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Cibelle Oliveira (26/07)
Olá, adorei o roteiro de vcs.... meu sonho kkkkk.... Só gostaria de sab...
Marco Lopes (11/07)
Parabéns pelo blog e pela viagem! Gostaria de saber se onde partiu o voo...
Anabela Leitão (01/06)
Li com toda atenção a discrição deste vale e a minha vontade de viaja...
OSWALDO LUIZ DOS SANTOS SILVA (23/05)
Lindo viagem esta de vc hein. Que delícia. Mas eu tenho uma dúvida e ta...
Lucia Valente (18/05)
Olá! Irei pro Canadá em breve e farei o passeio Mil ilhas, não sei qua...
Terraços agrícolas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Cidade ancestral vivente, Ollanta é um portal para o antigo mundo inca. Como em um túnel do tempo, quanto mais adentramos a cidade, mais voltamos à época em que a cidade abrigava a nobreza inca e acabava de tornar-se o centro do império governado pelo Inca Pachacuti. Tudo aconteceu em meados do século XV, quando o imperador conquistou Ollantaytambo e a reconstruiu com suntuosas edificações de pedra, centros cerimoniais, fortalezas e terraços irrigados cultivados por seus yanakunas, ou escravos, em quéchua.
A bela vista do alto das ruínas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Ollantaytambo ficou marcada na história como o último reduto da resistência Inca à conquista dos espanhóis. Manco Inca, o último governante de Tahuantinsuyu (nome quéchua do Império Inca), obteve sua maior vitória contra os espanhóis em 1536 e conseguiu resistir por um ano entrincheirado em Ollantaytambo antes de buscar refúgio em Vilcabamba, na Amazônia Peruana.
Antigos armazéns incas na montanha em frente à Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Pegamos um grande congestionamento de carros e ônibus de turismo na entrada de Ollantaytambo na noite anterior. A cidade turística é porta de entrada para a principal atração do Valle Sagrado de los Incas, Machu Picchu. Passamos pela cidade nova, onde as ruas são mais largas, as casas simples mas já construídas em alvenaria e arquitetura de certa forma “contemporânea”. Aos poucos as ruas vão se estreitando, o calçamento novo se transforma em pedra batida e polida pelas centenas de anos dando caminho à história de uma das mais antigas cidades incas ainda em funcionamento.
A cidade atual e as antigas ruínas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Estacionamos a nossa pequena Fiona na Plaza de Armas, tentando fugir da bagunça. Os policiais organizavam o tráfego para tentar desafogar as vias naquela noite de alta temporada turística. Em busca do hostel que havíamos reservado eu desço e sigo diretamente para a delegacia, sem dúvida os policiais poderiam me indicar sua localização. Simpáticos e atentos como de praxe, me dizem que podemos passar con la camioneta hasta la callecita. Aí havia estacionamento, na porta da pousada. Depois de um dia de explorações por Písac, Maras e Moray, eu, Gustavo e Rodrigo não víamos a hora de um banho quente e um bom jantar!
Trilha para os antigos armazéns incas na montanha em frente à Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Saímos caminhando pelas ruas estreitas e avançamos mais no túnel do tempo. Aqui as casas também estão diferentes. Choupanas de pedra, telhado de palha e pé direito baixo fazem os lugares mais acolhedores e genuínos. A pizza na pedra acompanhada por uma boa música peruana parece fazer a modernidade encaixar perfeitamente ao mundo pitoresco dos vales andino-peruanos.
Chegando ao parque arqueológico de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Depois de uma boa noite de sono, um café da manhã com pão típico, chá de folhas de coca e manteiga, nossa viagem no tempo segue avançando a passos largos. Assim que cruzamos o Rio Patakancha pela estreita ponte de pedestres, se descortina à nossa frente uma autêntica cidade inca ainda viva! Campesinas transitam em suas vestes tradicionais, trançam os longos cabelos de suas filhas para leva-las ao colégio, tecem à porta de suas casas de pedra e preparam comidas típicas das suas janelas. Enquanto umas produzem, outras carregam seus grandes sacos de produtos até a feira artesanal na porta das Ruínas de Ollantaytambo.
Trajes típicos em Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Venda de tapeçaria em Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Entramos nas ruínas logo cedo, tentando evitar as filas e grandes excursões, mas escolas e grupos imensos de pessoas já se alinhavam em filas indianas entre andenes, escadas e construções. Seguimos seu ritmo até conseguirmos inverter a ordem da visita e fugir um pouco da multidão que teimava em nos trazer de volta ao mundo atual. As ruínas, mesmo que abandonadas, nos remetem diretamente às épocas áureas de Ollanta. Dezenas de quartos, salas, armazéns, uma grande fortaleza e um trono de pedra com a melhor vista para toda a vila e as montanhas do Vale Sagrado. Dali o Inca podia acompanhar o trabalho de seus escravos, a vida cotidiana de seus campesinos e ainda desfrutar da beleza de seu reino.
Com o Gustavo, nas ruínas incas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
O Gustavo admira o vale em frente às ruínas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Curiosidades de sua estrutura reúnem o Templo del Água, que coroa um imenso sistema de aquedutos com fontes quase mágicas, que ao passar o dedo na faixa de água diminuem o volume de água, como torneiras. A mais conhecida delas chama-se “o banho da princesa”. Quando estive aqui em 2005 pude ainda ver e eu mesma testar a técnica do dedo na fonte. Hoje podemos apenas vê-la de longe, sem dedinhos, sem mágicas.
A fonte sagrada de água, nas ruínas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Outras edificações interessantes são os armazéns de grãos, que estão nas encostas de Ollantaytambo a uma maior altitude, garantindo mais ventilação e menor temperatura para sua durabilidade.
Chegando às ruínas dos armazéns, a vista para a cidade de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Algumas horas explorando o parque arqueológico e logo tivemos que voltar para fazer o nosso check-out da pousada. Eu e Gustavo, mais preguiçosos, nos satisfizemos cuidando das malas e fazendo um lanche com vista para as ruínas, enquanto o Rodrigo, agora apelidado pelo Gustavo de cabrito montanhês, resolveu subir a trilha na segunda montanha de Ollanta para conhecer os impontes armazéns que nos chamam a atenção desde as ruínas principais.
Um saudavel café da manhã em Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
O Rodrigo voltou a tempo de tomarmos um chopp antes de nos dirigirmos à estação de trem de Ollantaytambo. Chicha morada, tradicional cerveja inca, seria mais adequada à esta viagem no tempo na mais viva de todas as cidades incas.
Café da manhã com vista para as incríveis ruínas de Ollantaytambo, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Portland, a cidade das pontes, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Portland-Oregon é uma cidade moderna de nome e sobrenome. Na costa leste, dificilmente você escutará simplesmente o seu primeiro nome Portland, já que ela possui uma homônima do lado de lá, Portland-Maine. A Portland “de lá” está no litoral, já a daqui está às margens de um rio. A cidade das pontes possui pelo menos 11 grandes pontes, algumas antigas e meio espalhafatosas que cruzam o Willamette River.
A famosa Iron Bridge, sobre o Columbia River, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Columbia River, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
As pontes dão um ar industrial à cidade e a um primeiro olhar até meio decadente. Uma caminhada pelo Tom MacCall Waterfront Park em seu longo calçadão beira rio e aquele monte de ferro começa a entrar pelos nossos poros, dando um novo sentido à urbanidade de Portland. Seus traços duros e retos se replicam em sua arquitetura, prédios antigos e ruas austeras ganham cor nos movimentos artísticos que florescem na cidade.
