0
arqueologia cachoeira Caribe cidade histórica Estrada mar Mergulho Montanha parque nacional Praia Rio roteiro Trekking trilha
Alaska Anguila Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Galápagos Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Venezuela
Marcos (07/05)
Gostaria de saber se há como ir e volrar para Providência no mesmo dia?...
Marcos (07/05)
Gostaria de saber se há como ir e volrar para Providência no mesmo dia?...
Marcos (07/05)
Gostaria de saber se há como ir e volrar para Providência no mesmo dia?...
Marcos (07/05)
Gostaria de saber se há como ir e volrar para Providência no mesmo dia?...
Janerson (03/05)
Olá! Sou mineiro, vi as suas aventuras pela Serra do caraça, um lugar ...
Explorando a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Imaginem a situação: estamos no Canadá, cruzando as Montanhas Rochosas, um lugar em que as mínimas podem chegar a -52°C e a brazuca aqui escuta o nome “Icefields Parkway”. Hummm, interessante! Ela vê um imenso caminhão com rodas de 1,5m de diâmetro, que leva turistas por essas rotas, fotos do caminhão pequenininho em meio a um imenso campo branco e gelado. O que ela imagina? Cruzaremos sobre um imenso glaciar, tudo nevado, talvez a Fiona precise de correntes, 4 x 4 com certeza! Mas, será que vamos conseguir passar? É claro, estamos em um país de primeiro mundo, organizado, se um carro como o nosso não conseguir passar eles não nos deixam nem entrar na rodovia.
Ao lado do veículo que leva turistas nas geleiras do Banff National Park, em Alberta, no Canadá
Lindo! Assim pegamos a estrada que cruza as Rochosas, ligando o Banff National Park em direção ao Jasper National Park. Nesta região está localizado um dos maiores campos de gelo do mundo, o Columbia Icefield, com 325km2, que pode chegar a 365m de profundidade! Nele se originam alguns dos principais rios da região, como o Athabasca River e o North Saskatchewan River, que por sua vez seguem ao Rio Columbia e à Hudson Bay, no Oceano Ártico. O Columbia Icefield alimenta 8 principais glaciares, alguns dos quais são visíveis da própria parkway.
A bela geleira de Crowfoot, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
Pegamos a estrada animadíssimos, muito gelo e muita neve nos esperavam! Certo? Errado! Já nos primeiros quilômetros vimos que não seria nada disso, afinal estamos no verão, não é mesmo? Verão, minha gente, é quente até no meio do Canadá. Não sei se é culpa do aquecimento global ou não, mas este é um fato. Assim como inverno é frio até no Brasil! Ok, não em todo Brasil, mas lá nas minhas terras subtropicais o aquecimento global só a esfriou ainda mais.
Estrada que corta as montanhas e a belíssima paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
Os 232 km de estrada cruzam paisagens magníficas, entre montanhas nevadas, florestas de coníferas, lagos alpinos, glaciares e cachoeiras. Nesta época do ano a estrada está aberta, um asfalto ótimo sem um pingo de neve ou gelo. Mas leve um casaquinho, pois as montanhas criam o seu próprio microclima, movimentando o ar gelado dos glaciares para a beira dos lagos e o fundo dos vales.
Estrada que corta as montanhas e a belíssima paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
No caminho paramos em inúmeros mirantes, Hebert Lake e suas águas cristalinas, onde conhecemos Len e Irmite, um simpático casal canadense que nos encheu de dicas sobre a British Columbia e os nossos caminhos pela costa do Pacífico. Quem sabe conseguiremos encontrá-los próximos à Vancouver na nossa descida pelo Canadá!
Foto antiga mostra a geleira de Crowfoot ainda com três dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
O Crowfoot Glacier é o primeiro dos glaciares que avistamos. O nome vem do seu formato parecido com um pé de um corvo, porém com a retração do glaciar ele perdeu um dos seus dedos. Há 94 anos uma foto deste mesmo lugar (acima) mostra como era a geleira, mais um dos sinais claros do aumento da temperatura no nosso planeta.
A geleira de Crowfoot, agora com apenas dois dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
Adiante paramos para uma foto no Bow Lake, lago criado pelo Bow Glacier e que também alimenta o Bow River que criou do Bow Valley. Impressionante como um mesmo “Bow” pode ser responsável por tanta beleza!
O magnífico cenário da estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
Infelizmente não podemos parar em todos os mirantes do caminho e como o nosso dia é longo, fizemos a próxima parada no Peyto Lake. Este lago também é criado pelo glaciar de mesmo nome, que está localizado na Peyto Mountains. O glaciar está cada vez mais diminuto e pode ser visto a uma longa distância, mas o seu lago é um dos mais famosos dos Icefileds, com fotos maravilhosas em dias ensolarados. É, infelizmente não tivemos a mesma sorte. A chuva nos pegou no alto da trilha e descemos correndo para o conforto da Fiona.
Lagos e montanhas na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá
Já bem impressionados com as belezas do caminho e esperando mais um glaciar no alto da montanha chegamos ao Athabasca Glacier. Embasbacados, finalmente entendemos qual era todo aquele marketing dos grandes caminhões e aventuras pelo gelo!
minúsculas pessoas caminham na geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
O gigantesco Athabasca Glacier é uma das seis principais línguas de gelo do Columbia Icefield. Ele atualmente retrocede de 2 a 3 metros por ano, já diminuiu 1,5km nos últimos 125 anos e perdeu metade do seu volume. Ainda assim, suas proporções são imensas, com 6km de comprimento e pouco mais de 6km2 de área, é um o glaciar mais visitado da América do Norte.
Riacho atravessa a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Descemos do carro e subimos uma de suas imensas moraines, pilhas de terra e pedras criadas pela geleira, cruzando as placas de marcação do seu retrocesso. As placas indicam onde a geleira estava naquele ano. Passamos por 1982 e ainda andamos um longo caminho até chegar ao gelo.
