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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Visitando a Mammoth Cave, a maior caverna do mundo, em Kentucky, nos Estados Unidos
Quando criança e adolescente, fiz algumas excursões para as cavernas de Minas Gerais, há muito iluminadas e voltadas para a exploração turística. Mas o real gosto pelo mundo subterrâneo só veio bem mais tarde, já nos tempos universitários. Junto com amigos da UNICAMP, um deles já profundo conhecedor da área, passamos quatro dias inesquecíveis explorando as magníficas cavernas do Vale do Ribeira, no sul de São Paulo.
Visitando a Mammoth Cave, a maior caverna do mundo, em Kentucky, nos Estados Unidos
Desde então, sempre que tenho a chance, passo algumas horas explorando esse mundo diferente e interessante, onde a escuridão e o silêncio se combinam de forma tão onipotente. O Brasil é um país riquíssimo em cavernas e as áreas do Vale do Ribeira e também Terra Ronca, em Goiás, tem algumas das mais belas cavernas do mundo. Vale do Peruaçu, em Minas e a região da Chapada Diamantina também tem cavernas espetaculares. Não é à toa que passamos por todos esses lugares nessa nossa viagem dos 1000dias.
Entrada artificial da Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Mas, por mais belas que sejam as nossas cavernas, elas estão longe de ser as mais extensas do mundo. Neste quesito, ninguém chega nem perto das americanas. Especialmente uma delas, com o singelo nome de Mammoth Cave (Caverna Mamute), com inacreditáveis 620 km de extensão, e crescendo! Desde que comecei a me interessar por listas de maiores do mundo (maiores rios, maiores montanhas, maiores lagos, maiores cachoeiras, etc...) que tenho esse nome gravado na cabeça. Agora aqui nos Estados Unidos, mais especificamente no estado do Kentucky, finalmente chegou o dia de conhecer essa verdadeira maravilha da natureza.
Formações minerais na região de Snowball, na Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Chegamos no início da tarde de ontem no Parque Nacional criado em 1941 para preservar esse gigante subterrâneo, no estado de Kentucky. Mesmo antes de encontramos acomodação, fomos ao centro de visitantes para ver se ainda teríamos chance de fazer algo no mesmo dia. Sim, teríamos!
Atravessando canyons subterrâneoas na Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Hoje em dia, só se entra na caverna em tours guiados. São várias as opções, alguns mais curtos, outros mais longos. Era justamente atrás desses que estávamos, possivelmente o mais longo de todos. Pois bem, esse, o “Gran Avenue”, só sai uma vez por dia, logo pela manhã. Deixamos ele para o dia de hoje. Para ontem, ainda haveria tempo de fazer um outro tour, bem mais curto, mas muito interessante também. É o chamado “tour histórico”. O melhor de tudo é que esses dois tours percorrem trechos distintos da Mammoth Cave, portanto não estaríamos repetindo caminhos.
Espécie de grilo parecido com aranha que vive perto da saída de Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
A Mammoth Cave já é frequentada há milhares de anos. Pois é, índios americanos já se aventuravam centenas de metros escuridão adentro, com a ajuda de suas tochas, em busca de um mineral que usavam, provavelmente, na manufatura de seus pigmentos. Além disso, ela também deveria ser considerada um local sagrado, pois várias múmias milenares foram descobertas ali. Por milhares de anos os índios americanos “frequentaram” a Mammoth Cave, mas misteriosamente, há cerca de dois mil anos, a abandonaram para não mais voltar.
Salão todo decorado na Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
O homem só “redescobriu” a maior caverna do planeta no finalzinho do século XVIII. Logo descobriram e desenvolveram uma função econômica para ela: a produção de pólvora! Os sais encontrados no solo da caverna eram um dos ingredientes na produção do pó explosivo. Na Guerra de 1812, quando os ingleses bloquearam os portos americanos, essa matéria-prima caseira passou a valer mais do que nunca (especialmente num período de guerra!) e eram centenas de escravos trabalhando diariamente na caverna, recolhendo o tal sal. Mas a tal guerra passou e a matéria-prima mais barata chegava novamente nos portos, inviabilizando economicamente a produção da caverna. Foi quando os donos do terreno tiveram uma nova e revolucionária ideia: o turismo!
