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Luther King - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Luther King

Estados Unidos, Arkansas, Fort Smith, Tennessee, Memphis

Luther King em um de seus memoráveis discursos

Luther King em um de seus memoráveis discursos


Mais uma longa viagem no dia de hoje, pouco menos de 500 km cruzando o estado de Arkansas, passando por Little Rock (que sempre me lembra Bill Clinton e as “belíssimas” amantes que teve quando era governador), cruzando o rio Mississipi e chegando à cidade de Memphis, no Tennessee.

Infelizmente, passamos por esse belo estado no sul dos Estados Unidos sem ter o devido tempo para explorá-lo. Aqui, o clima desértico do meio oeste e as planícies infindáveis do Texas já ficaram para trás e é o verde e pequenas cadeias de montanhas que dominam a região. Parece até que mudamos de país. O Arkansas tem parques e regiões belíssimas que estão entre as menos visitadas por turistas, uma espécie de tesouro secreto do país. Até que um dia possamos voltar com mais tempo, vão continuar secretas para nós também...

Chegando ao estado do Tennessee, perto de Memphis, nos Estados Unidos

Chegando ao estado do Tennessee, perto de Memphis, nos Estados Unidos


Bem, era o meio da tarde quando cruzamos a ponte sobre o rio Mississipi, o mais importante do país. Do outro lado já estava a cidade de Memphis, cidade onde viveu Elvis Presley, onde morreu Martin Luther King, considerada o berço de duas das mais importantes músicas dos nossos tempos: o blues e o rock.

O famoso motel onde Luther King fo iassassinado. Hoje virou museu, em Memphis, no Tennessee - EUA

O famoso motel onde Luther King fo iassassinado. Hoje virou museu, em Memphis, no Tennessee - EUA


Nós estávamos numa corrida contra o tempo. Queríamos visitar ainda hoje o Museu Nacional dos Direitos Civis, localizado no famoso e infame Lorraine Motel, onde foi assassinado um dos mais importantes líderes americanos, o pastor Luther King. O santo GPS nos levou até lá rapidinho, onde chegamos pouco depois das quatro da tarde. Tínhamos uma hora para conhecer esse museu, que conta a história do pastor negro e também de toda a tensa questão racial nos EUA, desde a chegada dos escravos por aqui, no início do séc XVIII, até o assassinato de King, em 1968.

Motel Lorraine, onde Martin Luther King foi assassinado, em Memphis, no Tennessee - EUA

Motel Lorraine, onde Martin Luther King foi assassinado, em Memphis, no Tennessee - EUA


Uma hora foi muito pouco, infelizmente. O museu é riquíssimo em informações, dados e fotos que cobrem três séculos de história. Apenas o filme que mostra a trajetória de Luther King já tem quase meia hora de duração. Nós tínhamos de escolher o que ver, e a decisão tinha que ser feita rapidamente. A Ana escolheu entrar no filme e eu comecei a percorrer as salas cheias de painéis informativos, recortes de jornais e fotos históricas.

Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, no Tennessee - EUA

Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, no Tennessee - EUA


Aí há o relato da vida dos escravos por aqui e de como vários deles, depois da independência americana, tentaram, dentro das regras do próprio sistema, questionar a escravidão. Afinal, a própria constituição já dizia que todos nasciam iguais. Mas, o que mais impressiona é todo o arcabouço legal que foi montado aqui nos estados do sul do país, a antiga região escravocrata dos Estados Unidos, depois da guerra da secessão. Como se sabe, foi exatamente a questão do fim da escravidão que deu origem a esta guerra. Os estados do sul querendo se separar da União exatamente para poder manter o regime de escravos. Veio a guerra, os estados do sul perderam e foram ocupados por tropas federais. Alguns anos depois, quando terminou a ocupação, uma série de leis foi aprovada nesses estados para oficializar e instrumentalizar a chamada “segregação”: duas raças vivendo numa mesma área, mas sem se misturar, cada uma no seu “quadrado”.

Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, no Tennessee - EUA

Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, no Tennessee - EUA


A ideia era, para seguir os preceitos constitucionais, garantir a brancos e negros saúde, educação, transporte e segurança, mas de forma separada. Cada um com suas escolas, seus hospitais e sua parte distinta em ônibus e restaurantes. Uns para cá e outros para lá. Na prática, claro, as escolas dos negros eram de muito pior qualidade, o espaço nos ônibus para os brancos era maior e mais confortável e por aí vai. A segregação era mantida à risca e um negro que ousasse sentar na parte “branca” de um ônibus ia para a cadeia. Várias pessoas comuns, verdadeiros heróis anônimos, foram se insurgindo contra isso. Uns eram advogados, e levavam casos até a Suprema Corte Federal para derrubar leis estaduais (quase sempre perdiam!). Outros, simplesmente se cansavam desse absurdo e se recusavam a obedecer, a tal “resistência civil”.

A temida Ku Klux Klan, organização supremacista que aterrorizou o sul dos Estados Unidos por décadas

A temida Ku Klux Klan, organização supremacista que aterrorizou o sul dos Estados Unidos por décadas


Impressionante imaginar que tudo isso acontecia até a década de 60, aqui na nação mais poderosa do mundo, a autoproclamada “pátria da liberdade”. Foi nessa década que a situação de tensão atingiu o seu máximo. Organizações pela igualdade baseadas nos estados do norte financiavam o movimento aqui no sul, trazendo mais e mais gente de lá para contestar as absurdas leis vigentes aqui. Um dos líderes máximos da época foi o pastor e advogado Martin Luther King que, por uma década, esteve na vanguarda dessa luta. Fã incondicional do indiano Mahatma Ghandi, defendia a luta sem violência, resistência pacífica às leis absurdas.

Martin Luther King no dia do famoso discurso 'I Have a Dream'  (/AFP/Getty Images)

Martin Luther King no dia do famoso discurso "I Have a Dream" (/AFP/Getty Images)


Não era uma luta fácil e quem viu o excelente filme “Mississipi em Chamas” sabe disso. Cada batalha era uma guerra como, por exemplo, a luta para acabar com a segregação em ônibus. Os movimentos negros organizaram um boicote total às empresas de ônibus e só se locomoviam à pé ou de carona. Sentindo no bolso, elas acabaram cedendo. E assim era, tensão máxima em cada batalha, Luther King tentando administrar os conflitos entre milhões de pessoas sem recorrer ao uso de violência mas, ele mesmo sendo continuamente ameaçado de morte.

Fomos prestar nossas homenagens a Martin Luther King em Memphis, no Tennessee - EUA

Fomos prestar nossas homenagens a Martin Luther King em Memphis, no Tennessee - EUA


Até que, em 1969, no Lorraine Motel, em Memphis, levou um tiro quando se preparava para ir a uma reunião. Examinando seu coração, os médicos disseram que era como um coração de uma pessoa de 60 anos. Ele não tinha nem 40 ainda. Certamente fruto dos 10 anos de luta e constante adrenalina. Profeticamente, ele mesmo havia declarado, pouco tempo antes que “talvez não chegasse à terra prometida, mas morreria feliz, pois já havia chegado ao alto da montanha”.

Ainda tocados pela história do corajoso pastor e ultrajados com o que acontecia por aqui há tão pouco tempo, fomos nos instalar num hotel e percorrer a cidade em busca de outros dois símbolos do país, esses sim menos trágicos: o Blues a o rio Mississipi.

Estados Unidos, Arkansas, Fort Smith, Tennessee, Memphis, história

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O Mississipi e o Blues

Blog da Ana Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, no Tennessee - EUA

Memphis, King e o Blues!

Comentários (1)

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  • 16/05/2012 | 13:07 por Douglas São Fidelis RJ

    Parabéns pelo Blog,Belíssimos Cenários...!!!

    Resposta:
    Valeu Douglas!

    Estamos realizando um sonho!

    Abs

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