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Vida dura na Secret Beach, praia próxima à Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Depois dos maravilhosos e rústicos dias em Kalalau, tudo o que precisávamos era um lugar com conforto onde pudéssemos ficar bem tranquilos. Esse lugar existe, bem ali do lado: Hanalei Bay, o destino mais procurado que quem viaja ao Kauai.
Café da manhã em nosso apartamento em Princeville, perto de Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Até por isso, é bom reservar um lugar com antecedência e preparar-se para preços mais salgados. Ou então, procurar destinos próximos ou alternativos. Foi o que fizemos. Como estava difícil achar um hotel sem preços extorsivos em Hanalei, encontramos um lugar na cidade vizinha de Princeville. E nem foi um hotel, mas um apartamento dentro de um condomínio. Assim, além dos quartos, tínhamos também sala, varanda e cozinha. Um super negócio, bem mais barato que o hotel, com cara de “nossa casa” e a apenas 20 minutos das belas e cobiçadas praias de Hanalei. Justiça seja feita, essa verdadeira bocada foi dica da Ane, a irmã do Sidney com quem estivemos em San Francisco e que também está aqui no Kauai. Como o irmão, ela já havia estado aqui antes e foi uma excelente fonte de informações para nós!
Companhia de passarinhos no nosso café da manhã, no apartamento em Princeville, ao lado de Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Nós tínhamos alugado e pago o apartamento por três noites. Mas, na primeira delas, ainda estávamos no Kalalau, naquele dia extra que resolvemos, de sopetão, passar por lá. Mesmo assim, pagando essa noite extra, ainda ficou em conta. Anteontem no final da tarde, passamos lá na casa dos amigos em Hanalei (eles também ficaram em casa alugada e não em hotel!), pegamos nossas coisas e viemos para cá.
Reencontro com o Sidney, em Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
No dia seguinte, ontem, fomos cedo a um supermercado para nos abastecer. Assim, o café da manhã já foi super sadio, frutas frescas com iogurte e granola e pão quentinho com manteiga, queijo e geleia. Hmmmm! Mesa armada na varanda do apartamento com direito até à companhia de passarinhos coloridos.
Tranquilidade total em Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Depois do café, foi hora de começarmos a explorar as praias da região. Fomos diretamente à Hanalei, onde nos encontramos com o Sidney, a Ane e os amigos. Ali, algumas horas na praia sem fazer nada. Quer dizer, uma caminhada básica, um mergulho rápido e até uma tentativa de surf do Rafa. Aquelas atividades que todos os mortais fazem em praias, nível de stress zero.
Anini Beach, perto de Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Mais tarde, mais uma valiosa indicação dos queridíssimos Sidney e Ane, fomos à Anini Beach. Aí, então, estava ainda mais calmo que na praia da manhã, mar mais tranquilo, sol se pondo, maré baixa fazendo bancos de areia e uma grande piscina natural para fazer snorkel. É claro que minha amada não perderia essa oportunidade e lá foi ela passar uns bons quarenta minutos embaixo d’água em companhia do Sidney, com direito a moreias e peixes coloridos.
O Sidney feliz, depois de fazer snorkel em Anini Beach, perto de Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Depois da trilha do Kalalau, cervejinha para relaxar, na casa do Sidney em Hanalei Bay, costa norte do Kauai, no Havaí
Finalmente, de noite, grande reunião na casa do Sidney para tomarmos cerveja e devoramos pizzas. Era nossa festiva despedida do Kauai, a Green Island, talvez a ilha mais especial do arquipélago (a concorrência com a Big Island é duríssima!).
Trilha para a Secret Beach. próxima à Hanaley Bay, na costa norte de Kauai, no Havaí
Outra noite muito bem dormida no nosso ap e mais um café da manhã super saldável. Aí, de mala e cuia (no porta-malas do carro e não nas costas!), desocupamos nossa casa havaiana e fomos em busca da Secret Beach, indicação de um amigo lá da Little Beach de Maui. Trilhinha básica de 800 metros (o que são 800 metros perto de 11 milhas?) e chegamos à essa bela praia, totalmente deserta. Um farol no morro ao fundo, algumas casas de milionários perto da areia e mais nenhum sinal de civilização.
Secret Beach, perto de um dos muitos faróis na costa norte de Kauai, no Havaí
Passamos aí uma hora gostosa, a despedida derradeira do Kauai. Só não foi mais porque tínhamos um avião para pegar, lá do outro lado da ilha. O trânsito estava até melhor que o imaginado e chegamos com tempo no aeroporto. Mas não demorou muito e já olhávamos a inesquecível Kauai pelo espelho retrovisor (figura de linguagem, claro! Onde já se viu avião com retrovisor?). Agora, sobrevoávamos Oahu, a ilha mais urbanizada do arquipélago, aonde está a capital do Havaí, a grande Honolulu. Nossa última escala nessa temporada que já começa a nos deixar saudades, antes mesmo de acabar...
Chegando à ilha de Oahu, onde está Honolulu, no Havaí
Reencontro com o imponente Aconcágua, a mais alta montanha do continente, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Pela segunda vez nesses 1000dias, eu e a Ana estamos no Parque Provincial Aconcágua, região de Mendoza, no oeste da Argentina. Tenho certeza de que quase todo mundo que lê esse texto sabe, mas nunca é demais lembrar: o Aconcágua é a mais alta montanha do continente americano. Não só isso, ela é a maior montanha do hemisfério sul do planeta, assim como do hemisfério ocidental. Para achar algo mais alto que ela, só voando um pouco mais de 16 mil quilômetros na direção leste para chegar ao Hindu Kush, uma cadeia de montanhas entre o Afeganistão e o Paquistão, literalmente do outro lado da Terra.
De volta ao belíssimo mirante na área da Laguna Horcones e a caminho da base da maior montanhas das Américas, o Aconcágua, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Uma bela vista do Aconcágua, a maior montanha do hemisfério, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Com todos esses predicados, não é a toa que a montanha atraia tantos visitantes, quase todos nos poucos meses do verão andino, do final de Novembro ao início de Março. São os meses da chamada “temporada” de andinismo, quando muita gente faz trekking pelas trilhas do parque e, muitas vezes, tentam chegar ao cume do Aconcágua. Chegar até lá não é fácil e requer quase duas semanas de muito esforço, já incluindo o tempo necessário de aclimatização às altas altitudes. Nosso corpo não nasceu para passear aos 7 mil metros de altitude, então é necessário uma adaptação biológica para ter a chance de chegar lá. Isso demanda tempo, principalmente para as pessoas que vivem abaixo dos 1.000 metros de altitude, ou seja, 99% da população mundial.
Mapa 3D da região do Aconcágua, na Argentina. Aí percebe´se claramente que a trilha se divide em Confluencia, à direita seguindo para Plaza Francia (nosso caminho de agora) e à esquerda para Plaza de Mulas (caminho que fiz em 1999)
Mapa de trilhas e altitudes da região do Aconcágua, a maior montanha das Américas, nos Andes argentinos. Nós caminhamos de Horcones até Confluencia no 1o dia. No 2o dia, fomos até Plaza Francia, em frente à Parede Sul e retornamos à Confluencia. No 3o dia
Nós havíamos passado por aqui no dia 17 de Outubro do ano passado (post aqui), portanto, antes do início da temporada. O acesso ao parque, fora dos meses de verão, é bastante limitado e nós só pudemos fazer uma pequena caminhada até o mirante da Laguna Horcones, de onde se tem uma vista magnífica da montanha que dá nome ao parque. Mesmo estando a cerca de 30 km de distância, sua imponência surpreende, um verdadeiro gigante diante de nós. Desde aquele dia, estávamos esperando a chance de passar por aqui de novo, dessa vez com o parque totalmente aberto, para poder chegar bem mais perto do Aconcágua. Essa oportunidade chegou!