Tradicional cooper ao lado do Columbia River, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Porém, dentro dessa identidade visual tão urbanóide, existe um coração. Um coração verde e contemporâneo. Faixas exclusivas para ciclistas com posição central desde 1994 coexistem com outros projetos de transporte, como o aerial tram construído em 1986 (uma espécie de metrô de superfície) e até ônibus elétricos (que, disfarça, lembraram as minhas férias quando eu era pequenininha lá em Araraquara, rs!)
Muito bem marcada, pista exclusiva para ciclistas em rua central de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Caminhando por uma das muitas praças de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
A cidade das rosas talvez ganhe outra vida no verão, nestes dias que passamos estava chuvosa e bem acinzentada. Cruzamos a Hawthorne Bridge para conhecer a East Esplanade, caminhamos entre nuvens, garoas e torós da beira rio até o Portland Building com a imensa estátua da Portlandia, Deusa do Comércio.
Pelo visto, chove muito em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos. Até estátua usa guarda-chuva!
A famosa Portlandia, deusa do comércio com ares de Netuno, no centro de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Chegamos à Pioneer Courthouse Square rodeada de prédios antigos e a Fórum de Justiça, prédio de 1875, o mais antigo da costa noroeste. Cruzamos todo o centro antigo e o bairro de Chinatown até chegar ao artístico e mais sofisticado Pearl District.
Praça central de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Museu de Artes de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
A sofisticação aparece nos detalhes das restaurações dos prédios da região industrial e antigos depósitos, um dos bairros mais “cools” com galerias de arte, lojas de designers e estilistas alternativos. Lá fizemos uma parada obrigatória na Deschutes Brewery & Public House, que no meio da tarde estava bem disputada. A sopa de queijo com cerveja Ale é maravilhosa, sem contar o menu de degustações das cervejas preferidas da casa.
Aproveitando a chuva para testar as cervejas de uma cervejaria em Portland, no Oregon, costa oeste dos Estados Unidos
No sábado voltamos às margens do Willamette, caminhamos até a Steel Bridge, a segunda mais antiga da cidade construída em 1912. Nos sábados uma das maiores atrações é o Saturday Market, uma feirinha hippie, de comidas e antiguidades, com uma cara de Largo da Ordem ou Vila Madalena. Artesanato, antiguidades, sebos, quinquilharias, carrinhos de comida, música, bem diferente do padrão americano que encontramos por aí, mais alternativo que o “normal”, mas ainda assim bem organizadinho.
No movimentado mercado de sábado, ao ar livre, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Atravessando a Iron Bridge, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Uma coisa que logo me chamou a atenção foram os carrinhos de comida nos estacionamentos do centro. Eles estão por tudo e são uma opção barata que tem bastante adesão entre os habitantes da cidade. Comida mexicana, grega, indiana, vietnamita e como você imaginar. O pessoal compra o almoço nestes carrinhos e vai até a praça mais próxima ou à beira do rio para almoçar. É difícil encontrar espaço para o comércio informal nos Estados Unidos, este é um toque de latinidade à Portland ou de desapego às regras tão presentes no padrão norte-americano. A cidade parece acolher melhor opções e alternativas para suprir todo tipo de necessidade e receber todo tipo de maluco.
Carrinhos de comida, típicos de Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Falando em maluco, é o que mais vemos pelas ruas, desde drogaditos à artesãos e malucos beleza que pensam que ter uma vida “alternativa” é viver nas ruas pedindo dinheiro, quase como uma forma de protesto, já que não tem muito a que protestar. Não consigo engolir um homem (ou uma mulher), jovem, sadio, sentado em uma praça com uma cara de “ripongo” e um cartaz pedindo dinheiro para comida. Há várias formas de se revoltar contra um sistema e esta, sem dúvida, não me comove e não ajuda em nada.
No movimentado mercado de sábado, ao ar livre, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
A nossa rápida passagem por Portland me deixou ainda mais curiosa com a cidade. A chuva, o cansaço e o tempo escasso acabaram deixando o nosso “approach” meio superficial. Tenho certeza que tendo mais tempo para sentir e explorar os guetos e galerias de arte, os bairros e parques além da área central, o encontro com a alma desta cidade tão reconhecidamente alternativa e independente seria sensacional.
Observando o Columbia River, em Portland, no Oregon, oeste dos Estados Unidos
Ontem a noite conhecemos no Eco Hostel 2 Gustavos. Um é o dono da pousada, gente boa pra caramba e outro é agente regional do Instituto Estrada Real, outro figura que entende muito aqui de toda a região. Ele trabalhou durante anos em agências de ecoturismo em Serra do Cipó e também como consultor de ecoturismo. Não tinha ninguém melhor para nos ajudar a resolver o roteiro que faríamos aqui na região. Foi uma noite de boas conversas e muitas perguntas para os Gustavos e acabamos saindo com uma consultoria completa!
Ana com os Gustavos, no Hostel de Tabuleiro - MG
Daí nasceu a Maratona Serra do Cipó, que ganhou o slogan “O máximo do mínimo”. Afinal, como faríamos para conhecer o máximo de coisas no mínimo de tempo, passando pelas 3 principais cidades e atrações da região em apenas 4 dias? O roteiro definido foi o seguinte:
MARATONA SERRA DO CIPÓ
1º DIA – 18/08/10
Cidade base: Tabuleiro, Distrito de Conceição do Mato Dentro.
Cachoeira Rabo de Cavalo – 170m, 2 horas de caminhada.
Cânion do Peixe Tolo – 3h30 de caminhada para chegar até o final do cânion, vamos ver até onde conseguiremos chegar.
2º DIA – 19/08/10
Cidade base: Tabuleiro, Distrito de Conceição do Mato Dentro.
Cachoeira de Congonhas – 107m de altura, 2 horas de caminhada.
Cachoeira do Tabuleiro – 273m de altura, a maior de Minas Gerais e 3ª maior do Brasil!
3º DIA – 20/08/10
Cidade base: Serra do Cipó, Distrito de Santana do Riacho.
Trekking de 20km que desce de Palácio, na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó até a portaria do meio, passando por:
- Cachoeira de Congonhas de Cima ou dos Guedes
- Cachoeira de Congonhas de Baixo
- Cachoeira do Gavião
- Cachoeira das Andorinhas
4º DIA – 21/08/10
Cidade base: Lapinha, Distrito de Santana do Riacho.
- Cachoeira do Bicame – 15km em 2h30 de caminhada.
- Travessia da represa de canoa para ver as Pinturas Rupestres.
Será que vamos conseguir? Temos que correr! Vem com a gente!
A majestosa Golden Gate, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
San Francisco é uma cidade que dispensa grandes apresentações. Criada pelos espanhóis e crescida em meio ao boom do Gold Rush da costa oeste, a cidade mais liberal dos Estados Unidos, e provavelmente das mais liberais do mundo, é um dos principais destinos turísticos do país.
Admirando arte de rua na mítica Haight Street, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Entretanto, San Francisco possui muito mais do que a famosa Golden Gate e suas gays venues para apresentar aos seus visitantes, que cá entre nós, para os viajantes curiosos e open minded, são a cereja do bolo e diversão garantida!
PRIMEIRO DIA
Fisherman's Wharf, o movimentado bairro em que ficamos hospedados em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Começamos as nossas explorações em um passeio pela região do turístico Fisherman´s Wharf e seus milhares de restaurantes de frutos do mar. O embarcadero estava lotado e já enfeitado para o Natal, com direito a coral infantil de músicas natalinas e uma multidão de leões marinhos procurando seu lugar ao sol.