A caminho da geleira em Columbia Ice Fields, a placa marca até onde o gelo chegava em 1982 (no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá)
Excursões com guias e equipamentos especializados são vendidas do outro lado da estrada para trekkings pelo glaciar. Nós chegamos lá e vimos todos caminhando sobre um longo caminho já pisado, sujo e marcado na geleira e, é claro, não passamos vontade. Andamos pelo belíssimo glaciar, ao lado das corredeiras azuladas criadas sobre o gelo e até o sol deu o ar da graça.
Caminhando pela fantástica geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Aqui vale uma ressalva! Caminhar no glaciar não é recomendado. O perigo mora nas fissuras criadas pela água sob o gelo. Com o peso de uma criança o gelo que está escondendo um oco super profundo pode ceder e tanto a queda quanto o frio, podem ser fatais.
O balé das águas na Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Fechamos o roteiro passando rapidamente pela Sunwapta Falls e com uma deliciosa caminhada pela Athabasca Falls. Um cânion estreito foi esculpido pelas águas geladas desta cachoeira que já mudou de curso e escavou novos caminhos, deixando cenários espetaculares.
As poderosas Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Rio corta canyon através de diversas camadas de rocha, em Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá
Nossa chegada à cidadezinha de Jasper foi brindada com um bom vinho e uma ótima música canadense no Olive Bistro. Dia perfeito, com ventos, chuvas e até sol, em uma das estradas mais cênicas da América do Norte! Enfim final feliz para os brasileiros aqui que aos poucos aprendem mais sobre a geografia e o clima destes cantos do norte da América.
Olha só a gente "perdido" no meio do Canadá!
A deliciosa casa da Amy e do Joe na Pennsylvania, nos Estados Unidos
A poucas horas de Nova Iorque, o countryside da Pensilvânia é uma ilha de tranquilidade perto da loucura e do estresse da cidade grande. O refúgio perfeito para um final de semana relaxante entre amigos e o ar puro da fazenda.
A deliciosa casa da Amy e do Joe na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Chegamos à casa dos nossos novos amigos Amy e Joe às 8 horas da manhã, logo após buscarmos Bebel no aeroporto. Mr. White, Mr. Brown e Hattie Black nosso receberam no jardim ao lado do simpático e sempre tranquilo Joe. Mesmo às 8 horas da manhã de um sábado, Amy já estava animadíssima nos recebeu com ótimas histórias e em um minuto já parecíamos velhos conhecidos.
Despedida do trio de poodles da Amy e do Joe, na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Amy e Joe nos foram apresentados via internet pelos meus cunhados Pedro e Íris, pais da Bebel. Eles trabalham com produção de cinema em filmes hollywoodianos, Amy como custom designer e Joe como location manager. Embora fiquem baseados em Nova Iorque, geralmente os projetos demandam muito tempo e viagem, ficando 4 às vezes 6 meses em função de um filme.
Despedida da Amy, na sua casa na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Tivemos sorte em conseguir encontrá-los no momento de férias e descanso em sua casa de campo, onde a nossa dura rotina se resumia em relaxar na beira da piscina na companhia dos amigos e praticar o meu esporte predileto: socialização!
Conversa na piscina com a Amy e o Joe, a Victoria e a Imogen, na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Amy não cansava de nos mimar, refeições deliciosas, café da manhã com iogurte natural, granola e frutas vermelhas frescas. Mais tarde, queijos e cervejas artesanais na beira da piscina, regados com bons papos sobre viagens, música, filmes e, é claro, todas as fofocas dos bastidores de Hollywood. O assunto do momento é a separação do Tom Cruise, ninguém aqui entende como Kate pôde aguentá-lo por tanto tempo! Rsrs!
A Amy com o Mr. White, um dos 3 poodles de estimação, na sua casa na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Bebel já esteve aqui e não demorou dois minutos para entrar na piscina, só esperando a hora certa para ir à casa de Hanna, prima de Amy, onde encontraria a turminha da sua idade para brincar, se divertir e matar as saudades.
Bebel aproveitando o sol e a piscina da casa da Amy e do Joe, na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Durante a tarde chegaram Victoria e Imogen e fomos a um churrasco na casa de Ann e Hanna, com todo o pessoal do mesmo circulo de amigos deste mundo do cinema. Fizemos o possível e impossível para representar bem Pedro e Íris, os queridíssimos amigos brasileiros que já são parte dessa grande família.
O Joe prepara um delicioso churrasco na sua casa na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Hora do almoço na varanda da casa da Amy e do Joe na Pennsylvania, nos Estados Unidos
A Bebel, só conseguimos recuperar no dia seguinte, assim que ela acordou as 3 horas da tarde! Também pudera, ela não havia dormido nada no avião vendo 4 filmes seguidos! A tarde de domingo em torno da piscina, brincando com os cachorros e entendendo mais desse universo New York – Hollywoodiano foi perfeita para relaxarmos e nos prepararmos para os próximos 12 dias de estrada pelo nordeste dos Estados Unidos.
Bebel aproveitando o sol e a piscina da casa da Amy e do Joe, na Pennsylvania, nos Estados Unidos
O trio de poodles da Amy e do Joe, na casa da Pennsylvania, nos Estados Unidos
Joe, original de Vermont, nos ajudou a traçar o melhor roteiro de viagem, dando dicas das rotas cênicas e inclusive o contato de seus pais, que iremos visitar na nossa passagem pelo estado. A despedida na segunda-feira foi daquelas doídas, não queríamos ir embora. Encontramos aqui grandes amigos! Muito obrigada pela acolhida e espero que possam nos encontrar logo em algum canto da América ou em umas férias prolongadas pelo Brasil!
Despedida da Amy, na sua casa na Pennsylvania, nos Estados Unidos
Visão do vão central do Mercado Central em Fortaleza - CE
Nos despedimos de Fortaleza neste dia ensolarado depois de tantas experiências: piratas, chuva, toboáguas, chuva, alta gastronomia, sol, rock cordel pauleira e muita arte! Sendo assim, não poderíamos deixar de conhecer o lugar que concentra as mais diversas culturas populares cearenses, o Mercado Central!