Na entrada do parque, o helicóptero usado para resgates na região do Aconcágua, área de Mendoza, a oeste da Argentina
De volta ao belíssimo mirante na área da Laguna Horcones e a caminho da base da maior montanhas das Américas, o Aconcágua, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Início de Fevereiro, o período mais movimentado da temporada do parque já passou. Ele acontece no final do mês de Dezembro e ao longo de todo o mês de Janeiro. Nesses dias, os acampamentos na montanha ficam lotados e, quando o clima está favorável nas altitudes mais altas, são centenas de pessoas tentando chegar ao ponto mais alto do continente, formando-se quase uma fila indiana nas trilhas da chamada “rota normal”. Ainda vou falar mais sobre isso nos próximos posts, mas há, basicamente, três rotas para se chegar ao topo do Aconcágua. De longe, a mais popular é a “rota normal”, que sai de um acampamento a nordeste do Aconcágua, chamado Plaza de Mulas, rumo ao cume. Foi a primeira a ser desbravada, em 1897, e é a que menos exige tecnicamente do alpinista. Roupa apropriada, muita força e determinação e um par de grampões. Outra rota que vem ganhando popularidade na última década é a rota dos polacos, que ascende a montanha através do glaciar dos polacos. Aí sim é preciso piquetas e encordoamento para caminhar sobre o rio de gelo. Por fim, há a temida rota pela Parede Sul, saindo de um acampamento chamado Plaza Francia. Por aí, é preciso vencer uma parede de gelo e rocha de dois quilômetros de altura, um dos maiores desafios do alpinismo mundial. São pouquíssimos os alpinistas que se atrevem a tentar e menos ainda os que conseguem. Em anos bons, seria possível contá-los com os dedos das mãos. Em anos ruins, absolutamente nenhum.
Reencontro com o imponente Aconcágua, a mais alta montanha do continente, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Início da caminhada para Confluencia, o primeiro acampamento para quem se dirige ao Aconcágua, ma região de Mendoza, a oeste da Argentina
Eu e a Ana adoraríamos tentar chegar ao cume dessa montanha, mas simplesmente não temos o tempo necessário para tentar isso agora. Como eu já disse em outros posts, daqui a oito dias deveremos estar no aeroporto de Montevideo para pegar os meus pais. Eles vão viajar conosco duas semanas pelo Uruguai e Rio Grande do Sul. Ou seja, não temos as duas semanas necessárias para nos aclimatizar e tentar subir o Aconcágua. Mas podemos ficar por aqui alguns dias e fazer alguma trilha até a base da montanha. A vantagem é que vai sair bem mais barato, já que a permissão para se tentar subir a montanha está ficando mais cara a cada ano que passa. Agora em Fevereiro, chamado por eles de Temporada Media, o custo para brasileiros (só a permissão!) para subir o cume é de 300 dólares, enquanto que para fazer um trekking de 3 dias, que é o que vamos fazer, é de 40 dólares. Se fôssemos gringos e estivéssemos na temporada alta, esses valores seriam de 750 e 120 dólares, respectivamente. Para o ano que vem, estão previstos novos aumentos. É a maneira que os argentinos têm encontrado de controlar um pouco o número de pessoas que entram no parque, além de ganhar um dinheirinho também, claro!
Aconcágua, a maior montanha das Américas, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Atravessando o rio Horcones, a caminho do acampamento de Confluencia, na rota do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Para se ter uma ideia, quando eu subi o Aconcágua em 1999, na temporada alta, a permissão me custou cerca de 70 dólares. Naquela época, não se fazia distinção de preços entre brasileiros (ou latino-americanos) e gringos. Hoje, além dessas duas categorias, há uma terceira, a mais barata, que é a dos “nacionais”. Certo estão eles de cobrar menos deles próprios. Enfim, é isso mesmo, eu já subi essa montanha no passado. Depois de escrever como foi esse nosso trekking por aqui, vou fazer um post contando como foi aquela aventura de se chegar ao cume do Aconcágua. A memória ainda está fresca, ainda mais agora que estou caminhando pelo mesmo cenário, e as fotos estão todas digitalizadas, então não deverá ser difícil fazer esse relato.
Um muleiro e suas mulas levam carga para os acampamentos na base do Aconcágua, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Um muleiro e suas mulas levam carga para os acampamentos na base do Aconcágua, na região de Mendoza, a oeste da Argentina
Mas agora, quero falar do presente! Já que não temos tempo de tentar o cume, pelo menos até a base da montanha resolvemos ir. Faltava decidir qual o lado: Plaza de Mulas ou Plaza Francia. Como eu já conhecia a Plaza de Mulas, a decisão ficou mais fácil. Além disso, a visão da Parede Sul, todo mundo diz, é inesquecível. É uma caminhada mais curta também, o que nos dá mais tempo para curtir a paisagem, tirar fotos, etc.. Ficou então decidido: no primeiro dia, iríamos até Confluencia, o nome do acampamento que fica bem no lugar onde a trilha se bifurca, de um lado para Plaza de Mulas, do outro para Plaza Francia. Praticamente todo mundo para por aí mesmo, uma noite ao menos. Já faz parte do processo de aclimatação. No segundo dia, amanhã, vamos até Plaza Francia sem peso nenhum, exceto pela máquina fotográfica e algum lanche, fazemos nossas fotos e voltamos para dormir novamente em Confluencia. No terceiro dia, é só voltar até a Fiona e pagar estrada novamente, finalmente rumo ao Uruguai.
Primeiro dia de caminhada rumo ao Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Perfil da caminhada até Plaza Francia, campo base para quem for enfrentar a famosa Parede Sul do Aconcágua, nos Andes argentinos, região de Mendoza
Da outra vez que viemos, compramos as entradas mais baratas, as que valem apenas até o mirante da Laguna Horcones. Era o mais longe que poderíamos ir naquela época do ano, de qualquer maneira. Essas entradas simples, podemos comprar na entrada do parque. Já as entradas que nos permitem ir até a base do Aconcágua ou aquelas que nos dão permissão de tentar o cume, essas só são vendidas na sede do parque que fica lá em Mendoza. Então, estávamos realmente preocupados que eles nos fizessem ir até lá e voltar, muitas horas de estrada por uns pedacinhos de papel. Mas o guarda-parque, para nosso alívio, disse que poderia sim vender os tickets para Plaza Francia ali, 400 pesos por pessoas. Mas se quiséssemos tentar o cume, não tinha remédio: teríamos mesmo de ir até Mendoza.