Coçando a orelha no Pier 39, na orla de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Dali, avistamos a famosa Alcatraz, prisão de segurança máxima hoje transformada em museu. Para visitá-la apenas se programando com antecedência, os ingressos estavam esgotados há 3 meses! Então se quer visitar Alcatraz, programe-se e compre os tickets com antecedência.
A famosa prisão de Alcatraz, na baía de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Se você é da noite, também vale se informar nos acontecimentos da cidade, festas e shows, sempre tem alguma coisa acontecendo! Chegamos em um sábado e logo fomos convidados para uma festa da peruca em um dos bares gays mais antigos de San Francisco. Nos divertimos à beça! Todos devidamente emperucados, boa música e ótimas companhias nos deram as boas vindas perfeitas à cidade!
Na nossa primeira noite em San Francisco, uma animada "Festa da Peruca" (na Califórnia, nos Estados Unidos)
O convite foi de um amigo que eu não encontrava há pelo menos 10 anos! O Sidney se mudou para os Estados Unidos e não nos vimos desde então. Valéria, nossa grandessíssima amiga em comum sempre nos manteve atualizados e o facebook nos reaproximou, mas o reencontro foi mais emocionante do que eu podia imaginar! O mundo une pessoas com energias parecidas e com alguém tão especial como o Sid, não poderia ser diferente. Ele nos recebeu, nos levou para lá e para cá, apresentando a cidade, nos contando a história e a dinâmica de um lugar que está sempre na vanguarda dos movimentos mundiais.
O Sidney cuidou da gente em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
SEGUNDO DIA
Coit Tower, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Há muito para ver na capital cultural e artística do norte californiano. Portanto, não nos deixamos abalar pela noitada e saímos caminhando do Fisherman´s Wharf até a Coit Tower, que tem uma vista lindíssima de toda a Bay Area e do centro da cidade. Dali é um pulinho para a Washington Square, praça central com bons restaurantes e cafés, ótima para ver o movimento em uma manhã ensolarada.
Treinando o equilíbrio na Washington Square, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
No topo da Coit Tower, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Em um roteiro por San Francisco sem dúvida não pode faltar uma visita ao Chinatown, bairro chinês mais antigo de todo os Estados Unidos! Caminhar por suas ruas é mais ou menos como dar um pulinho em uma Pequim capitalista ou um bairro de Hong Kong. Restaurantes, mercadinhos, mercearias, salões de beleza e lojas com todas as quinquilharias imagináveis, te transportam pelo espaço e tempo rumo ao oriente.
Caminhando pela Chinatown de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Isso sem falar nos sinais e placas escritos em chinês, se ainda resta alguma dúvida do teletransporte, olhe para cima e as lanternas penduradas pelas ruas, os telhados no estilo de pagodas e o Dragon Gate, portal da Chinatown, ajudarão a exterminá-las. Respire, prove um autêntico dim sum e relaxe.
Visitando a bela e movimentada Chinatown de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Os chineses se estabeleceram neste bairro em 1848, vindos nas levas de trabalhadores de mão de obra barata para as minas de ouro, e quase foram arrancados dali durante as crises econômicas subsequentes. Resistiram e ao invés de serem expulsos, acabaram sendo restringidos de existir (leia-se: viver e trabalhar) fora das fronteiras de Chinatown entre 1877 a 1945! Hoje ela é a maior Chinatown fora do continente Asiático.
Chegando à Chinatown de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Visitando a bela e movimentada Chinatown de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Depois da viagem ao oriente, voltamos ao Tio Sam e guiados pelo Sidney fomos finalmente conhecer uma das pontes mais famosas do mundo, a Golden Gate! É curioso como uma ponte pode ser uma atração turística, mas o fato é que ela é linda mesmo e para aumentar a sua popularidade o cenário onde ela foi colocada é de tirar o chapéu. Como vocês já devem ter notado a ponte não é dourada, mas ela foi assim batizada por estar colocada no estreito de mesmo nome. O estreito de Golden Gate, portal de entrada para as águas tranquilas da baía de San Francisco, recebeu este nome após 1840 quando era o portal de chegada dos milhares de caçadores de tesouros em busca do ouro encontrado aqui na costa oeste.
Atravessando a Golden Gate de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
A Golden Gate, que atravessa a entrada da baía de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Atravessamos os seus 2,7km no jipe do Sid com a maior sensação de Telma e Louise, cabelos ao vento e pé na estrada! Sensacional! Um pit stop no restaurante indiano na charmosa Sausalito e estávamos prontos para mais duas horas de descobertas nos arredores da Marin County.
O Sidney nos levou de jipe para passear em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Foi uma surpresa maravilhosa atrás da outra, pois como estávamos com um local, não fizemos o dever de casa e nem tínhamos muita ideia do que iríamos encontrar do outro lado da ponte. Percorremos toda a estrada cênica ao longo do Marin Headlands State Park, cada mirante uma vista mais espetacular do estreito, da cidade e da Golden Gate. Só faltou o sol vencer as nuvens para torná-la mais dourada para nós.
Muito felizes na cidade de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Fomos até o final da Mitchel Road e chegamos à praia da Rodeo Cove, onde alguns corajosos surfistas enfrentavam o frio, famílias se reuniam para piqueniques e hikers se aventuravam pela Coastal Trail que continua adiante. Lá encontramos Gary e Peggy, um casal de amigos do Sidney, dois escritores que possuem uma editora e um site de "viagens verdes”. O Green Travel Guides tem dicas sobre tudo que é verde e ecologicamente correto, conceito bacaníssimo!
Praia ao norte de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
De lá ainda fomos até a casa de uma amiga em Tiburón e lá tive um novo reencontro especial, agora com a Ane, irmã do Sidney, que eu também não encontrava há pelo menos uns 8 anos! Histórias, risadas e aquele sentimento que não tem preço, de estarmos em casa, ao lado de pessoas queridas.
Com o Sidney, prontos para atravessar a Golden Gate em seu jipe (em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos)
TERCEIRO DIA
Andando nos famosos bondinhos de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
No nosso terceiro dia na cidade calçamos os nossos confortáveis tênis e saímos caminhando. Pegamos uma rápida carona no tradicional Bondinho da Powell & Hyde Streets, descemos em Chinatown e andamos, andamos e andamos. Na minha humilde opinião não há melhor forma de conhecer uma cidade do que a pé, sentir seu ritmo, ver a arquitetura, as pessoas e ainda garantir um exercício. Os sobes e desces dos 43 montes de San Francisco nos fazem lembrar as ladeiras de Belo Horizonte. O marido mineiro, saudoso da sua terra, teimava em repetir como San Francisco parecia “Beagá”, só com um detalhe, tem que adicionar o MAR! Quem sabe uma boa mistura de BH com Rio de Janeiro e a gente chega mais perto!
As famosas ladeiras de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
O roteiro de aproximados 10km começou na Union Square com seu ringue de patinação e arranhas céus da Saks e Macys. Almoçamos em uma pâtisserie deliciosa no Yerba Buena Gardens e continuamos caminhando pela Market Street em direção ao Centro Cívico. Apenas passamos por ele, mas curiosamente é o lugar aonde mais vimos mendigos pelas ruas. Será que escolheram morar lá para serem notados pelos políticos? Bem pensado!
Ringue de patinação no gelo na Union Square, centro de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Nosso roteiro a pé por San Francisco
Outro ponto alto do tour por San Francisco é a visita à meca hippie da cidade, para caminhar pelas mesmas calçadas onde andaram Jannis Jopplin, Jimmy Hendrix e tantos outros que viveram a época mais livre e louca de todos os tempos e criaram canções que viraram lemas de toda a geração paz e amor.
