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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A belíssima Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Nada como uma boa noite de sono para recuperar as forças! Assim foi em Nobres e, logo cedo, já estávamos prontos para os 60 km de terra até Bom Jardim, a “Nobres” de verdade. No caminho, ao invés de cruzarmos com os rebanhos de lhamas tão corriqueiros nesses últimos tempos de estradas bolivianas e peruanas, foi a vez do bom e velho rebanho de gado! Estamos mesmo de volta ao nosso Brasil, mais especificamente ao Centro-oeste, terra dos maiores rebanhos bovinos do país.
Há poucos dias eram lhamas, agora são bois com quem cruzamos nas estradas. No caminho entre Nobres e Bom Jardim, no Mato Grosso
Há poucos dias eram lhamas, agora são bois com quem cruzamos nas estradas. No caminho entre Nobres e Bom Jardim, no Mato Grosso
Para chegar à Bom Jardim, além de dividir a estrada com o gado, temos também de cruzar diversos acampamentos de sem-terra. A área é cheia de litígios agrários e terras não demarcadas, terreno muito propício à seguidas invasões. Tudo pela conhecida incompetência burocrática brasileira. Ainda nos tempos de Dante de Oliveira como Ministro da Reforma Agrária, há mais de duas décadas, essas terras foram colonizadas por sulistas, estimulados pelo próprio governo a migrarem para cá. Vieram, criaram suas fazendas, começaram a produzir, mas os títulos nunca foram devidamente oficializados. A notícia se espalhou e os sem-terra vieram, todos querendo o seu quinhão. Ainda mais agora, que as terras já estão abertas e produzindo. Invasão após invasão, a situação vai se arrastando. Uma das consequências dessa insegurança é que o turismo também não desenvolve todo o seu potencial. Afinal, quem vai investir muito numa propriedade que pode ser invadida na semana seguinte?
Com o Vicente, em Bom Jardim, distrito de Nobres, no Mato Grosso
Arara descansa tranquilamente no capô da Fiona, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Enfim, de pouco em pouco, as coisas vão andando. O turismo em Bom Jardim segue o mesmo caminho do turismo de Bonito, com atrações bem semelhantes: rios de águas transparentes, cachoeiras e cavernas. A semelhança não é apenas no conteúdo, mas também na forma! Para quem já viajou pelo Brasil, sabe que não existe turismo mais “organizado”, ou “esquematizado” do que em Bonito, para o bem ou para o mal. O acesso à todas as atrações só pode ser feito através de agências e com a companhia de um guia. Não há possibilidade de se “explorar” ou descobrir algo. O negócio é entrar na fila, pagar o ticket e aproveitar o tempo contado, pois a fila tem de andar. Ainda vou falar desse tipo de turismo quando visitarmos a cidade, em alguns dias, seus prós e contras. Mas, enfim, é por esse mesmo caminho que segue Bom Jardim.
Uma bela arara no nosso caminho para a Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
A belíssima Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Então, logo que chegamos à Bom Jardim, fomos a uma das agências para conhecer e decidir quais passeios faríamos. Ainda são poucas as agências na cidade e todas tem seus próprios hotéis ou pousadas. Nós ficamos muito amigos do Vicente, da agência Anaconda e com ele não só acertamos nossos passeios, mas muito conversamos sobre a região e o desenvolvimento do turismo por aqui. Ele mesmo trabalhou muito tempo em Bonito e foi um dos responsáveis pela implantação do turismo nos mesmos moldes por aqui. Apesar de se perder em liberdade, certamente a organização ajuda muito a proteção e conservação das belezas, muitas delas sensíveis a uma exploração mais intensa.
Um delicioso banho na Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Nadando no lago da Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Com pousada e atrações definidas, era hora de começarmos! Compramos nossos vouchers na agência, colocamos o guia no carro e seguimos para lá! Para começar e para matar a saudade de uma boa cachoeira onde se pode nadar, coisa que já não vemos há muito tempo (desde Roraima!), fomos para a mais famosa queda d’água da região, a Cachoeira da Serra Azul.
Peixes nadam no lago da Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Peixes nadam no lago da Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Encravada no coração de uma propriedade do Sesc, aí só entram turistas em grupo com guia e dentro de um número máximo de pessoas por dia determinado por um estudo de impacto ambiental. A gente vai até a sede da propriedade e fica se divertindo com as araras e macacos que são criados por ali, pelo menos até que o grupo que já está na cachoeira volte. Um grupo de cada vez, cada um por uma hora, incluindo os tempos de deslocamento e caminhada.
Visitando a Cachoeira da Serra Azul, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Dirigindo nas estradas rurais da região de Bom Jardim, no Mato Grosso
Pacientemente, esperamos nossa vez e, já com nossos coletes salva-vidas, seguimos para a parte final do caminho, quando o outro grupo já voltava. O nosso grupo era de apenas 4 adultos e duas crianças (nos finais de semana, chegam à 15 pessoas) e tratei de caminhar mais rápido para chegar à cachoeira e vê-la sem gente. Aproveitei também para um bom mergulho sem colete, não resistindo à tentação da grande piscina refrescante formada abaixo da cachoeira. Logo depois, chegou a Ana e, mais uns minutos, os outros turistas com a guia.