Salão todo decorado na Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
E foi o maior sucesso! Vinha até gente da Europa, já na década de 30 (estamos falando do século XIX!!!). O principal guia e conhecedor da caverna nessa época era um escravo chamado Sthephen Bishop. Foi ele que fez os melhores mapas da Mammoth Cave durante todo o século e foi também seu principal explorador, sempre descobrindo novos tuneis e passagens. Uma personagem e tanto! Vários relatos de visitantes da época fazem citações muito honrosas a sua inteligência e humor. Enfim, até hoje, é o nome mais importante da história da caverna. É incrível pensar que por aqueles mesmos tuneis que caminhamos hoje, um escravo levava turistas há mais de 150 anos. Dois mundos e duas realidades completamente diferentes, congeladas lado a lado dentro da mesma caverna, um ambiente em que nada muda durante séculos...
Nossos companheiros de tour à Mammoth Cave, a maior caverna do mundo, em Kentucky, nos Estados Unidos
Enfim, hoje fizemos o tour histórico, que leva pouco mais de uma hora. Percorremos cerca de duas milhas dentro da caverna, num grupo de mais de 20 pessoas que incluía uma enorme família Amish, todos vestidos a caráter (roupas que nada mudaram desde a época do Stephen Bishop!). O grupo vai caminhando entre as duas guias (park rangers). A que segue na frente vai acendendo as luzes e a de trás vai apagando. Assim, caminhamos sempre na luz, com uma clara visão de da caverna e seus túneis.
Nossa guia mostra como eram os tours nos primórdios do turismo na Mammoth Cave, há quase 200 anos, em Kentucky, nos Estados Unidos
Nosso grupo ouve as informações da guia durante visita à Mammoth Cave, a maior caverna do mundo, em Kentucky, nos Estados Unidos
No caminho, a guia vai nos contando sobre os índios, sobre a mineração, sobre os primeiros turistas e sobre a vida e as explorações de Bishop. Elas nos mostra também como era naquela época, com apenas uma lanterna e quase sem conseguir ver ao redor. O senso de aventura e exploração era bem maior, certamente! Uma passagem bem interessante é quando passamos em um lugar onde há diversas assinaturas dos anos 1800, de turistas que passaram por aqui. O que hoje seria considerado um vandalismo, naquela época era um procedimento normal (o Bishop até faturava uns trocados vendendo espaços “premium” para assinaturas). Pois é, esses “vandalismos” centenários agora são considerados pinturas históricas!
Assinaturas de turistas qie visitaram a caverna há mais de 150 anos na Mammoth Cave, em Kentucky, nos Estados Unidos
Outro ponto interessante é a passagem que era famosa naquela época e tinha o nome de “poço sem fundo”. Com as luzes da época, realmente não se podia ver o fundo. Mas o Bishop, em suas explorações, acabou chegando do lado de baixo por outro caminho. Hoje, chegamos lá por baixo e subimos uma longa escada em caracol para chegar lá encima. O “poço sem fundo” perdeu sua magia, mas está carregado em história. Muito legal!
Enorme escadaria dentro da Mammoth Cave, a maior caverna do mundo, em Kentucky, nos Estados Unidos
Caminhada pelo bosque no Mammoth Cave National Park, em Kentucky, nos Estados Unidos
Ontem de tarde, depois do passeio, ainda tivemos tempo de caminhar pela floresta do parque, que se estende ao logo do Green River. Foi a água desse rio e de seus afluentes que, ao longo de centenas de milhares de anos, transformou o calcário da região num verdadeiro queijo suíço, criando a maior caverna do mundo.
Vista do Green River durante caminhada no Mammoth Cave National park, em Kentucky, nos Estados Unidos
Restaurante em Snowball, dentro da Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Hoje, logo cedo, lá estávamos novamente para o tour mais comprido. Dessa vez foram mais de 6 milhas dentro da caverna, em quase 6 horas de passeio. Novamente, tudo iluminado para nós, muitas histórias e causos e até um restaurante dentro da caverna. Esses americanos... A Mammoth Cave não é particularmente bonita e o que mais impressiona são mesmo suas dimensões. Se bem que, no final desse tour de hoje, passamos sim no trecho bem bonito, um enorme canyon dentro da montanha, paredes de quase 10 metros de altura e com um estreito vão entre elas, justo por onde caminhamos. Esse incrível canyon nos leva para uma sala cheia de formações e até um pequeno lago artificial.