Chegando ao acampamento de Confluencia, a meio caminho do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Chegando ao acampamento de Confluencia, a meio caminho do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Dessa vez, pudemos seguir de carro para dentro do parque e economizar quase um quilômetro de caminhada sem graça numa estrada de asfalto, o que tivemos de fazer em Outubro passado. Agora a Fiona já ficou bem mais perto de Horcones, estacionada quase ao lado de um helicóptero que fica ali para o caso de ser necessário algum resgate na montanha. Dali para o mirante onde já havíamos estado foram apenas uns 15 minutos de caminhada. Novamente, tínhamos o Aconcágua à nossa frente. Mas ele estava muito mais bonito hoje, por causa do horário, a luz do sol tornando as fotos ainda mais belas. Éramos os únicos a estar entrando no parque para fazer essa caminhada a esta hora da manhã.
O acampamento de Confluencia, a 3.400 metros de altitude, no caminho para o Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Pequenas barracas e grandes tendas no acampamento de Confluencia, na trilha que leva à base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Impossível não parar ali para tirar algumas fotos. E que legal que foi saber que, dessa vez, poderíamos seguir em frente. Barraca, sacos de dormir, material de cozinha, roupas e comida divididos em nossas duas mochilas, estávamos mais prontos do que nunca. A caminhada de hoje não seria longa, cerca de seis quilômetros, saindo de uma altitude um pouco abaixo dos 3 mil metros e chegando um pouco acima dos 3.400 metros. Ideal para um início de aclimatização.
Tendas de expedições em Confluencia, acampamento na metade do caminho para a base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
O acampamento de Confluencia, a 3.400 metros de altitude, no caminho para o Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
A caminhada é toda pelo vale do rio Horcones. Depois de uns 15 minutos do início, chegamos à ponte que cruza o rio e, a partir daí, ficamos sempre na sua margem direita (para quem está subindo!). É uma subida lenta e gradual, com uns poucos trechos onde ela se acentua. O Aconcágua some da nossa vista, encoberto por montanhas mais baixas, porém bem mais próximas. A vegetação é sempre baixa, o que nos possibilita visões amplas todo o tempo. Para quem não está com pressa, é um caminho super agradável.
Montanhas na região de Confluencia, o acampamento que fica a meio caminho da base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
A bela região de Confluencia, metade do caminho para se chegar à base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Quase não cruzamos com pessoas no caminho. Quase todos eles, descendo. O único que nos passou, subindo também, foi um muleiro. Ele leva mulas carregadas de mochilas e equipamentos para os acampamentos mais acima. Muita gente faz isso, contrata mulas para levar sua bagagem, principalmente até Plaza de Mulas. Eu mesmo fiz assim, em 1999, quando vim para a montanha com meu primo. É muito peso para se levar até lá, comida para quase duas semanas, roupas e equipamentos. Normalmente, para quem não vem em expedições, só se carrega uma barraca, roupas e comida para dois dias. O resto vai nas mulas. Para quem vem com expedições, o que virou quase a norma para quem vai tentar o cume, nem a barraca é carregada, pois a agência já vai deixá-la montada nos pontos de parada.
Montanhas na região de Confluencia, o acampamento que fica a meio caminho da base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Pouco mais de duas horas depois de iniciarmos nossa caminhada, chegamos a Confluencia. Bem diferente da Confluencia que eu conhecia. Na verdade, o acampamento mudou mesmo de lugar, meio quilômetro antes. Agora há aí um posto de guarda-parques e nós devemos logo nos reportar a eles. Fazem um exame médico rápido e, se não há problemas, podemos armar nossa barraca. Foi o que aconteceu. Aí já estão várias barracas armadas, quase todas de expedições. Tem umas tendas bem grandes, que funcionam como refeitórios de grupos maiores. Outras, são quase como hotéis, alugando quartos. A maior estrutura! Antes, não havia nada remotamente parecido com isso...
Fim de tarde, esbanjando vitalidade aos 3.400 metros de altitude, em Confluencia, a meio caminho da base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Achamos um lugar um pouco mais protegido do vento para a nossa barraca e fomos caminhar pelas redondezas. Quem está por ali gosta de subir um pequeno morro de onde se pode ver muito bem o Vale de Horcones, o próprio acampamento de Confluencia e as montanhas mais acima no vale. Tudo grandioso, tudo lindo. Ar puro, sensação de se estar longe de tudo. Uma delícia! A Ana até se inspirou e arrumou uma lugar ótimo para fazer ioga e relaxar. Com aquele cenário ao seu redor, acho que foi a ioga mais energética que ela já fez!
No fim de tarde, aproveitando a beleza e grandiosidade da paisagem na área de Confluencia, a caminho da base do Aconcágua, para se inspirar e fazer ioga (região de Mendoza, a oeste da Argentina)
No fim de tarde, aproveitando a beleza e grandiosidade da paisagem na área de Confluencia, a caminho da base do Aconcágua, para se inspirar e fazer ioga (região de Mendoza, a oeste da Argentina)
No acampamento, há banheiro público e também uma fonte de água pura e gelada. Banho, só no rosto e mãos. Agua muito fria! Tenho a impressão que para quem for de expedição, há possibilidade de banho quente sim, aquecimento solar. Um conforto a mais para quem pretende passar tantos dias no meio da montanha. Para quem vai por apenas 3 dias, dá para ficar na água fria mesmo!
Descansando para combater a dor de cabeça aos 3.400 metros de altitude, na barraca montada no acampamento de Confluencia, a meio caminho da base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Noite estrelada no acampamento de Confluencia, a caminho da base do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
A noite foi de lua quase cheia. Espetacular! Eu me recolhi antes da Ana, a altitude me dando dor de cabeça. Tive de apelar para a neosaldina. Um par de comprimidos e já estava melhor. A Ana não precisou. Nessa viagem, em várias oportunidades, deu para perceber que ela se adapta mais rapidamente do que eu à altitude. Enquanto eu fui logo dormir, ela ainda circulou um pouco, ficou amiga dos guarda-parques e ainda ficou tirando fotos da nossa barraca iluminada apenas pelas estrelas e pela lua. Depois, o frio a venceu e ela veio para o calor do saco de dormir. Amanhã cedo, tudo isso fica por aqui enquanto nós seguimos para Plaza Francia ver bem de perto a famosa Parede Sul, temida e admirada por todos os grandes alpinistas do mundo!
Um forte luar ilumina nossa barraca no acampamento de Confluencia, a caminho do Aconcágua, região de Mendoza, a oeste da Argentina
Visita à Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Uma coisa que sempre gosto de visitar em outros países são as universidades. Fujo um das hordas de turistas e me aproximo um pouco mais da vida local, das pessoas que realmente vivem por ali. O mesmo raciocínio vale para os mercados. Só que nesses a gente vê mais o povão, enquanto nas primeiras, a tendência é ver aqueles que formaram a elite do país, artística, econômica ou política.
Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, estão algumas das mais famosas universidades do mundo. A gente já tinha ido à Princeton e à Harvard, na costa leste, e aqui escolhemos dar uma passada em Berkeley. A universidade tem a fama de ser um dos centros mais liberais do país. Se a Califórnia já é tradicionalmente democrata, Berkeley seria a ala “xiita” do partido. Foi aqui que o movimento hippie teve mais força, onde protestos anti-guerra mais acontecem, onde a preocupação com um mundo verde é maior.
