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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Com o Gera e o Piotr no alto da maior montanha do México, o Pico Orizaba (foto de Mexico Extreme)
Era um pouco depois da uma da manhã quando o celular do Piotr tocou para nos acordar, lá no refúgio de montanhistas no Pico Orizaba. Nossa curta noite de sono já estava acabando e agora, não tinha mais jeito: a montanha nos aguardava!
De madrugada, colocando grampões para subir o Pico Orizaba, no México
Com muita eficiência, o Piotr nos preparou um sanduíche, chá quente e um suco de caixinha. Tomando cuidado para não pisar nos soldados espalhados pelo chão e, ao mesmo tempo, puxando conversa com os sentinelas, a gente tomou nosso café da manhã e colocou as últimas peças de roupa para enfrentar o frio da madrugada misturado com o frio da altitude. Três camadas de roupa dos pés á cabeça, com exceção das mãos, que só tinham duas luvas.
O sol nasce durante nossa sudida do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Sob um forte luar de lua cheia, mas também com ajuda de lanternas, começamos a lenta subida, seguindo por um dos canyons que descem diretamente das geleiras do Orizaba. Um passo atrás do outro, um comentário aqui e outro ali mas, fundamentalmente em silêncio, ainda curtindo os sonhos que teimavam em aflorar em nossas cabeças (afinal, esse é horário deles!), fomos ganhando altitude, a trilha subindo em ziguezague nas encostas mais inclinadas, ou lentamente nos trechos mais planos.
Ainda no escuro, chegando à geleira do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Mal vemos o tempo passar, mas ele passa! Quase duas horas de caminhada e chegamos ao temido “labirinto”. Esse foi o trecho do qual o Gera me falou tantas vezes. Essa era sua segunda vez na montanha e o tal “labirinto” foi o único trecho da subida que ele classificou como “tenso”. O nome vem do fato de serem dezenas de rotas possíveis para atravessar esse trecho de subida cheio de pedras, rochedos, pequenas passagens, arestas e rampas. Não há trilha “oficial”, apenas caminhos que se cruzam e voltam a se encontrar. Cada alpinista vai fazendo o seu caminho, tentando driblar da melhor maneira possível os obstáculos que se apresentam. E todos eles tem a ver com apenas uma coisa: gelo!
O sol nasce e estende a sombra do Pico Orizaba até o horiznte, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Após vencermos a primeira passagem mais escorregadia, tivemos de nos render: já era hora de colocar os grampões. Só de botas, o gelo faria picadinho de nós. Agora, com os grampos de ferro sob os pés, fincávamos com força nossas botas no chão, para nos ajudar no equilíbrio. Onde havia neve, era fácil. Mas em alguns pontos era puro gelo, daqueles que brilhavam sob o luar, Um escorregão, uma vacilada, seriam muitos metros para baixo. Acho que foi só nesse ponto que acordamos de vez, a adrenalina acabando com qualquer resquício de sono ou sonho.
Subindo a longa geleira do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Enfim, com todo o cuidado, o labirinto ficou para trás. Nada como sentir os pés firmes no chão outra vez! A claridade do dia começava a tomar conta do horizonte do lado leste e nós chegávamos ao início da geleira do Pico Orizaba. Já tínhamos subido 700 metros verticais e faltavam outros 700, todos eles em pleno glaciar.
Subindo a geleira do Pico Orizaba, maior montanha do México (foto de Mexico Extreme)
Aqui, para aumentar a segurança, passamos a seguir encordados, o Piotr na frente, eu no meio e o Gera atrás, menos de dez metros de distância entre cada um de nós. O Piotr ía na frente, ziguezagueando geleira acima, e nós seguindo suas pegadas, piqueta na mão para o caso de alguma queda ou escorregão. Nesse caso, é só ela que vai nos impedir de escorregar centenas de metros para baixo.
Paisagem vista do alto do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Como sempre, é esta a hora mais fria do dia. Alguém sabe explicar por quê? A temperatura sempre cai uns graus poucos minutos antes do sol aflorar no horizonte, trazendo aquele calorzinho gostoso. E esses poucos graus costumam doer! Aqui no Orizaba, ao menos nessa época do ano, é ainda mais sofrido, pois o sol nasce bem atrás da montanha. Assim, ele já nasceu para todo mundo, menos para nós, sempre na sombra do vulcão. É bem frustrante ver a luz bater nas montanhas próximas, quase sentir aquele calor mas, na verdade, continuar passando frio. Pelo menos, serve como estímulo para chegarmos logo ao cume, fora de qualquer sombra e, finamente, ver o sol raiar!
A mais de 5.600 metros de altitude, no cume da maior montanha mexicana, o Pico Orizaba
De qualquer maneira, mesmo fora do alcance do sol, podíamos admirar a indescritível beleza da paisagem que ele, longe de nós, iluminava. A esta altura, já estávamos mais altos até que o Popo, a segunda maior montanha do país. O horizonte era vasto, quase tudo aos nossos pés, com exceção do próprio Orizaba a nossa frente. Mas chegaríamos lá! Com paciência, mas chegaríamos...
Ao lado da cratera do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
A primeira vez que alguém chegou lá foi em 1848. Foram dois soldados americanos, logo após a guerra entre Estados Unidos e México, na época em que os ianques ocupavam militarmente a capital e o importante porto de Vera Cruz. Os soldados obtiveram permissão de seus superiores para explorar as montanhas e vulcões da região central do México e não perderam a chance. Atingiram os 5.636 metros do Orizaba e, sem saber, estabeleceram o recorde de altitude americano para os próximos 50 anos. A montanha mexicana é a terceira maior do continente, atrás apenas do Denali, no Alaska, e do Mount Logan, no Canadá.
