa para praia, da praia para casa.

Os primeiros raios da manhã iluminam a praia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Os primeiros raios da manhã iluminam a praia em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


O dia nasce e os barcos de pesca já saem ao mar, em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O dia nasce e os barcos de pesca já saem ao mar, em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai


Por fim, hoje, chegou a hora de partir. Mas não sem uma última caminhada na praia, um último mergulho no mar, um último momento de contemplação da natureza especial desse lugar. Por isso, acordamos cedo, bem cedo. A tempo de ver o sol nascer, glorioso, por detrás das águas do Oceano Atlântico. Tiramos nossas fotos da imensa bola vermelha ainda lá na nossa casa e fomos para a praia, onde chegamos juntos com os primeiros raios de sol. Estava absolutamente lindo! Àquela hora, praia bem vazia, exceto por pescadores que já saiam ao mar. Foram momentos mágicos para fechar com chave de ouro nossa temporada no Uruguai, o último país dos 1000dias.

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

O Rodrigo e sua mãe caminham na praia enquanto o dia nasce em Punta del Diablo, no litoral do Uruguai

Uruguai, Punta del Diablo, história, mar, Praia, Sol

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A Incrível Pedra de Ingá

Brasil, Paraíba, Ingá, Pernambuco, Itamaracá

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB


Pé na estrada novamente, pela primeira vez este ano. Destino: litoral de Pernambuco. Isso mesmo; resolvemos voltar para Pernambuco para dar uma olhada no seu litoral norte, já que só tínhamos visto de Olinda para baixo. Depois, teremos muito mar pela frente, seguindo pelo litoral até o Piauí, com uma ou outra pequena entrada no interior.

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB


Mas, antes de sairmos da Paraíba hoje, ainda tínhamos um compromisso: um pit-stop na cidade de Ingá. Na verdade, nos arredores de Ingá, numa pedra nacionalmente conhecida pelos amantes da arqueologia. Desde que passamos pela Serra da Capivara que a gente vem ouvindo falar dessa pedra, uma referência para um dos estilos de arte rupestre, a tradição itacoatiara. Nesta tradição não se usa pigmentação, ou seja, fica meio difícil falar em "pinturas" rupestres. Ao contrário, os desenhos são feitos em baixo relevo, através do desgaste da pedra com algum instrumento. Desnecessário dizer que requer muita técnica...

Ingá fica a sudeste de Campina Grande, uma metrópole em pleno interior do estado, polo de tecnologia e orgulho dos paraibanos. Passamos pelo anel viário e só vimos a cidade de longe. Pena não termos podido parar porque nos falaram muito bem dela. Uma bela estrada dupla liga a cidade à capital, João Pessoa. Puxa, já estávamos desacostumados a dirigir em estrada dupla...

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB

Arte rupestre em baixo relevo, tradição Itacoatiara, em Ingá - PB


Mas foi por pouco tempo, já que logo pegamos a saída para Ingá. O GPS nos levou diretamente para a pedra. A primeira visão impressiona! Os desenhos parecem saltar da pedra em direção aos nossos olhos. Para se ter o melhor efeito, é melhor guardar uma certa distância. De perto, os desenhos "se perdem" na pedra. Quem a mostrou para nós foi a Shirly, que trabalha para a prefeitura. Ela nos explicou que a idade estimada das inscrições é de 5-6 mil anos.

Visitando a famosa pedra com arte rupestre em Ingá - PB

Visitando a famosa pedra com arte rupestre em Ingá - PB


Depois, demos uma olhada num pequeno museu anexo, que tem vários ossos de preguiças gigantes encontrados na região. Gostavam do nordeste, esses simpáticos seres da era do gelo.