Uma das muitas bibliotecas da Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Só que, com a dificuldade de sair de San Francisco pela manhã e ainda querendo chegar ao Napa Valley no final da tarde, não sobrou muito tempo para vivenciarmos esse ícone da contra-cultura. Além disso, hoje é véspera do feriado de Thanksgiving e o campus não estava muito movimentado. Dos estudantes que ali encontramos, boa parte era chinesa. Será que são os únicos que se dispõe a continuar estudando no feriado?
A lua flutua sobre a torre do relógio, na Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Antes de entrar no campus, caminhamos pelas ruas ao redor, procurando um lugar para almoçar. Conforme imaginávamos, o que não faltava era lugar de comida natureba. Dezenas deles. Hoje, bem vazios, mas imagino que os mais de 30 mil estudantes da universidade formem uma freguesia constante! Depois, um passeio pelo campus cheio de áreas verdes e prédios tradicionais, como o da biblioteca e a torre centenária. Sempre gosto de me imaginar estudando nas universidades que visito, chegando de bicicleta, cumprimentando pessoas, preocupado com alguma prova, ansioso por alguma festa. Não foi diferente por aqui. Enfim, uma tarde rápida e gostosa, pensamentos ao léu. Mas o dever chama e, no nosso caso, o dever se chama “estrada”, Rumo ao próximo destino, ainda mais inspirador: o Napa Valley, a mais famosa região vinícola desse hemisfério.
Caminhando pelo campus da Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Falando em inspiração, foi o que sentimos quando chegamos de volta à Fiona, estacionada em frente à Universidade. Pela terceira vez nessa viagem, demos de cara com um bilhete escrito e deixado ali, no vidro do carro. São pessoas que, ao se deparar com o carro, ficam interessadas, acessam o site e, inspiradas, nos deixam alguma mensagem. E aí, quem fica ainda mais inspirado somos nós! Muito obrigado a esse mais novo inspirador, diretamente da queridíssima Costa Rica, país para o qual retornaremos em breve!
Bilhete deixado no vidro da Fiona, enquanto passeávamos pelo campus de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Sol nascendo em Key Biscayne
Dia de trabalho. Posts e fotos praticamente em dia. O que falta mexer agora são nos vídeos e nas páginas de conteúdo, que ainda estão na estaca zero. Paciência... Além disso, muita pesquisa na internet.
O que fizemos de interessante hoje foi sair e dirigir pela primeira vez por aqui. O Marcelo e família nos "abandonaram" no apartamento maravilhoso com vista para o mar, mas em "compensação" deixaram um belo Volvo à nossa disposição. Estreamos indo para Pompano Beach, uns 60 km ao norte, em busca de uma loja que havia nos vendido mas entreguado apenas parte dos produtos. O carro é ótimo mas não tem GPS. Incrível como somos dependentes dessa porcaria hoje em dia, em países desconhecidos. Antigamente, antes de existir, não fazia a menor falta! Há 15 anos atrás cruzei esse país num Pontiac, de NY a San Diego, sem problema algum. Agora, para ir de Key Biscayne para Pompano (basicamente, cruzar Miami de sul a norte), sinto falta do aparelho... É a idade, imagino. Bom, dei uma boa olhada no mapa pela internet e fomos sem problema nenhum. Acho que é tudo psicológico.
Tudo na base das autoestradas. Sempre com muito movimento, mas sempre fluindo. É o país do automóvel, também tinha de ser o país das estradas. Todo mundo andando 10 milhas acima do limite, esse parece ser o padrão. Aliás, precisamos logo nos acostumar com milhas, pés (feet), farenheit, libras (pounds), etc... Parece que vivem em outro planeta. Aliás, na visão deles, é o resto do mundo que vive em outro planeta. Nas estradas, não há problema de se ultrapassar pela direita. Mas precisamos estar atentos ao mudar de faixa. Quase todo mundo tem carrão por aqui. Carrão no sentido de tamanho. São enormes. Gasolina bem mais barata que no Brasil. Quanto ao preço dos carros, além de serem bem mais baratos que no Brasil, ainda são financiados em trocentos anos, com taxas de juro civilizadas. Assim, todo mundo pode ter o seu. E, muitas vezes, carros que no Brasil seriam absolutamente impensáveis. Estão dezenas de anos à nossa frente, capitalisticamente pensando.
E, falando na eficiência capitalista deles, fomos muito bem atendidos na loja que, rapidamente, na base da confiança no consumidor, nos providenciou os equipamentos que alegamos não ter recebido. Feito isso, a pedido da Ana fomos dar uma volta na pouco charmosa Pompano Beach. Depois, de volta a Key Biscayne. Quando resolvemos sair para jantar, um pouco depois das 10 da noite, demos com os burros n'água. A eficiência capitalista, no caso, fecha todos os restaurantes às 10. Tínhamos, como alternativas, ir para South Beach ou para o Seven Eleven aqui do lado. Para tristeza da Ana, venceu a segunda opção.
E ainda deu tempo dela filosofar, pensativa: "Nossa, que sorte a deles, não se chamar Nine Eleven, ao invés de Seven Eleven". É, teria sido um "colateral damage" publicitário jamais imaginado pelo Bin Laden...
A famosa Pedra da Tartaruga, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Amanhecemos na pequena Piripiri, bem ao lado do Parque Nacional de Sete Cidades. Logo cedo estávamos cruzando aquela mescla de cerrado e caatinga, vegetação bem verdinha nessa época de chuvas apesar do forte calor que sempre domina a região. Rapidinho vencemos os pouco mais de 20 km, no conforto da Fiona, para a sede do parque, criado em 1961.
Dirigindo no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Ali encontramos a Carminha, nossa guia para conhecer as trilhas e caminhos do parque. Apesar de estar tudo muito bem sinalizado, o acompanhamento de um guia é obrigatório. Isso ajuda a evitar o depredação que vinha ocorrendo antes desse "procedimento".
Formação rochosa no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
O parque nos lembrou bastante o Parque Estadual de Vila Velha, no Paraná. Formações rochosas, fruto da erosão milenar do vento e da água e também de outra, que opera numa escala ainda maior, dos milhões de anos: os movimentos da crosta terrestre. O resultado são torres de pedra em diversos formatos e "cascas" de pedras que lembram tartarugas gigantes e tatus de aparência pré-histórica.
O Arco do Triunfo, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Esse cenário singular vem atraindo gente há milênios de anos e, segundo alguns, povos de muito longe. Teorias um tanto "exóticas" afirmam ser as Sete Cidades resquícios da passagem de fenícios ou de vikings pelo interior do Piauí. Outros dizem que as pinturas rupestres mostram claramente a visita de seres de outros planetas pela região. O mais provável mesmo é que povos nômades que habitavam o nordeste brasileiro entre 10 e 5 mil anos atrás usavam as astranhas formações rochosas como ponto de apoio e local de rituais nas suas passagens por aqui. O mesmo povo que também frequentava a Serra da Capivara, das Confusões, do Catimbau, Lajedo do Pai Mateus e a Pedra do Ingá. Era uma região movimentada, esse interior nordestino nesse tempo...