Produtos de renda no Mercado Central em Fortaleza - CE
Artesanato em couro, palha, redes, redinhas, redonas, mantas, castanhas de caju aos milhares e de todos os sabores. Pingas curtidas em caranguejos ou cajus imensos, doces regionais, pinturas em azulejos e esculturas em cerâmica. Restaurantes por quilo, tapiocarias e até a música sertaneja de Asa Branca, na entrada principal do mercado.
Loja no Mercado Central em Fortaleza - CE
O Mercado Central fica em um edifício todo modernoso, a la Niemeyer, com passarelas interligando os andares e corredores lotados de produtos dependurados de todos os tipos, tamanhos e cores.
Visão do Mercado Central em Fortaleza - CE
Tudo isso é maravilhoso, uma abundância de vida, de arte e energia que transborda do povo que faz deste lugar ser o que é. Cearenses vindos de todos os cantos do estado, buscando um jeito para viver, sobreviver e lutando por condições melhores de vida. Povo trabalhando, turistas e locais comprando, (quase) tudo como deve ser.
Mercado Central em Fortaleza - CE
A cena que mais me marcou foi a de um mendigo bem senhorzinho pedindo dinheiro. Eu estava na fila do caixa 24h e ele, já sem enxergar direito, sem voz, sem dentes, sem nada, parou em minha frente, estendeu seu dedo indicador bem nos meus olhos e pediu “UM REAL”. Eu entendi por que sou boa em leitura labial e mímica e não tive como negar, busquei cada moeda que tinha em minha carteira para lhe dar, tamanha a minha surpresa perante aquela figura. Infelizmente a surpresa não é por não estar acostumada com a pobreza, mas pela expressão que vi em seu rosto, a dor que senti nos seus olhos e o sofrimento em sua voz calada.
Visitando o Mercado Central em Fortaleza - CE
Nessas nossas andanças vemos muita pobreza, mas sem dúvida as capitais são mais chocantes. Elas tornam o rico e o pobre muito mais visíveis e o gap muito mais claro. A cidade grande é cruel com os pouco abonados, não apenas pelo alto custo de vida, mas pela simples comparação a que eles próprios se submetem e são submetidos a toda hora. No campo ao menos existe a possibilidade de uma moradia simples, mas digna, um trabalho na terra de onde se tira o que comer e de uma vida mais saudável. Quanto mais caminhamos, mais vejo o quanto o homem complica. Afinal, por que ser simples é tão complicado?
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast e a trilha para a Kalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Kauai é a mais antiga das grandes ilhas do Hawaii. Formada há aproximadamente 6 milhões de anos a Garden Island abriga um dos lugares mais chuvosos dos Estados Unidos, próximo ao Monte Wai´Ale´Ale, com mais de 12.000mm de precipitação anual! Esta quantidade de chuva, além de torná-la a ilha mais verde do arquipélago, esculpiu cânions e formou uma mescla de ecossistemas única.
Chegando de avião à ilha de Kauai, no Havaí
É neste cenário que encontramos uma das paisagens naturais mais cruas e intocadas do Hawaii, suas catedrais esculpidas pela água, pelo tempo e pelo vento surgem do fundo do Oceano Pacífico para formar a Na Pali Coast.
Sobrevoando uma das regiões mais chuvosas do mundo, na ilha de Kauai, no Havaí
Toda a costa noroeste da ilha é protegida pelo Na Pali Coast State Park que compreende praias desertas, cânions ainda inexplorados, dezenas de cachoeiras que até pouco tempo só os pássaros podiam apreciar.
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast, em Kauai, no Havaí
Sobrevoar as ilhas havaianas é um programa mais simples do que parece. As companhias de helicóptero operam em todas as ilhas, mas são Big Island e Kauai onde este sobrevoo toma outras proporções. Na Big Island a grande atração é o sobrevoo dos campos de lava e principalmente da caldeira do vulcão ativo Kilauea, que está em constante erupção há mais de 30 anos. O sobrevoo é uma das únicas formas de realmente ver o magma fervilhante que corre pelas entranhas da ilha.
Só falta a Ana no helicóptero para nosso sobrevoo de Kauai, no Havaí
Helicóptero chega para nosso sobrevoo de Kauai, no Havaí
Aqui no Kauai a emoção é outra, sobrevoar a Na Pali Coast é como estar em um filme hollywoodiano, descobrindo um novo mundo, explorando uma ilha selvagem, chegando ao parque dos dinossauros do Jurassic Park ou entrando em um dos filmes do King Kong. Sobrevoar esta paisagem é uma das únicas formas de compreender a magnitude da expressiva natureza do Hawaii.
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast e a trilha para a Kalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Esta é a imagem que eu sempre fiz dos jardins suspensos da Babilônia, milhares de cachoeiras despencando em cânions nunca antes explorados, praias desertas e uma diversidade de cores, florestas, plantas e tonalidades de verdes jamais imaginados.
São dezenas de cachoeiras que avistamos durante o sobrevoo de Kauai, no Havaí
O primeiro voo de helicóptero da minha vida realizou um sonho antigo e ainda conhecendo nada mais nada menos do que a Na Pali Coast! O sobrevoo começa no heliporto próximo da capital Kihei, com a trilha sonora de filmes como Indiana Jones e ET, ficamos envolvidos na aventura e logo alcançamos as montanhas, que surgem do zero direto para os 1.500 metros sobre o nível do mar. As cachoeiras são as primeiras a dar o ar da graça, uma, duas, três em cada esquina desta imensa cordilheira, correm incansáveis pelos cânions coloridos e dentre a maior diversidade de palmeiras e xaxins do mundo, alguns só encontrados aqui nas florestas do Kauai.
São dezenas de cachoeiras que avistamos durante o sobrevoo de Kauai, no Havaí
Cruzamos um primeiro cânion e logo nosso piloto avisa: “estamos chegando em um dos cânions mais bonitos do mundo, conhecido como o Grand Canyon do Pacífico, na minha opinião ele é mais bonito!”. O Waimea Canyon impressiona com suas cores terracota, amarelos, alaranjados e vermelhos vistos do helicóptero, que logo mergulha nas profundezas do cânion, que chega a 914m de profundidade.
