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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Feliz, passeando pelas ruas centrais de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Já faltando apenas um mês para terminarmos nossos 1000dias por toda a América, nossa lista de coisas por ver e fazer está cada vez menor. Por exemplo, queríamos passar por todos os países do continente, incluindo as ilhas, e por todos os estados do Brasil. O único país que nos restava era o Uruguai, que acaba de ficar para trás. O último estado brasileiro da nossa lista foi o Mato Grosso do Sul, onde estivemos em Setembro do ano passado. Portanto, listas completas! Mas queríamos ver também as capitais do continente, dos países e estados. Essa lista, infelizmente, pelo menos para os países, não se completou. Faltaram as capitais da Venezuela, onde estivemos dois anos antes de iniciarmos os 1000dias, e de Turks e Caicos, que nem país soberano é. Enfim, faltaram. E as capitais dos estados? Bem, essa lista ainda não está completa, mas vamos terminá-la antes do fim da viagem. Faltam duas cidades. Quer dizer, agora, uma. Tínhamos estado no interior do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, mas as capitais Porto Alegre e Florianópolis, deixamos para esta reta final dos 1000dias.
O tradicional e centenário Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Entrada do Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Nós já conhecíamos as duas cidades de antes dos 1000dias. Na verdade, mesmo antes de nos conhecermos, eu e a Ana estivemos várias vezes nessas capitais. Mas não com a Fiona e nem durante essa nossa jornada. Assim, elas sempre estiveram no nosso roteiro. Só que tivemos de dar uma voltinha de 170 mil quilômetros para chegar até aqui, hehehe. Vindos do sul, a primeira que apareceu no nosso horizonte foi Porto Alegre, a capital dos gaúchos. A nossa querida “POA”. Quando eu vivia e trabalhava em São Paulo, em meados da década de 90, tive de vir para cá várias vezes, sempre de avião. Para as companhias aéreas, esse é o nome da cidade: POA. A Ana também. Trabalhando numa agência de publicidade gaúcha, mesmo estando baseada em Curitiba e depois em São Paulo, vivia visitando a matriz em Porto Alegre, de onde sempre voltava falando “gauchês”. Ela é craque para pegar sotaques...
É claro que tinha de ter uma banca de Erva Mate no Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Muitos tipos de Erva Mate no Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Enfim, as minhas lembranças eram mais antigas e eu nunca fiz turismo de verdade na cidade. Vinha um dia e voltava no outro. A Ana ficava por mais tempo e fez vários amigos em POA. E foi para a casa de uma delas, a Ale, que viemos depois de deixarmos nosso hotel, aquele perto do aeroporto. Ontem, depois de deixarmos meus pais no Salgado Filho, já fomos almoçar com uma das amigas da Ana, a Dani Schleineger, num restaurante bem gostoso, o New York. Passamos a tarde resolvendo burocracias de banco (meu cartão estava bloqueado) e telefone (compramos um chip para ipad, o primeiro desde que deixamos os Estados Unidos). Depois, um tempo no shopping Bourbon. Por fim, já escuro, fomos à antiga agência da Ana rever seus amigos. A noite ainda foi no hotel, mas pela manhã nos mudamos para a casa da Ale, do Foguinho, seu marido, e da deliciosa da Olivia, a filhinha bem nova do casal.
Uma das inúmeras bancas co Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Organizando as mercadorias em banca do Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Hoje pela manhã, depois de muita conversa para tentar botar o papo em dia com a amiga, finalmente saímos para fazer turismo na cidade. Fomos ao centro histórico de Porto Alegre e encontramos um lugar para guardar a Fiona, já que a ideia era caminhar muito. A primeira parada foi o centenário e tradicional Mercado Público da cidade. Adoramos sempre visitar os mercados das cidades que estamos conhecendo, mas aqui em POA tínhamos um motivo adicional para irmos direto até lá. Aí era nosso ponto de encontro com outro amigo da Ana, um blogueiro de viagens muito conhecido no meio, dono de um texto preciso e arguto, o Gabriel Britto. Ele também é publicitário e havia sido colega de trabalho da Ana. Durante os 1000dias, muitas vezes nos falamos, mas foi só agora que eu fui conhecê-lo pessoalmente. Muito gentilmente, ele se ofereceu para nos mostrar o centro histórico de sua cidade. Quase impossível imaginar melhor guia e companhia para nós em Porto Alegre! Para quem ainda não conhece, ele tem um ótimo site de na internet, o Gabriel Quer Viajar.