Ossos de Preguiça Gigante em museu em Ingá - PB

Ossos de Preguiça Gigante em museu em Ingá - PB


Na saída, conversamos com Seu Renato, que mantém um restaurante por ali. Foi ele que cuidou do sítio durante muito tempo e tem muitas informações para compartilhar. Fuçando nos livros que ele vende, descobri que há uma teoria que os desenhos são de origem fenícia. Lembro de criança ter ouvido isso, que os fenícios teriam vindo ao Brasil. Muito interessante, mas parece ser uma teoria fantasiosa...

Representação artística das inscrições rupestres em Ingá - PB

Representação artística das inscrições rupestres em Ingá - PB


Triste foi ler sobre o pouco interesse da população local em relação à pedra, esse verdadeiro tesouro da arqueologia. Ela já foi alvo de muitas pichações e até mesmo de tiro ao alvo. Felizmente, boa parte das pichações não resistiram a uma boa escovada. Outra coisa chata é que o riacho que corre ao lado, nas grandes cheias, chega a cobrir a pedra. Junto com ele, parte do esgoto da cidade de Ingá, o que torna a água e a lama bem mais ácidas e danosas à pedra. Na Europa, uma redoma de vidro cobriria a pedra e haveria fila para observá-la. Será que chegaremos lá?

A Coroa do Avião, em Itamaracá - PE

A Coroa do Avião, em Itamaracá - PE


Fim do pit-stop, viemos para a ilha de Itamaracá, litoral norte de Pernambuco. Chegamos no fim de tarde no forte Orange, uma enorme fortaleza portuguesa construída sobre outra, holandesa, ambas de meados do sé XVII. Vamos visitá-la amanhã cedo. "Almojantamos" um peixinho na praia, com vista para a Coroa do Avião, logo à frente. Já estávamos com saudade do mar...

Lendo livro de Joca Oeiras no finzinho de tarde em Itamaracá - PE

Lendo livro de Joca Oeiras no finzinho de tarde em Itamaracá - PE


Amanhã pela manhã passearemos por aqui e seguiremos para o litoral sul da Paraíba. De pouquinho em pouquinho, seguimos em frente.

Brasil, Paraíba, Ingá, Pernambuco, Itamaracá,

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Uxmal

México, Uxmal

Chegando à mais famosa construção nas ruínas mayas de Uxmal, o Templo do Adivinho, no Yucatán, sul do México

Chegando à mais famosa construção nas ruínas mayas de Uxmal, o Templo do Adivinho, no Yucatán, sul do México


Uxmal foi uma importante cidade maya do período clássico da civilização, atingindo seu auge por volta do ano 900 da nossa era. Suas ruínas são majestosas e não ficam nada a dever para outras ruínas mais conhecidas, como Chichen-Itza, Palenque ou Tikal (na Guatemala). Com uma grande vantagem: são menos visitadas que essas outras e, portanto, não temos de dividi-las com tantos outros turistas.

O famoso Templo do Adivinho visto por trás, nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

O famoso Templo do Adivinho visto por trás, nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Caminhando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Caminhando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Na sua época de ouro, a cidade estabeleceu uma aliança com Chichen-Itza e, juntas, por mais de um século, tiveram a supremacia na parte norte da península. Mas a queda de sua aliada levou Uxmal a uma lenta decadência, até cair frente a invasores toltecas por volta de 1.100, quando novas construções deixaram de ser feitas. Quando os espanhóis chegaram á região, a cidade já tinha bem pouca importância e acabou sendo completamente abandonada na era colonial.

Entrando no Quadrângulo das Monjas', nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Entrando no Quadrângulo das Monjas", nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


O famoso 'deus narigudo' maya, nas ruínas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

O famoso "deus narigudo" maya, nas ruínas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


As ruínas foram “redescobertas” logo após a independência do México e passaram a atrair importantes exploradores, já a partir de 1830. As primeiras fotografias são de 1860, algumas das mais antigas de todo o mundo maya. Foi nessa época também, durante o segundo período monárquico do México, que a cidade foi visitada pela imperatriz Carlota. Antes da chagada da soberana, todos as esculturas e petroglifos com símbolos fálicos (muito comum entre os mayas!)foram retirados das ruínas, para não ofender a pureza real.

