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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
O "Cogumelo", formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Uma boa dica para quem viaja para um país desconhecido e quer saber o que há de mais interessante por lá é buscar no site da Unesco quais são os lugares considerados Patrimônio Mundial (Cultural ou Natural) naquele país. No mundo, hoje, são 981 lugares com essa classificação. A Itália lidera o ranking com 49 sítios (quase todos Culturais), seguido pela China, com 45. O Brasil aparece bem na lista, com 19 sítios, sendo 7 Naturais e 12 Culturais, lugares como Ouro Preto, Olinda, Serra da Capivara, Pantanal, etc...
Seguindo a caravana de carros através do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Nosso guia nos dá aulas de geologia no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Pois bem, a Argentina tem 8 sítios. Três, nós já conhecemos nesses 1000dias: as Cataratas do Iguaçu, as Missões Jesuíticas e a Quebrada de Humahuaca (região de Salta). Outros três são na região da Patagônia e certamente passaremos por eles também. Por fim, os outros dois estão nesse nosso caminho para Buenos Aires: as Estâncias Jesuíticas perto de Córdoba e os parques de Ischigualasto e Talampaya, que começamos a conhecer hoje.
Formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Fósseis incrustrados nas rochas do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Pois é, estando tão perto de um lugar desses, não poderíamos perder a chance de conhecê-los. Saindo de San Juan, foram 3 horas de viagem por uma região bem árida seguindo na direção norte até que, pouco antes das duas da tarde, chegamos à entrada do Parque Provincial Ischigualasto. A área do parque é enorme e naquele clima quase desértico seria inviável percorrê-lo a pé. A solução encontrada pela direção do parque é a organização de caravanas de carros. A cada hora, todos os turistas que lá chegaram seguem o guia que vai no carro da frente. Ele para em cada uma das atrações do parque, nos dá uma aula de geologia e temos nosso tempo para tirar fotos para, em seguida, continuar o passeio de caravana até a próxima atração. Dessa forma, percorremos os pouco mais de 40 kms do circuito de estradas de terra e as inúmeras paradas em cerca de 3 horas. Enfim, é um parque que só pode ser conhecido por quem está de carro ou em alguma van de agência de turismo.
Visitando o Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Paisagem desértica no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Mas, afinal, o que há nesse parque para torná-lo Patrimônio Natural Mundial? Certamente a paisagem é grandiosa, um cenário que lembra muito os parques nacionais do meio oeste americano. Mas não foi essa beleza que seduziu a UNESCO. Não. Foi o fato de que este é o principal sítio mundial para se pesquisar e encontrar fósseis da época do Triássico, quando caminhavam pela Terra os primeiros dinossauros, os primeiros crocodilos e os primeiros mamíferos. Aqui foram encontrados mais fósseis de dinossauros e outros animais dessa época que em todo o resto do mundo. Tudo isso pela maneira peculiar com que a geologia se comportou nessa área, primeiro no sentido de preservar rochas e fósseis e depois pela maneira como pudemos acessar tudo isso. Sob os olhos de um paleontólogo, a existência de um lugar como esse foi como ganhar na mega sena!
A Brea, uma das poucas árvores que cresce no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
O belo cenário do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Primeiro, uma rápida aula sobre a divisão da história da Terra, suas eras e períodos. A maior subdivisão se chama “eons”, que estão divididos em “eras”, que se dividem em “períodos” que se dividem em “épocas”. Foram quatro “eons”:
1. Hadeano – Até 4 bilhões de anos atrás – Período sem vida na Terra
2. Arcaico – Até 2,5 bilhões de anos atrás – Vida celular procarionte, sem núcleo definido
3. Proterozoico – Até 540 milhões de anos atrás – Vida celular eucarionte, com núcleo definido
4. Fanerozoico – Até hoje – Vida multicelular
Uma das trilhas demarcadas no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Estranha formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Este último “eon” se divide nas “eras”:
4.1 Paleozoico – Até 250 milhões de anos atrás. Terminou com a maior extinção em massa da história da Terra, abrindo espaço para dinossauros e os primeiros mamíferos
4.2 Mesozoico – Até 65 milhões de anos atrás. Terminou com a extinção dos dinossauros, possibilitando que os mamíferos dominassem a Terra.
4.3 Cenozoico – É a era em que vivemos.
Chegando à famosa "Cancha de Bochas" no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
As formações esféricas da Cancha de Bochas no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
O que nos interessa aqui neste parque é a Era Mesozoica, mas só por curiosidade, a era Cenozoica, em que vivemos hoje, se divide em dois “Períodos”: Paleogeno e Neogeno, onde estamos hoje. E o período Neogeno se divide em quatro “Épocas”: Mioceno, Plioceno, Pleistoceno e Holoceno. Cada um deles é caracterizado por diferentes padrões climáticos. Desde o fim da última era glacial, há 12 mil anos, estamos no Holoceno. Geologicamente falando, é um piscar de olhos”.
Visitando a Cancha de Bochas no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
O solo colorido do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Voltando a era Mesozoica, que foi a era dos dinossauros, ela também se divide em “períodos”: Triássico, Jurássico e Cretáceo. O mais antigo deles foi o Triássico, entre 250 e 200 milhões de anos atrás. Foi um época em que todos os continentes atuais ainda estavam unidos em um só bloco de terra, chamado Pangeia. Aí surgiram os primeiros dinossauros, mamíferos, crocodilos, entre outros. Boa parte do que sabemos sobre o início da evolução desses animais foi exposta e estudada aqui, na região do Parque Provincial Ischigualasto.
Formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
As costas da formação "Submarino" no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
O que aconteceu foi que, durante o Triássico, quando o clima era muito mais úmido do que é hoje, incontáveis gerações de dinossauros e outros animais viveram por aqui e, quando morriam, seus corpos eram cobertos por detritos e lama trazidos por rios da região, facilitando seu processo de fossilização. Acabou o Triássico e camadas e mais camadas de rochas foram se formando sobre as rochas do período Triássico. O mesmo processo deve ter ocorrido em diversas partes do mundo, mas algo especial aconteceu aqui, mais tarde, trazendo todo esse material de volta à superfície, ao alcance dos olhos dos cientistas. O encontro das placas tectônicas da América e de Nazca criou a cordilheira dos Andes, levantando todo o terreno ao seu redor. Este soerguimento não era homogêneo e nem vertical. Vários terrenos e camadas geológicas se curvaram, se deformaram, levantaram-se diagonalmente. Camadas que estavam uma acima da outra, hoje se encontram uma do lado da outra. Camadas verticais tornaram-se camadas horizontais, pouco antes de aflorarem na superfície. O golpe final foi dado pela erosão do vento, da chuva e dos rios que limpou uma última camada de detritos possibilitando, após dezenas, as vezes centenas de milhões de anos, que pedras e rochas voltassem a ver a luz do sol.
O Submarino, famosa formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
As costas da formação "Submarino" no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Assim é o circuito que fazemos no parque, seguindo nosso guia. Passamos de camada em camada da história geológica da Terra. As camadas correspondentes ao Triássico são as que mais apresentam fósseis, um verdadeiro livro aberto aos especialistas. A parte escavada até agora é mínima e os cientistas apenas sonham com o que está ali, esperando para ser descoberto e desvendado.
A grandiosa paisagem do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Arcos de pedra no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Quanto a nós, turistas e meros mortais, é claro que nos divertimos com essa história toda, mas o que mais chama nossa atenção é a beleza da região e as estranhas formas que dezenas de milhares de anos de erosão desenharam nas rochas. Uma esfinge, um cogumelo e até um submarino, entre outros.
O "Cogumelo", formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Junto ao "Cogumelo", formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
A “Cancha de Bochas” já não é como era antigamente, já que visitantes antigos levaram consigo muitas das estranhas esferas rochosas ali expostas. Mesmo assim, ainda é uma vista surreal, no meio daquele deserto, aquelas bolas dispostas como se alguém estivesse jogando com elas. Atração molecular através dos milênios teria formado as “bochas”, mas, exatamente como? Fica a beleza do mistério. Como as “pedras que andam”, que vimos lá no Vale da Morte, na Califórnia.
Junto ao "Cogumelo", formação rochosa no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Areias multicolores no Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
A última parada do passeio se dá ao lado de um gigantesco paredão avermelhado com mais de 150 metros de altura, Los Colorados, a mais antiga camada geológica a ser exposta neste parque. Engraçado, a mais antiga, mas com as cores mais vivas. Deve ser pela alegria de estar de volta, depois de tanto tempo. Que segredos se escondem ali, atrás daquelas paredes?
Los Colorados, a mais antiga formação rochosa do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Los Colorados, a mais antiga formação rochosa do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Quando finalmente voltamos ao ponto de partida, já depois das 5 da tarde, ainda temos tempo de visitar o museu e aprender um pouco mais sobre os fósseis de antigos dinossauros encontrados ali, na verdade os avós dos dinossauros, os primeiro grandes carnívoros a caminhar sobre a Terra. A sensação é mesmo a de uma máquina do tempo. Está mais do que explicado a decisão da UNESCO em proteger esse lugar!
Museu paleontológico do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Visitando o museu paleontológico do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Faltava agora apenas encontrar um lugar para dormir, já que não há cidades nessa região. Bem, cidades não, mas um pequeno vilarejo, sim. Desses que parecem saídos de um faroeste mexicano. Aí encontramos uma hospedagem bem simples, na pequena Baldecitos. Em frente a nossa hospedaria, uma árvore com o maior ninho de passarinhos que vimos nesses 1000dias. Eram uns 3 andares de ninho, um verdadeiro prédio ou condomínio. Essa foi apenas a primeira boa surpresa. A outra veio quando escureceu. Uma lua cheia absolutamente maravilhosa nesse deserto perdido do mundo, sem luzes para atrapalhar nossa contemplação da rainha da noite. A mesma lua cheia que brilhava por aqui quando nessa terra caminhavam gigantes dinossauros. Testemunha muda e sábia de tudo o que se passa aqui embaixo...
Achando uma hospedagem em Baldecitos, pequena vila ao lado do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Um ninho gigantesco em Baldecitos, pequena vila ao lado do Parque Provincial Ischigualasto, na Argentina
Que aula de geologia!!!!!!!!!! Voltei no tempo, numa aula de geografia, o professor explicando o surgimento da Cordilheira dos Andes e o "nascimento" do Rio Amazonas....
Adorei!!!!!
Resposta:
Oi Mabel
Também gosto muito dessa história do Amazonas, que antes corria para o Pacífico e agora, por causa dos Andes, corre para o Atlântico!
A história geológica da Terra é uma viagem!!!
Abs
Nossa! Nunca tinha ouvido falar nesse lugar. Que demais!!!! Muito boa também a aula de geologia!:)
Resposta:
Oi Ana
Eu também não tinha ouvido falar, pelo menos até uma semana antes de chegar lá! Isso é que é a magia de uma viagem como essa que estamos fazendo: conhecer lugares incríveis como Ischigualasto no caminho!
Um abs
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