O impressionante canyon de Waimea, em Kauai, no Havaí
Ganhamos altura novamente e finalmente cruzamos para o litoral. Piscamos os olhos e não conseguimos acreditar no que vemos: o Kalalau Cânion, a Kalalau Beach e o impressionante encontro destas estúpidas montanhas com o Oceano Pacífico. As cenas da chegada à ilha dos dinossauros, do filme Jurassic Park foram filmadas aqui!
O encontro das montanhas e o mar azul de Kauai, no Havaí
Este é o maior espetáculo desta hora de vôo sobre o Kauai, a Na Pali Coast, uma costa toda recortada, inexplorada, intocada, jovem e pulsante.
Voando sobre a magnífica Lalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Quase sem respirar, com o tilintar das cortinas fotográficas quase incessantes e os sorrisos estirados de orelha a orelha, eu, Rodrigo, Laura e Rafael tínhamos certeza que este tinha sido o melhor investimento que fizemos nesta viagem.
A bordo do helicóptero, durante sobrevoo da ilha de Kauai, no Havaí
A ilha da fantasia ainda havia nos reservado outra surpresa, o encontro com amigos queridos vindos do Brasil e dos Estados Unidos: Sidney, Ane, Rafael e o Marcos, que também fez o sobrevoo em outro helicóptero. Nos encontramos de volta à terra firme, ele também com o sorriso estampado no rosto, pois acabávamos de sobrevoar uma das paisagens mais lindas do nosso planeta.
O grupo do nosso helicóptero, já na segurança da terra firme, em Lihue, em Kauai, no Havaí
Durante a tarde fomos conferir parte desta paisagem lá de baixo, onde nós humanos temos que nos contentar com mirantes e os lentos passos de quem ainda não está pronto para ter as próprias asas. Percorremos o Waimea Canyon até o mirante da Kalalau Beach, batemos papo com artistas e artesãos que escolheram este lugar como lar, assim como os nenes, gansos nativos, ave símbolo aqui do Hawaii.
Mirante do magnífico canyon de Waimea, em Kauai, no Havaí
Dirigindo na costa sul de Kauai, no Havaí
O pôr-do-sol foi no blow-hole no caminho para Poipu. Americanos são doidos por estes “chafarizes naturais” de água, em toda costa americana eles os sinalizam, mas eu nunca tinha visto um tão perfeito! Os corais formam cavidades e conforme as ondas do mar se encontram com esse espaço, colunas de águas altíssimas são esguichadas pelo blow-hole.
Um enorme blow hole na costa sul de Kauai, no Havaí
Um dia intenso, repleto de fortes emoções e paisagens maravilhosas marcou a nossa chegada ao Kauai. A nossa programação seguirá intensa para os próximos dias, liquidando com mais um dos sonhos de muito tempo, caminhar os 18km da Kalalau Trail, uma das trilhas costeiras mais lindas do mundo, segundo a National Geographic. Kalalau, here we go!
O sol de põe por detrás de um blow hole na costa sul de Kauai, no Havaí
Despedida do Alê, Dani e Lucas, na casa deles em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Duas coisas parecem incabíveis durante uma viagem como a nossa: reclamar e parar. Reclamar do que? Estamos realizando todos os nossos sonhos como nunca imaginamos que poderíamos fazer. Pois é galera, mas vocês já devem ter ouvido falar que viajar cansa. Manja aqueles viajantes que voltam das férias mais cansados do que saíram? Aí dizem, “cansados no corpo, mas renovados na mente”. É por aí, nós estamos vendo muita coisa nova, aprendendo sobre o mundo, culturas, natureza e pessoas. A mente está renovadíssima, até demais eu diria, quase em curto com tanta informação nova. O corpo... este já se acostumou com uma cama diferente a cada dia, mas anda cansado desta vida cigana que arranjamos para ele. Eis que em meio aos cansaços e reclamações surge a oportunidade ideal para fazermos um dos pecados capitais dos viajantes: parar.
O queridíssimo Lucas, filho da Dan e do Alê, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Sim, nós paramos. Por dois dias, nós paramos. Paramos de correr, dirigir, conhecer, viajar, paramos de nos cobrar em fazer tudo e conhecer tudo ao mesmo tempo agora. Paramos para dormir descentemente, comer saudavelmente e principalmente, paramos para curtir algo que sentimos muita falta, os amigos!
Recebidos pelo Alê e pela Dani com delicioso jantar em sua casa em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Quando começamos a planejar esta viagem comentamos com o Alê e a Dani que iríamos nos encontrar na Costa Rica, país que os dois já moraram e onde nasceu o filho Lucas. Eles tinham acabado de voltar para o Brasil e nos deram várias dicas do país centro-americano da ondas, vulcões e praias paradisíacas. O que não imaginávamos, e nem eles, é que quando chegássemos ao Canadá iríamos encontrá-los morando aqui, em Toronto!
Os amigos que nos receberam tão bem em sua casa em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
O casal trabalha em uma multinacional, vivem viajando e têm oportunidades como esta, de serem transferidos para outros países. A Dani já viveu na Suíça, junto com o Alê na Costa Rica e há 6 meses eles foram transferidos para cá. Moram hoje em Markham, um subúrbio bacana nos arredores da metrópole.
Reencontro com o Alê, antigo amigo, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Passamos um final de semana maravilhoso na casa do casal que já conheço há quase 10 anos. 10 anos de muitas festas, churrascos, shows, viagens e histórias juntos. Chegamos na quinta-feira a noite e junto conosco chegou a chuva. Na sexta-feira aproveitamos o dia útil e fizemos o tínhamos que fazer: revisão dos 90 mil km da Fiona, cortamos os cabelos, lavamos roupas, etc.