Mercado orgânico sob as imagens dos famosos roqueiros dos anos 60, na Haight Street, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Nas ruas algumas imagens relembram os ídolos, malucos beleza vivendo de arte, murais psicodélicos grafitados, estúdios de tatuagens e piercings, new hippies vivendo no passado que já não lhes pertence e lojas vendendo canabis sativa para uso medicinal.
Na Haight St. pode-se encontrar várias lojas como essa! (em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos)
Marijuana, só com prescrição médica! (na Haight St., em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos)
Lá no final da Haight Street o começo do Golden Gate Park, que embora tenha o nome, não tem a ponte. O imenso parque criado em 1865 possui centros de pesquisa, exposições, museus, jardim botânico, jardim japonês, quadras esportivas e até clube de bocha. Se você é de parques reserve um dia inteiro só para explorá-lo.
Pausa para descanso em escadaria colorida no Golden Gate Park, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Japonese Tea Garden no Golden Gate Park, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Antes de chegarmos à Haight ainda passamos pela Alamo Square, a praça onde estão as delicadas Painted Ladies, casas do estilo vitoriano bem preservadas e com uma bela vista da baía. Enquanto andamos pela cidade é comum aquela sensação de dejá vu, não se preocupe, não foi a sua vida passada ou uma estranha conexão energética, são apenas as dezenas de filmes hollywoodianos que você já assistiu.
Casas vitorianas na Alamo Square, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Caminhando na deliciosa Alamo Square, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
A noite começou no Magnolia, uma microcervejaria na Haight St, que além de cervejas ótimas faz também umas linguiças artesanais divinas! Nesta noite eu e o Ro nos separamos, ele caminhou outros 10km de volta para o hotel, enquanto eu fui para o Castro com o Sidney. Entre a flamejante bandeira dos transexuais, que comemoravam hoje o seu dia, e um wine bar, passamos pela casa do ativista político Harvey Milk.
O conhecida região de Castro, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Harvey Milk, um dos grandes heróis de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Ele foi o primeiro político assumidamente gay a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos. Milk lutou pelos direitos civis da comunidade GLS e foi a voz ativa de um mundo sem preconceito sexual. No dia 28 de Novembro de 1978, depois de apenas 11 meses no cargo, Harvey Milk e o prefeito Moscone foram assassinados pelo ex-colega de gabinete Dan White. Fechamos a noite no alto dos Twin Peaks, com uma vista noturna fantástica da cidade.
Do alto de Twin Peaks, a bela visão noturna de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
QUARTO DIA
O MOMA de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Um dia frio e chuvoso foi perfeito para uma manhã bem preguiçosa, seguida por uma tarde no museu. Já havíamos caminhado nos arredores do SOMA - South of Market – quando estivemos no Yerba Buena Gardens e hoje voltamos com mais tempo para conhecer melhor a alma cultural da cidade.
O MOMA, Museu de Arte Moderna, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
O Rodrigo, apaixonado por quadrinhos, resolveu pegar leve e entrar no Cartoon Art Museum, já que o Museu da Diáspora Africana estava fechado. Eu entrei no San Francisco Museum of Modern Art, o SFMOMA. Duas horas e meia foram poucas para visitar todas as exposições, então me concentrei nas amostras permanentes e me apaixonei pela obra da artista plástica Jay DeFeo.
Interior do MOMA, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
DeFeo se desenvolveu em meio a tantos outros artistas e poetas na Bay Area de San Francisco e ganhou o mundo viajando para estudar e aprimorar sua arte na Itália e outros países europeus. Um trabalho intenso que reúne diversas técnicas, desde pintura, escultura e joalheria até fotografia e colagens. Sua peça mais famosa é “The Rose”, uma tela pintada e esculpida em óleo sobre tela em 8 longos anos. Aos curiosos e interessados, a exposição dela estará aberta no SFMOMA até o dia 03 de fevereiro de 2013.
Fonte iluminada na Yerba Buena square, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Ali, vizinho ao museu, está o Sofa Lounge, bar do restaurante lounge abrazucado Bossa Nova onde o Sidney reuniu amigos para comemorar o seu aniversário. Pois é, não nos víamos há 10 anos e chegamos aqui justamente na semana do seu aniversário, demais!
Socializando em bar durante a festa de aniversário do Sidney, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Foi uma noite divertidíssima, regada à música e petiscos brasileiros, algumas caipirinhas e com ótimas companhias! Um amigo que cresceu no Alasca e locais como o Bongo, paraquedista e percussionista que tem uma produção artesanal de tambores e uma energia invejável! Do alto dos seus 60 e poucos anos levantou os bancos do bar e nos acompanhou até o forró saideira da noite. Obrigada Sid, nossa passagem por San Francisco não seria a mesma sem você!
Conversando com o simpático "Bongo", no aniversário do Sidney em bar de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Autêntico forró na noite de San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Bye Bye SanFran!
Fiona, seguindo a fila, descendo a Lombard Street, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
A despedida de San Francisco foi na manhã seguinte, passando com a Fiona pela rua mais curva do mundo, a Lombard Street. Já havíamos ziguezagueado por ela com o Sid na nossa primeira noite na cidade, emperucados e completamente sozinhos na sempre movimentada e disputada atração turística.
Lombard Street, a rua mais torta do mundo, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Descendo a rua mais torta e florida do mundo, a Lombard Street, em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos
Desta vez tivemos que entrar na fila, uma, duas, três vezes para tirar fotos e registrar a passagem da Fiona na Expedição 1000dias por este marco da cidade. Almoçamos em Berkeley, cidade universitária das mentes brilhantes que logo estarão decidindo o futuro do país, criando teorias e fazendo novas descobertas para um mundo melhor.
Visita à Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos
Assim nos vamos de San Francisco, a cidade da liberdade, da tolerância e do respeito. Uma cidade plural que está sempre no futuro, mesmo quando olhamos para o passado, e que continuará com essa alma viva, inventiva e intensa. Até logo San Francisco, voltaremos a nos ver.
Eu amo San Francisco! (Califórnia, nos Estados Unidos)
Chegando à região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatados Unidos
Mil e oitocentas e sessenta e quatro ilhas (sim, 1.864!!!!) para ser mais exata. Parece mentira, mas não é. Esta constelação de ilhas se formou ao longo de 80km do St Lawrence River depois da última glaciação. Há 12 mil anos a retração dos glaciares foi depositando aqui toneladas e mais toneladas de pedras e sedimentos que formaram as atuais ilhas.
Veleiro na região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatdos Unidos
Elas têm todos os tamanhos, podem ser particulares ou até abrigar pequenas vilas, mas para serem consideradas ilhas elas devem se encaixar nos seguintes critérios:
1) Estar acima d´água durante todo o ano.
2) Ter uma área maior que 1 square-foot ou, traduzindo para o mundo, 0,093m2 = 929,03cm2!!!
3) Comportar pelo menos uma árvore, viva, é claro.
A menor ponte internacional do mundo, ligando uma ilha canadense à outra americana, na região de 1000 Islands
Elas estão localizadas na fronteira dos estados de Nova Iorque, EUA e de Ontario, Canadá. Uma longa fronteira que se tornou refúgio de milionários de Nova Iorque, Chicago e outras grandes cidades dos EUA e do Canadá. A região nos fez lembrar Angra dos Reis, lugar de ricos e famosos reunidos em casas milionárias e com seus pequenos iates estacionados em suas garagens.