Placa informativa, no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Pinturas rupestres no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Enfim, as formações rochosas estão divididas em sete áreas do parque, muitas delas bem próximas entre si. São as "Sete Cidades". Entre as formações mais famosas estão a Pedra da Tartaruga, os Mapas do Brasil, o Arco do Triunfo, o Dedo de Deus e a incrível Biblioteca, minha preferida. Por cerca de duas horas caminhamos entre e sobre elas. Entre uma "cidade" e outra, seguíamos no ar condicionado da Fiona. Dentro de cada cidade (visitamos cinco), enfrentávamos o calor de trinta e poucos graus.
Bela paisagem vista do alto do mirante no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Admirando a paisagem do Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Tudo visitado e fotografado, voltamos para Piripiri, para nosso hotel California, onde tínhamos deixado nossas roupas para lavar. E assim, de roupas bem limpinhas, viajamos mais 160 km até a capital do estado, Teresina. É a décima quinta capital que passamos, aqui no Brasil.
A "Biblioteca", no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
O sempre presente "Dedo de Deus", no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Para vir até aqui, fizemos um belo desvio no nosso rumo. Mas não queríamos deixar para trás a capital menos visitada por turistas no nordeste. É a única que não fica no litoral, cidade planejada e construída na metade do séc. XIX. Chegamos no finzinho do dia e deixamos para fazer turismo amanhã. Mas aproveitamos a noite de sábado para ver um pouco do seu agito.
Concurso de Rainha 3a idade do Carnaval , em Teresina - PI
Fomos jantar num dos restaurantes mais conhecidos, o Favorito, e de lá para um pub bem movimentado, o Planeta Diário. Entre um e outro, uma rápida passada no Jockey Club, onde acontecia o concurso de rainha do carnaval da terceira idade. Entre os jurados, a eterna Elke Maravilha. Foi divertido! Jóia mesmo foi o pub, onde duas bandas com vocalistas mulheres deram um verdadeiro show durante a noite e madrugada, nos propiciando lembranças e momentos que para sempre guardaremos na memória. Só a noite de de hoje já fez valer esse desvio de 160 km. Amanhã, durante o dia, o que vier é lucro!
No bar Planeta Diário, em Teresina - PI
Praia do Arpoador, já no fim do nosso passeio pelas praias da Juréia - SP
Por coincidência, chegamos na Juréia Norte, região de Peruíbe, bem no Dia da Mata Atlântica. Eu já tinha estado aqui duas vezes. Na primeira, com a família, choveu o feriado inteiro. Ficamos todos presos no Waldhaus, uma pousada muito bem localizada na encosta de um morro, com uma bela vista para a praia de Guaraú, afastada de Peruíbe e vizinha da Juréia. A segunda vez foi com a Ana e com um casal parceiro de viagens, o Rafa e a Laura. O tempo esteve bom e deu para passear no parque de carro, além de fazer um passeio de canoa pelo mangue.
Praia Juquiá, na Juréia - SP
Desta vez, tínhamos objetivos bem claros: conhecer as praias que só podem ser acessadas com um guia e ir de canoa até uma cachoeira da região, sete quilômetros de remadas para ir e outras sete para voltar. Esse programa é mais legal fora de temporada senão corremos o risco de chegar na cachoeira e encontrar uma escuna com cinquenta pessoas à bordo farofando por lá. Lá da Barra do Ribeira liguei para o Remo, dono da Waldhaus e da agência de canoagem para marcar os passeios. Infelizmente, ele não poderia ir com a gente, mas prontificou-se a tentar achar um guia que nos acompanhasse.
, com nosso guia, o Amilton
Dito e feito! Chegamos aqui às dez da manhã e já estava tudo acertado com o Amilton, um caiçara local que cursou Biologia. Assim, ele tem todos os conhecimentos práticos e teoricos da rica biodiversidade local. O passeio de hoje foi pelas praias do parque. Primeiro, remamos cerca de dois quilômetros através de um canal do mangue até cruzarmos o rio Guaraú. Do lado de lá começa oficialmente a Juréia e a necessidade de estar acompanhado de um guia/monitor. Depois foram alguns quilômetros caminhando pelas praias e por trilhas no meio da mata, cruzando alguns morros para se chegar na praia seguinte. Praias lindas, com um quê de litoral norte, com as montanhas e a vegetação chegando bem perto do mar. A diferença é que as ondas não são de tombo, são aquelas que quebram lá longe, bem devagar. Sonho de surfistas, especialmente uma que se chama Parnapoá.
Figueira na Mata Atlântica, Juréia - SP
Durante a remada e depois, na trilha, o Amilton foi dando uma verdadeira aula para gente, sobre a fauna e flora locais. Foi ele que nos informou que hoje era o dia da Mata Atlântica, o que fez o passeio mais especial ainda. De bônus, ele tem vários parentes que moram dentro do parque, gente que nos acolheu muito bem em suas casas e com os quais tivemos aquele tradicional "dedinho de prosa" que não tem preço. Muitas histórias, inclusive de onças, antas e afins.
Casa de moradores locais, dentro do parque, na Juréia - SP
No final, tivemos um merecido banho de mar na praia do Arpoador e, alguns minutos depois, um refrescante banho de cachoeira, a um minuto de distância da areia. Muito luxo!
Piscina natural em pequeno rio na praia do Arpoador, na Juréia - SP
A remada de volta para casa já foi feita com o céu escurecendo e a lua cheia nascendo. Um final perfeito para um dia especial. Viva a Mata Atlêntica! E amanhã, temos 14 quilômetros de remadas...
A lua apareceu durante o trecho de canoa pelo mangue - Juréia/SP
As famosas montanhas Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
Dentre todas as ilhas caribenhas, Santa Lúcia foi aquela em que os eternos rivais, franceses e ingleses, mais lutaram pela posse, resultando em dezenas de trocas de soberania. Como nas ilhas vizinhas, os índios Caribs conseguiram impedir os espanhóis de se instalarem, mas não resistiram à “onda” seguinte, 150 anos mais tarde, de colonizadores franceses. Estes fundaram diversas viras no litoral caribenho de Santa Lúcia, inclusive a cidade de Soufriere. Mais para o norte, foram colonizadores ingleses que se instalaram.
Vista para a Piton do nosso hotel em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
Dirigindo em Soufriere, região das montanhas Piton, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
A partir da segunda metade do séc XVIII os ingleses viram na ilha um grande valor estratégico, principalmente por estar tão próxima da principal ilha francesa da região, Martinica. Assim, diversas vezes conquistaram Santa Lucia, mas por força de tratados ou negociações, acabavam por devolvê-la novamente aos franceses. Assim foi durante a Guerra dos 7 Anos, Revolução Americana, Revolução Francesa e Guerras Napoleônicas. A posse definitiva para a Inglaterra só veio em 1814. Mas os costumes franceses na população já estavam tão arraigados que quase todas as cidades ainda mantém seu nome francês enquanto que a língua oficial da ilha só foi mudada na metade do século. Mesmo assim, até hoje, quando conversam entre si, a língua mais falada em Santa Lúcia é o “patois”, uma espécie de francês creolle.
A deliciosa praia de Chastanet, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
São franceses também os nomes das mais famosas montanhas de Santa Lúcia e do leste do Caribe: a Petit Piton e a Gros Piton. De origem vulcânica, tem uma forma piramidal quase perfeita, se erguendo a 750 metros de altura, dois enormes “icebergs verdes”.. Ficam na costa sudoeste da ilha, próximas à cidade de Soufriere e são o mais famoso cartão postal do país.