Adeus, barba e cabelo, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
A noite, um jantar especial em uma pizzaria em Toronto e um passeio pela rua mais longa do mundo, a Young Street. 1.800 milhas de rua, que vira estrada e volta a ser rua atravessando toda a província de Ontário. Não sei qual foi o critério para definir que ela é uma rua e não uma estrada, mas a fama de rua mais longa do mundo está garantida anyway.
Assistindo à derrota brasileira na final olímpica, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
A parada foi providencial, tempo chuvoso, olimpíadas e amigos reunidos, quer situação mais perfeita? O sábado foi de muitas emoções acompanhando os jogos brasileiros nas Olimpíadas. O Brasil perdeu no futebol masculino e levou a prata. As meninas do vôlei deram um show e levaram o ouro, o coraçãozinho brazuca aqui vibrou a cada ponto!
Alegria delas e nossa nas Olimpiadas (em Toronto, no Canadá)
À tarde enquanto as meninas foram ao shopping, os meninos ainda assistiram a final do Boxe, onde o brasileiro levou prata. Final do dia com churrasquinho, cervejinha, lutas de espadas e um super encontro com o Homem Aranha! O Lucas está lindo e esperto demais! O time dele do Summer Camp ganhou no futebol, ele nos ensina a pronúncia das palavras em inglês, dá as dicas sobre o ipad e é ligeiro demais na espada! Amigos, obrigada por tudo, foi demais reencontrar vocês!!!
O Lucas na sua roupa predileta, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Reencontro de amigas na casa da Dani, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Amanhã o dia será de explorações em Toronto e tristes despedidas dos amigos. Que seja só um até logo, esperaremos vocês na nossa casa de rodas lá na Costa Oeste! Vancouver, Califórnia ou onde vocês escolherem, estaremos esperando com a Fiona de portas abertas!
O queridíssimo Lucas, filho da Dan e do Alê, em Markham, subúrbio de Toronto, no Canadá
Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
O Badlands National Park é uma das áreas de pradarias mais preservadas dos Estados Unidos. São 244 mil acres de parque nacional, sendo 64 mil destes considerados “National Wilderness Area”, totalmente intocadas. A história geológica destas terras data de mais de 65 milhões de anos, vendo passar por suas pradarias e montanhas animais da megafauna como entelodontes e oreodontes. Caçadores nômades pré-históricos caçavam bisões e mamutes e deixaram para trás pegadas que nos contam sua história e modo de vida.
Voltando ao Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
As maravilhosas paisagens do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Badlands, ou “terras ruins” na tradução livre, vem da expressão Oglala “Mako Sica”. Os colonizadores concordaram com eles e mantiveram o nome das terras ruins, já que buscavam áreas propícias para plantio e criação de gado. Um terreno assim, tão acidentado só poderia ser terrível, não é mesmo? Para sorte de todos nós eles não insistiram e deixaram essa terra de lado, mantendo uma área de extrema beleza natural totalmente preservada, um dos últimos refúgios para vida selvagem neste canto das Great Plains.
Coelho nos observa no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
No parque conseguimos encontrar Mountain Goats, Big Horn Sheeps, Veados, Coyotes e até animais maiores como o American Buffalo, também conhecido como Bison. Estas terras continuam sendo a casa de nações indígenas das tribos da Grande Nação Sioux e a porção sul do parque é administrada pela tribo Oglala-Lakota.
Espécie de cabra montanhesa comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Vindos do leste pela estrada Interestadual 90 (I-90), pegamos a Badlands Loop Road (Highway 240) pela entrada nordeste e a primeira parada é no Big Badlands Overlook. Um cenário seco formado por pelo menos 6 camadas diferentes de rochas em diferentes tonalidades de amarelo, terracota, cinza e quase branco.
Solo colorido no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Paisagem do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Cada uma dessas camadas foi depositada em intervalos de milhões de anos que também ajudam os geólogos e palenteólogos a remontar a história desta região. A água, os movimentos das camadas tectônicas e o vento ajudaram a dar forma e a esculpir cânions, montanhas, vales e chapadas que juntos formam uma paisagem incrível! Já vimos formações parecidas no Vale da Morte, do Atacama (Chile) e no Death Valley, Califórnia (EUA), mas cada uma possui características que as tornam únicas e obrigatórias para os amantes da natureza.
Cabra montanhesa descansa em platô no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Pequeno veado no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Adiante vale uma parada rápida para caminhar entre as montanhas e formações nas trilhas Door e Window e se estiver com pique vale também cruzar a Notch Trail (2,4km), caminhando por um cânion até o mirante para uma vista sensacional do White River Valley.
Terreno desértico do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Seguindo a estrada encontramos o Visitor Center, que reúne muitas informações interessantes sobre o parque no pequeno museu. A cada mirante, placa informativa e paisagem grandiosa vamos entrando na história do parque e captando a energia do Badlands.
As pradarias do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
O final de tarde é especial, não apenas para boas fotos, como também para ver os animais selvagens. A cada 10 minutos encontrávamos ou um Big Horn Sheep, ou veadinhos, coelhos e mountain goats. O coiote é mais difícil de ver, ele se mescla bem nas pradarias e é muito rápido, mas até ele tivemos a sorte de encontrar!
Coiote circula no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Magnífico fim de tarde no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Estávamos ansiosos pelo encontro com um bisão. Conversamos com o cara do motel na cidadezinha de Wall e ele nos disse que era difícil ver algum, ele mesmo só havia visto de longe. Sem perder as esperanças voltamos ao parque no dia seguinte, antes do sol quente do meio-dia e pegamos a Sage Creek Road.
Bisão solitário no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Esta continuação da Badlands Loop Road é área onde geralmente os bisões são vistos. No caminho passamos pela Praire Dog Town, uma área plana, quase sem vegetação e totalmente esburacada por esse roedor chamado de “dog praire”. O “tic, tic” vira a trilha sonora da pradaria, enquanto nos divertimos vendo os bichinhos comendo e correndo assustados para suas casinhas.