Pequena casa com seu "carrinho" na garagem, na região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatdos Unidos
As águas são verdes e transparentes, só diferem mesmo o sal do mar e as árvores tropicais que temos no lugar das coníferas. Um dos pontos altos do passeio é o Boldt Castle, construído por George Boldt, gerente geral dos hotéis Waldorf-Astoria em Nova Iorque nos idos de 1900.
Construções excêntricas na região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatdos Unidos
Curiosidade: o famoso molho de saladas Thousand Islands foi criado em um cruzeiro ao redor destas ilhas e batizado em sua homenagem. Sua notoriedade se deu justamente através de Boldt e seu chefe de cozinha, que o adotaram no badaladíssimo Waldorf-Astoria.
Uma das pequenas ilhas entre as mais de mil da região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Estados Unidos
A navegação ao redor das Thousand Islands é bastante dificultada pela quantidade de pedras, baixios e bancos de areia. Vários acidentes já aconteceram, barcos foram à pique e o que ficou por lá hoje é a alegria de mergulhadores, um grande parque de naufrágios. Este “museu naval submarino” possui embarcações do final do século XIX praticamente intactos, pois a água doce é menos corrosiva à estrutura do navio. Até onde conseguimos pesquisar existem duas operadoras de mergulho, ambas em Rockport há uns 25km de Gananoque. Faltou dizer que a primeira vez que ouvimos falar de Thousand Islands foi através do nosso amigo Tony Flaris, guia e instrutor de mergulho em cavernas na Flórida. O verão é a temporada de mergulho aqui, com a temperatura da água entre 21 e 24°C, já que no inverno ela pode chegar a até 10°C!
Passeio de barco pelas 1000 Islands, fronteira de Canadá e Estados Unidos
Uma das melhores formas de conhecer a região é em um tour de barco. O sobrevoo também deve valer muito à pena, mas é ainda mais dependente das condições climáticas e, em minha opinião, não substituiria o barco. As outras opções seriam um passeio de caiaque, mais jovem, esportivo e ecológico, mas menos abrangente. Outro “truque” é organizar uma saída de mergulho, pois além de mergulhar, já ganhamos uma carona para vermos a paisagem também acima da água.
Passagem estreita entre ilhas das região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Estados Unidos
Aqui do lado canadense também vale dirigir pela Thousand Islands Parkway, estrada que margeia o Rio St. Lawrence entre Elizabethtown e Gananoque. Nós saímos de Ottawa em torno das 17h e fizemos em menos de duas horas todo o trajeto, com uma parada rápida em Brockville e um final de tarde prateado sobre as águas do rio. Em Gananoque ficamos hospedados na pousada Turtle Island Inn, um bed and breakfast super charmoso com um café da manhã delicioso! Tive que quebrar a dieta e comer as exclusivas panquecas de blueberry, divinas!
Máscaras indígenas que enfeitam e protegem dos maus espíritos a nossa pousada em Gananoque, na região das 1000 Islands, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
Gananoque é uma cidadezinha tranquila às margens do rio e uma ótima base para explorar a região. No dia seguinte, mesmo com chuva, saímos cedo e nos unimos a uma excursão de duas horas com a Gananoque Boat Line, para conhecer a região. O tour é guiado automaticamente, ou seja, com uma gravação que repete o mesmo conteúdo em todas as saídas. Ficamos com aquela sensação de termos caído em uma emboscada turística, mas barcos particulares não existem e as outras opções ficaram prejudicadas pela chuva. Detalhe, choveu quase o passeio inteiro, a sorte foi que o tour não estava cheio e pudemos nos proteger na parte interna da embarcação.
Nosso meio de transporte na região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatdos Unidos
Durante o nosso tour, eram intercaladas imagens dos mergulhos em cada um desses naufrágios, contando um pouco da história de cada um. Isso só nos deixou ainda mais loucos para mergulhar ali, mas sem saídas programadas e nem mais mergulhadores interessados, a contratação para a saída de um barco ficou inviável. Quem sabe voltaremos um dia para explorar as águas das mil ilhas com mais calma, mais sol e mais profundidade, literalmente!
Passeio de barco na região de 1000 Islands, na fronteira de Canadá e Esatdos Unidos
Chegando à Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
Com os jardins suspensos mais vivos e produtivos do mundo, o Vale Sagrado não chegou a entrar na lista das 7 maravilhas do mundo antigo, como seus irmãos babilônicos, mas até hoje deixa de queixo caído centenas de milhares de turistas que o visitam de todos os cantos do globo.
Garoto e lhamas posam para fotos em mirante do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
As terraças andinas penduradas nas encostas das gigantes montanhas dos Andes dominam a paisagem deste vale tão sagrado para o povo andino. Sagrado por sua água, por seu clima e claro, por ser o celeiro que alimentou e continua alimentando gerações e gerações na região.
A famosa e bela paisagem do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
Os estreitos vales andinos não foram suficientes para alimentar os antigos Wari, na região de Ayacucho. A partir do século VI eles começaram a desenvolver a técnica de plantio dos Andenes, terraços cortados com 2 ou 3 metros de largura em montanhas com 45° (ou mais) de inclinação e preenchidos com terra cultivável. A técnica exigia uma grande força de trabalho e aos poucos foi sendo aperfeiçoada e disseminada pelos Waris (ou Huaris), primeiro grande império andino entre os séculos VI e X. Apenas mais tarde ela ganharia escalas babilônicas, depois da conquista do Vale de Tambo pelo Inca Pachacútec (1438). Pachacútec, é o Alexandre - O Grande aqui na América do Sul, ele foi o responsável pela transformação do pequeno reino de Cusco no grande Império Inca.
As incríveis ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
O terreno seco e pedregoso dos Andes aqui é cortado pelo Rio Urubamba, um dos principais rios do Perú que faz parte da bacia do Rio Amazonas. De Písac até o povoado de Urubamba ele ganha o nome de Rio Vilcanota, que em inca significa sagrado ou coisa maravilhosa.
Subindo a íngrime montanha onde estão as ruínas incas de Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
A 2.800m sobre o nível do mar esta obra de engenharia agrícola possui uma tecnologia incrível de canais de irrigação e terraços de plantio. As construções dos terraços de pedra impermeabilizados, irrigados e desenhados contra terremotos e deslizamentos de terra feita pelos povos pré-colombianos viabilizou o plantio em terrenos tão íngremes e pedregosos. Eles transformaram a paisagem dando novos contornos às montanhas do Vale Sagrado, que até hoje é conhecido por possuir o melhor grão de milho de todo o Perú.
Alguns dos muitos tipos de milho que existem no país, nas Salinas de Maras, no Valle Sagrado, perto de Cusco, no Peru
Originalmente chamado de Valle del Tambo, o Vale Sagrado foi povoado pelos Ayamarcas vindos do Altiplano em busca de melhores terras para o cultivo. Um vale verde com montanhas todas recortadas de cima a baixo e entremeada por pequenos povoados indígenas e ruínas incas, hoje se tornou um dos paraísos dos aventureiros e exploradores apaixonados por história, aventura e arqueologia.
O garoto e as lhamas: foto típica no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru
No roteiro estão os sítios arqueológicos como Sacsayhuamán, Písac, Moray, Maras e Ollantaytambo. Ollanta merece um capítulo à parte, não apenas por sua história, mas também por ser das poucas cidades incas ainda viva. Nos próximos posts vamos dar uma olhada em cada um dos sítios incas de beleza e proporções babilônicas que visitamos no Vale Sagrado, vamos?