Pequeno lago criado artificialmente dentro da Mammoth Cave, Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Pois é, um antigo proprietário dessa área da caverna criou esse lago para atrair mais turistas, Isso se passou no início do séc XX, um período conhecido como “Cave Wars”. É o nome que se dá a luta nem sempre leal entre os diversos proprietários da região para tentar abocanhar parte dos turistas que vinham para cá atrás da Mammoth Cave, a caverna mais famosa daqui. Nessa luta desesperada, um dos proprietários tentava achar novas passagens na caverna da sua fazenda, a Crystal Cave, quando ficou preso por uma rocha que se deslocou sobre sua perna. A tentativa de resgatá-lo atraiu milhares de pessoas para cá, assim como a atenção da mídia nacional. Foram mais de dez dias de luta que pararam uma nação, um dos maiores eventos daquela época, só comparável ao sequestro da filha do aviador Charles Lindenberg. Ao final, a tragédia, o pobre homem (Floyd Collins) faleceu antes de ser resgatado...
A trágica história de Floyd Collins na Cvaerna de Cristal, no Mammoth Cave National Park, em Kentucky, nos Estados Unidos
Essa triste história fortaleceu a ideia de se criar um parque por aqui e acabar com a tal guerra, além de fazer a Mammoth Cave ainda mais conhecida. Hoje, são dezenas de milhares de visitantes anuais. Para quem está acostumado com as belezas e aventuras das cavernas do Brasil, pode ficar meio decepcionado de andar sempre num ambiente iluminado e num caminho que só falta ser pavimentado. Mas, como disse, as histórias e a dimensão desse lugar muito mais do que compensam a falta de estalactites e o excesso de luzes. Nós simplesmente adoramos ter conhecido a caverna de Stephen Bishop!
Visita ao Mammoth Cave National Park, em Kentucky, nos Estados Unidos
Embarcando no ônibus que nos leva a outra entrada da Mammoth Cave, caverna num Parque Nacional no Kentucky, Estados Unidos
Muito fascinante a matéria, parabéns! Fiquei boquiaberto com as histórias, mas também fiquei meio que triste por saber dos "trecho pavimentados" e sempre andar com guia e iluminação que não saia do meu capacete. Sou um amante da espeleologia e tenho sorte de ser brasileiro, de morar no "país das cavernas". Pelo menos aqui não segue esse padrão, aqui é (Selva Brasil Espeleo). Abraços e mais uma vez parabéns pelo magnífico projeto!
Resposta:
Olá Jan Pierre
Nós também adoramos cavernas. Aí no Brasil, passamos no Vale do Ribeira,, Terra Ronca, Peruaçu e região da Chapada Diamantina. Nossas cavernas são mesmo espetaculares!
Aqui nos EUA também tem muita caverna. Mas nas maiores e mais famosas, a não ser que seja um pesquisador com projeto aprovado, só entramos em grupos, com guias e boa parte das cavernas que visitamos já está iluminada. Uma pena, mesmo.
Ainda vamos em outro parque daqui, muito famoso pelas cavernas, chamado Carlsbad. Vamos ver como é...
Um grande abraço
Oi Rodrigo,
Mammoth Caves são incríveis. Acostumado com o nosso Petar (seu escuro e estado "natural", fui as Caves levando lanterna e vestido igual mendigo (roupas para jogar fora depois). Imagina o mico que paguei. Mas o maior mico no Kentucky foi não ter ido visitar a fábrica e museu do Corvette em Bowling Green ali do lado. Não me dou perdão!!!
Abços e boa viagem, JH
Resposta:
Oi Jorge
Pois é, acostumados com nossas cavernas, tanto no Petar como no Peruaçu e Terra Ronca, confesso que fiquei meio decepcionado com a "civilidade" das cavernas americanas. Esquecendo esse ponto, as Mammoth Caves são realmente impressionantes.
Estamos agora curiosos em chegar às cavernas de Carlsbad, no Novo México. Dizem ser ainda mais belas!
Abs
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