Pronta para fazer flutuação nas águas cristalinas do Rio Triste, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Fazendo flutuação nas águas transparentes do Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Num dia tranquilo como o de hoje, pudemos nos esbaldar por ali por um bom tempo, a guia relaxando e fazendo de conta que não nos via sem colete. A água bem limpa, cheia de peixes trazidos pelo antigo proprietário. Tivemos todo o tempo do mundo para tirarmos nossas fotos, fazermos nossas explorações subaquáticas e tomarmos uma ducha forte e refrescante. Não é a toa que essa é uma das atrações mais conhecidas da região!
Fazendo flutuação nas águas transparentes do Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Tronco abaixo d'água no Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso
As outras são as flutuações nos rios. Entre as várias opções, nós escolhemos ir ao Rio Triste, direto dali, acompanhados da mesma guia. Novamente, só entra na propriedade quem traz o voucher comprado nas agências da cidade, que já inclui máscaras, snorkel e o bendito colete salva-vidas. Aqui, eles são mais obrigatórios ainda, para manter a pessoa na superfície e longe do solo, onde poderia fazer “bagunça”.
Fazendo flutuação nas águas transparentes do Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Nadando nas águas claras do Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso
Bem... Bom Jardim segue os passos de Bonito, mas ainda não é Bonito. Assim, ainda há um certo “espaço de manobra”, principalmente fora dos dias mais cheios. Outra vez, nosso grupo não era grande e eu e a Ana conseguimos deixar eles um pouco para trás, ficando com o rio apenas para nós. Assim, tivemos mais tempo para as fotos e mesmo para deixar o colete um para lá, para afundarmos um pouco, com o devido cuidado de não fazermos sujeira. A sensação é a de estarmos nos movimentando num grande aquário, a corrente nos levando e fazendo o esforço para nós. No caminho, temos de nos desviar de troncos e raízes e, mais que tudo, observar os peixes que nos observam, eles mesmos, ainda mais curiosos.
O belo Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso, abaixo e acima da água
Uns vinte minutos de descida com direito a bis, ainda mais sozinhos ainda, agora que a guia sabe que já “conhecemos o caminho”. Foi joia! Não chega a ser um Rio da Prata, de Bonito, mas vale a pena também, principalmente pelo fato de ainda ser pouca gente por aqui.
O belo Rio Triste, em Bom Jardim, em Mato Grosso, abaixo e acima da água
Voltamos para a cidade morrendo de fome, mas ainda não podíamos parar. Havia um último programa a ser feito, antes de saciarmos nossos esfomeados estômagos. Ali do lado, em uma lagoa repleta de palmeiras, todas as tardes, na hora do pôr-do-sol, centenas de pássaros vem se recolher. Entre eles, destacam-se as araras azuis e amarelas, num verdadeiro frenesi de cores e sons. É uma das poucas atrações onde não é preciso estar acompanhado de um guia e pode-se comprar a entrada ali na porta da propriedade mesmo.
Magnífico entardecer na Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Magnífico entardecer na Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
A Lagoa das Araras, como é conhecida, já é um espetáculo apenas pelo seu visual. As cores do fim de tarde a transformam em um verdadeiro quadro, mas é a chegada das araras que traz a magia final. Sempre aos pares, elas vem de todos os lados, procurando a copa de alguma palmeira para pousar. Muitas vezes, a palmeira já está ocupada e, não raro, muita briga e confusão acontece, gritaria total. No fim, com muito jeito, todas encontram o seu lugar, enquanto os turistas, lá do mirante de madeira sobre a água, se deliciam com o espetáculo natural à sua frente.
São dezenas de araras que frequentam, durante o entardecer, a Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
As araras, sempre em casais, frequentam a Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Foi mesmo um verdadeiro show. Ficamos emocionados ao ver os primeiros casais chegarem e, depois, conforme vamos nos acostumando com a cena, só nos resta admirar toda a natureza exuberante ao nosso redor. De pensar que aquele espetáculo acontece todos os dias, naquela hora, naquele lugar. Vou me lembrar disso quando estiver em um fim de tarde bem monótono, em algum lugar qualquer. Meu corpo fica por ali, mas meu espírito voa para a Lagoa das Araras para, mais uma vez, admirar a beleza simples da vida. Não pode ter melhor remédio para tristeza ou monotonia...
Admirando o entardecer e as araras na Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
As araras, sempre em casais, frequentam a Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
Enfim, finalmente, araras devidamente empoleiradas para a noite, nós pudemos “almojantar”. Foi um dia intenso no qual tivemos uma boa amostra das belezas de Bom Jardim. Faltaram as cavernas onde, no futuro, se poderá, inclusive, mergulhar. Mas, para isso, ainda é preciso os famosos e caros estudos de impacto ambiental que só virão depois da regularização dos títulos de propriedade. Algum dia... Enquanto isso, são os mexicanos de Tulum que fazem fortuna com os mergulhadores americanos e europeus. A gente chega lá... Por hora, chega de Bom jardim. Amanhã, vamos à outra atração nas cercanias de Cuiabá, essa sim conhecida nacionalmente: a Chapada dos Guimarães!
O incrível panorama da Lagoa das Araras, em Bom Jardim, no Mato Grosso
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