Visita à impressionante torre de pedra chamada Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
A road trip cruzando os Estados Unidos de leste a oeste continua e hoje é mais um daqueles dias longos de estrada. Porém, mesmo nestes dias, preferimos sempre combinar o caminho mais bonito e o mais prático, então a viagem não fica tão chata. Estávamos na pequena Hill City, no coração das Black Mountains e escolhemos como via de saída a estrada cênica que cruza o Spearfish Canyon.
A linda paisagem de uma estrada cênica no norte de Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Grandes paredões de pedra ladeiam a estrada, entrecortada por um pequeno rio que forma pequenos lagos aqui e acolá. Pegamos várias estradinhas secundárias de terra em um cenário campestre bem bucólico e quando menos esperamos já estávamos cruzando novamente a grande Interestadual-90, vulga I-90. Neste detour pelo Badlands e pelas Black Hills até havíamos nos esquecido dos milharais e cilindros de feno espalhados pelas grandes planícies americanas.
A linda paisagem de uma estrada cênica no norte de Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Roteiro Hill City ao Grand Teton NP
Atravessamos a fronteira entre os estados de South Dakota e Wyoming, com uma rápida parada no mega completo centro de visitantes do estado. Sim, o turismo aqui é um negócio tão desenvolvido que cada estado possui o seu próprio centro de visitantes nas principais estradas de cada fronteira estadual!
Chegando ao Wyoming, nos Estados Unidos
Lá encontramos um pequeno museu com a história da colonização, vida selvagem, mapas e os principais atrativos turísticos do Wyoming e olhem que não são poucas! Aqui está nada mais nada menos do que o maravilhoso Yellowstone, além dos seus companheiros parques nacionais Grand Teton e Bighorn Canyon.
Exposição no excelente Centro de Boas Vindas do Wyoming, nos Estados Unidos
Teremos que cruzar todo o estado para chegar lá, mas antes, muito antes está um dos mais impressionantes monumentos esculpidos pela natureza, o Devils Tower National Monument, também conhecido pelas nações indígenas como “Bear Lodge” ou “A Casa do Urso”. Para variar algum colonizador chegou aqui e fez uma tradução mal feita de um dos vários nomes indígenas da torre.
A imponente Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Surgido há mais de 50 milhões de anos, a Devil´s Tower é uma formação vulcânica, formada pela pressão da lava derretida sobre as rochas sedimentares acima dela. A lava esfriou e se fraturou hexagonalmente, criando imensas colunas facilmente percebidas ao redor da montanha. Milhões de anos erodiram a rocha sedimentar e aos poucos a estrutura de rochas vulcânicas ficou exposta. É difícil entender como uma montanha roshosa tão imensa poderia estar enterrada!?! Isso significa que a terra aqui seria pelo menos 270m mais alta do que hoje! A propósito, a imensa torre de pedra tem mais de 300m de diâmetro e 265m de altura!
Chegando à incrível Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Local sagrado para as populações indígenas que habitam a região das Great Plains, várias lendas explicariam a sua origem. A mais curiosa delas vem do povo Kiowa que conta: 8 crianças brincavam, 7 irmãs e seu irmão. O menino repentinamente começou a tremer e no seu corpo cresceram pelos e nas mãos imensas garras, já não era mais um menino, mas um imenso urso que perseguia suas irmãs. Elas correram subiram em uma árvore e pediram à árvore que as protegesse. A árvore respondeu e cresceu para que ficassem fora do alcance do grande urso. O urso arranhou toda a árvore, tentando subir para devorá-las e assim se formaram as “ranhuras” ou colunas da grande torre. As sete meninas foram tão alto que subiram aos céus e se tornaram a constelação Ursa Maior, conhecida como “Big Dipper”, em inglês.
As colunas que formam a Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
A lenda é fantástica, mas o que eu consigo claramente concluir é que se esta história realmente aconteceu, o grande urso teria comido não apenas o pequeno irmão, como também as sete meninas, que não apenas desapareceram, como viraram estrelas! De qualquer forma é uma linda forma de contar a história para os seus amiguinhos.
A imponente Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Hoje a torre é um monumento nacional e é frequentado não apenas por turistas que caminham nos seus arredores, mas principalmente por alpinistas que utilizando técnicas de escalada em rocha enfrentam longas e extenuantes vias para chegar ao topo da montanha. Existem mais de 220 vias abertas, que recebem mais de 5 mil alpinistas de vários cantos do mundo, todos os anos.
Alpinistas escalam a Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Alpinistas voltam da Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Há um período entre os meses de junho e julho em que a torre está fechada para escalada, quando as festividades e dias sagrados para as nações indígenas ganham preferência e mais privacidade para vir ao pé da montanha fazer seus rituais e oferendas.
Homenagens indígenas, muito comum na mata ao redor da Devil's Tower, em Wyoming, nos Estados Unidos
Nós passamos duas horas caminhando ao redor da torre, tirando fotos e respirando ar fresco, impressionados com a perfeição e grandiosidade da sua natureza. Com as energias recarregadas pegamos estrada, cruzamos a Bighorn National Forest e dirigimos até cansar, a caminho do Grand Teton e Yellowstone National Parks.
A Devil's Tower fica no retrovisor da Fiona, em Wyoming, nos Estados Unidos
Dormimos na pequena cidade de Riverton, apenas uma parada para amanhã continuarmos as explorações do grande e selvagem Wyoming.
Belíssimo pôr-do-sol nas estradas de Wyoming, nos Estados Unidos
Cruzando um gigantesco canyon no centro de Wyoming, nos Estados Unidos
Fotografando Parati - RJ
Primeira atividade do dia, descobrir algum barqueiro ou pescador que pudesse nos levar para o Pouso da Cajatiba. Já havíamos nos informado e as informações que recebemos foram diversas, poderíamos encontrar um barco de linha que nos levaria por um valor menor ou ainda encontrar um pescador de Pouso que estivesse retornando para lá. O Rodrigo foi ao porto e descobriu que não existe um barco de linha, sugeriram que a gente converse durante a tarde no cais dos pescadores para encontrar alguém que nos leve.
Casa em Parati - RJ
Segunda atividade do dia, fazer o check out da pousada e pegar a estrada para Paraty-Mirim, onde já tínhamos o esquema com o barqueiro para nos levar ao Saco do Mamanguá. Chegando lá descobrimos que o vento não estava permitindo saídas, nem para o Mamanguá, nem para Paraty-Mirim.
Aprendizado do dia: quando dependemos de fatores naturais não se deve criar expectativa, caso contrário poderá acabar frustrado.
Aproveitamos para assuntar no barzinho da praia e acabamos descobrindo algumas coisas interessantes. Paraty-Mirim é o nome do rio que desemboca nesta praia, mesmo rio que há 15 anos destruiu e refez toda a paisagem da praia de mesmo nome. A comunidade ficou isolada durante dias, pois a inundação fechou a estrada e só quando o mar acalmou é que puderam acessá-la de barco. A paisagem está completamente diferente, antes para chegar à praia tinha que atravessar o rio que corria à beira mar, a descrição me lembrou um pouco a Guarda do Embaú. Da história antiga local, restaram algumas ruínas de uma antiga fazenda do tempo dos escravos.
Igreja de Parati Mirim - RJ
Já que teremos um dia de espera, tivemos que passar a tarde em Paraty, que chato... Coisas da vida! Saímos fotografar a cidade imbuídos do espírito que tomou conta das ruas de Paraty com o Festival de Fotografia que está começando hoje, o Paraty em Foco. Dezenas de fotógrafos caminhavam pelo centro antigo com suas Nikons e Canons, cada um praticando o seu olhar e buscando o melhor ângulo para registrar a vila.
