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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando a beleza do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Cinco ou seis mil anos podem parecer bastante na escala humana de ver o tempo. Mas na escala geológica, é como se fosse um piscar de olhos. Pois bem, nesse tal “piscar de olhos”, pouco mudou o litoral de Santa Catarina, um dos mais belos trechos da costa brasileira. Estou me referindo ao desenho das praias, acidentes geológicos, encostas rochosas e bocas de rio. Se pudéssemos voltar no tempo, as cidades de hoje não estariam mais lá, mas as praias da Guarda, de Garopaba e do Farol de Santa Marta, sim.
Mapa da região do Farol de Santa Marta, com suas praias, lagoas e a localização dos sambaquis, um dos maiores do Brasil
Então, é razoável supor que os antigos habitantes do Brasil daquele tempo também tivessem seus pontos preferidos no litoral. Não só aqueles que lhes fornecessem a melhor fartura de alimento, mas também os mais belos esteticamente, que lhes alimentasse a alma. A presença desses verdadeiros monumentos arqueológicos conhecidos como “sambaquis” não deixam dúvidas: assim como hoje, a região do Cabo de Santa Marta era um dos pontos prediletos do litoral catarinense.
Caminhando nas ruas do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Aos pés do Farol de Santa Marta, vista do litoral sul de Santa Catarina
Verdadeiras montanhas de detritos orgânicos calcificados, na sua maioria conchas e ossos de pequenos animais, os sambaquis ao redor do Farol de Santa Marta são os maiores do mundo e tão antigos como as pirâmides do Egito. Enquanto lá se empilhavam pedras em formato piramidal, aqui se empilhavam conchas em formato de dunas ou morros. Nos dois casos, as razões eram religiosas e funerárias, embora não se possa comparar também os requisitos técnicos e tecnológicos para efetuar o empreendimento. As pirâmides foram o resultado do esforço de algumas gerações e os sambaquis continuaram a crescer por milhares de anos, até que o povo que os construía desapareceu, substituído, aniquilado, expulso ou absorvido pela cultura tupi, esses sim os indígenas que foram encontrados pelos portugueses que aqui chegaram.
Dia de céu azul no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
O famoso Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Foi em 23 de fevereiro de 1502 que os portugueses pela primeira vez navegaram ao longo da região, dia de Santa Marta. Daí a razão do batismo desse acidente geográfico, a chamada “esquina do Atlântico”. Seguindo para o sul, o próximo acidente geográfico na costa fica a centenas de quilômetros. Portanto, era realmente uma “esquina” importante. Importante e perigosa, como atestam as dezenas de barcos naufragados na região.
A igreja da Prainha, a mais bela no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
A igreja da Prainha, a mais bela no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Foram tantos que o imperador D. Pedro II e sua marinha se convenceram da necessidade de se construir um farol na região. Não um farol qualquer, mas aquele com o maior alcance de toda a América do Sul! O Farol de Santa Marta ficou pronto em 1891. Com paredes que chegam a ter 2 metros de espessura e construído sobre um promontório rochoso de 45 metros de altitude, a torre de luz tem quase 30 metros de altura. Essa altura combinada permite que o farol seja visto a olho nu a 35 quilômetros de distância, mas durante a noite a sua luz chega a alcançar 90 quilômetros mar adentro, ajudando e orientando navegantes há mais de um século.
Caminhando nas trilhas do morro onde está o Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Com o João Pedro e a Bruna, caminhando nas trilhas do morro onde está o Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Construído o farol, os habitantes começaram a se instalar nos seus arredores. Quer dizer, era na verdade um “retorno”, como atestam os milenares sambaquis. Aparentemente, o primeiro a chegar foi um tal Eliziário Patrício, em Maio de 1909. Quase quatro décadas mais tarde (1947), ele deu o seguinte e interessantíssimo testemunho à uma revista catarinense:
“Aqui chegamos em primeiro de maio de 1909. Tudo isso era mato. Não morava aqui mais ninguém, a não ser os faroleiros. Quando chegamos, por não termos onde nos abrigar, fizemos uma barraca com a vela da nossa canoa, e aí moramos por muitos dias, até que fizemos um rancho de palhas. Hoje isto está como o senhor vê, todo povoado. Não sei se fiz bem ou mal.”
