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Arte nas ruas de Santiago, capital do Chile
Uma cidade circundada por montanhas e no meio dela prédios, rios, história, poluição, cultura, pobreza, música e injustiças, todos os contrastes de uma típica capital latino americana. A leste está a Cordilheira dos Andes, na divisa com a Argentina, à oeste a Cordilheira Costanera, ambas fazem de Santiago um caldeirão de asfalto estampado no coração do Chile.
Santiago, capital do Chile, em frente ao Museu de Bellas Artes
Vista de Santiago, capital do Chile, na subida do Cerro San Cristobal
São 5,5 milhões de habitantes divididos basicamente em dois “Chiles”, “o Chile dos que vivem pra lá da Plaza Itália e o dos que vivem para cá”. Isso me disse uma amiga que nasceu, cresceu e ainda vive em Santiago. Ao norte estão os bairros mais ricos, edifícios comerciais modernos, grandes shoppings, restaurantes bacanas e boutiques. Ao sul os bairros de classe média com toda a infraestrutura, problemas e o dia a dia normal de uma grande cidade.
Passeio no centro financeiro de Santiago, capital do Chile
Com a dica do nosso amigo viajante e local, Pablo, elegemos a região de Lastarria como base. Ao lado do Parque Forestal, Lastarria é um bairro super central localizado entre o Bellas Artes, o centro, arredores da Plaza de Armas e Bella Vista. Ficamos hospedados no Hostal Forestal onde encontramos o primeiro brazuca dos muitos que ainda estavam por vir. Impressionante como vemos turistas brasileiros em Santiago! E a temporada de esqui nem está aberta. Naquela tarde caminhamos descompromissadamente até a Plaza de Armas vendo o agito dos ambulantes, evangélicos fervorosos pregando para alguns curiosos, casais de namorados sentados no banco da praça e uma senhora simpática, que nos olhou encantada num momento romântico do casal aqui.
Caminhando pelo Parque Forestal, em Santiago, capital do Chile
É claro que essa primeira andadinha ajudou a nos familiarizarmos com a cidade, mas o roteiro de visita mesmo, teve um pique um pouquinho diferente. Decidimos andar por Santiago e conhecer os pontos mais importantes da cidade em um dia! A cidade é bem plana e super fácil de andar, bicicletas podem ser uma opção, embora dificulte a entrada em alguns lugares. Nosso tour em Santiago foi todo pensado por um casal de amigos, Pablo que nasceu e viveu quase toda a sua vida na capital, e Andrea, que nasceu em Rengo, mas fez a faculdade em Santiago. Começamos o dia perto das 10h da manhã (por que também ninguém é de ferro), cruzando o bairro de Bellas Artes, região repleta de restaurantes e museus, alamedas e passeios, duas Faculdades de Direito e uma vida noturna bem agitada.
Prédio do Museu de Bellas Artes, em Santiago, capital do Chile
O Pablo e a Andrea no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Nosso destino, La Chascona, nada mais nada menos do que a casa do mais famoso escritor e poeta chileno, Prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda. A casa em que Neruda viveu de 1955 até 1973, o ano de sua morte.
La Chascona, a casa de Neruda no bairro de Bella Vista, em Santiago, capital do Chile
La Chascona foi uma das três casas de Neruda e está localizada aos pés do Cerro San Cristóbal, no Barrio Bellavista. Em 1953 o poeta comprou o terreno e iniciou a construção da casa com projeto de um arquiteto catalão Germán Rodriguez Ariaz. O nome La Chascona foi dado em homenagem à sua então amante Matilde Urrutia, uma bela mulher de cabelos rebeldes e avermelhados. Matilde era estudante de música, ela e Pablo se conheceram em 1946, mas o romance começou apenas 3 anos mais tarde em terras mexicanas. A casa foi o esconderijo amoroso do casal e em 1955 se tornou a vivenda oficial do poeta, após a separação de sua então esposa Delia del Carril. Lá Neruda viveu até a sua morte, 12 dias depois do Golpe Militar Chileno.
La Chascona, a charmosa casa de Pablo Neruda em Santiago, capital do Chile
A versão oficial da sua morte foi um câncer com o qual ele lutava há alguns anos. Porém existem fortes evidências de que sua morte foi acelerada, o motivo seria a sua ligação ao Partido Comunista. Às vésperas de sua morte a La Chascona foi invadida pelos militares e destruída, moveis, vidros e tudo o que viram pela frente. Matilde decidiu então, fazer o seu velório ali mesmo em meio ao vandalismo militar, como primeiro ato de protesto ao governo golpista.