Parati - RJ
Passei o restante do dia trabalhando nos projetos do 1000dias e no site, enquanto o Rodrigo dormia profundamente ao meu lado. Um dia mais light como este é importante de vez enquando, faz bem a saúde, aos negócios e não tem contra-indicações!
Rua em Parati - RJ
A bela praia de Parlatuvier, durante viagem de Speyside à Crownpoint, em Tobago
Estamos longe da Fiona, mas não conseguimos ficar longe de uma boa estrada. Hoje decidimos conhecer todo o litoral norte da ilha de Tobago, explorando a maravilhosa Northside Road.
Northside Road, de Speyside à Crown Point, em Tobago
Esta estrada liga Speyside, no extremo leste da ilha, à Crown Point, no extremo oeste, passando por charmosas vilas, belas praias e magníficas baías. O histórico de colonização da ilha torna ainda mais interessante este passeio, pois passamos por vilas de diferentes origens, como a inglesa Charlotteville e a francesa Parlatuvier. Todas entretanto são muito bem temperadas pelos habitantes tobagonians, a grande maioria de origem africana, além de muito calypso e soca music!
Dirigindo de Speyside à Crownpoint, em Tobago
A estrada sobe e desce as encostas montanhosas, encontrando a cada 10km um povoado diferente, passamos L´Anse Fourmi e logo avistamos a famosa Bloody Bay, palco de alguma batalha sangrenta entre holandeses, franceses e ingleses pela posse da ilha. Hoje fica até difícil imaginar este povo guerreando em suas tranqüilas águas. Ao longe avistamos dois barcos de mergulho nas Sister Rocks, nossos amigos alemães estavam todos lá e nós estaríamos também se não tivéssemos que voar amanhã.
Vista do restaurante em Castara Bay, durante viagem de Speyside à Crownpoint, em Tobago
Fizemos um pequeno detour até a entrada da Gilpin Trail, uma trilha entre a mais antiga Reserva de Floresta Tropical (Rain Forest) do Ocidente, pelo menos é assim que ela se apresenta. O tempo mudou e nós também decidimos continuar no litoral ao invés de entrarmos na floresta. Retornamos à Northside Road passando por Parlatuvier, passamos reto pela Englishman´s Bay e fomos direto à Castara.
Chegando à Englishman's Bay, durante viagem de Speyside à Crownpoint, em Tobago
Castara Bay é um dos novos hot spots para viajantes que procuram algo alternativo e querem ficar longe dos resorts. Encontramos um restaurante super convidativo à beira da praia, mesmo sendo o menu do dia apenas pizza, não resistimos em parar ali e aproveitar a aprazível atmosfera à beira mar.
Restaurante em Castara Bay, onde almoçamos durante a viagem de Speyside à Crownpoint, em Tobago
As distâncias do mapa que temos são um pouco fora de proporção, quando paramos em Castara achamos que estávamos chegando na Englishman´s Bay, então retornamos um pouco e encontramos a pequena estrada que dá acesso a esta praia. Sem dúvida uma das praias mais virgens deste litoral, possui apenas um pequeno restaurante com cardápio crioulo e um bom abrigo para a hora da chuva. Enquanto esperávamos a chuva passar acabamos conhecendo dois casais norte americanos, de Milwauakee. Divertidíssimos e super viajados, Trip, Barbie, Bob e Debbie são parceiros de várias aventuras pelas águas do Caribe e América Central, tentando escapar um pouco do frio de 20°F, algo próximo à - 8°C com muuuita neve.
Encontro com os casais americanos de Miwaukee, na praia de Englishman'Bay, em Tobago
Quando a chuva parou e o sol ameaçava sair novamente, caminhamos nesta praia de areias grossas e douradas, entre o verde das montanhas e do mar. Aqui a nostalgia tomou conta, pois em um piscar de olhos nós podíamos imaginar nossos sobrinhos correndo na praia, meus sogros caminhando e o Rodrigo, Guto e Pedro nadando na raia da Praia Vermelha. Este litoral aqui é realmente muito parecido com o litoral norte paulista, porém com água de verde ainda mais radiante.
Praia de Englishman'´s Bay, na costa norte de Tobago
Great Courland Bay, região de Crownpoint, em Tobago
Voltamos à estrada, descemos o Arnos Vale e chegamos à Great Courland Bay onde fica o Turtle Beach Resort, por isso é também conhecida como Turtle Beach. Uma praia imensa com um pôr-do-sol fantástico para brindar o final do nosso dia em Tobago. Passamos ainda ao largo de Plymouth e Bucoo Bay em direção à Crown Point, já em clima de despedida. Amanhã seguimos para St. Maarten e St Martin logo cedo, onde iremos comemorar o primeiro aniversário dos 1000dias!
Magnífico pôr-do-dol em Great Courland Bay, região de Crownpoint, em Tobago
Montanhas ao longe, na reserva de Iwokrama, na Guiana
Hoje é o dia de finalizarmos a travessia do Arco-Norte, como é conhecida esta rota entre Amapá e Roraima, passando pela Guiana Francesa, Suriname, Guiana. Este último trecho entre Georgetown e Lethem é sem dúvida o mais puxado e um dos mais emocionantes. São 570 km, sendo 110 de asfalto e outros 460 km em estrada de terra. A longa estrada esburacada exige muita paciência e auto-controle, enquanto vamos brigando com a ansiedade e vontade de voltar para o Brasil.
Entrando na cidade de Linden, na Guiana
Saímos às 5 horas da manhã de Georgetown, decididos a fazer o caminho até Lethem, embora algumas pessoas nos dissessem ser impossível, “poderíamos levar até 20 horas na estrada”. Tínhamos esperança de estarem superestimando a estrada ou subestimando a Fiona, rsrs! Os primeiros 110km são em asfalto e passando o tempo todo por pequenas cidades e vilarejos, são 24 ao todo até chegarmos à cidade de Linden. A segunda maior cidade da Guiana, Linden fica próxima ao principal aeroporto do país e é também a última cidade no caminho. Fizemos uma parada para abastecermos e comprarmos suprimentos para os próximos 300km. Pouco antes de paramos a Fiona começou a reclamar do diesel aguado do Suriname, tivemos que vazar o filtro de combustível pela primeira vez durante a viagem, muuuita água.
O único posto nos 450 Km entre Linden e Lethem, na Guiana
A estrada de terra é larga e começa muito ruim, média de 40 km/h. Alguns mais corajosos e conhecedores da estrada passavam por nós batidos, 60, 70km/h. Hoje a estrada promete estar movimentada já que é início de feriadão de Páscoa. Mais de 5 mil pessoas devem se reunir em um dos principal eventos do ano no país, o Rodeio de Lethem. Competição de dança, trajes típicos, comidas e bebidas guianesas e brasileiras e é claro, as competições de montaria dos bois e cavalos.
A deserta estrada de terra de 450 km entre Linden e Lethem, na Guiana
Em alguns trechos o solo é bem arenoso, portanto a mata fica baixa, entre 2 e 3m de altura. Mas quanto mais entramos no interior, mais úmida, verde e vivaz a vegetação vai ficando. 80km a frente paramos no único posto em toda a estrada e tivemos uma bela surpresa! Encontramos o casal Cynthia e Eduardo da Expedição Bordas do Brasil! São dois professores de Belo Horizonte que estão há 4 meses na estrada, contornando o país inteiro coletando dados demográficos e sobre o empreendedorismo feminino - www.bordasdobrasil.com.br, muito bacana o projeto!