Cruz mara o alto do Pico Orizaba, a montanha mais alta do México (foto de Geraldo Ozorio)
Bom, depois dos americanos, veio um francês e, por fim mexicanos. A escalada foi ficando cada vez mais popular e hoje são poucas centenas de pessoas por ano, embora nem todos cheguem lá encima. A parte final da subida desse vulcão dormente (a última erupção foi no século XIX) não é difícil tecnicamente, mas deve se estar em ótimas condições físicas e psicológicas, principalmente pela paciência que se exige de vencer aquela subida que não acaba nunca.
Vista do alto do Pico Orizaba, no México
O Popo e o Izta, vistos do alto do Pico Orizaba, no México
A gente estava bem, apesar do cansaço causado pela altitude e, com a paciência necessária, chegamos ao cume, praticamente oito horas depois de iniciarmos a caminhada. A primeira grande alegria foi sentir o calor do sol e a segunda, a impressionante vista que nos aguardava lá encima. Agora sim, nada mais havia acima de nós e o horizonte parecia infinito. Lá longe, o Popo e o Izta, onde havíamos estado três dias antes. Do outro lado, as águas do Golfo do México e do Oceano Atlântico, que eu já não via desde que deixamos a Costa leste dos Estados Unidos, em Julho passado. Abaixo de nós, um gigantesco escorregador branco, a geleira que desce 700 metros verticais e que havia nos custado mais de 3 horas de caminhada. Por fim, ali também estava a enorme cratera com 300 metros de profundidade, um lembrete bem claro que aquela não é uma montanha comum, mas um vulcão que vem crescendo há 600 mil anos e que, a lógica parece indicar, só está retomando seu fôlego.
Junto com o Piotr, descendo a longa geleira do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Ali fizemos uma longa e merecida sessão de fotos, felizes com metade do objetivo alcançado. A outra metade era descer e, principalmente na parte da geleira, todo o cuidado era pouco. Novamente encordados, lá fomos nós, tentando seguir os mesmos passos da vinda, mas cortando caminho aqui e ali, agora o Gera na frente.
Junto com o Piotr, descendo a longa geleira do Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Com a ajuda e segurança dos grampões e bastões de caminhada, atravessamos a geleira, o labirinto e a trilha até o refúgio. Nossa camionete já nos esperava e duas horas de solavancos mais tarde chegávamos à Tlachichuca, onde reencontramos a Fiona, mais confortável do que nunca. Depois de nos despedirmos do simpaticíssimo Piotr, agora só restava uma hora de asfalto até o meu destino final do dia, a cidade de Puebla. Para o Gera, ainda restava um último trecho, de ônibus, até a Cidade do México.
Depois de subir o Pico orizaba, de volta á Fiona, em Tlachichuca, no México (foto de Mexico Extreme)
Muito antes disso, ainda na saída de Tlachichuca, pudemos admirar o Orizaba uma última vez. Ontem, ele estava escondido pelas nuvens, mas hoje não, estava absolutamente maravilhoso, forma clássica de vulcão contra um céu azul. Chance para uma última foto dessa montanha maravilhosa, o teto do México. Uma despedida à sua altura!
A maior montanha do país, o majestoso Pico Orizaba, no México (foto de Geraldo Ozorio)
Despedida também foi do Gera, já na rodoviária de Puebla. Nem sei como agradecer a ele que, tão gentilmente, me orientou e guiou pelas mais belas montanhas desse país. Gera, a paixão pelo montanhismo foi o que nos aproximou, mas a empatia foi muito além das montanhas. Meu sincero obrigado pela honrosa companhia dos últimos dias! Um capítulo especial nessa nossa jornada pelas Américas! Que venham as próximas escaladas!
Com o Gera, no cume do Pico Orizaba, no México (foto de Mexico Extreme)
Ro,
Eu que tenho que agradecer estes momentos unicos...
Foi uma escalada "muy padre" !
Parabens pela excelente narrativa !
E GUTO !!! Só para adicionar informação, O Rodrigo subiu o Izta de tenis !!!
Abraços
Gera
Resposta:
Oi Gera
Padrisimo!
Legal que vc tenha gostado da narrativa. E eu ADOREI as suas fotos, assim como o video.
Quanto ao tenis, esse foi sem querer, puro esquecimento. Quando me dei conta, fiquei com preguiça de voltar para o carro e trocar. No fim, deu tudo certo, o tenis agunetou bem, hehehe
Um grande abraço!
Valeu, Rodrigo e Gera!!! Grande relato e belas fotos! Não estive lá com vocês pessoalmente, mas em espírito com certeza, principalmente depois da leitura deste post. Rodrigo, vc subiu de calça jeans com goretex? Que história é essa? Uma calça azul e desbotada que você pode usar do jeito que quiser!!! Parabéns e abraços, Guto
Resposta:
Oi Guto
Vc estava lá sim, nos nossos pensamentos e comentários! Que joia que vc nos colocou em contato. Foi uma parceria e tanto!
Então, calça jeans é pau prá toda obra! Exatamente como dizia o slogan da década de 70, que vc lembrou. Mas claro que eu tinha mais duas camadas abaixo dela, hehehe
Um grande abraço
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