La Chascona, a charmosa casa de Pablo Neruda em Santiago, capital do Chile
Agora, anos mais tarde e longe das garras de Pinochet e seus comparsas, este assunto já poderia ter sido esclarecido, porém a família preferia não revolver esta história. Entretanto soubemos recentemente que independente disso o povo e a história devem saber a verdade e então será feita a exumação do corpo para estudo e fechamento do caso.
Visitando La Chascona, a casa de Neruda em Santiago, capital do Chile
A casa é uma obra de arte, um museu com coleções de peças de arte de todos os cantos do mundo por onde viajou o diplomata e poeta. A sala em forma de barco demonstra a paixão de Neruda pelo mar e pelo bar, com um balcão de cobre vindo de um antigo barco francês. As peças coloridas demonstram a alegria e a visão positiva da vida que Neruda compartilhava com amigos e mulheres. Bem humorado ele inventou uma porta falsa de acesso direto do seu quarto para a sala para poder surpreender seus convidados, que se serviam de sal e pimenta em saleiros que diziam “marijuana” e “morfina”. Sua sala com pinturas de amigos modernistas como Diego Rivera tem uma linda vista para o bairro, enquanto o bar, na parte alta do terreno presta homenagem aos seus poetas preferidos. No seu escritório de trabalho e sala de leitura vemos parte da sua coleção de livros, prêmios e fotos com alguns dos seus amigos como Vinícius de Morais e Jorge Amado. É, ele soube viver.
Descansando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile
A visita dura em torno de 40 minutos e é feita com um áudio-guia que conta tudo sobre a casa, a vida e a história de Neruda. Detalhe, não é permitido tirar fotos dentro da casa... então vocês terão que ir até lá para conferir.
A bela fachada do Museu de Bellas Artes, em Santiago, capital do Chile
Próxima parada: Cerro San Cristóbal! A maior montanha no centro de Santiago é também um dos seus principais parques, com zoológico e tudo. Do alto, uma bela vista de toda a região e a Virgen de la Inmaculada Concepción, um símbolo da cidade. Subimos o cerro em um funicular e atravessamos o foggy espesso que paira pela cidade.
Em dia de muito fog e poluição, quase não se vê as montanhas andinas que circundam Santiago, capital do Chile, do topo do Cerro San Cristobal
Essa mistura de poeira e poluição fica presa pelos ares frios trazidos pelos Andes. Lá do alto podemos ver a zona central e uma sombra dos Andes detrás da cortina de fumaça. Os ventos são importantíssimos para a cidade de Santiago, ainda mais em um dia como hoje, quem está lá embaixo mal pode se dar conta da qualidade do ar que está respirando. A tarde, porém, a camada de ar mais próxima ao chão se aqueceu, subiu e a inversão térmica limpou o céu da cidade, liberando vistas maravilhosas das montanhas ao nosso redor.
A famosa estátua de Nossa senhora no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Descemos o Cerro San Cristóbal a pé em uma deliciosa caminhada, com novos ângulos e novas vistas da cidade a cada curva. Demoramos quase uma hora na descida e, com ajuda de Pablo e Andrea, aos poucos fomos entendendo melhor sobre a cidade e suas peculiaridades.
Com os amigos chilenos Pablo e Andrea no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
O almoço foi em um restaurante tradicional a duas quadras do funicular, o Venezia. Este restaurante de comida típica chilena tem pratos como la Cazuela de Pollo e o Charquicán, uma sopa de lentilhas com charqui ou algum tipo de linguiça, muito saboroso! Eu ainda provei um clássico encontrado em vários países latinos, a Palta a la Reina, abacate recheado com frango temperado. O Venezia é tão antigo e tradicional, que era frequentado pelo mais ilustre morador do bairro, que tem seu lugar preferido marcado em uma placa de honra.
Visita ao tradicional restaurante Venezia, em Santiago, capital do Chile
A mesa preferida de Pablo Neruda no restaurante Venezia, em Santiago, capital do Chile
Para fazer a digestão continuamos a caminhada, agora ao longo do Parque Forestal, com uma parada rápida no Museu de Belas Artes e seguindo até o antigo Mercado Central. Um dos melhores lugares da cidade para comer marisco fresco em um ambiente descontraído e muito charmoso.