Encontro com o casal brasileiro do projeito "Bordas do Brasil" no único posto nos 450 Km entre Linden e Lethem, na Guiana
Os dois são super animados e acelerados, já estão adiantados no cronograma, saíram de BH na Landhover (uma Defender 90), já desceram até o extremo sul, fecharam toda a borda oeste e agora estão seguindo para o arco-norte, porém no sentido inverso. Boa sorte aos aventureiros e espero nos encontrarmos em breve! Ah, e olha que mundo pequeno, eles já sabiam da nossa existência, pois como também são mergulhadores conheceram o Reinaldo em BH, nosso instrutor de mergulho da Acquanauta, que comentou sobre o projeto. Êita mundin pequeno!
Encontro fortuito com o casal brasileiro do projeito "Bordas do Brasil" no único posto nos 450 Km entre Linden e Lethem, na Guiana
Do posto dirigimos por mais 2h30 até chegar em Karupukari, local onde precisamos atravessar o Rio Essequibo, um dos principais rios do país. A balsa funciona de hora em hora das 6h as 18h e o passe só é vendido em Georgetown! Custa 7 mil dólares guianeses, equivalente a US$ 35,00. Na balsa cabem bem umas 9 caminhonetes, conseguimos chegar sem muita fila mas logo ela lotou.
Embarcando a Fiona para a travessia do rio Essequibo, na Guiana
Alguns quilômetros depois chegamos à portaria do Parque Nacional Iwokrama, hoje área de preservação, antigamente área de caça do Príncipe Charles. Disseram-nos que é muito bacana fazer este trecho durante a noite, pois é fácil avistar animais selvagens cruzando a estrada. Quem sabe numa segunda vez, depois de já conhecermos o caminho, não quisemos arriscar.
Socializando na travessia do rio Essequibo, à caminho de Lethem, na Guiana
Conferência dos documentos do veículo e seguimos em frente, agora com Felix, um caroneiro que foi deixado para trás pelo ônibus na parada da balsa. Felix é um guianês de origem indígena da etnia Arawak. Eu não acreditei! Temos lido e aprendido muito sobre os Arawaks durante as nossas incursões pelo Caribe. Eles são uma das tribos que habita o litoral da Guiana e diversas ilhas caribenhas. Nestas ilhas hoje é praticamente impossível encontrá-los, pois primeiro já viviam em disputa territorial com os Caribs, índios mais guerreiros, enquanto os Arawaks são mais pacíficos. Depois os anos de colonização francesa, inglesa, espanhola terminaram por praticamente desaparecer com os Arawaks do mapa das índias ocidentais. A sua família vive na região de Lethem e ele vem de Berbice, onde trabalha, para passar a Páscoa com eles.
O que Felix não esperava é que os dois doidos que estavam dando carona gostam de conhecer cada canto e aproveitar cada minuto da viagem. No caminho vimos uma placa indicando um lugar chamado “Canopy Walkway”, ficamos intrigados e paramos na estrada. Os outros jipes que vinham nos acompanhando na estrada e na balsa pararam para ver se estava tudo bem, aproveitamos para pedir informações e nos falaram muito bem do tal lugar. Quando vimos que o tempo até Lethem já não nos deixaria cruzar a fronteira, que fecha entre 19h e 7h, resolvemos desviar o caminho para explorar!
Lodge na reserva de Iwokrama, na Guiana
No conceito de “jungle lodge”, o Iwokrama Canopy Walkway foi construído pelo Governo e Ministério de Turismo da Guiana, hoje administrado por uma organização de viagens internacional. Uma área muito bem preservada, o lodge oferece acomodações, todas as refeições, internet e o melhor tudo isso em meio à floresta guianesa, com diversas trilhas para a observação de pássaros e vida selvagem. Segundo Bernie, nosso guia, em uma das trilhas noturnas a possibilidade de se avistar uma onça pintada é altíssima!
Caminhando sobre as árvores, a quase 30 metros de altura, na reserva de Iwokrama, na Guiana
A Canopy Walkway é uma imensa trilha de arvorismo, com plataformas colocadas no alto de árvores com mais de 30m de altura! Estas plataformas estão interligadas por pontes pêncil, atravessando na altura das copas das árvores, por isso o nome “canopy way = caminho das copas de árvore”. Chegamos junto com as nuvens de chuva, os pássaros tem um barômetro incrível, é só o tempo ficar com cara de chuva que todos eles se recolhem. Infelizmente não foi a melhor hora para vermos pássaros, mas ainda assim a vista lá do alto é maravilhosa!
Observando do alto a reserva de Iwokrama, na Guiana
Felix não só nos esperou com aproveitou bastante para conhecer um pedacinho do seu país que ele nunca havia estado. Sempre me espanto como os europeus e americanos estão espalhados por tudo. Aqui no meio da floresta no interior da Guiana encontramos turistas amantes de pássaros e aventureiros do primeiro mundo explorando cada canto e nós brasileiros nem sonhamos com a riqueza que o nosso vizinho possui!
Pássaro (Black Currasow) na reserva de Iwokrama, na Guiana
Anthony, gerente da pousada e Bernie, nosso guia, foram ótimos! Bernie é formado em ciências biológicas, terminou sua graduação com um trabalho sobre as etnias indígenas da Guiana, fiquei super curiosa! São 9 etnias espalhadas por todo o território, ele é da tribo dos Mucuxis, maior etnia indígena da Guiana, presente também no Brasil e na região de Annai, aqui próxima a esta reserva. Ele gravou um depoimento ótimo para o Soy loco por ti América, nossa coluna onde gravamos uma pessoa de cada país por onde passamos, nos contando por que ele é louco pelo lugar onde ele nasceu. Estes minutos somados vão nos mostrando quais são as belezas, os sotaques e a feição de cada americano, seja ele do sul, caribe, centro ou norte.
Sementes no alto das árvores, na reserva de Iwokrama, na Guiana
No final do nosso passeio o Anthony ainda nos liberou o banheiro dos alojamentos para tomar uma ducha, banheiro dos sonhos, sem telhado, com vista para a floresta, tomamos banho ao ar livre! Até então não tínhamos a mínima esperança de encontrar um lugar para dormir em Lethem, já que o rodeio estava movimentando a cidade. Nosso plano era dormir no carro mesmo, pelo menos já estávamos de banho tomado.
Caminho e plataformas sobre a copa das árvores. na reserva de Iwokrama, na Guiana
A estrada dali para Lethem foi mais longa do que esperávamos. Foram 4 horas que pareceram 10! Saímos da região da floresta e entramos nas savanas, anoiteceu e infelizmente perdemos a paisagem. Por outro lado nossa imaginação corria solta, em um cenário totalmente propício para contatos imediatos de terceiro grau, como dizia o Rodrigo. Só faltava mesmo um disco voador pousar ali, acho que era o único perigo que corríamos. Aproveitando o ensejo, depois destes três dias de Guiana e depois de cruzar o país do Suriname à fronteira com o Brasil, temos que ser justos: NADA aconteceu conosco, não nos sentimos inseguros e não fomos extorquidos pelos policiais em momento algum, outra reclamação recorrente de viajantes que passam por estas bandas. A Guiana só nos surpreendeu positivamente. Pessoas super amáveis e receptivas, paisagens fantásticas e uma pluralidade cultural imensa. Chegamos à Lethem as 22h30 da noite, com sorte encontramos um lugar para dormir. Vamos embora com vontade de ficar, sem dúvida ainda teríamos muito a explorar no país, comunidades indígenas, hindus e africanas, praias de desovas de tartarugas, cachoeiras e savanas. Infelizmente temos apenas 1000dias, quem sabe voltaremos.
Em uma plataforma sobre a copa das árvores, na reserva de Iwokrama, na Guiana
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