Suporte de madeira ajuda a conservar parte das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Suporte de madeira ajuda a conservar parte das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Outra história interessante envolvendo monarcas foi na ocasião da visita da rainha da Inglaterra, em 1975, para a inauguração do show de sons e luzes noturno. Quando a apresentação chegou ao momento de homenagem a Chaac, o deus maya da chuva, uma chuva torrencial caiu sobre o local e dignitários que aí estavam, mesmo que fosse durante o mês de fevereiro, o auge da estação seca.

Caminhando pelo imponente Quadrângulo das Monjas', nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Caminhando pelo imponente Quadrângulo das Monjas", nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Uxmal está a cerca de 80 quilômetros a sudeste de Mérida e foi a nossa primeira parada num dia longo que ainda incluiria uma visita à caverna de Lon-Tun e uma viagem até a cidade de Tulum, já na costa do Caribe, do outro lado da península do Yucatán. E olha que nós não conseguimos começar cedo, ainda terminando de fazer algumas coisas em Mérida.

O 'gol' ou cesta do juego de pelotas nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

O "gol" ou cesta do juego de pelotas nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Mas, enfim, chegamos à antiga cidade-estado maya e, desde o início, já fiquei impressionado. Primeiro, com a magnitude das ruínas e, depois, com o pequeno número de turistas. Logo que entramos na cidade, damos de cara com a construção mais famosa, a chamada Pirâmide do Adivinho. Diferente de todas as outras pirâmides da civilização maya, com suas linhas retas, essa tem linhas ovaladas. Foi justamente dela que tinha visto o comparativo de fotos ontem, no Museu de Mérida. Vê-la agora, ao vivo, foi ainda mais impressionante; E por causa das fotos antigas, pude imaginar também o que viu a Imperatriz Carlota, há 150 anos. Mesmo sem os símbolos fálicos, ela deve ter ficado impressionada...

O Altar do Jaguar nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

O Altar do Jaguar nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Atrás dessa pirâmide está o também incrível “Quadrãngulo das Monjas”. O nome foi dado pelos conquistadores espanhóis por sua semelhança com um convento, pois não existiam monjas ou freiras na civilização maya. É um grande complexo de prédios ao redor de uma praça central, dezenas de câmeras internas para serem exploradas. Só essa construção já nos dá uma boa ideia da enorme população que vivia em Uxmal.

Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Outro importante prédio é o Palácio do Governador, com a maior fachada de qualquer construção pré-hispânica na meso América. É claro que também não faltam os sempre presentes juegos de pelota, outras pirâmides, um altar de um jaguar e um templo decorado com pictografias de tartarugas.

Encontro com brasileira e paranaense nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Encontro com brasileira e paranaense nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Nas nossas andanças e explorações, até encontramos uma curitibana, que hoje mora no Rio Grande do Sul, que conversou bastante tempo com a Ana. Enquanto isso, eu tratei de ir a lugares mais remotos e até inventei uma trilha até o ponto mais alto das ruínas, no topo de uma pirâmide que ainda não foi totalmente restaurada. Visão magnífica de toda a cidade, completamente a sós. Lugar ideal para tentar se comunicar com os antigos donos do lugar. Como não consegui, fui procurar a Ana para ela me ajudar.

Buscando os locais mais isolados das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Buscando os locais mais isolados das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Explorando as ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Ela estava no alto da “Grande Pirâmide de Uxmal”, essa sim restaurada e frequentada por outros turistas. Levei-a para minha pirâmide, ainda mais alta que a Grande Pirâmide, de onde tiramos nossas fotos e curtimos o visual do enorme vasto cerrado que cerca a cidade e dos prédios mais famosos de Uxmal, todos abaixo de nós.

Nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


A bela vista do nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

A bela vista do nosso lugar secreto, o ponto mais alto das ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México


Depois desse clímax, hora de seguir viagem. Adoramos Uxmal, seus prédios icônicos, o sossego relativo e até a chance de chegar a um lugar onde quase ninguém deve ir. Espetacular! Foram nossas últimas ruínas mayas aqui no Yucatán e não poderíamos ter fechado de melhor maneira: com chave de ouro! Agora, o negócio era acelerar a Fiona para ver se ainda conseguíamos pegar a tal caverna de Lon-Tun aberta...

Passeando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

Passeando nas ruínas mayas de Uxmal, no Yucatán, sul do México

México, Uxmal, história, mayas, Yucatán

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O Dia a Dia no Cabo

Uruguai, Cabo Polonio

Nosso primeiro passeio pelas ruas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Nosso primeiro passeio pelas ruas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Cabo Polonio é o nome de um parque nacional, de uma península (cabo) onde há um farol centenário e também da pequena vila que cresceu ao redor desse farol. A península é coberta de grama baixa, uma colina que avança sobre o mar e divide a costa em duas praias. A ponta dessa península, onde está o farol, é área da marinha e só está aberta à visitação em horários determinados. Além de separar uma área para o farol, onde vivem algumas famílias de militares responsáveis por sua manutenção, ela também protege a fauna e flora de região, notadamente uma colônia de lobos-marinhos que se dividem entre as encostas rochosas dessa península e três pequenas ilhas não muito longe da costa.

Ainda no caminhão, chegando à Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Ainda no caminhão, chegando à Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Casa típica de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Casa típica de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Nos limites dessa área protegida está a vila que nasceu de pescadores, mas que hoje atrai muitos turistas e também gente que se mudou para cá em busca de uma vida tranquila, simples e próxima da natureza. O número oficial de habitantes, aqueles que passam aí o ano inteiro, é próximo de cem. Mas um número muito maior do que isso de casas nos mostra que a população flutuante é bem maior, especialmente nos meses de verão. Nessa época, Cabo Polonio se enche de artesãos, de felizardos donos de casas de veraneio e de funcionários dos diversos pequenos hotéis e pousadas que funcionam na temporada.

Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Casa com um telhado vivo em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Casa com um telhado vivo em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Toda essa estrutura que se arma nos meses mais quentes do ano é para receber os turistas que chegam às centenas, a maioria deles para passar apenas o dia. Mas, quanto mais gente conhece esse pequeno paraíso no litoral uruguaio e espalha a notícia de sua existência, mais gente chega para temporadas mais longas. Foi essa maior popularidade, aliada à pressão de grupos ambientalistas, que resultou na criação do parque em 2009. Com isso, regras muito mais estritas de acesso à região e, principalmente, de construção de novas casas e vivendas, foram implementadas. Mesmo assim, não é raro encontrar gente que se mudou para cá ainda sem as devidas permissões. Entre esses, há os que querem aproveitar a oportunidade econômica criada pelo boom de turistas e há aqueles que simplesmente se apaixonaram pela região e não querem mais sair daqui. O resultado desse processo é um povoado quase sem ruas, aparentemente em desordem, terrenos irregulares e arquitetura curiosa, do simples ao extravagante. De qualquer maneira, se não fosse pelas regulações impostas pelo parque, a situação seria muito mais caótica.

O dia nasce lindo na nossa primeira manhã em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

O dia nasce lindo na nossa primeira manhã em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Banhistas aproveitam o dia lindo no mar de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Banhistas aproveitam o dia lindo no mar de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Além da proteção ao frágil ecossistema, o problema é que não há nem água nem luz por ali. Pelo menos, não para sustentar uma comunidade maior do que a que já se encontra instalada. Propositadamente, a linha de força não chega até lá, exceto para alimentar o farol. Algumas das pousadas dispõem de geradores, mas o seu uso também é limitado pelas regras do parque. Só podem funcionar até determinada hora. Depois disso, a única luz que se vê, por quilômetros e quilômetros é aquela do farol, um facho de luz a cada doze segundos. Além dela, apenas a lua, as estrelas e as velas dentro de casa.

Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Em frente à nossa pousada, o mar de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Em frente à nossa pousada, o mar de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A área da península e as duas praias ao seu redor são circundadas por grandes dunas de areia de um lado e pelo mar, do outro. Com isso, a sensação é de isolamento do mundo. O parque protege essas dunas e a construção de estradas de acesso não será permitida. Aparentemente, a preservação e isolamento das belezas da região estão garantidos para as próximas gerações. É esta beleza natural e sensação de isolamento, aliado à dose certa de conforto proporcionado pelas pousadas e restaurantes, que tem atraído cada vez mais os turistas. Aqui chegando, além de visitar o farol e as dunas (vou falar deles no próximo post!), não há muito que fazer. Caminhar na praia, comer, visitar algumas poucas lojas de artesanato e se maravilhar com o entardecer, quem precisa mais do que isso?

Nosso drinque de boas vindas em nosso hotel em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Nosso drinque de boas vindas em nosso hotel em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Nossa primeira caipirinha em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Nossa primeira caipirinha em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Estando de frente ao mar aberto, o clima passa rápido por aqui. Fora de temporada, o vento frio que vem do sul é quase constante, mas durante os meses de verão, os dias são ensolarados, quebrados por chuvas rápidas. Vimos isso de perto nos dois dias que estivemos no parque. As nuvens vêm e vão, Quando parece que o céu vai cair, sopra um vento forte e o sol reaparece. Logo depois, novas nuvens tomam o céu e vem chuva forte. Mas quando achamos que ela veio para ficar, que nada, o sol já está brilhando novamente e as pessoas estão sorridentes nas praias ou desviando-se das poças e do barro nas poucas ruas do povoado.

Vista da varanda da nossa pousada em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Vista da varanda da nossa pousada em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Barco sai na chuva e com mar agitado em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Barco sai na chuva e com mar agitado em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


A grande maioria dos visitantes que chega para passar mais tempo ainda é de jovens, mochileiros e estudantes. Muitos acampam, outros encontram lugares em pousadas mais baratas. Falam várias línguas, pois provêm de continentes distintos. O parque é muito popular entre mochileiros europeus, e mesmo de lugares mais distantes, como Austrália ou Israel. Não há falta de bares e albergues para atender esse público e a animação dos luais na praia em dias de lua cheia é lendária.

Depois da chuva, o Joca e a Ixa enfrentam as ruas molhadas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Depois da chuva, o Joca e a Ixa enfrentam as ruas molhadas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Depois da chuva, o Joca e a Ixa enfrentam as ruas molhadas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Depois da chuva, o Joca e a Ixa enfrentam as ruas molhadas de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Mas com a chegada ao povoado de pousadas um pouco mais sofisticadas, é o público mais velho e exigente o que mais cresce nos últimos anos. Chuveiro quente, toalhas e lençóis limpos, boa comida e eletricidade boa parte do dia se combinaram com a natureza marcante para atrair pessoas que já não mais se importam com os desafios de acesso e do sacolejante caminhão-gaiola, desde que tenham conforto para dormir e um bom e sadio café da manhã numa sala com vista para o mar. Ou então, um bom drinque para tomar na varanda protegida enquanto a chuva não passa. A vista é linda, faça chuva ou faça sol!

Aravesando a península, de uma praia à outra, de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Aravesando a península, de uma praia à outra, de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Nós chegamos no final da manhã à cidade, descemos naquilo que poderia ser chamado de praça principal de Cabo Polonio, mas que em qualquer outro lugar seria apenas um terreno baldio, e fomos caminhando para a nossa pousada, a duas centenas de metros dali. Um quarto estava pronto e o outro ainda por arrumar. Enquanto isso, bebericamos nossos drinques de boas vindas na varanda da pousada, estrategicamente construída de frente ao mar. Uma tempestade se armava, mas isso não impedia que barcos de pesca saíssem para a labuta diária e nem que nós aproveitássemos aqueles goles e a maresia fresca que soprava do oceano. Em breve, caía muita água dos céus, as ondas se agitavam e nossas caipirinhas nos deixavam mais relaxados do que nunca. Ainda mais com a beleza à nossa frente.

Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


O quarto foi arrumado e a gente se instalou. Foi o tempo da chuva passar, o sol começar a brilhar e nós sairmos para nosso primeiro passeio. Com elegância e desenvoltura, minha octogenária mãe driblava as poças de água no nosso curto caminho até o centrinho. Ali ela mostrava que Cabo Polonio não é só para jovens, mas para gente com espírito jovem!

Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Caminhando na praia sul de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Chegando ao veleiro encalhado na praia de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Chegando ao veleiro encalhado na praia de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Já aquecidos com essa primeira caminhada, atravessamos a campina, agora longe de qualquer rua e apenas nos desviando das casas que se espalham por ali, aleatoriamente. O farol e o mar à nossa esquerda, as dunas à direita, a gente seguindo da praia do norte, onde está a maior parte das casas e pousadas, para a praia do sul, mais popular e gostosa de caminhar e por onde chegam os caminhões com turistas. Aí a península forma uma pequena baía, o mar fica mais calmo e é o local predileto das pessoas para instalar seus guarda-sóis e cadeiras de praia. Há também alguns bares onde as pessoas se reúnem no final da tarde, pois este também é o melhor lugar para se admirar o pôr-do-sol.

Esperando nosso almoço em bar de praia em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Esperando nosso almoço em bar de praia em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Uma bela caipirinha em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Uma bela caipirinha em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Nós estávamos com fome, mas ao chegar de caminhão pela manhã, tínhamos observado um bar bem atrativo e isolado na praia, a uns poucos quilômetros de distância. Foi para lá que seguimos, caminhando na areia firme e observando, de tempos em tempos, caminhões que chegavam cheios e partiam vazios. Em meia hora chegamos a um veleiro quase deitado na areia, encalhado já não sei há quanto tempo. Exercício mais do que suficiente, hora de irmos para aquele bar que agora já tinha ficado um pouco para trás.

Caminhando de volta a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Caminhando de volta a Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Jeito simples, mas bem acolhedor, fomos agraciados com mais uma excelente caipirinha e deliciosa comida. Mais uma vez de frente à praia, aqui mais aberta do que nunca, um vasto oceano sem fim. Não sei se eram os turistas que partiam ou os que chegavam, do alto dos caminhões, que nos miravam com mais inveja, tão perfeitamente instalados na varanda e com copos cheios e coloridos à mão. Eles passavam e retornava o silêncio. Quer dizer, a música. A música do vento e das ondas.

Logo cedo, prontos para ir até o farol de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Logo cedo, prontos para ir até o farol de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Cada quarto com sua rede, na nossa pousada em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Cada quarto com sua rede, na nossa pousada em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Hora de caminhar de volta para a cidade. Já fim de tarde, agora eram os caminhões que partiam que estavam cheio de turistas, aqueles que vêm apenas para o dia e quase sempre partem arrependidos. Chegamos a tempo de ver o pôr-do-sol (também vai ter um post sobre isso!) e do banho quente no hotel, antes que os geradores fossem desligados. Na verdade, ficam até às dez da noite, então também temos tempo de jantar com luz.

Dia de céu azul em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Dia de céu azul em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


Celebrando o dia lindo em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Celebrando o dia lindo em Cabo Polonio, no litoral do Uruguai


