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Vilas de Toledo - Blog da Ana - 1000 dias

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Vilas de Toledo

Belize, Toledo Villages

Com a Ofelia, a dona de casa que nos acolheu em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

Com a Ofelia, a dona de casa que nos acolheu em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Toledo é o distrito mais ao sul de Belize, um lugar distante e fora do roteiro da maioria dos viajantes que passa pelo país. Sua capital Punta Gorda, uma cidade garifuna, é o ponto de partida da maioria dos viajantes que vão para a região de Rio Dulce e o Lago de Izabal, na Guatemala.

O simpático papagaio da casa em que ficamos em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

O simpático papagaio da casa em que ficamos em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Lá o clima úmido dá lugar a uma floresta tropical chuvosa e suas terras férteis foram as escolhidas pelos Mayas Q’eqchi’, Mopans, Creoles e Menonitas, que preferem manter sua vida no campo, a agricultura de subsistência e suas tradições (quase) intactas. Assim o charme de Toledo é apenas viajar por suas pequenas vilas, ver a vida como ela é, sem firulas e maquiagens turísticas e descobrindo o que a região tem a oferecer: sítios arqueológicos mayas, rios e cachoeiras, praias e a autenticidade do seu povo.

A simpática equipe de garis de Placencia, no litoral sul de Belize

A simpática equipe de garis de Placencia, no litoral sul de Belize


Rumo às Vilas de Toledo passamos por Placência “o cayo que você pode chegar de carro”, segundo o Lonely Planet. É o mais alternativo para os turistas que querem praia, sombra e água fresca sem cair na turística Ambergris. Abastecemos o carro, tiramos algumas fotos, compramos umas bananas e seguimos rumo ao sul.

Rua de pedestres em Placencia, no litoral sul de Belize

Rua de pedestres em Placencia, no litoral sul de Belize


Placa bilingue emPlacencia, no litoral sul de Belize. Inglês e creolle

Placa bilingue emPlacencia, no litoral sul de Belize. Inglês e creolle


A primeira parada foi nas ruínas de Lubaantum, o "lugar das pedras caídas". Pouco se sabe sobre esta cidade-estado maya, os resquícios arqueológicos datam entre os anos de 730 e 890 d.C. Além da imensa coleção de esculturas em miniaturas encontradas nas escavações, a cidade é famosa por ser o local onde teria sido encontrada a belíssima Caveira de Cristal. Há controvérsias, mas o seu atual guardião nos garante que ela foi encontrada lá.

Pequenos artefatos encontrados em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize

Pequenos artefatos encontrados em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize


O caso da misteriosa caveira de cristal, possivelmente encontrada em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize

O caso da misteriosa caveira de cristal, possivelmente encontrada em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize


As ruínas não são grandes, mas são lindas e foram pouco reconstruídas. Árvores imensas estão sobre os templos e se não fosse o gramado bem cortadinho poderíamos sentir como se a estivéssemos acabando de descobri-las.

Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize

Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize


Visitando as ruínas mayas de Lubantun, no sul de Belize

Visitando as ruínas mayas de Lubantun, no sul de Belize


Depois da visita escaldante à Lubaantum, poucos quilômetros da Vila San Pedro, fomos nos refrescar nas águas do Rio Blanco National Park, com um rio que forma poços e cachoeiras deliciosas!

Chegando ao Rio Blanco National Park, no sul de Belize

Chegando ao Rio Blanco National Park, no sul de Belize


Refrescando-se em piscina natural do Rio Blanco National Park, no sul de Belize

Refrescando-se em piscina natural do Rio Blanco National Park, no sul de Belize


Ele está nos arredores de Santa Helena, a vila mais bonitinha, com casinhas de madeira e palha bem construídas e que mantém a arquitetura tradicional, sem concretos e grades feiosas. Ali estão construindo a nova estrada de acesso à Guatemala, ótima opção para quem daqui se dirige a Rio Dulce, a estrada deve estar pronta até o final do próximo ano.

A pitoresca vila de Santa Helena, perto do Rio Blanco National Park, no sul de Belize

A pitoresca vila de Santa Helena, perto do Rio Blanco National Park, no sul de Belize


É justamente essa combinação de atividades que está fazendo o turismo se desenvolver na região como nova alternativa econômica para estas comunidades. As opções de hospedagens ainda são escassas fora da capital, mas uma boa alternativa é organizar tours com a TEA – Toledo Ecotourism Association, que além de programações ecológicas e culturais está organizando a hospedagem nas casas de família, como mais uma fonte de renda para as famílias que querem se inscrever no programa.

