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Viajando ao Haiti - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Viajando ao Haiti

Haiti, Port-au-Prince, República Dominicana, Santo Domingo

Fazendo a imigração para entrar no Haiti

Fazendo a imigração para entrar no Haiti


Deixamos boa parte da nossa bagagem guardada no hotel em Santo Domingo e hoje, logo cedo, estávamos prontos para viajar ao Haiti. Vamos passar uns oito dias no país e retornar à República Dominicana pelo norte. Depois de alguns dias por lá, voltamos à capital dominicana para recuperar nossas coisas e daqui, seguimos para uns dias de descanso em Punta Cana. Como vamos viajar muito de ônibus nesse período, resolvemos seguir mais “leves” para facilitar nossos deslocamentos.


Viagem de ônibus entre Santo Domingo (Rep. Dominicana) e Port-au-Prince (Haiti)

O primeiro desses deslocamentos era exatamente o mais longo e aguardado deles: quase oito horas de viagem entre as capitais dos dois países, num trecho de pouco menos de 400 quilômetros e algumas burocracias a serem vencidas na fronteira. Ônibus confortável, mas bem cheio, com direito à filmes na televisão e um “saboroso” café da manhã, com macarrão, carne e feijão, servido logo na saída de Santo Domingo. Até por isso, no início da viagem, a rodomoça pede, em três línguas, que o banheiro seja usado apenas para fazer pipi. Qualquer coisa mais “grave”, deve-se avisar ao motorista e ele vai parar no primeiro banheiro disponível, na estrada. Foi com esse singelo aviso que pudemos começar a praticar nosso francês e também o “creolle”, a língua mais falada no Haiti e aparentada com o francês. Falada lentamente ou lida, até dá para entender. Mas falada rapidamente, é como se fosse grego...

Em Santo Domingo (Rep. Dominicana), abordando nosso ônibus para Port-au-Prince, capital do Haiti

Em Santo Domingo (Rep. Dominicana), abordando nosso ônibus para Port-au-Prince, capital do Haiti


Café da manhã servido no ônibus entre a República Dominicana e o Haiti

Café da manhã servido no ônibus entre a República Dominicana e o Haiti


Boa parte dos passageiros era haitiana, de modo que já quase não mais ouvíamos a língua espanhola. Quase todos eles trabalham na República Dominicana, país que ainda oferece muito mais oportunidades que o Haiti. Mas o coração ainda permanece do lado de lá da fronteira e é fácil ver a alegria estampada no rosto deles por estarem voltando para o Haiti, para visitar parentes ou cuidar de alguma coisa. Não apenas a língua diferencia os povos dos dois países. Bastaram dois dias em Santo Domingo para aprendermos a reconhecer, na população negra, quem é haitiano ou dominicano. No nosso ônibus, isso estava, literalmente, na cara. A miscigenação entre brancos e negros foi muito maior do lado dominicano, ao longo da história. Mas, mesmo entre a população negra, as feições africanas são muito mais marcantes na população haitiana.

Lendo sobre o Haiti no ônibus entre a República Dominicana e Port-au-Prince, a capital do país

Lendo sobre o Haiti no ônibus entre a República Dominicana e Port-au-Prince, a capital do país


O ônibus entre a República Dominicana e o Haiti teve até exibição de filme com Antonio Banderas

O ônibus entre a República Dominicana e o Haiti teve até exibição de filme com Antonio Banderas


O tempo passou rápido, com tanta coisa para ver na TV, ler nos livros ou simplesmente refletir sob o país que estávamos prontos para conhecer. Logo estávamos na fronteira, uma região bonita, na orla de grandes lagos. Foi só ao passar pelo lado dominicano que recebemos nossos passaportes de volta, que vinham em poder da rodomoça. No lado haitiano, a desorganização já esperada, nada muito diferente do que encontramos em tantas outras fronteiras latino-americanas. Pode ser desorganizado, mas não foi demorado. Logo tínhamos o tão esperado carimbo haitiano em nossos passaportes, assim como os primeiros “gourdes”, a moeda local. Por fim, podíamos cantar bem alto, pensando no Caetano: “O Há-i-tiiiiiii, é a-quiiiii!”.

Posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti

Posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti


Chegando ao posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti

Chegando ao posto de fronteira entre a Rep. Dominicana e Haiti


Começamos a passar por povoados e é fácil perceber que mudamos de país. As habitações são mais rústicas, a população é basicamente negra e os mercados de rua são lotados. Aos poucos, aprendemos a ver a ordem naquela aparente desordem total. Um país que tanto vi pela TV, sempre em meio ao caos e à pobreza, começa a ganhar vida, um lado real. Pessoas moram aqui. Pessoas vivem aqui. Pode,e é, um país mais pobre, mas há ruas e estradas, há casas e igrejas, há vilas e cidades, há comércio e dinheiro, há carros e motos. O Haiti existe fora da TV e podemos ver isso com os nossos olhos!

Passageira do nosso ônibus aguarda em seu assento, durante nosso tempo na imigração

Passageira do nosso ônibus aguarda em seu assento, durante nosso tempo na imigração


Veículo da ONU na fronteira do Haiti

Veículo da ONU na fronteira do Haiti


No ônibus, o único gringo além de nós era um italiano. Também viajava a turismo, mas iria explorar apenas a parte sul do país. Achei bem interessante, viajando só e falando um inglês, espanhol e francês piores do que os nossos. Espero que seja uma amostra de que os viajantes começam a retornar ao país, que tanto necessita da ajuda do turismo para ajudar a reerguer sua economia. O Haiti já foi a colônia mais rica do Caribe, antes de se tornar o país mais pobre do hemisfério. Ainda vou falar um pouco da história do país, que o fez ir de um extremo ao outro, mas agora, mais do que nunca, é hora dele se recuperar. Haitianos que migraram para o mundo inteiro estão retornando para a pátria, sentindo também que o pior, finalmente, já passou. O turismo pode e deve ser parte importante dessa recuperação, não só um indicativo de que ela começa a ocorrer.

Parados na imigração, conversando com um haitiano companheiro na viagem da Rep. Dominicana á Port-au_Prince, capital do país

Parados na imigração, conversando com um haitiano companheiro na viagem da Rep. Dominicana á Port-au_Prince, capital do país


Mas, voltando ao italiano, ele pode até falar menos as línguas do que nós, mas estava muito melhor informado e organizado sobre a viagem. Por exemplo, já tinha hotel reservado, coisa que nós não tínhamos. Nossa ideia era seguir até o centro da cidade e, de lá, pegar um táxi para um dos mais tradicionais hotéis de Port-au-Prince, o Oloffson. Até tentamos nos comunicar antes com eles, mas não conseguimos. Nos bons tempos, recebia muita gente importante, como Mick Jagger e escritores famosos. Hoje, tempo de maré seca, tem bons preços para visitantes menos ilustres. Já o italiano, ficaria em um hotel em Petion-Ville, o bairro chique de Port-au-Prince, a 15 minutos de moto ou carro do centro, no alto das colinas.

Condução do lado haitiano da fronteira com a Rep. Dominicana

Condução do lado haitiano da fronteira com a Rep. Dominicana


Sem muitas atrações turísticas, Petion-Ville é um bairro um pouco mais organizado (ou menos desorganizado) e seguro, quando comparado às outras regiões da capital. Na verdade, era o lugar certo para ficar. Então, numa decisão rápida, descemos do ônibus com o italiano e decidimos seguir junto com ele para seu hotel, em Petion-Ville mesmo. Ele já trazia um mapinha impresso da internet e não foi difícil nos localizarmos e acharmos o caminho para o hotel. O meu francês começou a esquentar para nos livrar dos simpáticos taxistas que teimavam em nos tentar levar. Mas eram poucos quarteirões e estávamos loucos para caminhar um pouco pelas ruas da cidade.

