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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Uma das muitas igrejas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela
Como em quase todos os países do nosso continente, a história moderna da Venezuela começa com a chegada dos espanhóis, no início do século XVI, e o morticínio das populações locais, pela espada ou micróbios trazidos do velho continente. Essas populações já se encontravam por aqui há pelo menos 15 mil anos, de onde ocuparam toda a cadeia de ilhas que forma o Caribe, em sucessivas ondas migratórias.
A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela
“Venezuela”, ou “pequena Veneza”, foi como os espanhóis chamaram essas novas terras que, por seu litoral entrecortado e cheio de canais, tanto lhes lembrava a cidade italiana. Eles vieram atrás de ouro e outros metais preciosos, mas esses metais só seriam encontrados séculos mais tarde, depois da independência do país. Assim, o principal motor da economia colonial sempre foi a agricultura, organizada na forma de grandes fazendas. Foi em torno dessas riquezas agrícolas que surgiu uma rica elite local, de sangue criollo, uma mistura de linhagens europeias e indígenas. Essa elite local buscava uma maior autonomia política e econômica, mas importações e exportações, por força das leis coloniais, eram taxadas e amarradas à metrópole.
A simpática Coro, cidade histórica na Venezuela
Quando as forças napoleônicas ocuparam a Espanha, no início do século XIX, foi a chance que, não só Venezuela, mas boa parte das regiões hispano-americanas, esperavam. Movimentos de independência surgiram quase ao mesmo tempo em todo o continente e, quando a Espanha finalmente conseguiu se recuperar na Europa, por aqui já era tarde demais. Certamente, espanhóis e parte da elite local, ainda fortemente ligada à metrópole, não aceitaram essa separação e guerras sangrentas de libertação se espalharam pela América do Sul. E foi na Venezuela, talvez por ser o país mais próximo da antiga metrópole, onde as lutas foram mais encarniçadas. Ao longo de mais de uma década de conflitos, metade da população de origem europeia morreu nas guerras e caos social e econômico criado por elas.
rua emsombreada de Coro, cidade histórica na Venezuela
Foi nesse período conturbado que surgiu aquele que seria conhecido como o grande libertador do continente, Simon Bolívar. Ele foi um dos principais generais, mas não o líder, da “Primeira República”, proclamada em 1811 por Francisco de Miranda. Mas um terremoto devastador na capital Caracas, no ano seguinte, e a reação organizada por forças realistas baseadas na região de Coro conseguiram colocar fim ao movimento. Em 1813, agora já com a liderança de Bolívar, uma “Segunda República” foi lançada. Dessa vez, a reação veio de um local inesperado: nos Llanos, se levantou um exército formado por mestiços e gente simples. Seu carismático líder afirmava que o movimento de independência, criado pela elite local, nada traria de bom à população mais pobre. As forças republicanas foram derrotadas em seguidas batalhas e, enfraquecidas, não puderam resistir aos novos exércitos que chegavam da Espanha.
Carro "novinho" nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela
Bolívar partiu para o exílio, primeiro em Curaçao e depois no Haiti, a jovem república negra formada uma década antes e que agora estava dividida em dois países. Depois de buscar ajuda na Jamaica britânica e nos Estados Unidos, foi no Haiti do Sul, governado pelo idealista Pétion, que obteve decisivo apoio para reorganizar seu exército e tentar a sorte novamente. A única exigência de Pétion para apoiar Bolívar foi a promessa de acabar com a escravidão na América do Sul. E foi assim, com a valiosa ajuda haitiana, que Bolívar voltou a desembarcar na América do Sul, já perto de 1820.
Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela
Dessa vez, Bolívar focou seu movimento de libertação primeiro na Colômbia, para depois expandi-lo rumo à Venezuela, a leste, e Equador e Peru, a oeste. Foi nesse último país que se encontrou com o outro grande libertador da América do Sul, o general San Martin, que depois de liberar a Argentina e Chile, veio derrotar os espanhóis perto de Lima. Foi um encontro tenso, mas cordial. Duas visões de mundo e governo que não muito combinavam. San Martín acreditava em governos monárquicos, como os que existiam na Europa de então. Bolívar era um republicano e tinha os Estados Unidos como modelo. Ao brindarem ao final do encontro, Bolívar fez uma homenagem aos “dois maiores homens do continente” enquanto San Martín preferiu homenagear as novas nações que nasciam. Por fim, San Martin voltou para o sul enquanto Bolívar, com a decisiva ajuda do general Sucre, acabou de expulsar os espanhóis do Equador.