Snorkel em meio a cardume na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia
Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia
Acordamos hoje ansiosos para vê-las sob a luz solar (só a tínhamos visto de noite, maravilhosas!) e fotografá-las. Não nos decepcionamos! O dia estava lindo e, a todo momento, onde quer que estivéssemos, parávamos para vê-las e admirá-las “Puxa vida! Estamos mesmo aqui, em Santa Lúcia!” – foi minha exclamação ao longo do dia...
Maravilhoso snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia
Logo no nosso café da manhã, já pudemos admirar a “Petit”, porque a “Gros” se escondia atrás dela. Depois, no nosso caminho para praia de Chastanet, passando por uma estrada bem alta, ali tivemos a melhor visão, dessa vez das duas montanhas. Foi só quando chegamos à bela praia que elas sumiram, escondidas por um rochedo. Mas não por muito tempo!
Snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia, com vista para as montanhas Piton
A praia é mesmo bela, mas melhor ainda é o snorkel que se pode fazer ali. Perfeito! Temperatura e visibilidade ideais, peixes coloridos e cardumes, diversos tipos de corais e de crustáceos. Além disso, a profundidade variava dos dois metros aos trinta metros. Ou seja, tinha para todo gosto! Obviamente que fui me divertir nas grandes profundidades! Com uma água limpa dessa, sem perceber e já estava ultrapassando os vinte metros. Muito legal!
Atravessando caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia
Uma sereia na saída de caverna submarina durante snorkel na praia de Chastanet, em Soufriere, sul de Santa Lúcia
Mas o melhor ainda estava por vir. Primeiro, nadamos até o fim do rochedo para, mais uma vez, admirar as Pitons. Visão inspiradora! Depois, no próprio rochedo, descobrimos várias cavernas submarinas. Agora, minha diversão passou a ser atravessá-las. Primeiro, com cuidado, vendo se o fôlego era suficiente. Depois, já mais seguro, parando no meio para tirar fotos. Um espetáculo! Uma delas não tinha saída. Então, nadava o mais para dentro que podia e, de lá, ao olhar para a saída, aproveitava aquela visão mágica. Mas não podia me enrolar muito não, pois o ar me esperava lá do lado de fora! Enfim, foram quase duas horas de muita diversão (e muito fôlego!).
Praia de Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
Admirando a magnífica Petit Piton, em Soufriere, no sul de Santa Lúcia, no Caribe
No finalzinho da tarde fomos até a cidade, caminhar pelo centro. Mais vistas incríveis da Petit Piton, dessa vez com uma luz ainda mais bonita. E na praça central da cidade, um momento de silêncio para as várias pessoas que foram ali guilhotinadas. Afinal, em 1792 a ilha ainda era francesa e estávamos em plena revolução! Ai daqueles suspeitos de conspirar contra o novo regime...
Praça central em Soufriere, onde ocorriam as execuções por guilhotina durante a Revolução Francesa (em Santa Lúcia, no Caribe)
Um leão-marinho posa para a foto perfeita, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul (foto de Jeff Orlowski)
Essa viagem para a Antártida passando por Falkland e Geórgia do Sul tem dois objetivos principais. O primeiro é observar a beleza das paisagens e a grandiosidade de cenários raramente vistos ou visitados. Por exemplo, as montanhas esplêndidas da Geórgia do Sul ou as geleiras majestosas da Península Antártida. O segundo é admirar a vida selvagem ao longo do caminho, dezenas de espécies de aves e mamíferos marinhos que chamam esses mares gelados de lar e que vivem aqui em quantidades inimagináveis para olhos acostumados com a vida em cidades, onde nos contentamos com passarinhos, cães e gatos.
Um grupo de pinguins rei caminha na praia de pedras de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Fêmea de elefante-marinho abre sua boca em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
As aves, já as temos visto desde que zarpamos de Buenos Aires. Mesmo em alto mar, são centenas delas, voando e nadando ao nosso lado. Nas Falklands, tivemos nosso primeiro contato com pinguins e aqui, na Geórgia do Sul, pelo menos nesse nosso primeiro desembarque, eles são tantos que preenchem o nosso horizonte. Vou falar disso no próximo post, pois nesse quero falar de outros animais que também vimos em grande quantidade, embora nada que se aproxime das centenas de milhares de pinguins. Refiro-me aos “pinípedes”.
Muito esforço para coçar a pata em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Fêmeas de elefante-marinho descansam em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Basicamente, podemos dividir os mamíferos que habitam essa região do mundo em dois grupos. Ambos são marinhos, embora um deles também passe parte da sua vida em terra firme. O primeiro grupo, totalmente marinho, são os cetáceos, que incluem baleias, golfinhos e porpoises. O segundo grupo, que volta à terra firme para se reproduzir e ter filhos, são os pinípedes. O nome pode parecer estranho, mas todo mundo conhece. São as focas e assemelhados, como as morsas, leões e elefantes marinhos.
Leão-marinho solitário em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Os pinípedes descendem de algum animal terrestre parecido com o urso que, há dezenas de milhões de anos, passou a usar o mar como principal fonte de alimentação. Aos poucos, o corpo foi se adaptando a isso e as pernas se transformaram em verdadeiras nadadeiras. Ao mesmo tempo, pulmões e meios de armazenagem de oxigênio também evoluíram e hoje eles podem passar meses longe de terra firme e, alguns deles, mais de 20 min abaixo d’água, chegando a profundidades de mais de 2 mil metros, sempre em busca de algum alimento.
Lobo-marinho recém nascido em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul (foto de Brian Myers)
Os cientistas classificaram os pinípedes em três grandes famílias. A primeira delas incluem apenas as morsas (aquela “foca” com dentes enormes) que vive nas regiões árticas, no norte do planeta. As outras duas são os “Otariidae” e “Phocidade”. A diferença básica entre elas é que o primeiro grupo tem orelhas externas enquanto no segundo, o sistema auditivo é interno. Outra diferença importante é na locomoção abaixo d’água. Os Otariidae, como o leão-marinho, usam principalmente as nadadeiras da frente (os nossos braços) enquanto os Phocidade, como as focas, usam as nadadeiras de trás (as nossas pernas).
Um preguiçoso filhote de elefante-marinho em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Um preguiçoso filhote de elefante-marinho em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Pois bem, a Geórgia do Sul é o principal lugar do mundo onde se reproduzem membros dessas duas famílias. No caso dos Phocidade, ou “focas verdadeiras”, aqui vive a maior de todas as espécies, o elefante-marinho do sul. Ainda maior que seus primos do norte e também que as morsas, os maiores machos chegam a incríveis 8 metros de comprimento e quase 5 mil quilos. Pois é, são ainda maiores e mais pesados que os próprios elefantes terrestres!