Lanche em banca tradicional do Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Encontro com o amigo Gabriel Britto no Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
A hoje grande metrópole de Porto Alegre, com mais de 1,5 milhão de habitantes, não começou sua história há muito tempo. Até meados do séc XVIII, os únicos europeus que frequentavam essas terras eram bandeirantes paulistas em busca de índios para escravizar e tropeiros em busca de bois e cavalos que haviam fugido do território das missões jesuíticas e se espalhado pelos campos do estado, vivendo livres e em estado selvagem já há várias gerações. A disputa do território por portugueses e espanhóis havia atrasado o povoamento do atual Rio Grande do Sul. Mas aos poucos, os portugueses vieram chegando e a primeira sesmaria (gleba de terras) foi outorgada em 1732, justamente na região da atual Porto Alegre.
Interior do Mercado Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Paço Municipal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Com a assinatura do Tratado de Madrid, em 1750, definiu-se que o norte gaúcho seria mesmo português e Lisboa resolveu consolidar logo a colonização do território. Enviou para cá milhares de açorianos e 500 deles se instalaram ao lado do rio Guaíba. Era o embrião da cidade. Treze anos mais tarde, as hostilidades entre as nações ibéricas foram retomadas e tropas vindas da Argentina ocuparam a cidade de Rio Grande, na época a maior e mais importante do estado. Muitos dos portugueses que lá viviam fugiram e se reestabeleceram junto àqueles primeiros açorianos. Com o povoamento crescendo, ela ganhou o status de “freguesia”, um nível antes de “vila”. Era 26 de Março de 1972, data oficial da fundação de Porto Alegre. No ano seguinte, devido a sua posição estratégica, virou a capital do estado. Entrou no século XIX com 3 mil habitantes!
A famosa Praça da Alfândega, no centro histórico de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
As centenárias palmeiras-da Califórnia, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Décadas mais tarde, teve grande importância estratégica durante a Guerra dos Farrapos. Foi conquistada logo no início do conflito por tropas imperiais e, durante a guerra, aguentou anos de cercos militares por parte dos rebeles, mas nunca mais mudou de mãos. A cidade tinha muralhas inexpugnáveis. Depois da guerra e com a pacificação do estado, todos os muros foram destruídos, pois a cidade precisava de espaço para crescer; não sobrou nem um tijolinho para contar a história, infelizmente. Foi uma outra guerra, já na segunda metade do séc. XIX, que trouxe mais desenvolvimento a Porto Alegre. A cidade era a capital mais próxima do teatro de batalhas da Guerra do Paraguai e se transformou numa espécie de quartel general das forças aliadas. Com isso, vieram melhorias no porto, chegaram o telégrafo e os bondes e, um pouco mais tarde, a eletricidade. E também os grandes prédios históricos que hoje marcam o centro da cidade.
Com o Britto na entrada do prédio do Santander Cultural, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Palácio Piratini, sede do governo estadual, na praça Marechal Deodoro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Detalhe na arquitetura não deixa dúvidas sobre em cima de quem os colonizadores ergueram suas obras (em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul)
Um deles, o mais vibrante, é o Mercado Municipal. Foi, como disse, o local onde encontramos o Gabriel Britto. Como sempre, um ótimo lugar para se acompanhar a vida de uma cidade, bancas que vendem de frutas e hortaliças a produtos típicos. É claro que não poderia faltar uma banca apenas para os diversos tipos de erva-mate, matéria-prima para a bebida típica dos gaúchos, o chimarrão.
O vasto interior da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Os grandes candelabros da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
O bom desses mercados municipais de cidades grandes é que todos eles, hoje em dia, contam com restaurantes também. É sempre um dos lugares mais charmosos para se almoçar ou lanchar, seja em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba ou qualquer capital. E foi assim também em Porto Alegre. Sentamos em uma das bancas tradicionais, já com quase 90 anos, e nos refestelamos. Era a energia que precisávamos para botar o pé na rua e continuarmos nosso passeio, agora sim guiados pelo Britto.
Circuito turístico para pedestres em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Usina do Gasômetro, um dos ícones da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Saindo do Mercado, logo ali do lado, passamos pelo Paço Municipal, a prefeitura, e seguimos para dois símbolos da capital gaúcha, a Praça da Alfândega e a Rua dos Andradas, mundialmente conhecida como Rua da Praia, a mais conhecida e movimentada de Porto Alegre. Apesar de estar a três quarteirões do Rio Guaíba hoje, não era assim no passado. O rio (ou praia) estava ali do lado e a via logo ganhou esse apelido que mais de dois séculos de nomes oficiais e até mesmo o distanciamento do rio não conseguiram apagar.
Informações históricas sobre a Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Interior da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Depois de muita conversa na deliciosa sombra na Praça da Alfândega, subimos em direção à Praça Marechal Deodoro, mais conhecida como Praça da Matriz. No caminho, dois belos exemplos de prédios centenários, o Santander Cultural e o mais tradicional teatro da capital, o “Theatro” São Pedro. Depois, na própria praça, o Palácio Piratini, sede do governo estadual, e a imponente Catedral Metropolitana.