Arte nas ruas de Coro, cidade histórica no noroeste da Venezuela
O sonho de Bolívar era formar uma grande nação sul-americana. Pelo menos no papel, ele chegou perto disso. A “Gran Colômbia” era uma nação formada pelos atuais Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador, Peru e Bolívia, tendo Bolívar como líder. Sua ideia era a de uma grande federação, com governo central relativamente fraco frente à autonomia de seus estados. Infelizmente, nunca funcionou e bastaram alguns anos para a nova nação se esfacelar nos países que conhecemos hoje. Bolívar tentou segurar o quanto pôde, inclusive assumindo papel ditatorial no final de seu governo. Mas ao final, desgostoso e doente, acabou morrendo prematuramente, não sem antes afirmar que “lutar pela união sul-americana era o mesmo que arar na águas do oceano”.
Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela
A separação dos países e a morte do antigo líder não trouxeram a estabilidade institucional desejada. Ao contrário, na Venezuela, uma interminável sequência de golpes militares e governos de caudillos trouxeram mais morte e caos e, novamente, uma grande parcela da população morreu nesse período turbulento. Foram as riquezas trazidas com a exploração do ouro descoberto no leste do Venezuela, na região da Guyana, que finalmente começou a mudar a sorte do país. Em uma das mais intensas “corridas do ouro” da história da humanidade, o país passou as ser o maior produtor mundial desse metal, só perdendo esse posto para a África do Sul, muitas décadas mais tarde. Mas, mesmo com toda essa riqueza, a incompetência política levou o país a declarar moratória no final do século, causando a ira dos credores internacionais e o bloqueio naval de sua costa, numa situação que causou muita tensão entre Inglaterra e Alemanha (os credores) e Estados Unidos, meio indeciso sobre se a famosa Doutrina Monroe valia ou não para bloqueios navais.
Pichações nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela
Finalmente, no início do século XX, foi descoberto petróleo na região do lago Maracaibo, fato que mudaria para sempre a história do país. Com a crescente dependência de nossa civilização dessa riqueza natural, a Venezuela soube se aproveitar disso e tornou-se o mais rico país da América Latina, principalmente depois dos choques no preço do petróleo na década de 70. Com a sobra de dinheiro, programas sociais e de infraestrutura mudaram a cara do país, um oásis em meio à crise que assolava o continente. Mas a bonança não durou muito e a queda dos preços do petróleo pegaram o país na contramão na década seguinte. Extremamente dependente desse único produto de exportação, as receitas da Venezuela entraram em queda livre, enquanto os gastos em programa social continuaram os mesmos. O país se endividou e, como seus vizinhos, acabou caindo no colo do FMI, que receitou o programa de sempre: corte de gastos e ajuste fiscal. O resultado foi uma enorme convulsão social, terreno fértil para todo tipo de revolução. Nascia o chavismo...
Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)
No dia de hoje, nosso primeiro aqui no país, passamos explorando a maior joia arquitetônica da Venezuela, a cidade de Coro. Um dos bastiões das forças leais à Espanha e do conservadorismo no século XIX, Coro perdeu importância política e econômica com o tempo, ficando muito para trás de Caracas e Maracaibo. O lado bom disso é que sua arquitetura foi conservada e hoje é possível passear pelas mesmas ruas e por entre as mesmas casas de 200 anos atrás. Na Venezuela de hoje, injustamente relegada ao 3º plano no mapa do turismo mundial, éramos praticamente os únicos visitantes em uma cidade com potencial de receber centenas de turistas todos os dias. Para nós, uma oportunidade única de começar a conhecer e entender esse país tão incrível, de natureza exuberante e história intensa. Falando nisso, bem ali, pichada nos muros, em frente aos nossos olhos, a história continua a acontecer, um país que ainda não sabe para onde vai, saído de uma tensa eleição, sem mais o polêmico líder, o tal bolivarianismo numa encruzilhada.
Rua no centro histórico de Coro usada como cenário de filme de época (noroeste da Venezuela)
Bom, pelo menos nós sabemos para onde vamos. Coro está estrategicamente colocada entre a Península de Paraguaná e a Serra de San Luís, entre a praia e a montanha, entre o deserto e a floresta. Enquanto nos esbaldamos com a geografia, vamos tratar de entender a história, principalmente a desses últimos 15 anos...
Turma animada de adolescentes nas ruas de Coro, cidade histórica na Venezuela
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