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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Gracias, um pedaço de Minas Gerais no coração de Honduras
O ano era 1543 e a América Central já era território do Rei de Espanha. Milhares de colonizadores se dirigiam ao novo continente, em busca de novas oportunidades de enriquecimento rápido. Era preciso colocar uma ordem nesse processo de colonização que se iniciava de maneira caótica. O primeiro passo: escolher uma capital para esse novo território de além-mar.
A região rural e montanhosa de Gracias, em Honduras
A escolha recaiu sobre a pequena cidade de Gracias. Localizada em meio às montanhas da região central de Honduras, o simpático nome vem da expressão usada pelos primeiros colonizadores que lá chegaram. Depois de intermináveis dias caminhando sobre montanhas, sobe e desce sem parar, ao finalmente chegarem ao vale onde se encontra Gracias, exclamaram: “Gracias a Dios!”. O agradecimento virou nome e pegou!
O prédio da prefeitura de Gracias, em Honduras
Mas a primazia de Gracias como capital centro-americana não durou muito. Regiões que naquela época já eram muito mais populosas reclamaram por ter de prestar contas a uma pequena vila perdida no meio das montanhas hondurenhas. Em 1549, o governo espanhol cedeu às pressões e a capital foi transferida para Antigua, na Guatemala, principal polo colonizador na América Central do século XVI. Muitos argumentam hoje que esse foi um dos fatores que contribuiu para que a América Central nunca fosse unida como um só país. Com sua capital localizada no extremo norte do território, as outras regiões nunca se sentiram realmente ligadas a ela. A pequena Gracias, realmente, era muito mais central.
Igreja matriz de Gracias, em Honduras
Bom, isso fez com que Gracias permanecesse pacata ao longo de todos esses séculos, depois do inicio promissor. Perdeu o posto de capital continental, nunca se firmou como capital nacional, mas ao menos se manteve como capital regional, da província chamada Lempira. Esse também é o nome da moeda de Honduras, homenagem ao líder indígena que resistiu bravamente aos espanhóis, quase expulsando-os do país e só sendo morto através da mais vil das traições.
Praça central da pacata Gracias, em Honduras
Honduras era ocupada, na época da chegada dos europeus, por centenas de tribos indígenas. Os mayas só haviam estado no norte do país, mas nessa época já quase não tinham importância. Entre as tribos mais conhecidas estava a do povo Lenca. Seu líder era Lempira e, ao conseguir unir várias outras tribos contra o inimigo comum, chegou a juntar 30 mil guerreiros. Após várias derrotas militares, os espanhóis levantaram a bandeira branca e pediram negociações. Quando Lempira se apresentou, foi prontamente esfaqueado pelas costas por um soldado espanhol. Sem seu carismático líder, rapidamente a rebelião foi desbaratada e a região se abriu para os colonizadores, pouco antes da fundação de Gracias.
Nosso caminho entre Copán e Gracias, já no interior de Honduras
Ontem de tarde, depois da visita ao Museu das Esculturas em Copán, cruzamos as mesmas montanhas que tanto cansavam os primeiros colonizadores e chegamos à Gracias. Para minha surpresa, descobri um pedacinho de Minas Gerias encravado em pleno coração de Honduras. Uma pequena cidade com ruas de pedra e casas com aspecto colonial, pessoas nas portas de suas casas olhando a vida passar, uma simpática praça central onde está a igreja matriz. A sensação é de um ritmo diferente, bem distante do frenesi das cidades grandes. Até os relógios parecem andar mais devagar, principalmente nos dias mais quentes, como nessa época do ano.
Uma típica rua de Gracias, em Honduras, a antiga capital da América Central
Nós ficamos hospedados em um hotel no alto de uma colina e , da nossa varanda, podíamos observar toda a cidade, seus telhados vermelhos, a torre da igreja ao longe, as montanhas verdejantes ao redor. Nostálgico mineiro que sou, a sensação era de estar de volta à terra amada. Foi joia! Nossa tarde foi passada ali, sossego total, só curtindo aquela vista. Pela manhã, enfrentando o calor, até fui caminhar pelas ruas tranquilas em busca de um barbeiro. Fazer a barba por aqui foi uma espécie de homenagem á minha terra natal e sua representante aqui na América Central. De cara limpa e coração batendo mais forte, estava pronto para seguir viagem. Próxima parada, o lago de Yojoa...
Gracias, um pedaço de Minas Gerais no coração de Honduras
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