Veículos trafegam na Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, no litoral sul de Santa Catarina
De Fiona, na praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, no litoral sul de Santa Catarina
Ele se referia à pequena vila que existia em 1947, nada comparado com o que vê o turista quando chega à região do Farol nos dias de hoje. Se o pioneiro Elizário pudesse ver a ocupação do farol nos dias de hoje, creio que não teria mais a dúvida manifestada ao final de seu depoimento...
No alto dos rochedos ao final da Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
No alto dos rochedos ao final da Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Enfim, já há muito tempo que o Farol de Santa Marta descobriu sua vocação turística e passou a figurar no alto da lista de desejos dos amantes de viagem, hippies, mochileiros e estudantes universitários que querem descobrir o mundo. Foi assim comigo, nos meus tempos de UNICAMP. No início da década de 90 estive aqui para nunca mais esquecer. Tive o prazer de voltar mais uma vez, anos mais tarde, e desde que iniciamos nossos 1000dias, já sabíamos que o Farol de Santa Marta estaria no nosso roteiro. A Ana também já havia estado na cidade e se tornado sua admiradora. Assim, não foi difícil escolhê-la como primeiro ponto do litoral catarinense a ser visitado, principalmente para quem vem do sul, como era o nosso caso.
Fim de trade na Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Luz de fim de tarde ilumina o Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Viemos para cá diretamente de Praia Grande, após a caminhada pelo cânion do Itaimbezinho (post anterior!). Foram duas horas de viagem e chegamos já no final da tarde, tempo apenas para procurar algum lugar para ficarmos. Ainda estamos no carnaval, época em que todo o litoral do estado se abarrota de gente. Especialmente aqui, tão perto de Laguna, local do mais animado carnaval de rua de Santa Catarina. Apesar de temerosos, foi uma surpresa agradável logo encontrarmos lugar em uma área que aluga pequenos chalés, além de uma grande área de camping. Estava cheio e animado, mas com espaço para nós!
Caminhando na região do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Uma bela vista do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Os próximos dois dias foram apenas de exploração e curtição. Desde as praias no entorno do Farol até a própria Laguna, onde fomos vivenciar uma noite de carnaval. Vou falar dela no próximo post e aqui ficarei apenas nas praias e nossa rotina nesse paraíso no sul catarinense.
As praia do Cardoso e da Cigana, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
A vasta praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Ao longe, caminhantes solitários na enorme Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Para começar, a vista obrigatória ao morro onde está o Farol. Uma caminhada agradável e que proporciona belíssimas vistas da cidade, do promontório e das praias ao redor. O sol não apareceu nesse primeiro dia, mas também não chovia. Só tivemos de lidar com o vento. No farol, placas informativas com dados históricos e geográficos relevantes, mas não se pode subir até o alto da torre. E nem precisa! Ali da base e seu entorno a vista já é bela o suficiente.
Descendo a trilha em direção à praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Sozinhos na praia da Galheta, Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Em seguida, fomos ao centrinho da cidade, em frente à “Prainha”, uma das quatro praias do Farol de Santa Marta. É a menor e mais protegida, embora a sua água não seja das mais limpas, infelizmente. Bem em frente à praia, a mais tradicional igreja da cidade, construção bem antiga. Por falar em igrejas, a Ana ficou meio chocada ao descobrir que a principal balada da cidade na época que esteve aqui fechou e se transformou em igreja. Ela havia imaginado tomar alguma cerveja por ali para relembrar os velhos tempos, mas agora, só se for para participar de algum culto...
Completamente só na Praia da Galheta, Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Completamente só na Praia da Galheta, Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina, visto da Praia da Galheta
Nas andanças pelas ruas da cidade, ficamos sem o bar da Ana, mas encontramos uma padaria bem simpática que passou a ser nosso ponto de referência. Todos os dias pela manhã era aí que tomávamos nosso café da manhã, varanda ao ar livre, vista para a parte baixa da cidade e já sentindo no rosto o vento que nos acompanharia pelo resto do dia.
O João e a Bruna vão explorar as dunas da Praia da Galheta, Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
O belo e solitário campo de dunas na Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Alimentados, passamos a explorar as praias da cidade. Além da Prainha, no primeiro dia fomos à Praia do Cardoso e à Praia da Cigana. A primeira é considerada a mais movimentada do Farol de Santa marta, seja por banhistas, seja por surfistas. Podemos ir de carro até elas. Mais do que isso, um arraigado costume gaúcho (principais frequentadores da região!), vamos de carro SOBRE elas. Ainda mais em um dia nublado e com pouca gente na praia.
O belo e solitário campo de dunas na Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
O belo e solitário campo de dunas na Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
De carro, então, fomos até o final da praia onde está uma parte mais rochosa. Aí, eu e o João subimos até o alto de uma delas e depois, de volta à Fiona, percorremos também a Praia da Cigana. No fim de tarde, seguimos para Laguna para aproveitar uma noite de carnaval.
Nossos únicos companheiros na Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Nossos únicos companheiros na Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
No dia seguinte (dia 5), começamos o dia subindo até o alto do morro onde está nosso chalé e camping. Lá no alto, estamos acima do Morro do Farol e a vista é ainda mais bonita. Agora sim, podemos admirar toda a região, o Farol com a cidade aos seus pés e as praias ao fundo, do Cardoso e Cigana. Na outra direção, a Praia Grande, para onde seguimos em seguida. Dessa vez, a Fiona ficou descansando e nós seguimos a pé.
A Ana mergulha no mar da Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
A Ana mergulha no mar da Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Como o próprio nome indica, é uma praia bem extensa. Atrás da praia, um extenso campo de dunas. Ainda no alto do morro na trilha que nos levava até lá é possível ver que a praia está quase vazia. Chegamos à praia e, após meia hora, as únicas “pessoas” que encontramos são três simpáticos cachorros. Eles passam a ser a nossa companhia pelo resto da tarde.
O João Pedro, sobrinho do Rodrigo, salta nas dunas próximas ao Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Fim de tarde, o Rodrigo e o João se divertem saltando nas dunas da Praia da Galheta, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Aí ficamos por horas, intercalando banhos de mar com caminhadas pela praia vazia. Passamos também um bom tempo explorando o campo de dunas e nos divertindo fazendo saltos acrobáticos nas montanhas de areia. Final de tarde, tranquilidade absoluta, apenas o sussurrar do vento e o barulho das ondas ao fundo. Foi especial!
Alguns dos mais impressionantes sambaquis do Brasil estão na região do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
As conchas que formam os enormes sambaquis de quase 5 mil anos de idade, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
As conchas que formam os enormes sambaquis de quase 5 mil anos de idade, no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Ainda antes de escurecer, fizemos o caminho de volta. Mas por uma trilha diferente, dessa vez. Passamos agora pelos famosos e gigantescos sambaquis, aqueles a que me referi no início do post. Foi aí que assistimos o fim do entardecer, muito bem acompanhados pelas lembranças milenares dos indígenas que construíram aquele monumento. De tão alto, parece mesmo um morro natural. Mas examinando mais atentamente, logo se percebe a grande quantidade de conchas. Aos poucos, ao longo dos séculos, a areia trazida pelo vento se misturou com os restos orgânicos calcificados, o sambaqui cada vez mais parecido com uma duna. Quanta história escondida por essas areias...
Mais um dia que termina no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
A Ana admira o fim de tarde no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
Terminamos a noite com uma bela pizzaria e acordamos no dia 6 com céu azul. Como sempre, é justo no dia da partida que o sol brilha mais forte. Ainda tivemos tempo para umas fotos, mas queríamos seguir viagem. Aliás, a vantagem de uma viagem longa como a nossa é que não estamos voltando para casa ou para o trabalho, mas apenas seguindo para uma nova e bela atração. Assim, o céu azul, mesmo no dia da partida, continua sendo muito bem-vindo! O nosso objetivo é chegar na Praia do Rosa, outra das estrelas máximas do litoral sul catarinense. Mas antes de seguirmos para lá, ainda vamos passar pela histórica e bela Laguna. Já tínhamos estado lá de noite, para o carnaval, mas agora vamos poder ver o casario centenário de dia. Ali a história não está escondida pela areia, um prato cheio para os amantes do antigamente, caso desse que lhes escreve!
A bela e colorida paisagem da região do Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
1000dias no Farol de Santa Marta, litoral sul de Santa Catarina
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