Fêmea de elefante-marinho nos observa em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Fêmea de elefante-marinho dá um enorme bocejo em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Eu falei dos grandes machos porque esta é a espécie com o maior dimorfismo sexual entre todos os mamíferos. Isso quer dizer que machos e fêmeas são muito diferentes. Mesmo as maiores fêmeas não passam dos 3 metros de comprimento e 1.000 kg, cerca de 4 vezes mais leves que os machos adultos. É como se na raça humana as mulheres não passassem dos 80 cm e dos 20 kg (ainda bem que não somos assim, hehehe!). Bom, com uma diferença assim tão grande, não é de se estranhar que os machos tenham grandes haréns, algumas vezes com mais de 100 fêmeas!
Uma "família" elefante-marinho na praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul (foto de Vladimir Seliverstov)
O nome do “elefante-marinho” não vem apenas do tamanho e peso, mas também pela tromba que parece ter. Ela serve para aumentar ainda mais os sons dos rugidos dos machos, principalmente para afastar os rivais de seu precioso harém. Imagino que as “pequenas” (pequenas para eles, pois continuam sendo muito grandes para nós!) fêmeas também achem a tal tromba bem atrativa.
Um leão-marinho nos dá as boas-vindas à Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Além dos elefantes-marinho, quem também adora a Geórgia do Sul são os lobos-marinhos, membros da família Otariidae, aquela com orelhas. Algumas vezes também são chamados de leões-marinho, já que parecem ter uma juba e até de ursos-marinho. A nomenclatura em português é meio confusa. Em inglês, mais preciso, eles são os “Antartic Fur Seal”, o “Fur” se referindo aos longos e grossos pelos na região do pescoço da espécie.
Leão-marinho solitário em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Dois leões-marinho macho medem forças em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
O fur seal é bem menor que os elefantes-marinho, mas também existe um dimorfismo sexual na espécie, embora não tão exagerado. Os maiores machos chegam a ter 2 metros e pesar 200 kg. O tamanho do harém também não é tão grande, chegando a pouco mais de 10 fêmeas para aqueles com mais testosterona.
Leões-marinho e pinguins na praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
O fur seal quase chegou a ser extinto pelo homem no início do séc. XX, salvando-se apenas uma colônia deles, aqui em Bird Island, uma das pequenas ilhas ao redor da Geórgia do Sul. A caça era exatamente pelo “casaco de pele” que eles aparentam ter. Felizmente, a caça se tornou economicamente inviável e, mais tarde, foi proibida. Com isso a espécie se recuperou rapidamente, ocupando toda a área em que costumava viver. Essa rápida recuperação, infelizmente, tem a ver com outra tragédia: a quase extinção das baleias, que competem com a fur seal pelo mesmo alimento. Sem a concorrência, a espécie cresceu livremente e hoje, há quem defenda uma caça “controlada” dela.
Um preguiçoso filhote de lobo-marinho em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Um elefante-marinho parece tentar engolir um pinguim em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Hoje tivemos a prazer de ver vários deles no desembarque em Salisbury Plain, tanto elefantes como os lobos-marinho. Esta época do ano coincide com o fim da temporada de reprodução dos elefantes-marinho e o início da estação para os lobos-marinho, o que influencia bastante em seu comportamento. Os elefantes, agora que já cruzaram com todas as suas fêmeas, estão bem mais tranquilos, sem ter de se preocupar com seus rivais. Ficam dormindo e relaxando o tempo todo na praia de pedras, bem perto da água, um macho com muitas fêmeas ao redor, e já vários filhotes gerados na estação do ano anterior. Além da falta de orelhas, é fácil identifica-los pelo tamanho e por ficarem deitados, todo o corpo em terra.
Um filhote de elefante-marinho em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Já os lobos-marinho, cujos grandes machos são pouco menores que as fêmeas médias dos elefantes-marinho, esses ficam com o peito levantado, apoiado nas nadadeiras dianteiras. Como estão em início de estação, cada um procura marcar seu território para poder atrair mais fêmeas. O resultado é que ainda há muita tensão no ar. Não apenas tensão, mas briga mesmo. Eles procuram se afastar dos elefantes-marinho e não se incomodam com o trânsito dos pinguins. Mas não parecem gostar muito de nós e, por isso, é sempre prudente manter uma certa distância. Seu ataque costuma ser mais para assustar do que para morder, uma espécie de exibição. A nossa reação deve ser de abrir os braços, para parecermos maiores, e fazermos algum barulho também. Duas pedras na mão e bater uma na outra parece ter o efeito de desestimulá-los do ataque e fazer com que recuem. Pelo menos, essa é a tática dos guias enquanto formam uma espécie de “corredor seguro” entre eles para que possamos desembarcar sem maiores incidentes e cruzar a praia até um lugar mais seguro, longe dos lobos.
Macho adulto de elefante-marinho descansa em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
E assim foi nossa primeira experiência com os pinípedes, aqui representados pelos preguiçosos elefantes e mal-humorados lobos. Muitas fotos e uma pequena distração das centenas de milhares de pinguins, eles sim a atração principal de Salisbury Plain.
Pinguins e elefantes-marinho em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul
Willemstad, em Curaçao
Depois da festa de ontem, quando voltamos para nosso hotel muito tarde (ou bem cedo...), resolvemos inverter nossa programação na ilha. Ao invés de explorá-la de carro hoje e deixarmos o passeio à pé por Willemstad para amanhã, ficou muito mais razoável fazer o contrário. Afinal, não seria possível começar nosso dia antes das 11 da manhã...
A ponte Rainha Juliana, em Willemstad - Curaçao
Assim, dormimos mais sossegados e saímos à tirar fotos do centro histórico. Willemstad tem um dos melhores portos naturais do Caribe e os holandeses souberam se aproveitar disso. A cidade foi transformada num grande centro comercial, ainda no início do século XVIII. Como a principal mercadoria dessa época eram os escravos, era o seu comércio que movimentava a economia da ilha. Por muito tempo, mais da metade dos escravos destinados à todo o Caribe passavam por aqui.
Caminhando nas ruas de Punda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Talvez por isso que na cidade encontramos um dos melhores e mais completos museus sobre a escravatura, o Kura Hulanda. Além de museu, também é um charmoso hotel e restaurante. Um grande complexo fruto da revitalização de uma área histórica que se encontrava degradada. Para aí fomos caminhando, curiosos com o famoso museu.
Escultura com a forma da África, no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Ele mostra como os escravos eram arrancados da África e trazidos para a América em viagens em que até 30% da "carga" morria antes de chegar ao destino. Como esse comércio milionário movimentou a economia mundial por quase três séculos. Como era a duríssima vida desses homens aqui, principalmente no Caribe e no Suriname, também colônia holandesa. Há também uma grande sessão sobre o Brasil, o último país do hemisfério a abolir a escravidão. Aliás, o Brasil de hoje é definido na exposição como um "país africano". Acho que ele não deve conhecer Blumenau, hehehe
Exposição sobre a escravidão no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Outra sessão que achei interessantíssima foi sobre uma página da história que quase não conhecemos: a escravidão de europeus cristãos por mulçumanos do norte da África. Para minha surpresa, fiquei sabendo que, entre 1500 e 1800, mais de um milhão de europeus foram escravizados, principalmente espanhóis e italianos, mas também franceses, ingleses, portugueses, irlandeses a até islandeses que eram forçados a trabalhar sob chicote em cidades como Tunis, Tripoli e Algiers ou nas temidas galés, como remadores.