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Eis que de longe vimos alguns carros parados e uma manada de bisões perto da estrada. Detalhe: eles estavam cercados! Pois é, ainda existem alguns proprietários de terras que chegaram à região antes da área se tornar parque e adivinhem? Eles criam búfalos! Animais imensos, com comportamento tão pacato quanto o de um boi ou uma vaca, mas tão selvagens que chegam a ser imprevisíveis. Se encanam com você, sai da frente!
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Eles parecem usar um casaco de pele sobre os ombros, tamanho o frio que enfrentam nos meses mais gelados. Bem, vimos, mas não estávamos muito contentes de tê-los visto assim, atrás das grades. Seguimos viagem e 10 km à frente cruzamos dois bisões selvagens, soltos próximos da estrada! Lindo, forte e imponente o maior deles posou para nossa foto por um bom tempo, parecendo pouco se importar com a nossa presença. Quando o Rodrigo tentou se aproximar, ele se afastou como quem diz, “fica na sua, que eu fico na minha!”
Tentando socializar com um bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Missão cumprida aqui no Badlands, mais um parque nacional obrigatório para os viajantes intrépidos e amantes da natureza. Agora seguimos para as Black Hills para conhecer um dos principais cartões postais dos Estados Unidos!
Um enorme bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Mirante no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Entrando no Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Imaginem o mundo há 10.000 anos, como ele era? Quando estamos no escritório, em casa, nas cidades, shoppings, enfim, nas nossas vidas cotidianas, logo imaginamos o Discovery Channel, o NatGeo ou ainda lembramos daquele filme de mesmo nome lançado recentemente. Puxamos na nossa imaginação todas as referências que temos do mundo antes dele ser ocupado pelo homo sapiens sapiens. Será que ainda existiam os dinossauros? Eras glaciais? Homens das cavernas? Aí até os Flintstones aparecem na memória! Fazendo este exercício percebemos como estes míseros 10 mil anos estão distantes da nossa realidade.
Gigantesca clarabóia na Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Há 10 mil anos estava terminando a última era Glacial e o mundo já era habitado pela nossa espécie. Eles lutavam para sobreviver ao frio, utilizando as cavernas como abrigo. As cavernas por sua vez possuem outra perspectiva do tempo e do mundo. A terra existe há 4,5 bilhões de anos, desde então passou por diversas eras geológicas, se transformando e evoluindo com a passagem dos milhões de anos, até hoje. As cavernas presenciaram e fazem parte desta história, pois o processo de formação destas cavidades segue há alguns milhões de anos.
Rio Peruaçu, no interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Rio Peruaçu, no interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Todo este processo fica claro quando entramos em um monumento natural como a Caverna do Janelão no Vale do Peruaçu. É monumental, sensacional, fantástico! São paredes de mais de 100m de altura, formações espeleológicas gigantescas, como o cogumelo ou a perna da bailarina, que está no Guiness Book por ser a maior estalactite do mundo com 28m de comprimento.
Formação na Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
O maior estalagtite do mundo, a "Perna da Bailarina", na Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
A natureza vem trabalhando há 2 ou 3 milhões de anos esculpindo nesta rocha calcária as mais variadas formas, túneis e salões que hoje nos deixam boquiabertos por sua grandeza. Ali dentro devem ter passado dinossauros, preguiças gigantes e toda a grande fauna que um dia já habitou o nosso continente. Soubemos que em uma fazenda próxima ainda se encontra um fóssil de uma preguiça gigante! Que achado!
Formação na Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Não é a toa também que ali, a apenas 45 minutos de caminhada, encontramos também curiosos painéis de pinturas rupestres, que um dia tiveram um significado completamente diferente para os nossos antepassados e hoje contam parte da história recente do nosso país.
Pinturas rupestres no "Painel", no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Sabe-se que os nossos índios não chegaram a conhecer estes homens das cavernas. Como será que eles eram? O que será que se passava pela cabeça destes homens, mulheres e crianças que viviam em um mundo completamente diferente do nosso? Como eles se abrigavam o frio, o que eles comiam? Como se comunicavam? O que será que esses símbolos significavam para eles?
Pinturas rupestres no "Painel", no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Todas essas perguntas surgem quando nos deparamos com um lugar como este. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu possui potencial imenso para se tornar um dos principais parques de pesquisa geológica e antropológica no Brasil. E agora, depois de visitar um lugar como este, fica muito mais fácil responder a aquela pergunta. Imaginem o mundo há 10.000 anos, como ele era? Boa parte das respostas surgirá. Intuitivamente, pois em algum lugar dentro de você estas lembranças, seja em memória genética ou espiritual, existem.
Mirante do Buraco dos Macacos, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG
Percorrendo o Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Há muitos anos eu tenho vontade de conhecer os fiordes, uma formação geológica muito comum na Noruega e em parte do Chile. São entradas de mar imensas, de 3, 4 km ou mais, por entre montanhas e paredes rochosas. Até alguns anos atrás eu não sabia que o Brasil possuía um, foi conversando com a minha cunhada que descobrimos e nos apaixonamos. Lembro quando eu e Rodrigo viajamos de avião sobre o litoral em direção à Recife e ficamos brincando de localizar as praias do litoral sudeste. Quando sobrevoamos o Saco do Mamanguá foi fácil reconhecê-lo e lá de cima falamos “nos aguarde”, pois logo chegaremos aí. Chegou a hora, depois de um dia e meio de espera, agora temos as condições favoráveis de vento e o barco disponível.
Dia nublado no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Saímos de Paraty-Mirim em direção ao Mamanguá. Reinaldo foi o nosso barqueiro, caiçara de 40 anos nascido em Praia Grande. Sua família vive na região há gerações e ele foi ao Mamanguá pela primeira vez quando tinha apenas 12 anos. Nesta época o fiorde possuía somente alguns moradores caiçaras. Hoje praticamente todo o Mamanguá está tomado por construções. São comunidades caiçaras em contraste com mansões imensas em praias particulares pertencentes a milionários paulistas e cariocas. Eu confesso que fiquei surpresa, pois achava que seria um lugar mais desabitado, uma vez que o acesso se dá somente por barco ou trilhas longas e íngremes.
