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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Ontem de noite chegamos à maior cidade do sul do planeta, Punta Arenas. Com 130 mil habitantes e localizada aos 53 graus de latitude sul, não há nada similar nessa altura meridional do planeta. Nem África nem Austrália (com exceção da Tasmânia) sequer alcançam os 40 graus de latitude sul e o extremo meridional da Nova Zelândia está bem longe da marca dos 50 graus. Curiosamente, no lado norte do planeta, a situação é bem diferente e grandes metrópoles como Londres, Berlin e Moscou estão localizadas em latitudes semelhantes e mesmo superiores.
Dirigindo no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Mas aqui no sul, Punta Arenas reina absoluta. A cidade foi fundada em 1848 como uma colônia penal chilena. Após o insucesso na tentativa de desenvolver Fuerte Bulnes, 60 kms ao sul de Punta Arenas, os chilenos tentaram novamente em uma área que era então conhecida como Sandy Point, nome dado pelo explorador inglês John Byron no século anterior. De “Sandy Point” para “Punta Arenas”, foi um pulo. A fundação da cidade mais austral do mundo naquela época era um esforço chileno de garantir sua soberania sobre o estratégico Estreito de Magalhães, então cobiçado por Argentina e também pelas potências europeias.
Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile
O primeiro impulso para o desenvolvimento da nova cidade veio de longe. Eram os anos da corrida do ouro na Califórnia e dezenas de milhares de americanos da costa leste queriam chegar ao novo eldorado. O problema é que, naquela época, o oeste americano ainda era ocupado por indígenas hostis e muitos preferiam chegar à Califórnia pelo caminho mais longo (e seguro!), de barco. Ainda não havia o canal do Panamá e muitos barcos vinham dar a volta aqui, no extremos sul do continente. Punta Arenas, estrategicamente colocada bem na viradinha da América, logo se tornou um importante porto de parada e reabastecimento.
A bela arquitetura ao redor da Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
O segundo e mais importante impulso veio da criação de ovelhas. Em 1876 alguém teve a brilhante ideia de importar 300 ovelhas das Ilhas Malvinas para a Terra do Fogo. A região se mostrou um verdadeiro paraíso para esses simpáticos animais e a produção de lã no sul da patagônia conquistou os mercados mundiais. Enormes fortunas foram feitas e estâncias gigantescas com dezenas de milhares de animais se espalharam pelo sul do continente. Essas enormes propriedades estavam dos dois lados da fronteira (Chile e Argentina), mas os barões que as controlavam moravam em Punta Arenas. Cheia de dinheiro, a cidade foi tomada de enormes prédios públicos, palacetes e suntuosas mansões. São essas construções em estilo clássico que caracterizam o charmoso centro da Punta Arenas atual, mesmo um século após o início do declínio desse ciclo econômico.
Fernão de Magalhães, na Plaza Muñoz Gamero, centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Por fim, também foi importante, econômica e socialmente, a corrida do ouro do final do século XIX, dessa vez não tão longe como na Califórnia, mas aqui ao lado, na Terra do Fogo. Não havia tanto ouro assim, mas a região se encheu de imigrantes e muitos deles acabaram ficando, mesmo com o fim do metal precioso. Uma boa parte desses novos moradores eram croatas da Dalmácia. Ainda hoje, formam uma importante comunidade étnica na cidade, com muita influência nos costumes, como comida e cultura geral.
Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile
Placas espalhadas pelo centro contam eventos históricos ocorridos em Punta Arenas, no sul do Chile
Assim, eis que o pequeno povoamento que havia nascido como colônia penal havia se transformado em uma promissora e rica metrópole 50 anos mais tarde, na virada do séc. XIX para o XX. Bem na época em que se dava a última grande era exploratória da humanidade, a conquista da Antártida. Todos os grandes exploradores daquela época, gente como Amundsen e Shackleton, eram frequentadores assíduos dessa cidade, pois ela funcionava como importante base de lançamento de expedições para o continente gelado. Caminhando hoje pelas ruas centrais da cidade, é muito comum encontrar placas azuis informativas contando sobre eventos que se passaram em determinado prédio. Hotéis, bancos, restaurantes e bares frequentados por esses gigantes naquela ocasião ainda estão de pé e nos fazem viajar no tempo até uma época gloriosa e romântica de aventuras e descobrimentos, uma Punta Arenas que ainda parece viva, mesmo um século mais tarde.