Espécie de bananeira ornamental, em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize

Espécie de bananeira ornamental, em Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize


As vilas parecem ser divididas pelos seus grupos étnicos e/ou famílias, Santo Antonio tem maioria Mopan, já Blue Creek uma concentração maior de Q’eqchi’, enquanto a distante Barranco é uma vilazinha Garifuna. Essa diversidade convive muito bem e aos poucos também começa a se mesclar, como a nossa anfitriã Ofélia, que é creole (mistura de negros com europeus) que se casou com Rosálio, da etnia mopan.

Descansando na varanda da casa que ficamos em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

Descansando na varanda da casa que ficamos em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Nós decidimos dormir em Blue Creek, fomos sem agendar nada e penamos um pouquinho para encontrar uma hospedagem, mas aí é que está a graça. Falamos com um, falamos com outro, paramos na venda, até chegar à casa da Dona Ofélia, e assim fomos conhecendo a comunidade. Ela ficou até curiosa de saber como havíamos chegado lá e foi atrás de um restaurante que nos indicaram ela. Fato é que ela tem uma venda, disposição e um grande coração, além de nos preparar a comida ela também ofereceu o quarto de sua filha para dormirmos. A casa era simples, banheiro na casinha, banho de caneca e um sitiozinho nos fundos com galinhas, uma arara e 3 cachorros. Dividimos a casa com os pais e os 3 filhos mais novos, Telma de 24 anos, Rodney de 21 e Adélia de 19, que resolveu voltar aos estudos este ano para terminar o ensino médio.

Árvores crescem sobre as asntigas pirâmides de Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize

Árvores crescem sobre as asntigas pirâmides de Lubantun, ruínas mayas no sul de Belize


Enquanto Dona Ofélia preparava o nosso jantar conversamos sobre a igreja menonita que seu Rosálio frequentava e a evangélica que o recebeu de braços abertos quando resolveu casar-se com uma mulher que não pertencia à igreja. Assim que tive chance fui ajudá-la na cozinha e tive uma aula de como fazer tortillas de milho branco. A massa já estava pronta, mas ela é basicamente milho descascado, cozido e moído com um pouquinho de água. Me restou amassar e modelar as tortillas, que ainda assim demandam uma certa desenvoltura com a massa para ficarem na espessura certa! Rsrs! Uma delícia!

Nossa simpática casa em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

Nossa simpática casa em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Depois do banho de caneca eu e Adélia ficamos esperando a carreata passar. Hoje foi o dia de abertura da Semana Maya, que comemora o 24 de Março “The Maya Day”. Um grupo de jovens corredores veio correndo desde as ruínas de Nim Li Punit até Blue Creek, passando por diversas vilas, sendo acompanhados por uma carreata e carregando a tocha dos jogos.

Em dia de festa, chegamos à Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

Em dia de festa, chegamos à Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


A semana na realidade terá 10 dias de jogos e atividades da cultura maya, com competições como quem faz mais e as melhores tortillas ou artesanatos e tecidos (para as mulheres) e jogos esportivos para os homens. Enquanto o Rodrigo dormia, eu tive que ir lá conferir! Na companhia de Adélia fui até o centro cultural, assistimos a apresentação de marimba, a cerimônia de abertura falada em Mopan e Q´eqchi´, além da gloriosa chegada da tocha olímpica.

Comemoração em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

Comemoração em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Ainda assistimos ao empolgante e divertido Juego de Pelota de Fuego! Eles incendeiam uma bola de borracha e com tacos de madeira (paus de árvore com um formato parecido com o taco de hóquei) eles têm que acertar a bola e colocá-la no gol. Acaba sendo quase como uma batata quente! Eles acertam o taco na bola, e a cada “ai” depois de se queimarem, a torcida caía na gargalhada.

O incrível jogo de 'fireball', em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

O incrível jogo de "fireball", em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


A noite estrelada ainda terminou em um show de fogos de artifício e um jantar repleto de tamales, um tipo de pamonha, feito principalmente para os heróis esfomeados que correram de Nim Li Punit até aqui.

O incrível jogo de 'fireball', em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize

O incrível jogo de "fireball", em Blue Creek, vilarejo maya no sul de Belize


Não irei esquecer a imagem daqueles rapazes correndo atrás da bola de fogo, rodeados por mayas, mopáns e creoles e uma “gringa” maravilhada, fotografando tudo no meio deles. São experiências como esta que nos ensinam a entender, apreciar e compartilhar as histórias de vida de diferentes culturas. Nos lembram que o melhor da vida é o simples que nos faz feliz.

Admirando as belezas naturais do Rio Blanco National Park, no sul de Belize

Admirando as belezas naturais do Rio Blanco National Park, no sul de Belize

Belize, Toledo Villages, Ecoturismo, maya, Toledo, Lubaantum

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