1000dias na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Com o Gabriel Britto, na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
O Palácio Piratini teve sua pedra fundamental colocada em 1896, justamente no local onde havia estado o Palácio de Barro, a primeira sede do governo estadual, construído 120 anos antes. Mas esse primeiro prédio se encontrava em péssimo estado e havia sido destruído para dar lugar ao novo edifício. Depois da pedra fundamental e das grandes solenidades, as obras não andaram mais. Talvez porque se quisesse ter “o edifício público mais belo e majestoso do Brasil”, ele nunca tenha saído das fundações. Em 1909, colocou-se uma segunda pedra fundamental, mas as obras atrasaram novamente e o prédio só ficou parcialmente pronto para ser ocupado em 1921. Concluído mesmo, só ficou na década de 70, já durante o governo militar. Vinte anos antes ele havia sido rebatizado com o nome de “Piratini”, uma homenagem à primeira capital da República Rio Grandense, aquela que existiu durante os 10 anos da Revolução Farroupilha e acabou derrotada pelas forças imperiais do Brasil monarquista de Dom Pedro II.
O Gabriel Britto foi nosso guia pelas ruas do centro histórico de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
O Guaíba visto do Gasômetro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
O momento mais tenso e glorioso dessa sede de governo foi em 1961, na chamada “Campanha da Legalidade”. Acampado dentro do palácio estava o então governador Leonel Brizola que liderava, pela rádio, uma campanha pela posse de João Goulart, o vice-presidente eleito e sucessor legítimo de Jânio Quadros, que havia renunciado. Na praça em frente, 30 mil gaúchos apoiavam seu governador. O governo federal mandou bombardear a sede de governo do Rio Grande do Sul, mas a ordem não foi acatada pelos soldados da base aérea de Canoas. Enfim, chegou-se a uma solução de compromisso e João Goulart assumiu, mas com poderes esvaziados, sob regime um parlamentarista.
Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Com o Gabriel Britto, entrando na igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
A catedral também foi construída no terreno da antiga igreja matriz. O prédio atual foi inaugurado em 1929 e ainda não chegou à idade de sua antecessora, que foi destruída para dar espaço à nova igreja. Depois de visitar seu amplo interior, retomamos o passeio, agora em direção à Usina do Gasômetro, na orla do Guaíba. É o lugar mais conhecido na capital gaúcha para se admirar a pôr-do-sol nas águas do lago Guaíba. Já faz muito tempo que a produção de energia foi abandonada por ali, o prédio quase foi destruído, mas acabou virando um Centro Cultural, cartão postal mais conhecido de Porto Alegre.
Púlpito, na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Uma Santa, na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Apesar do nome, a geração termoelétrica vinha de carvão mineral e não de gás. O nome vem de uma construção ainda mais antiga, ali do lado e que não mais existe, a Usina de Gás de Hidrogênio Carbonado, que fornecia gás para a iluminação pública no final do séc. XIX. A usina termoelétrica que ocupava o prédio famoso de hoje foi inaugurada em 1928 e sua chaminé de tijolos de 107 metros de altura foi concluída nove anos mais tarde, para amenizar os problemas de fuligem na queima do carvão. Era uma empresa americana, mas acabou estatizada na década de 50 e deixou de funcionar em 1970. Aparentemente, como centro cultural, tem seus dias de glória. Mas hoje, confesso, estava bem caído. Muito melhor e mais belo estava do lado de fora, no sol de fim de tarde e ao lado das águas do Guaíba. Ótimo para fotos!
Interior da Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Rua comercial para pedestres no centro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Tiramos as nossas, mas não quisemos esperar até o sol se pôr. Amanhã, pretendemos fazer o passeio de barco pelo lago e aí sim, vamos aproveitar. Hoje ainda tivemos tempo de passear na Igreja Nossa Senhora das Dores, na Rua da Praia e no alto de uma escadaria com uma bela vista para o Guaíba. Estavam até gravando uma propaganda ali na frente, o que não nos impediu de entrar na igreja. Depois, foi a hora de despedidas. O Britto voltou para a casa, a Ana voltou para a antiga agência para rever mais amigos e eu fui com o Foguinho e Olivia de volta para casa. Depois de 16 anos sem voltar para cá, Porto Alegre deixava de ser uma estranha para mim. Mas hoje foi só o começo e amanhã tem mais!
Com a Olivia, filha da Ale e do Foguinho, nossos anfitriões em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Ah... mas que emoção de ver meus dois blogs preferidos no mesmo post! :)
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