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital


Dez minutos depois, chegávamos ao Le Perroquet, o hotel do Eric e da Lana, um haitiano casado com uma russa (tecnicamente, ucraniana), amantes das viagens e que, até pouco tempo, moravam em Bali. Mas eles estão entre os haitianos da chamada “Diáspora” que estão retornando ao país, para aqui investir e ajudar na sua reconstrução. Esse amável casal que nos recebeu tão bem em seu oásis em meio à balbúrdia da capital haitiana certamente será assunto de um post futuro. Mas antes, queria falar do próprio Haiti, que tem uma das histórias mais interessantes e trágicas do continente. A seguir...

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

Nossas primeiras imagens de Port-au_Prince, atravessando um dos muitos mercados de rua da capital

Haiti, Port-au-Prince, República Dominicana, Santo Domingo,

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Comentários (4)

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  • 28/05/2017 | 13:51 por vladimir baginski

    eu vi essa cidade na verdade é um pais e gostaria muito de ir conhecer e quem sabe ate morar e trabalhar lindos lugares pra vizitar as praias as pessoas tb sao bem legais

  • 17/12/2015 | 17:01 por Suellen Diniz

    Estou querendo ir para o Haiti assim que me formar, em 2017. Eu moro em Belém e quero ir como mochileiros, então gostaria de saber se podem me informar a forma mais em conta para fazer essa viagem... Gostaria de conhecer Porto Príncipe e Jacmel.

  • 20/01/2014 | 11:19 por Lorena

    Olá Rodrigo, estou interessada de fazer ajuda humanitária no Haiti, já descobri que não existe voos diretos, posso só chegar lá e comprar a passagem de ônibus? Qual é a media de valor de diárias nos hotéis e para onde devo me dirigir para levar roupas para doação e prestar ajuda? Não falo NADA de francês, vou sobreviver??!?! rsrsrs Um abraço!!

    Resposta:
    Oi Lorena

    É muito fácil comprar passagens de ônibus da Rep. Dominicana para o Haiti. Há ônibus todos os dias. Os hotéis não são muito baratos não, chegando a custar mais de 100 dólares a diária. Esse que ficamos é mais barato e fica muito bem localizado. Os donos falam inglês e poderão te ajudar muito por lá. Nos nossos posts sobre o país, vc encontrará mais informações sobre o hotel e seus donos, pessoas incríveis que se tornaram nossos amigos e muito nos ajudaram no país.

    Para fazer doações, acho melhor vc entrar em contato com alguma das inúmeras ONGs que atuam no país, antes de viajar para lá. falar francês ajuda muito, mas é possível se virar no inglês tb. Mas para conhecer realmente a população, é bom falar um pouco da língua deles também.

    Um abraço e muita sorte no seu intuito! O Haiti é lindo, mas sofrido. Merece toda a ajuda!

  • 05/07/2013 | 11:52 por Henrique!

    Rodrigo, estava aqui pesquisando sobre viagens rodoviárias entre Santo Domingo e Port au Prince e vim parar no seu blog, muito interessante! Vou passar uns dias em Santo Domingo em outubro e estava pensando, quem sabe, em vez de Punta Cana eu ir conhecer um pouco do Haiti?! Vc tem o nome da empresa q faz esse trajeto, para q eu saiba a frequencia, etc? E qualquer outra informação q pudesse me ajudar a planejar a viagem? Por enquanto, li só essa página do seu blog, mas com certeza vou explora-lo mais. Obrigado pela ajuda, e boas viagens!

    Resposta:
    Oi Henrique

    Há partidas diárias entre as duas capitais, a não ser que a fronteira feche, por algum problema de greve. A empresa se chama Caribbean Tours. Tem uma rodoviária própria em Sto Domingo, bem perto do centro. Costuma ser bem fácil comprar a passage de véspera!

    Agora que vc já leu todos os nossos posts, se sobrou alguma dúvida, pode perguntar!

    Um grande abraço e ótima viagem

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