O dia seguinte, e quantos mais, para quem ficar mais tempo, repetem o padrão do primeiro. Caminhada na areia, alguma caipirinha e refeição em algum bar, pôr-do-sol na praia, jantar com barulho do mar. A tarde pode ser na rede da varanda do hotel. A caminhada pode variar de uma praia para outra. O bar da caipirinha pode variar também, para não enjoar. Turistas chegam, turista partem, o sol nasce e se põe. De noite, o farol brilha. No verão, os luais são agitados e no inverno, com a ajuda do frio, a paz reina absoluta. Pescadores enfrentam o mar diariamente, com sol ou chuva, outono ou primavera. O ritmo dos caminhões cai bastante quando termina a temporada, bares e pousadas fecham para reabrir no próximo ano. Enquanto isso, com paciência centenária, as dunas se movem lentamente. Pelo menos para os nossos olhos. São elas que desenham o horizonte de Cabo Polônio. Um horizonte que pouco mudou desde que construíram o farol, há 150 anos. E que, todos esperamos, continuará a mudar muito lentamente pelos próximos 150. Esse é o maior charme de Cabo Polonio!

A Ana com seus sogros, o Joca e a Ixa, na praia de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

A Ana com seus sogros, o Joca e a Ixa, na praia de Cabo Polonio, no litoral do Uruguai

Uruguai, Cabo Polonio, Arquitetura, cidade, Parque, Praia

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Passeio nos Canyons

Brasil, Alagoas, Piranhas, Sergipe, Canindé do São Francisco

passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


O primeiro programa do dia foi o famoso passeio de catamarã pelo canyon do São Francisco, acima da represa de Xingó. Mais famoso do que eu pensava. E, consequentemente, concorrido...

Nosso catamarã lotado no passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

Nosso catamarã lotado no passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Quando estive por aqui há dez anos, fiz esse passeio num pequeno catamarã onde havia umas quinze pessoas, talvez. Hoje, semana entre natal e ano novo, são três saídas de catamarã, cada uma com umas 150 pessoas.

A gente zarpa do lado de Sergipe, município de Canindé do São Francisco. Fomos de carro até o restaurante Carrancas e partimos pouco depois das nove da manhã. Nós e a torcida do Corinthias. Pior estava o catamarã das 11 da manhã, que cruzamos na volta. Aí, vinha com a torcida do Flamengo...

passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Achamos um canto mais sossegado no segundo andar e fomos curtindo a paisagem. Deixamos o dique e a represa para trás e fomos entrando nos canyons. Água bem verde, convidativa.

Estátua de São Francisco durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

Estátua de São Francisco durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Passamos pela estátua de São Francisco, colocada numa reentrância da rocha ao lado do rio e chegamos ao ponto onde se pode nadar, dentro de uma área delimitada, ao lado de altas paredes do rio. Na verdade, é um ponto que foi alagado, não faz parte do curso natural do rio. A água não corre e fica mais seguro para as pessoas nadarem.

Nadando nas águas verdes do rio durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

Nadando nas águas verdes do rio durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Para nós, a graça foi ficar brincando de mergulhar, tentar chegar ao fundo, que chega aos 20-25 metros neste ponto. Embaixo, o esqueleto de antigas árvores que não tiveram tempo de se mudar morro acima... Nós levamos máscaras e foi bem divertido. Acho que até uns 20 metros eu consegui chegar. Mas lá embaixo, água mais fria, visibilidade de poucos metros e aquela aparência fantasmagórica esverdeada das árvores mortas não era muito hospitaleira não. Mais agradável era ficar bem patrão no alto do catamarã observando aquela multidão nadando com suas bóias e tomar uma cerveja gelada.

Nosso catamarã no passeio pelo rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

Nosso catamarã no passeio pelo rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Na volta, ficamos amigos de uma simpática família campineira. O filho quer estudar na Unicamp e os pais gostam muito de viajar também. Mas concordaram que, 1000dias, só sem filhos...

Amizade com família campineira durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas

Amizade com família campineira durante passeio de catamarã no rio São Francisco em Canindé do São Francisco, divisa de Sergipe e Alagoas


Fim do passeio, primeira etapa do dia vencida. Agora, o rumo era rio abaixo, em direção à Grota do Angico!

Brasil, Alagoas, Piranhas, Sergipe, Canindé do São Francisco, Rio São Francisco

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