Adesivo de movimento separatista em Punta Arenas, no sul do Chile
A Ana fica amiga de outros hóspedes do nosso hotel em Punta Arenas, no sul do Chile
Para nossa surpresa, não foi fácil encontrar vaga nos hostels da cidade, ontem de noite. Aparentemente, há movimento todo o ano, mas agora no verão é ainda mais complicado. Por fim, encontramos um lugar joia, um pouco mais afastado do centro. Hoje cedo, exploramos a rota para o extremo sul do continente (post anterior) e foi só de tarde que passamos a explorar a própria cidade. Como a luz do sol vai até tarde por aqui nessa época do ano, ainda tivemos bastante tempo para nossas caminhadas, com direito a café e restaurante.
Balcão de um café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
A maioria dos prédios mais vistosos se localiza ao redor e nas proximidades da praça Muñoz Gamero. A estátua no meio dela é de Fernão de Magalhães, mas o nome homenageia um dos primeiros comandantes da colônia penal, trucidado em um motim em 1851. O tamanho e opulência das mansões ao redor da praça dão uma boa ideia da força da exportação de lã no final do séc. XIX.
Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Nós encontramos um charmosíssimo café nas ruas centrais e aí ficamos, experimentando cervejas e quitutes. Estávamos com saudades de um pouco de urbanidade depois de tantos dias no mato ou em cidades pequenas. Passamos por Bariloche ou El Calafate no último mês, mas nem de longe elas possuem esse ar cosmopolita que sentimos aqui em Punta Arenas. Nossa última cidade grande de verdade havia sido Buenos Aires, dois meses atrás, antes de embarcarmos para a Antártida. Agora, queríamos sentir o prazer de andar em uma calçada ao lado de uma avenida larga e movimentada ladeada por prédios clássicos e entremeada de cafés, restaurantes e boulangeries.
Suco natural e cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Deliciosa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Depois do café e de mais uma caminhada a esmo por toda essa história que nos cercava, voltamos ao nosso hotel. Mas foi só para tomar banho e sairmos novamente, agora em busca de um bom restaurante. Sinceramente, olhando para frente em nosso roteiro, não sei quando encontraremos novamente uma cidade em que vamos precisar de carro para sair de noite (Montevidéu, talvez...), então, tínhamos mesmo de aproveitar. E o restaurante que encontramos, o La Marmita, fez jus a todas nossas expectativas. O engraçado foi chegar lá as 10 da noite com o dia ainda claro...
Chegando a restaurante em Punta Arenas, no sul do Chile
O delicioso restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile
Além do excelente vinho chileno (claro!), a entrada foi de dar água na boca: lasanha de berinjela e abobrinha com camarão! Para não deixar cair o nível, pedimos um prato principal cada um, devidamente trocados e compartidos: Salmão com camarão e cordeiro com luche (um tipo de alga). Um verdadeiro banquete para comemorar nosso último jantar no continente. Amanhã, partimos para a Terra do Fogo, a maior ilha da América do Sul e uma das três únicas da América a serem compartidas entre duas nações: Chile e Argentina.
Isso é só a entrada do nosso "banquete" no restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile
Em Punta Arenas o que me impressionou , ha 40 anos ,foi a largura e limpeza das ruas e avenidas ! Foi nos dito que era
uma cidade povoada e organizada ,pelos iugoslávios ,na época ,
todos juntos nos Balcãs .Ainda bem que foram os croatas e não
os sérvios , povo belicoso ( preconceito ? ) .
Outra coisa que me impressionou é que no inverno você pode
descer uma montanha esquiando até chegar perto do mar !
Também fomos ao Fuerte Bules ,que deu uma história deliciosa ,
com gozação para o pobre tio Helvécio .Bjs Mm
Resposta:
Hey Mama
Pois é as avenidas continuam largas, limpas e organizadas em Punta Arenas. Uma belíssima cidade!
Fico só imaginando vcs por lá, 40 anos atrás. Deve ter sido interessantíssimo!
Essa história de se esquiar até o mar é verdade. Eu não mencionei no meu post, mas muito obrigado pela lembrança!
O que vcs acharam do Fuerte Bulnes? Também era tão caro para entrar naquela época como é hoje?
Fiquei muito curioso com a história deliciosa com o Tio Helvécio. Vc vai ter de me contar!
Bjs e saudades
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