Venda de patas de caranguejo no Mercado Central de Santiago, capital do Chile
O imponente saguão do Mercado Central, em Santiago, capital do Chile
Despedida da Andrea, em Santiago, capital do Chile
Lá nos despedimos de Andrea, que seguia para uma consulta médica, e nós continuamos para o mais autêntico e real La Vega Central, um mercadão com centenas de bancas de frutas, verduras e legumes, cereais, queijos e artesanatos. Chama a atenção a quantidade e variedade de azeitonas, além das lindas alcachofras e das frutas secas como o huesillo (pêssego seco), que é parte integrante de uma das sobremesas mais queridas por aqui, o mote com huesillo. Mote é a versão cozida de diversos grãos, neste caso o grão de trigo. Eu não gosto desse tipo de fruta em calda, mas o Rodrigo provou e adorou.
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Voltamos pelo mercado das flores, visitamos a Estación Mapocho, uma antiga estação ferroviária super fotogênica que foi fechada após danos feitos por terremotos e o abandono da linha férrea. Hoje ela é um espaço de eventos bacaníssimo.
caminhando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile
Dali ao La Piojera, um dos bares mais tradicionais da cidade, em funcionamento há mais de 70 anos! Um beco que acaba em um galpão de cadeiras simples, paredes desenhadas e balcão de madeira é popular por seu drink super alcoólico, o terremoto. Assim batizado após o terremoto que abalou a cidade em 1985, o coquetel leva vinho pipeño (ou vinho branco), sorvete de abacaxi, Fernet, Granadina, Rum e Conhac! A terra tremeu, mas nem tanto, pois dividimos um copão desses para nós três! Kkk!
O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile
Produção em série de "Terremotos", no balcão do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
Servindo o famoso "Terremoto", drinque típico do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
Achando que a tarde acabava em um bar, é? Ainda não! Continuamos a nossa caminhada até a Plaza de Armas, visitamos rapidinho a Catedral e descemos pelo Paseo Ahumada, um calçadão comercial cheio de lojas e vendedores, festas, artistas de rua e muita gente.
Caminhando pela Calle Ahumada, no centro de Santiago, capital do Chile
Demos a sorte de encontrar ali duas das principais expressões culturais populares desta região no Chile: la cueca, a dança nacional que imita o cortejo de um galo à uma galinha, e os chinchineros que são praticamente uma orquestra de tambores ambulante! Além de tocar o tambor com pés e mãos, eles dançam e giram enlouquecidamente no meio da gente impressionada com as suas peripécias. Um show à parte.
Show de cueca, dança típica, na calle Ahumada, no centro de Santiago, capital do Chile
Os famosos músicos que cantam e dançam ao mesmo tempo, típicos de Santiago, capital do Chile
Aqui para estes lados do continente o sol se põe mais tarde, já eram mais de 19h e o sol estava se pondo naquele dia perfeito em terras santiaguinas. Do alto do Cerro Santa Lucia vimos o pôr do sol sobre os arranha-céus da capital chilena, luz linda, ao fundo o cerro San Cristóbal e agora totalmente visíveis, a incrível e nevada Cordilheira dos Andes.
Subindo o Cerro Santa Lucia, em Santiago, capital do Chile
Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia
Depois de um banho rápido e uma descansadinha no hotel, se você ainda tiver pique a noite pode continuar nos bares de Bellas Artes, que mesmo em uma quarta-feira estavam bem movimentados e cheio de jovens descolados! Nós fomos direto ao Galindo, um dos clássicos santiaguinos. Provamos a chorrillana, prato local de batata frita com carne desfiada, cebola e ovos, para acompanhar uma cerveja stout encorpada e cheia de personalidade.
Muito romantismo no alto do Cerro Santa Lucia, em Santiago, capital do Chile
Uau! Achou que Santiago não teria nada para conhecer?! Aí está a sugestão de um dia explorando a cidade de Santiago. Tudo isso ainda sem contar com a infinidade de museus que você pode visitar, restaurantes para descobrir e wine tastings para se embebedar. Mas se você é dos nossos e gosta de caminhar, anota esse roteiro aí que não irá se arrepender!
Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia
Meu sonho conhecer Santiago do Chile.
Trabalhei em um projeto com uma equipe chilena e eram todos mega gentís e inteligentes. Contavam muitas histórias de lugares sensacionais e você escreveu quase todos eles aqui Ana. AMEI....
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