Percorrendo a região de mangue do Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Indo mais longe, quando o mar encontra as montanhas ao fundo, chegamos ao Saco do Mamanguá propriamente dito, uma área de reserva ambiental. Nesta área a fiscalização é mais intensa e as únicas construções que encontramos são as casas da aldeia Guarani. A aldeia e uma pequena cachoeira ficam quase no início de um canal formado no manguezal e mais 15 minutos de caminhada mata adentro.
"Mulatas", pequenos carangueijos no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Fomos até lá conhecer a aldeia, mas o Roque, chefe da tribo não estava presente, demos uma olhada distante e conversamos com um deles rapidamente. Até onde chegamos vivem três famílias em casas de pau-a-pique, algumas de tijolo e telha e todos os aparatos da vida moderna. Ali próximo vivem 50 guaranis que continuam utilizando a língua guarani entre eles, embora quase todos falem português. A FUNAI presta assistência para educação, saúde e inclusive financeira para a população indígena, recebem uma espécie de bolsa família que varia conforme a quantidade de filhos. Retornamos pela trilha e chegamos a um delicioso poço com uma pequena cachoeira e uma árvore fazendo um cenário ainda mais bonito.
Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Este lugar é realmente maravilhoso, faltou dizer apenas que vimos tudo isso sem um raio de sol, o que apenas abrandou a sua beleza. Só imaginem com sol como seria... Sem dúvida um pedaço de paraíso na terra.
"Arvorismo" na cachoeira do Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ
Voltamos à Paraty-Mirim e conhecemos Jorge, viajante que vive em sua van adaptada e está na estrada há pelo menos 7 anos. Um caiçara-argentino, como ele mesmo se identifica, viajou toda a América do Sul e se apaixonou por Trindade, praia próxima à Paraty. Acabou ficando por ali e hoje está vivendo em Paraty-Mirim, decidindo qual será sua próxima empreitada, Alaska ou uma nova volta à América do Sul? “O problema é que sou apaixonado pelo nosso país. Digo nosso, pois o Brasil é o meu país por opção.” Eu não preciso ir mais longe para dizer que o entendo muito bem.
Com o Jorge e sua "casa", que viajaram por toda a América do Sul, em Parati Mirim - RJ
À tarde tivemos que tomar a triste decisão de cortar do nosso roteiro o Pouso da Cajaíba. Tentamos por 2 dias encontrar um barco que pudesse nos levar até lá por um preço razoável, mas só encontramos valores acima de 150,00 apenas para ida! Esta é uma das poucas desvantagens que temos numa viagem como esta. Provavelmente em um final de semana encontraríamos pessoas para dividir o barco conosco. Seguimos então para Angra dos Reis, já nos preparando para pegar o tempo ruim que está chegando ao litoral sul carioca, em Ilha Grande.
A nossa usina nuclear, em Angra do Reis - RJ
As largas avenidas de Miramar, bairro chique de Havana - Cuba
Bueno! Nossas últimas impressões do país não poderiam ser em melhor lugar: na estrada. O dia começou com a viagem de carro de Viñales para Havana, direto ao aeroporto. Depois de um mês viajando pela Jamaica de Bob Marley, Cayman Islands, as ilhas paraíso, não apenas fiscais, fechamos com chave de outro esta empreitada caribenha em um dos melhores destinos de viagem do mundo, a ilha de Cuba. Mundos completamente diferentes, o que faz a viagem ficar ainda mais intensa e interessante, indicamos o roteiro!
Transporte por caminhão, o mais popular em Cuba (estrada entre Pinar del Rio e Havana)
Pegamos um vôo direto de Havana para a Cidade do México e um trânsito de 2 horas no emaranhado de avenidas, túneis e elevados, do aeroporto para a nossa casa na megalópole em Santa Fé. Nossa “vírgula”, a casa de nosso grande amigo Rodrigo, que além de viajante e explorador incansável de destinos inusitados, é também um grande chef de cozinha. Descobrimos esse seu lado há pouco tempo, mas o fato é que quando alguém mora sozinho e longe de casa, precisa aprender a cozinhar se quer ter aquele temperinho gostoso do nosso país. Além de pão de queijo congelado, até os temperos ele traz de casa para poder matar a saudade de vez em quando. Sensacional!
View Larger Map
Nós chegamos junto com o Rodrigo na casa dele e nos encontramos em frente à sua vaga no estacionamento, olhando desconsolados para o pneu furado da Fiona. Estava totalmente arreado, não temos ideia de como isso aconteceu, mas o adiantado da hora nos obrigou a deixá-la mais um dia assim, amanhã resolveremos. Não conseguimos parar de falar um minuto com o Rodrigo, que decidiu fazer um jantar para nós, “chique no úrtimo”!
Chegando de volta no apartamento do curitibano Rodrigo, na Cidade do México, capital do país
O dia seguinte foi de organização, reposição de energias e trabalho. A péssima notícia é que um vírus contaminou o meu computador e o travou completamente. O nome do bicho é “Security Shield” e na verdade não é exatamente um vírus e sim um malware, um software “mal” que se instala no computador e começa a bloquear todas as ações do Windows e principais programas. Eu não consegui encontrá-lo no meu computador para excluí-lo, nem manualmente, nem com o meu anti-vírus gratuito. Assim sendo, tivemos que sair em busca de um técnico para fazer uma faxina geral no meu computador e por isso ficarei sem trabalhar pelos próximos 3 ou 4 dias. A sorte é que eu nem estou atrasada uns 20 dias nos updates do blog, né? Tudo bem, um dia eu recupero.
Caronistas, muito comum nas estradas cubanas (estrada entre Pinar del Rio e Havana)
Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia
3º Dia - KM 500 a Humaitá. 100km de lama e 200km de asfalto até Porto Velho.
Acantonados sob o teto sem paredes da torre da Embratel, despertamos com os primeiros raios de sol e ao som da Floresta Amazônica. Engraçado que sempre que escrevo o seu nome automaticamente utilizo as primeiras letras maiúsculas, como pessoas, como entidades, como algo muito maior do que um simples objeto ou subjuntivo. Talvez por sua grandeza, com certeza pela importância intrínseca que possui na nossa vida, no conjunto da nossa mãe Terra.