Exposição sobre a escravidão no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Os escravos vinham não só de batalhas navais no mediterrâneo, mas também de ataques à terra que os corsários mulçumanos faziam na costa desses países europeus. O perigo era tão grande que o litoral desses países ficou despopulado. Os corsários invadiam alguma vila e levavam milhares ao mesmo tempo, acabando com a população local. A mulherada seguia para os haréns e os homens para as galés e construções. Para se ter uma idéia, até meados do século XVII, esse tráfico de escravos europeus para a África do Norte era maior que o tráfico de escravos negros pelo Atlântico para a América. E isso numa época em que eu sempre achei que os europeus já dominavam o mundo. É, vivendo e aprendendo...
A ponte flutuante para pedestres, Rainha Emma, ligando Punda a Otrobanda, em Willemstad - Curaçao
Bom, só para completar a história, a partir de 1650 o tráfico de escravos negros ganhou "força" e, ao final de três séculos de escravidão, já era 10 vezes maior que o tráfico de escravos brancos. Esse continuou até o início do século XIX e só terminou de vez com a conquista francesa dessas "repúblicas piratas". Antes disso, até americanos foram parar nas "senzalas" de lá. Não foi à tôa que a primeira investida internacional do Tio Sam foram expedições punitivas contras esses países, no início do séc XIX.
Visitando o local onde viveu Simon Bolivar, em Willemstad - Curaçao
Bom, depois de tanta história de escravos, mudamos de foco para liberdade. Caminhamos até onde viveu exilado o maior libertador da América do Sul, Simon Bolívar. Depois de fracassar na sua primeira tentativa na Venezuela, ele passou um tempo aqui em Curaçao, com uma bela vista para o porto, tramando seu retorno à antiga pátria. A casa onde viveu não existe mais, mas a vista que lhe inspirava a escrever belos manifestos continua lá, muito parecida com o que era há duzentos anos.
Mapa de Willemstad, em Curaçao
Isso tudo, o museu e a antiga casa de Bolívar ficam em Otrabanda, um bairro histórico localizado do outro lado do canal, em frente a Punda, o "centro" de Willemstad. Esses são os dois bairros mais interessantes da cidade e são facilmente percorridos à pé. Para ir de um lado à outro, há duas pontes: a Rainha Juliana, para carros, bem alta, para que os navios possam passar sob ela, e a Rainha Emma, para pedestres. Essa é flutuante e sempre que um barco quer passar entre o porto e o mar, ela "se abre". As mais belas vistas da cidade, onde os turistas se aglomeram, são exatamente de cima dela, de onde se pode observar e admirar o lindo casario beira-mar de Punda, a Amsterdam do Caribe. Aí passamos nosso fim de tarde, observando o trânsito de barcos e de turistas sobre a ponte e a charmosa cidade por detrás. A prova de que o Caribe é muito mais do que praias bonitas...
Punda, região de Willemstad, em Curaçao
Degustação de vinhos na vinícola Don Laurindo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
A primeira tarefa hoje foi cuidar da Fiona. Logo cedo, atravessei a cidade do Íbis até a concessionária Toyota de Caxias para resolver o problema da luz do painel. A solução foi a troca do filtro de combustível e mais uns testes eletrônicos para deixar ela em ordem. Fiquei sabendo que esse é um problema recorrente nos carros de algumas linhas da Toyota nessa época de frio. Somente nos últimos dias, tiveram de "atender" mais de vinte camionetes. Aproveitei para perguntar sobre o uso do querosene e me disseram que não há problema, aliás, muito pelo contrário, ajuda muito no frio, não só como anticongelante, mas também para manter todo o sistema mais limpo, inclusive o próprio filtro. Tenho a impressão que vou ter de usar muito neste próximo mês...
Almoçando galeto no famoso Di Paolo, em Bento Gonçalves - RS
Com a Fiona novinha em folha partimos para Bento Gonçalves, vizinha de Caxias. Ali fica o Vale dos Vinhedos, região que concentra as melhores vinícolas do Brasil. É um saboroso programa turístico passear pela região, visitando as vinícolas e degustando seus vinhos. Além disso, a paisagem do vale é muito bonita e bucólica. Até parece que estamos na Itália. Aliás, a região é de colonização italiana e foram eles que trouxeram as técnicas e o gosto pelo plantio de uvas e produção de vinho.
Barris de carvalho da vinícola Don Laurindo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
Cavas da Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
Colonização italiana, não poderia faltar a boa comida também. Nós chegamos lá bem na hora do almoço e para quem não tinha tomado café da manhã, a fome era grande. Além disso, é recomendado que se faça o passeio pelas vinícolas (e degustação de vinhos!) depois de uma boa refeição. Unindo o útil ao agradável à fome, fomos diretamente para o famoso restaurante Di Paolo, reconhecido como o melhor galeto da região. O que não é pouco, para uma região que é considerada a "pátria" do galeto no Brasil. Enfim, nos empanturramos de frango na brasa e de muito suco de uva. Uma delícia!
De touca, durante tour pelas cavas da Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
De touca, durante tour pelas cavas da Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
De lá, estômago bem forrado, seguimos para as vinículas. Nossa idéia foi a de visitar, dentre tantas e tantas vinícolas, uma das pequenas e uma das grandes, para poder variar. Nas visitas, temos a chance de aprender sobre o processo de produção, tipos de uva, o que as distingue e, principalmente, sobre os sabores contidos em uma taça de vinho. Ao final, seção de degustação de vinhos variados, sempe começando pelos mais suaves e terminando nos mais encorpados.
Degustação de vinhos na Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
Dentre as pequenas, escolhemos visitar a Don Laurindo e, entre as grandes, a Casa Valduga. São duas vinículas cujos vinhos já conhecíamos e estávamos curiosos para vê-los mais de perto. Foram ótimas escolhas e não resistimos, nas duas vinículas, a fazer algumas compras ao final da degustação. Na Don Laurindo, tivemos uma visita "diretoria", já que éramos os únicos naquele momento. Aprendemos desde técnicas de plantio das parreiras (na horizontal e na vertical) até as benéficas propriedades do barril de carvalho e da rolha de cortiça. Na casa Valduga, agora num grupo de oito pessoas, já nos sentíamos "conhecedores" quando os mesmos assuntos eram tratados. Vimos a linha de produção e as grandes e charmosas cavas da vinícola. Foi jóia, um passeio e tanto!
Degustação de vinhos na Casa Valduga, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
Como bônus, passeamos pelas pequenas estradas do vale, cruzando e fotografando suas partes mais bucólicas. Na época da produção das parreiras, de janeiro à março, deve ficar ainda mais bonito!
A paisagem bucólica no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
Já no escuro, viemos para Nova Petrópolis. Resolvemos usar essa cidade para explorar a região, incluindo Gramado e Canela. Nessa época de frio, muito concorrida por aqui, tudo fica mais caro e a simpática Nova petrópolis é uma ótima opção para quem deseja um pouco mais de calma na mesma região. O hotel que escolhemos foi uma ótima dica do Felipe, amigo da família lá de Caxias, dona do restaurante Gran Piacere. O nome é Pousada da Neve. Já que não tivemos a sorte de ver a neve aqui no sul, pelo menos no nome do hotel a encontramos, hehehe!
Degustação de vinhos na vinícola Don Laurindo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves - RS
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