A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia
Acho impossível acreditar que pessoas, por mais simples que sejam, não consigam entender e respeitar a sua conservação. É impensável um mundo sem ela. É inacreditável ter que acordar em meio da floresta e alguns poucos quilômetros a frente deparar-nos com tamanha destruição. Pastos, fazendas, áreas de floresta que deram espaço à necessidade urgente do ser humano, à miopia daqueles que seguem seu instinto de sobrevivência e destroem a base que lhes garante um futuro. Que o universo nos guie, para o bem e para o mal, em um caminho de equilíbrio entre o homem e a natureza.
A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia
O trecho entre o km 500 e Humaitá é o pior da BR-319. O tipo de solo argiloso, a perda da drenagem natural da floresta e a maior quantidade de tráfego entre fazendas e vilas fez com que a estrada se transformasse em uma lamaceira geral. Caminhões que carregam 50, 80 pessoas empoleiradas indo e vindo da pequena cidade de Realidade já não conseguem mais passar. Crianças, senhoras, homens e mulheres sem condições básicas de saneamento e saúde vão e voltam do único lugar que hoje podem chamar de lar. Será lá mesmo o lugar a que pertencem? Por que os levamos para lá? Os isolamos em prol de uma ocupação de um território que nem de nós, seres humanos, pode ser chamado.
Crianças brincam na orla do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas
O pior trecho de lama ficou entre a Fazenda dos Goianos e Humaitá. Tratores vão e vem, aumentando os sulcos da estrada e eventualmente ajudam a desatolar os caminhões empacados a horas ou dias em alguns trechos. A cidade Realidade neste ambiente já parece uma megalópole. Depois de tantos quilômetros sem encontrar nada e nem ninguém é até desconcertante ver um aglomerado urbano claramente esquecido pelo poder público.
Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia
A 100 km de Humaitá, um distrito com 1000 habitantes apenas na área urbana, Realidade é fruto da explosão populacional ocorrida em diversos povoados amazônicos e traz consigo uma realidade desoladora. Nem quero saber de onde viria a sua prosperidade: extração de madeira? Pecuária? Soja? Um lugar que há pouco perfurou seu primeiro poço artesiano, abriu ruas de terra e as portas de sua primeira escola pública, estende as fronteiras da destruição na Amazônia. Seu povo luta pela emancipação, mais cargos públicos, mais dinheiro desviado, mais problemas de saúde publica, abastecimento e infra-estrutura básica. Realidade não poderia ter nome mais coerente.
Almoço na beira do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas
Nossa passagem por aí teria sido mais rápida não fora o bloqueio na estrada de lama, se é que isso se pode chamar de estrada. As fendas de lama quase seca são tão fundas que só o carro do “Dick o Vigarista” poderia passar. A Fiona tem seus truques, mas aquele pau de arara não. Ele ficou ali (desam)parado por algumas horas, até que chegamos com nosso guincho e não tivemos nem opção, senão arregaçar as mangas e ajudar a tirá-lo dali.
caminhão atolado bloqueia a estrada, logo depois da cidade de Humaitá. Uma hora de trabalho e muita força da Fiona para tirá-lo de lá (BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia)
Foram umas duas horas, das 7h30 as 9h30 da manhã desatolando, calçando a Fiona que patinava na lama, para puxar o caminhão lotado. Conseguimos tirar parte dos passageiros, mas senhorinhas e algumas crianças continuaram lá em cima, sem condições físicas de descer. O povo estava feliz com a nossa chegada e muito disposto a ajudar, conversar e ultrapassar qualquer barreira para poder chegar em casa e ver a família depois de 1 ou 6 meses de viagem, buscando trabalho ou tratamentos de saúde na capital do estado vizinho.
A Fiona enfrenta a lama nos piores trechos da BR-319, logo após a cidade de Realidade, já não muito distante do asfalto e da cidade de Humaitá, no Amazonas
É para lá que nos dirigimos, mas antes passamos pela sede do município, a cidade de Humaitá, ainda no estado do Amazonas. Humaitá marca o início, ou o fim, da aventura off-road da BR-319 e para muitos, o começo (ou fim) de uma nova aventura, a travessia da Rodovia Transamazônica.
Chegando á Humaitá, no Amazonas
Passamos pelo portal que marca o início da Transamazônica, mas desta vez seguimos em frente rumo à Rondônia. Fizemos uma parada para abastecimento e um almoço às margens do Rio Madeira, o mais veloz dos rios amazônicos. Centenas de troncos descem o rio, que ainda está cheio, a caminho de Manaus. Subindo o rio, está capital de Rondônia, mais um estado para a nossa coleção dos 1000dias.
O caudaloso Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas
A partir de Humaitá a BR-319 já segue asfaltada e uma viagem mais tranquila e rápida até Porto Velho. Cruzamos mais uma vez um rio amazônico, agora de balsa, ao lado da ponte que está sendo construída sobre o Rio Madeira. Ao longe já podemos avistar a barragem da Hidrelétrica de Santo Antônio e conversamos com um engenheiro que trabalha na sua planta.
Na balsa sobre o Rio Madeira, chegando à Porto Velho, em Rondônia, e admirando a ponte quase pronta que vai atravessar o enorme rio
Em Porto Velho fomos recebidos por um velho amigo do grupo escoteiro que eu participava. O Rodrigo realizou o seu sonho de ser piloto de helicópteros, trabalha para a Força Aérea Brasileira e atualmente mora aqui na capital rondonense. Quem diria que num lugar tão distante encontraríamos um lar tão aconchegante para nos receber!? Agora temos que nos preparar para a próxima etapa da viagem que inclui o Acre e mais um longo trecho por uma das mais novas rodovias transnacionais brasileiras, a Rodovia Transoceânica que liga a nossa malha rodoviária do Atlântico ao Pacífico, cruzando o Perú!
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet